sábado, 11 de maio de 2013

TÁCTICAS PARA SEGURAR O PODER


Políticos e partidos, para garantirem o seu (e dos seus amigos, cúmplices e coniventes) enriquecimento rápido, por qualquer forma, têm que lutar para a conquista e a manutenção do Poder, usando as mais variadas tácticas. Estas, por serem repetitivas, não passam despercebidas dos cidadãos mais atentos.

Uma delas, quando no Poder, é procurar vantagens na primeira metade do mandato, para depois alargarem o cinto que obrigaram a apertar a fim de captar as simpatias dos eleitores e os seus votos. Para tal não recusam qualquer manobra que lhes pareça ser útil para o sei propósito.

Na situação actual, todos estamos recordados da reprovação do PEC IV que levou o governo anterior a apresentar a demissão. Esta renúncia foi feita na esperança de que iria vencer as eleições antecipadas. A votação do PSD contra o PEC IV tinha como objectivo vencer as eleições aproveitando na campanha o incómodo gerado por erros do PS, já anteriormente apontados e o incentivo de promessas que levaram muita gente a esperar irmos viver num paraíso.

Logo a seguir às eleições o PSD rasgou as promessas e iniciou o aperto do cinto, gabando-se de ir além das exigências da troika. Era evidente que estava a preparar-se para usar a velha táctica de exigir sacrifício na primeira parte do mandato para depois criar ambiente favorável a uma vitória nas eleições do fim do mandato. Essa táctica era fácil de justificar atribuindo ao governo anterior as causas do mal que foi definido com as cores mais negras. Foi então que Passos Coelho disse: “Que se lixe as eleições” em que só acreditaram os mais ingénuos ou os fanáticos do seu partido. Seguiram-se medidas de austeridade exageradas, insistentes e repetidas que criaram mais pobreza, e paralisaram a economia com encerramento de empresas e aumento abissal de desemprego. A situação não era irrecuperável mas a tal táctica mal aplicada criou a espiral recessiva e, em vez de melhoria, sentimos o agravamento.

Agora, ao entrar na segunda parte do mandato seria de começar a aliviar os sacrifícios mas, como não há condições para isso (tal o estado em que a espiral recessiva colocou o País), continuamos a ouvir discursos balofos agora com mistura de promessas de melhoria para daqui a mais de um ano e truques que, na incapacidade para o diálogo e para a obtenção de consenso, são esboçados ardilosos desentendimentos dentro do Governo e dos partidos da coligação, para depois analisar as reacções populares e de instituições descomprometidas a fim de evitar erros exagerados que agravassem demasiado a má imagem do Poder actual. Foi o caso da comunicação de Portas ao País em 5 do corrente e das declarações à agência Lusa do vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, em que defendeu que o «tempo político de Vítor Gaspar terminou», devendo o primeiro-ministro ponderar a substituição do ministro das Finanças. Alem deste caso, há as sucessivos alertas do conselheiro de Estado Luís Marques Mendes, da ex-líder do PSD Manuela Ferreira Leite, do cronista Paulo Morais, do ex-líder da bancada social- democrata Paulo Rangel, do cronista Morais Sarmento, do ex-ministro Bagão Félix, do constitucionalista Jorge Miranda, todos dando dicas para a remodelação governamental, para o corte nas gorduras do Estado, e para a concretização da Reforma Estrutural do Estado prometida há quase dois anos mas sem sinais visíveis e em que deveria estar incluía a redução da burocracia alada ao combate à corrupção e ao enriquecimento ilícito.

Esta é uma habilidosa forma de tornar mais fácil a decisão que há muito é aconselhada ao PM.

Enfim, a preparação dada pela JOTA aos futuros políticos, pode não ser de grande elevação ética ou cultural, mas não deixa de os levar a repetir as habilidades clássicas, embora sem lhes dar capacidade de análise para fazerem a melhor adaptação às realidades actuais, deu que resulte crescimento económico com melhor bem-estar da população dos eleitores e dos contribuintes.

Imagem de arquivo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo,

A tática é bem antiga. No entanto creio que nada voltará a ser igual em termos do que estávamos habituados. Muito daquilo que eram os chamados direitos adquiridos marcharão para horizontes longínquos. O óbvio ninguém o quis ver nestes anos/décadas que se foram...

Cumprimentos
MR

A. João Soares disse...

Caro MR,

A humanidade está a degradar-se, por esquecer valores éticos essenciais para a convivência honesta, a começar pelos seus mais altos representantes.

Até onde, até quando, irá a sua paciência para aceitar o desprezo a que por eles é voada? Como reagirá? Quais os resultados da mudança traumática que ocorrerá para a desratização, desparasitação, higienização do sistema?

Perante situações tão complicadas, com aspecto de crime, já quem tema pelo mal que a cura pode trazer, visto atingir uma parte já muito volumosa da sociedade. Veja ANTÓNIO BARRETO VÊ DEMOCRACIA EM PERIGO

Os nossos descendentes irão ter uma vida muito difícil, por terem de emendar muitos erros que herdam.

Cumprimentos
João

Anónimo disse...

Caro AJS,

A democracia é inimiga de si própria. É um regime que só funciona quando os ventos sopram de feição. Quando os ventos são difíceis o povo não entende a democracia que tem altos e baixos e a governação não lhe dá o que pretende. Por isso os ciclos entre democracia e ditadura são históricos. Entre paz e guerra. Hoje o grande problema põe-se na própria soberania em virtude de um espaço dito comum que nos torna numa espécie de país que é um submundo desse espaço. Um quintalinho que não tem grandes opções a tomar depois de pensar que fazia parte da casa grande e em que os cidadãos, quais ervas daninhas num jardim, queimaram os seus ideais e embarcaram no disparate global sem que para isso tivessem conhecimentos capazes. Viveram o ciclo do consumismo e agora chega o ciclo de o pagar. E bem caro. Creio que o tempo ditará um futuro bem negro para este espaço incomum, disforme, que destinaram a ser algo que nunca ninguém percebeu bem o quê, mas que encheu os bolsos de alguns e a cabeça de ilusões a muitos. Esperemos que os ciclos da guerra e da paz, da democracia e da ditadura, não se pronunciem no espaço temporal próximo.
Quando a democracia nasce torta e tem tantos pais que se eternizam não é fácil que se endireite. E quando um país que se diz soberano não tem moeda própria vou ali e venho já. A Inglaterra manteve a sua moeda.
Logo mais veremos!

Cumpts

A. João Soares disse...

O seu texto está bem observado.
Para melhor compreender como apareceu a UE sugiro a leitura de UE, seus antecedentes e construção do futuro.

Nos velhos tempos dos Impérios havia uniões de estados, em que estes tinham muitas restrições de soberania. Mais tarde entre Estados soberanos, houve Ligas e outras designações para as uniões. O Direito Internacional Público refere vários casos e suas particularidades. Tem que haver interesse de todas as partes e equilíbrio naquilo que se recebe e que se dá.
O mal não foi ter criado a Comunidade do Carvão e do Aço, mas sim a evolução que se seguiu e a fantasia de ir alargando a Estados sem afinidades culturais e económicas.

Como tudo o que nasce ou se cria, também a UE irá acabar e talvez não demore muito.

A Democracia foi criada na Grécia antiga para as cidades-estado, de pequena dimensão em que as decisões eram tomadas na Praça Pública em reuniões dos cidadãos. Agora, há a democracia representativa, com o inconveniente de os eleitores votarem em listas constituídas com nomes completamente desconhecidos, que depois constituem grande desilusão.

Seria mais democrático fazer a escolha por outra forma. Por exemplo:

«Sentimos que as pessoas foram abandonadas pelas instituições e que muitas mergulham no alheamento.» Que significado se pretende dar a DEMOCRACIA? Só porque há eleições?

Mas as eleições servem para se escolher listas candidatas, sem nada se saber dos nomes que delas constam que, depois por vezes, acabamos por saber que alguns são bandidos da pior espécie. As pessoas votam numa das listas ou por gostarem do aspecto físico do cabeça de lista, ou porque sempre votaram nesse partido, ou, os menos ignorantes escolhem o melhor programa com as melhores promessas. Mas estas são rasgadas na noite da contagem dos votos. O actual Governo não cumpriu minimamente qualquer das suas promessas eleitorais e está a comportar-se como uma DITADURA a prazo, renovável.

Qualquer mudança, para poder ser realmente da vontade do povo, só é possível quando o povo for instruído por forma a saber o que quer, o que lhe interessa, sem precisar de um pastor o conduzir ao pasto ou ao matadouro, como se fossem ovelhas.

Esse esclarecimento do povo é o primeiro passo. Depois haveria que encerrar os partidos e acabar com as Jotas…


A mudança de regime para o aproximar dos ideais da Democracia é um trabalho «ciclópico» e exige uma equipa bem preparada sem interesses ocultos para abrir os olhos ao povo, se este os quiser abrir.

Já há pelo País pessoas que estão a dar as mãos para criar uma nova era democrática. Todos os trabalhos em tal sentido devem ser aplaudidos, mas não podemos alimentar grandes esperanças nos resultados.

Cumprimentos
João