quinta-feira, 25 de julho de 2013

A «PODRIDÃO», DE RUI MACHETE


Rui Manuel Parente Chancerelle de Machete, nomeado ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, conta na sua extensa carreira política com os seguintes cargos: Comissão Política do PSD, ex-vice-primeiro-ministro do Governo do Bloco Central [PSD/CDS], secretário de Estado da Emigração em 1975, ministro dos Assuntos Sociais (1977-1979), ministro da Justiça (1983-1985) e vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa (1985) do executivo de coligação entre o PS de Mário Soares e o PSD de Mota Pinto.

Foi presidente do Conselho Superior da SLN Valor, que detinha o BPN e, antes, no início dos anos 80, tinha sido administrador da principal entidade fiscalizadora da atividade bancária, o Banco de Portugal, Foi presidente do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu envolvida num processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o ex-futebolista Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a reeleição do então ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates, em 2009.

Interrogado, após a tomada de posse, sobre a polémica em torno da sua passagem pela Sociedade Lusa de Negócios (SLN), a holding do Banco Português de Negócios (BPN), o banco nacionalizado pelo Estado em 2008 e que envolveu um custo de mais de quatro mil milhões de euros para os contribuintes, (esse facto não consta do seu currículo oficial, apesar de ter sido presidente durante vários anos do Conselho Superior da SLN), Rui Machete respondeu: "Isso denota uma certa podridão dos hábitos políticos, porque deviam saber em que condições eu passei, em vez de darem notícias bombásticas".

Quanto à referida «podridão», fala quem bem conhece os meandros da actividade política, pelo que não podemos duvidar.

Machete também foi, entre muitos outros cargos, presidente do Conselho Fiscal do Taguspark, sociedade que se viu envolvida num processo-crime a propósito de um contrato publicitário com o ex-futebolista Luís Figo e de ligações consideradas suspeitas à campanha para a reeleição do então ex-primeiro ministro socialista José Sócrates, em 2009.

Apesar da sua convicção, assente em longa experiência, de tal podridão e de não ter pensado voltar ao Governo, não hesitou em aceitar o convite para MNE, «pela situação do país". Mas o que é mais estranho é que não se trata de uma pasta qualquer mas de uma que o coloca em contacto directo com os EUA, com os quais teve «pequenos» atritos durante as duas décadas em que geriu a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) que lhe mereceram críticas duras feitas pela diplomacia dos EUA à forma como geriu a Instituição. Rui Machete tornou-se administrador da FLAD em 1985, logo quando a fundação foi criada com dinheiro dos EUA no âmbito do acordo das Lajes, tornando-se seu presidente em 1988 e sendo substituído no cargo por Maria de Lurdes Rodrigues em 2010.

«Num relatório enviado a 15 de dezembro de 2008 para o Departamento de Estado em Washington pelo então embaixador dos EUA em Portugal, Thomas Stephenson, Rui Machete era arrasado pela forma como geriu ao longo de duas décadas a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), visto como "suspeito de atribuir bolsas para pagar favores políticos e manter a sua sinecura".

O embaixador norte-americano, nesse telegrama, argumentava que "chegou a hora de decapitar Machete" com base, entre outras coisas, no facto de a fundação "continuar a gastar 46% do seu orçamento de funcionamento nos seus gabinetes luxuosos decorados com peças de arte, pessoal supérfluo, uma frota de BMW com motorista e 'custos administrativos e de pessoal' que incluem por vezes despesas de representação em roupas, empréstimos a baixos juros para os trabalhadores e honorários para o pessoal que participa nos próprios programas da FLAD".


Com este cenário, parece que O MNE terá de delegar num secretário de Estado bem preparado, as relações entre Portugal e os EUA a fim de poupar o ministro a enxovalhos que lesem os interesses do País.

Imagem de arquivo

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