Há notícias chocantes como a que diz que Partidos negoceiam de forma informal acordo de salvação, em que consta que «até ao momento ainda não há conhecimento de nenhuma reunião formal do Governo com o PS» e que «Cavaco Silva afirmou ontem que pretende a conclusão de um acordo entre os três partidos num curto espaço de tempo, podendo o limite estar marcado para o final da próxima semana.»
Isto é estranho. Embora o País já esteja em crise política há duas semanas, os maiores partidos com assento na AR continuam a brincar deixando escoar o TEMPO, com encontros «informais», como se houvesse pachorra para distinguir o que é negociação formal do que é negociação informal.
Seria bom que alguém já tivesse esboçado o que se pretende em cada sector da governação, quais os objectivos para sairmos da crise, as suas prioridades, as possíveis soluções? Sem se arriscarem nesses esboços, sem receio de eles serem relegados por virem a surgir outros melhores, não se avançará um passo. Ninguém deve estar à espera da solução óptima rejeitando as boas, e depois teimar «custe o que custar» na defesa da sua hipótese. Há que aceitar todas as sugestões, analisar friamente, sem olhar à origem, com vista ao interesse nacional e depois aperfeiçoar a definitiva, mesmo assim sujeita a ser melhorada até o último momento.
Não é difícil, mesmo para um simples cidadão, ver que é preciso fazer a reforma do Estado, cortando as obesidades da administração pública até ao mais alto nível, reduzindo ao mínimo as burocracias fontes de corrupção e de tráfico de influências, reduzir o desemprego, cuidar dos idosos, dos doentes e dos carenciados e, para efeitos a mais longo prazo, melhorar a educação para se prepararem futuros cidadãos mais esclarecidos e mais produtivos, tornar a Justiça mais eficaz e rápida, a saúde mais fácil e oportuna para os mais necessitados, etc.
Outro amadorismo é o «curto espaço de tempo» referido pelo PR, pois deve fixar prazos de forma mais clara, mesmo que as circunstâncias depois possam levar a pequenos adiamentos. Nada é definitivo mas devemos evitar o abuso do indefinido, do deixa-andar e depois se verá. O TEMPO é o recurso mais valioso porque não é recuperável, não voltamos a poder dispor daquele que perdemos.
Não se deve vaguear preguiçosamente pelo calendário com a desculpa de ser um governo de gestão por um ano. Não deve esquecer-se que a vida dos 10 milhões de portugueses não pára durante um ano e os juros da dívida não deixam de contar, pois não ignoram cada dia do calendário. Seria bom que nunca fosse perdido de vista que o futuro dos portugueses, de Portugal, deve ser considerado o farol que ilumina cada passo dos governantes.
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Pensamento da semana
Há 4 horas
3 comentários:
Na 'mouche'
Um bom Presidente não é o que acolhe acriticamente as teses da elite, nem o que tem medo de contrariar os preconceitos dos fazedores de opinião, é o que bem percepciona os sentimentos do povo. E aí, Cavaco acertou na mouche. São os deputados que têm de resolver o problema em que nos meteram. Não somos nós, ricos e pobres, novos e velhos, trabalhadores e desempregados que temos de resolver os problemas deles.
Vamos lá lembrar o que se passou. Em 2011, Portugal entrou nu-ma crise financeira que obrigou a uma intervenção externa. Estava no governo o PS. Agora, Portugal, não tendo ainda resolvido essa crise, juntou-lhe instabilidade política que ameaça lançar-nos no abismo. Estão no Governo PSD e CDS.
O que julgam as elites de Lisboa que pensa o povo por esse País fora? Pensa, não tenham dúvidas, que os senhores do PSD, do PS e do CDS têm de se entender para nos tirar do buraco onde nos meteram. Não vale a pena fazer o jogo do faz-de-conta que dialogam para ganhar tempo. Não há como escapar. Cavaco Silva apontou-lhes o caminho, mas são eles que o vão percorrer. Da intervenção do Presidente percebeu-se que esse caminho tem várias portas abertas, os partidos do arco do poder têm várias opções. Vão ter de decidir.
No entretanto, depois de uma semana em que uma intoxicação informativa convenceu este mundo e outro de que o acordo de Passos e Portas resolvia tudo e estava aceite por Cavaco, segue-se uma intoxicação que pretende convencer este mundo e outro que aquilo que o Presidente quer não é possível.
É difícil, mas é possível e para isso basta apenas que as lideranças partidárias, por uma vez que seja, pensem em exclusivo no povo que lhes emprestou o poder de decidir. Mas se, por acaso, optarem pelo egoísmo de sempre, não tenham ilusões. O povo que lhes dá cada vez menos crédito saberá varrê-los.
A situação de emergência em que o País se encontra não permite que os políticos continuem com a jogatina. E aconselha que os analistas privilegiem a substância das propostas em detrimento da destreza dos políticos nos jogos palacianos.
Como é possível que a larga maioria dos comentadores tenha passado, no espaço de uma semana, da tese de que o Governo ultrapassou os limites para a tese de que a única opção de Cavaco era, sem mais, aceitar a remodelação? Como é possível?!
Também a quem influencia a opinião pública se exige seriedade e coerência, porque é a vida de um povo que está em causa, não são apenas as vidas do Pedro, do Tozé e do Paulo.
O assunto é sério. Se o regime ainda tem salvação, ela terá de passar obrigatoriamente pela capacidade de os políticos fazerem aquilo que lhes parece manifestamente impossível: entenderem-se. É nosso dever exigir que o façam.
Paulo Baldaia - DN
Caro João Soares
O homem só faz asneiras. Está desesperado com a falta de popularidade. Penso, honestamente, que é um caso patológico que carece de internamento.
Caro Fernando Vouga,
E nem sequer sabe utilizar os inúmeros assessores, consultores, conselheiros, etc., que tão caros ficam aos contribuintes...
Abraço
João
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