quarta-feira, 18 de setembro de 2013

É PRECISO QUALIFICAR OS POLÍTICOS


E se não bastar qualificar será indispensável «requalificar». O cronista Paulo Ferreira gaba-se, no Jornal de Notícias, que já sabe o que é requalificar, mas não fiquei a saber o que é. O meu dicionário apenas fala de qualificar, dizendo que significa atribuir qualidade.

Mas penso que se qualificarmos correctamente, deixará de haver, por exemplo, tantas agressões ao idioma pátrio. Por coincidência, ou por mero acaso, dois ex-colonos do Ultramar e depois colonos do rectângulo lusitano, agrediram impunemente o idioma nacional: Miguel Relvas disse que era preciso «ser ouvisto» e Passos Coelho aconselhou há dias em discurso público que «sejemos» realistas…

Será que o primeiro quereria impor o vergo «ouver» como função dos ouvisdos, à semelhança do verbo que exprime a função dos olhos. E será que Passos pretende criar o verbo «sejar», à semelhança do verbo palrar, actividade em que é exímio?

Ao meditar nestas inovações linguísticas, deparei com o poema de Zélia Chamusca que me mostra que não vale a pena prestar atenção a reformas requalificativas e que transcrevo:

SEM LEI NEM ROQUE

Zélia Chamusca

Num país sem lei nem roque
Nem ladrão a quem se toque,
Cada um mais enche o saco
Do pobre o recurso parco.

Todos os trabalhadores
Estão a sofrer horrores
E os pobres dos reformados
Cada vez são mais roubados.

São só os pobres a pagar
E os do Poder a roubar,
De quem lhes deu o poder
Eles se estão a esquecer.

Não merecem governar
Este país a ficar
Cada vez mais assaltado,
Como não vi no passado!

Imagem de arquivo

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João Soares

Requalificar um político? É coisa que nunca façarei!

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Com a utilização do verbo «façar», o meu amigo está requalificado em pulhítico!!!

Gostava de saber a sua opinião acerca da seguinte «profecia»:

Quem ainda não é muito idoso em breve irá assistir a grandes alterações na vida portuguesa. Há um ditado que diz: não há bem que sempre dure nem mal que ature. Na história de todos os países já houve revoluções e mudanças,

Em Portugal, as últimas foram em 1910, depois em 1926 (16 anos depois), a terceira foi em 1974 (48 anos depois). Depois dessa, já passaram 39 anos e, por isso, a nova viragem não pode demorar muito. E, curiosamente, os últimos dois anos têm estado a azedar os sentimentos da população ao ponto de bastar um pequeno sinal de partida para se dar o volte-face. A de 1910 foi despoletada por um civil que assassinou o rei D. Carlos l, a de 1926 saiu da mão de generais, a de 1974 de capitães e a próxima pode muito bem ser despoletada por qualquer civil vítima da austeridade excessiva, dos cortes desproporcionados que poupam os ricos e os políticos.


Aceitam-se outros prognósticos, antes de o jogo terminar.

Abraço
João