A política está a revestir-se de uma ficção permanente, que nem sequer garante resultados da pretendida lavagem ao cérebro da população medianamente preparada. E em época de campanha eleitoral, os excessos são demasiado caricatos.
Ontem, a notícia Depois das eleições temos todos de dar as mãos por Portugal atirava com a seguinte palavra de ordem: « que "há vida para além do dia 29", e que "essa vida prende-se com a necessidade de todos os partidos e de todos os agentes públicos terem de dar as mãos"».
Ela sugere várias interrogações às quais deveria ser dada resposta bem positiva, esclarecedora e convincente.
Que milagre é esperado no dia 29 para que cesse a agressividade inter-partidária e todos dêem as mãos?
Isso é uma promessa, um pedido, um mero desejo de propaganda, uma proposta séria ou uma imposição inflexível «custe o que custar»?
E qual a razão porque ainda não se deram as mãos por Portugal?
Quais as razões do falhanço da «coesão social», da «concertação social», do «consenso», do «acordo de salvação nacional»?
Que cedências se mostraram os detentores do Poder dispostos a fazer na sua obsessão do «custe o que custar»?
O que têm andado fazer?
Se ainda não deram as mãos por Portugal, como querem que agora acreditemos que as vão dar?
Será que agora o Governo vai tentar deixar de querer apenas aplausos e palmas?
Será que o Governo vai esforçar-se por compreender as dificuldades dos portugueses para dar as mãos ao povo a fim de lhe melhorar a qualidade de vida?
Será que vai cortar os salários e as pensões superiores a 15 salários mínimos nacionais para poder aumentar o salário mínimo nacional que é o único rendimento de muitas famílias que não estão no desemprego?
Será que vai ser dado mais interesse às pessoas do que aos números sem, obviamente, desprezar estes?
Certamente, que seria óptimo que fosse feito um esforço válido, honesto coerente, racional, para eliminar as más tradições nacionais e exaltar as virtudes dos portugueses a fim de se fazer convergir TODOS os esforços para o desenvolvimento equitativo e a melhoria das condições de vida de TODOS os portugueses, sem descriminações. Mas tal objectivo não se consegue com palavras vazias mas com decisões correctas.
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A Decisão do TEDH (396)
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