domingo, 15 de dezembro de 2013

GEOPOLÍTICA. DOMÍNIO E SUBALTERNIDADE


Transcrição de artigo de opinião. Atenção às frases com realce:

O gesto e a bota
Ionline. Por Fernanda Mestrinho. publicado em 14 Dez 2013 - 05:00

Obama cumprimentou Raúl Castro no funeral de Mandela. O improvável presidente dos Estados Unidos, como disse de si no discurso, apertou a mão ao presidente de Cuba.

Os republicanos mais radicais logo chiaram no Congresso por ele ter apertado uma mão manchada de sangue. Assim sendo, estes não podem tirá-las de baixo da torneira. Pinochet, xá da Pérsia, querem mais? E se houver um perfume de petróleo, estamos conversados.

Pela palavra e pelo gesto, também o Papa Francisco continua a alertar os poderosos do mundo para que a “economia mata”. Se João Paulo II viveu a ditadura comunista e a ocupação nazi, o Papa Francisco viveu ditaduras militares fascistas e o FMI que reduziu a Argentina à miséria. Um conheceu a “bota” da URSS, o outro, a ingerência dos EUA. João Paulo II contribuiu para a queda do Muro de Berlim, o Papa Francisco alerta para o capitalismo selvagem.

Assistimos a uma guerra económica. Putin não precisou de invadir a Ucrânia. Bastou ameaçar com o seu poderio económico. O povo veio para a rua em nome da sua livre soberania. A Grécia foi humilhada pela “bota” do FMI, CEE e BCE, mas também reagiu. Na torre de marfim dos seus gabinetes, os “generais” das finanças ficam indiferentes às “baixas”, mas não têm as mãos limpas.

Por cá, alguns têm gestos e outros engraxam a “bota” dos patrões da “troika”. Agora foi Rui Rio que falou numa ditadura sem rosto.

Os governos são eleitos pelo povo, e não mandatários dos mercados. Alguns esqueceram isso.

Jornalista/advogada
Escreve ao sábado

Imagem de arquivo

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro João soares

"Ditadura sem rosto"

Ora aqui está um caso em que as palavras valem porque foram proferidas por alguém com grande prestígio. São para levar em conta. Se fossem proferidas por um Seguro qualquer (para não dizer Cavaco ou Passos), não passavam de ondas sonoras levadas pela aragem.

A. João Soares disse...

Caro Fernando Vouga,

Acontece esse, geralmente, esse fenómeno: as pessoas não valorizam as ideias, b´não perdem tempo a raciocinar e depois quando se ouve um conceito que nada tem de especial, mas que vem de pessoa notável obtem uma aura de valor acima da normalidade. É isso que torna conhecidas muitas frases de célebres filósofos, embora não tragam novo saber.

A actual ditadura assenta numa confusão de poder que não permite dizer quem é o Hitler, o Mussolini, o Pinochet ou o Amin Dada. Não haveria nada de estranho se se tratasse de uma equipa coerente, mas trata-se de palpites vindos de pessoas que não cooperam entre si numa estratégia definida, antes efectuam um jogo de pressões, por vezes contraditórias, em que o esmagado é sempre o elo mais fraco, o ente suburbano da sociedade.

Isso ressalta, por exemplo, dos seguintes posts e dos que estão neles linkados:

RISCO DA INCONSTÂNCIA E DO AUTO-ISOLAMENTO

PODER REAL DÁ RECADO AO PODER POLÍTICO

Abraço com votos de Boas Festas
João