quinta-feira, 1 de maio de 2014

AUMENTAR O IVA É UMA DECISÃO GRAVE


Já há quase 4 anos em «Justiça Social» escrevi que «agravar o IVA afecta, por igual, todos os consumidores desde o mais pobre que apenas compra um pão para enganar a fome. Se tal ideia fosse aceite, aumentaria de forma trágica o fosso, já demasiado acentuado, entre os mais ricos e os mais pobres.»

Essa frase cingia-se ao facto de o IVA não respeitar escalões de rendimento dos contribuintes, como é normal na grande maioria dos impostos. Mas o que parece socialmente mais grave é que constitui uma taxa que é aplicada à totalidade dos rendimentos de um trabalhador que recebe o salário mínimo, mas apenas é aplicado a uma pequena fracção dos proventos de grandes capitalistas que não precisam de gastar a totalidade dos seus rendimentos que destinam maioritariamente a poupança investida na bolsa, cá ou no estrangeiro em paraísos fiscais.

E assim de aumenta o fosso social e depois há quem diga que a vida das pessoas não está melhor mas a do pais (políticos, ex-políticos, banqueiros e outros ricaços ?) está muito melhor, e por este andar, segundo tal conceito, continuará a estar cada vez melhor e a haver mais ricos com maiores fortunas, enquanto a fome e a miséria destrói muitas vidas.

As pessoas não devem ser esquecidas e até devem constituir a maior preocupação em cada decisão governamental ou legislativa. À contabilidade não deve ser dada a prioridade absoluta, porque ela não é o verdadeiro objectivo da governação que se destina a zelar pela qualidade de vida das pessoas, dos contribuintes, dos eleitores.

Os links seguintes referem o mesmo tema

A LÓGICA NÃO DEVE SER ATROPELADA

Grandes industriais vs justiça social

Imagem de arquivo

5 comentários:

Anónimo disse...


Aventuras do coronel Lourenço

Numa prosa atrapalhada e pouco gramatical, o coronel Vasco Lourenço veio agora dizer que a Associação 25 de Abril, a que preside, e os capitães de 1974 “não se querem arvorar em solução” ou “abrir expectativas a que não se pudesse dar resposta”. Melhor ainda, e avisando o público, o coronel Lourenço afasta a fantasia de uma nova revolução e declara o seu amor aos “meios democráticos”. A Associação é “espaço de intervenção cívica e cultural”, que vai “lutando contra aqueles que nos querem calar a voz e prender as mãos com slogans”. Os pobres capitães de Abril, afinal de contas, só se recusam a abdicar de “ser cidadãos de corpo inteiro e (de) usufruir a liberdade que (ajudaram) o povo português a conquistar”. Não se podia pedir nada de mais cívico e de mais cordato.

Nada impede o coronel Lourenço de servir estas piedades, porque de certeza o país já esqueceu o que ele andou a fazer nas semanas que precederam o “25 de Abril” e o que disse no comício do Largo do Carmo, em si próprio um insulto e um desafio à Assembleia da República. Ou, se calhar, ao contrário do país, que está atordoado, o coronel Lourenço não esqueceu uma única ameaça velada ou explícita que dirigiu em pessoa ou pela televisão ao Governo legitimamente constituído e é por isso que aparece agora a deitar um bocadinho de água na fervura, com a pele do proverbial carneiro manso. Seja como for, o gesto presume a completa impunidade dos políticos que por aí se apresentam com direito de incitar os portugueses a remover de cena os “neoliberais” de Passos Coelho e Companhia.

Os festejos do “25 de Abril” deviam servir para duas coisas. Primeiro, para reforçar o radicalismo na esquerda (e em particular a posição de Soares no Partido Socialista). Segundo, para intimidar a direita perante a putativa força do povo “organizado”. O plano falhou de fio a pavio. O coronel Lourenço e os seus companheiros não viram a lamentável figura que exibiam a um público em desespero, farto de retórica e ansioso por alguma lógica e bom senso. Presumo que essa inconsciência lhes lembrou os bons tempos de 1974-1975. De qualquer maneira, não ganhou um voto à direita para o próximo 25 de Maio, e afastou muita gente, que não se arranja dinheiro com demagogia política, sobretudo quando a demagogia põe em causa os fundamentos do Estado.

Vasco Pulido Valente - Público em 02/05/14

Mentiroso disse...

É preciso ter pachorra para vomitar aqui tanta bestialidade como o anónimo do comentário. Nem vale a pena ler senão duas ou três palavras.

Para comparar o IVA com os países democráticos, em mais que uma língua, basta seguir estes dois links de busca no Google:

https://www.google.pt/search?num=20&safe=off&client=firefox-a&hs=10K&rls=org.mozilla%3Aen-GB%3Aofficial&channel=fflb&q=iva+OR+vat+OT+tva+su%C3%AD%C3%A7a+OR+suisse&oq=iva+OR+vat+OT+tva+su%C3%AD%C3%A7a+OR+suisse&gs_l=serp.12..35i39.76864.78813.0.82481.2.2.0.0.0.0.283.555.2-2.2.0....0...1c..42.serp..1.1.269.8ueVvtjIPPg

https://www.google.pt/search?q=iva+OR+vat+OT+tva+dinamarca+OR+denmark&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:en-GB:official&client=firefox-a&channel=fflb&gfe_rd=cr&ei=NGFmU6vSD8Pe8geuyYC4Dg

Anónimo disse...

A troika exigiu o IVA a 23,5 %. O governo negociou e chegou aos 22,25. A troika outras medidas de substituiçao - o governo negociou-as por forma a nao penalizar mais a generalidade dos portugueses. Mas hà quem nao queira ver...

A. João Soares disse...

Caro Mentiroso,
Seja bem vindo, depois de tão grande ausência.
Basta ser anónimo sem apresentar o mínimo de identificação, para vermos o tipo de opinião e de coragem e frontalidade. Têm aqui surgido «muitos» anónimos (ou apenas um?) com comentários só para tentar incomodar ou ofender.Já deixaram falsos links de identificação, etc.Experimentei publicar estes mas e experiência mostra aquilo que vê. Agora é o elogio incondicional do Governo «mesmo quando a posição mais sensata seria fazer sugestões positivas.

O que este agora de a troika querer um IVA de 23,5%, vem confirmar o texto do post: Os credores e os grandes capitalistas, na sua obsessão pelo dinheiro, querem têm preferência pelo IVA. Esquecem que, empobrecendo ainda mais os que já são pobres e aumentando o número destes, perdem clientes e deixam de poder facturar e obter lucros.O Governo não é obrigado a ser ovelha mansa e seguir cegamente as ordens do grande capital ou de apoiantes que teimam em ser anónimos.
A leitura dos endereços que o amigo deixou vêm dar força ao texto do post acerca do IVA ou VAT
Duvido, porém, que o anónimo tenha coragem de se informar deforma imparcial e inteligente.

Abraço
João Soares

Zélia Chamusca disse...

Eu ia comentar mas, depois de ler o comentário de Anónimo e de Mentiroso e a inteligente resposta de A João Soares, não pude deixar de rir à gargalhada. Porém, confesso que sufoquei, não pela gargalhada, mas, porque ficou tudo tão inteligentemente esclarecido, que não vale a pena dizer mais nada.

ZCH