domingo, 22 de fevereiro de 2015

CRITICAR AS MUDANÇAS, É DE VELHO DO RESTELO

Não posso alinhar cegamente com críticas severas às mudanças, à aventura anti-troika, ocorridas na Grécia. Tais críticas parecem baseadas na hipótese fantasista e egocêntrica de que nos encontramos no cume da perfeição humana, social e política e que não vale a pena procurar mudar para melhor porque nada existe de mais perfeito do que as «regras actuais». Se tal conservadorismo, inacção, acomodação e aversão a mudanças, existisse desde os primórdios da Humanidade, estaríamos ainda na era da Pedra Lascada.

Viver é mudar e a mudança acarreta sempre sacrifício, no mínimo, para deixar velhos hábitos e criar outros novos. Criticar mudanças será condenar os pontos mais salientes da nossa história, independência nacional, descobrimentos, 1º de Dezembro, 10 de Outubro, 26 de Maio, 25 de Abril… É certo que nem sempre os herdeiros das mudanças mereceram o risco da aventura e não souberam aproveitar da melhor forma as oportunidades surgidas, para benefício dos cidadãos, da liberdade com responsabilidade, para o desenvolvimento cultural e social. Mas o mundo viveu assim e por isso surgiram novas tecnologias nos transportes, nas diversas indústrias, nas comunicações, até se chegar à globalização, e isto não parará, pois a velocidade de progresso será cada vez maior.

Sem mudanças cai-se em estagnação pantanosa, com vícios de exploração dos mais fracos em benefício dos mais poderosos que se tornam cada vez mais prepotentes e arrogantes e destroem a vivência social, criando condições para terríveis catástrofes sociais, hoje, altamente perigosas para vidas humanas e património material, histórico e natural, devido ao moderno armamento de destruição maciça, existente.

Em vez de criticar obcecadamente, será melhor ajudar, com conselhos e apoios à adopção de medidas que contribuam para animar e estimular uma sociedade mais produtiva e socialmente justa, disposta a um desenvolvimento activo e promissor de um futuro mais brilhante, para construir um Mundo melhor

Imagem de arquivo

1 comentário:

A. João Soares disse...

Em resposta a um comentário no Facebook, escrevi de improviso o seguinte: Regras lógicas, realistas e abertas a adaptações sensatas, conforme as alterações das circunstâncias 150223
As suas interrogações estão correctas. Mas a resposta não pode ser dada em duas palavras. Cada regra teve a sua origem, a sua razão de ser, embora possa não ter sido a melhor solução para o problema que estava a precisar de solução. Nada na Humanidade é perfeito nem eterno e deve ser encarado como tal, adaptando às circunstâncias vigentes. Uma regra é que, em situações normais, cada um, empresa ou Estado, não deve gastar mais do que os seus rendimentos, porque um crédito fica sempre caro, pois deve ser resgatado e, entretanto, é onerado com juros. O crédito é apenas justificável para um investimento que gere resultados que permitam fazer face aos custos inerentes (juros e resgate). Ninguém deve esperar demasiado da caridade dos outros, embora possa haver acidentes ou erros de cálculo que possam conduzir a tais condições de carência. O que me sensibilizou foi a a teimosa referência a regras, como se elas fossem uma coisa da Natureza, imutável, e não uma artificialidade do homem que deve ter sobre elas a supervisão e o controlo permanentes que o levem a adaptá-las à evolução da sociedade. Aliás, toda a minha vida, já longa, foi condicionada por regras que procurei sempre seguir e, por vezes propor alterações para maior realismo e pragmatismo.