Violência de Estado pode ser mais selvagem do que o terrorismo
(Publicado em O DIABO de 31 de Janeiro de 2017)
Até quando teremos de assistir ao uso «inadvertido» de armas letais? Porque não as utilizam exclusivamente em pistas, carreiras de tiro, campos de tiro, etc. Isto é, espaços vedados ao público apenas destinados ao treino e preparação dos militares.
Que consideração nos merecem estas pessoas, parte de organizações governamentais que decidem a actuação dos militares sem conhecerem a gravidade de tais acções e sem a devida sensibilidade, sem o mínimo respeito pelos outros e sem terem repulsa por actos que causam sofrimento e morte em seres humanos indiferenciados? Há muitos estados, grandes e pequenos que não têm idoneidade para usar material bélico, porque permitem que alguns dos seus cidadãos brinquem com objectos demasiado perigosos para as populações sem terem consciência do perigo que lhes causam. Como se acusam terroristas de causar umas dezenas de mortos se, no caso do bombardeamento, por um avião militar, de um campo de refugiados na Nigéria, causando a mote a cerca de 100 pessoas.
Tenho aqui referido que, nesta época de mudança para a NOVA ERA, há que pôr um forte travão nas guerras e insistir na resolução pacífica dos conflitos, dando lugar ao trabalho da diplomacia. Porém tal intenção parece manter-se nas nuvens da utopia, porque grande parte dos estados está a ser «governada» por políticos impreparados, sem ética nem moral, ambiciosos e vaidosos, que esquecem que o seu principal dever é respeitar os direitos das pessoas e dar-lhes boa qualidade de vida e cuidar de contribuir para a humanidade se tornar mais harmoniosa e viver em paz fraterna. As notícias chegadas da Síria mostravam os efeitos arrasadores em cidades como Alepo provocados por insistentes bombardeamentos de Sírios, Russos e Turcos. Os estragos causados em vidas e haveres devem ter ultrapassado largamente os provocados pelos denominados terroristas. Afinal, quem são os maiores terroristas do mundo, aqueles que provocam mais vítimas humanas e mais destruições de património quer privado quer público e quer constituindo reconhecido valor para a história mundial ???
Perante um vídeo de uma orquestra feminina de jovens que tocava uma colecção de músicas mundialmente famosas, uma pessoa amiga exclamou que se estava em presença de comunhão de sensações e sentimentos vividos por gente de todo o muno, sem discriminação e que a música devia ser mais aproveitada para criar a Paz e a harmonia mundial. Concordei e acrescentei que, se houvesse verdadeira vontade de viver em paz, os diversos sectores da arte poderiam ser instrumentos para unir os povos em harmonia fraterna e solidária. Mas a falta de qualidade de muitos detentores do poder leva-os a esquecer que o seu principal dever é respeitar os direitos das pessoas e dar-lhes boa qualidade de vida e, seguem o caminho errado de dar mais atenção aos seus interesses pessoais, à sua ambição e vaidade e a submeterem-se aos industriais e vendedores de armamento que lhes impõem a guerra para benefício dos seus próprios negócios.
Ser governante de um Estado com população de diversas cores, religiões idiomas, tradições deve ser assumido com qualidades de liderança, diálogo, compreensão de todos, sem discriminar, e procurando harmonia, em mútuo respeito e igualdade de direitos, enfim, uma nação, um colectivo. Não deve ser prepotência em defesa dos «bons» de que se gosta, com exclusão de todos os outros aos quais se motiva para a rebelião que pode chegar às piores atrocidades, com a natural escalada das trocas de violência.
E, com tal autoritarismo prepotente, em vez de acabar com a praga do terrorismo, suscitam mais ódios, alguns que perdurarão através de gerações até voltarem com mais força e meios mais poderosos. E, em vez e terminar a morte de tanta gente inocente, acaba por morrer muita mais como tem acontecido no Médio Oriente na Ásia e em África.
Apesar de já ter o texto pronto, depois de ter defendido o diálogo e a paz, não quero deixar de inserir, por vir a propósito, a frase do Papa Francisco, título de notícia no DN, em que alerta para o perigo de confiar "num salvador que nos defende com muros".
A João Soares
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