Guerra Fria exige governantes prudentes
(Publicado em O DIABO de 2 de Maio de 2017)
Em 18 do corrente, o ex-líder soviético e Prémio Nobel da Paz, Michael Gorbachev disse, a propósito da questão entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, que «todos os indícios de uma nova Guerra Fria estão aí». A afirmação, embora pareça ser adequada à situação vigente, é demasiado preocupante e obriga a meditar muito naquilo que pode acontecer nos próximos tempos.
Com efeito, a guerra fria exige que as partes intervenientes estejam a ser geridas por pessoas pouco impulsivas e arrogantes, mas, pelo contrário maduras, com muito bom senso e muto apurado sentido das responsabilidades. A guerra fria iniciada após a II GM foi conduzida por governantes com profundos conhecimentos dos inconvenientes da guerra que terminara um pouco antes e que desejavam não ver repetida.
Estavam vacinados com o conhecimento ao vivo das realidades da guerra e dos males dela advenientes para os seres humanos em geral, com mortos, estropiados e privados de condições de sobrevivência. Pelo contrário os actuais governantes não têm semelhante experiência e têm demonstrado ausência de respeito pelas pessoas, falta de sensatez e de sentido de responsabilidade, comportando-se muitas vezes como crianças a lidar com brinquedos que, na realidade, são demasiado perigosos e exigem excepcional prudência.
A gestão da guerra fria exige, da parte de cada parceiro, um serviço de informações, bem preparado e sabendo aproveitar toda a colaboração dos serviços diplomáticos, quer dos intervenientes quer do mundo em geral, a fim de ter conhecimento oportuno de sintomas ou indícios de preparativos ou intenções perigosas que possam colocar em perigo o modus vivendi.
Actualmente, as provocações, mais ou menos evidentes, entre os EUA e a Coreia do Norte não são propícias para evitar preocupações relativas à hipótese de uma guerra violenta, possivelmente nuclear, entre as duas partes. No caso de tal situação, eclodir os Estados da margem Oeste do Pacífico sofrerão graves inconvenientes e o resto do mundo não ficará ileso, pois as poeiras radioactivas e a nuvens tóxicas que elas formarão, empurradas pelos ventos, darão voltas ao Planeta, disseminando detritos tóxicos minúsculos que destruirão todos os vestígios de vida, animal e vegetal em qualquer latitude ou longitude. As bombas nucleares actuais são imensamente mais demolidoras do que a de Hiroshima que era pouco potente e pouco mais do que artesanal.
O ideal seria a Paz respeitada por todos, fortalecida por um diálogo franco e aberto entre todos que libertasse todas as energias das pessoas e dos meios materiais para a melhoria generalizada da qualidade de vida sobre a Terra. As bombas, os mísseis e os gases não contribuem para melhorar nada. A «Bomba mãe de todas a bombas» que os EUA lançaram no Afeganistão não impediu, e talvez tenha provocado, por ter aumentado o ódio e a vontade de vingança o caso que foi dado a público em comunicado do ministério: "Os rebeldes talibãs lançaram um ataque coordenado contra a base militar onde a maioria dos soldados estavam reunidos para rezar, provocando no total mais de 100 mortos e feridos entre as forças armadas". Cada vez fica mais claro que a violência nada traz de bom, apenas gera mais violência em escalada incontrolável.
António João Soares
25 de Abril de 2017
sábado, 13 de maio de 2017
GUERRA FRIA EXIGE GOVERNANTES PRUDENTES
Posted by A. João Soares at 21:39
Labels: guerra fria, prudência, sentido de responabilidade
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário