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em O DIABO nº 2292 de 04-12-2020 pág 16. Por António João Soares
Pequenas falhas devem ser corrigidas logo que detectadas em indispensáveis
actos de verificação do trabalho. Mas, infelizmente, está a criar-se uma
tolerância exagerada e os mais altos responsáveis, ao delas terem conhecimento,
sacodem as culpas, toleram e esperam que isso não afecte a vida que se segue.
Mas qualquer erro deixa consequências permanentes. Um minuto de infelicidade
são 60 segundos de infecção cerebral que contribuem para o Alzheimer ou outro
mal-estar cerebral. Também, a consequente alteração de um texto legal ou a sua
substituição provoca a generalização do desrespeito pelas leis e pelos
governantes que as assinaram.
É certo que “errar é humano”, mas os humanos que erram deixam de merecer
confiança e respeito. E a prevenção desta maleita começa na preparação das
crianças para a vida desde os primeiros contactos com familiares e, depois, nos
bancos da escola. E assim, quer os comportamentos quer a utilização do idioma
nacional serão sempre de boa qualidade. Hoje, ao falar Português, já quase é
necessário utilizar um dicionário de boa qualidade e actualizado. Já temos mil
e uma maneiras de dizer a mesma coisa. E depois surgem dúvidas sobre se a ordem
era xis ou ípsilon. E quando há dúvidas ou erros, devem ser esclarecidos sem
demora e evitar a táctica do “depois se verá e pode ser que não haja problema”,
porque isso pode acarretar situações desagradáveis ou mesmo muito graves.
Nas escolas, os professores, além
do ensino da matéria do programa, devem desempenhar o papel de mestres do
comportamento dos alunos e não se colocar nas mãos destes, deixando-se enredar
nas fantasias juvenis. Devem, sempre que vier a propósito, exigir aos jovens
comportamentos que os ajudem a preparar-se para virem a ser cidadãos
cumpridores, responsáveis, perante os professores, os familiares, o país, os
cidadãos em geral, etc. Não devem, como tem acontecido ocasionalmente, alinhar em
fantasias infantis aventureiras que destroem as boas tradições e a história
nacional, pondo em risco a continuidade da nossa história e da nossa língua, conhecida
em quase todo o planeta. É certo que a tradição e a Língua, como tudo o que é
natural, evolui com o decurso do tempo, mas essa evolução não deve ser forçada
por machado e picareta como quem constrói uma estrada. O tempo se encarregará
disso. Os livros de há séculos usaram um Português diferente do actual, mas não
consta que a evolução tenha sido forçada, como aconteceu recentemente no
“acordo”. Mas o nosso ensino escolar não deve circunscrever-se ao uso do idioma
e à divulgação de conhecimento científico. Deve dar noções de ética e de
comportamentos sociais e de responsabilidade e respeito pelas pessoas.
Para encerrar, a educação, na sua complexidade, deve preparar os alunos
para serem adultos, cidadãos perfeitos (quanto possível) na sua vida familiar,
social e profissional. Evitar erros, porque um minuto de arrelia tira 60
segundos de vida feliz, e a felicidade é a nossa maior riqueza. ■
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