A paz é benéfica todos, mas exige respeito e ponderação
(Public em DIABO nº 2354 de 11-02-2022, pág 16. Por António João Soares)
A paz constitui uma situação benéfica, mas exige de ambas as partes muita prudência, respeito pelos outros e ausências de atitudes de ambição que criem receios que levem os vizinhos a temer perigo para a sua segurança. Se entre as pessoas deve haver serenidade que se possa interpretar como compreender e perdoar, entre os estados deve haver a prudência de respeitar os direitos dos vizinhos e, à mínima suspeita de má intenção, dialogar quer directamente quer com ajuda de terceiros, a fim de evitar que haja ostentação de força perante o vizinho que o leve a sentir-se ameaçado e se prepare para reagir com violência, mostrando que não tem medo.
Quando não se recorre ao diálogo e se criam manifestações de força e de tensão, pode correr-se o risco de um pequeno gesto ser interpretado como demasiado agressivo e se inicie um confronto que, depois de iniciado, será difícil de parar e de se restabelecer a paz. E nos tempos actuais em que o uso de armas sofisticadas está muito generalizado, há que evitar um gesto que seja mal interpretado e que cause uma III Guerra Mundial com danos humanos e materiais de grande gravidade.
No caso entre a Rússia e a Ucrânia a essência vai muito além destes dois estados, pois vários elementos da NATO, embora não se sintam com força para aconselhar o diálogo, estão a pressionar os EUA a enviar tropas para o Leste da Europa, como o Reino Unido e o Canadá. Se isso tem apenas a intenção de querer convencer a Rússia a desistir da tensão contra a Ucrânia, pode vir a dar origem a um acto interpretado como de agressão que dê lugar a resposta de força seguido de consequências dramáticas, como tem acontecido com muitos conflitos. A paz exige respeito, com prudência sem medo, sem reacções de ostentação de força de resultados imprevisíveis.
Mas nem todos os governantes possuem propensão para o diálogo construtivo da harmonia e da boa convivência que conduza os outros à compreensão de boas soluções sem se sentirem diminuídos ou derrotados. As hesitações levam muitos a anunciar que retiram as suas tropas de situações que são interpretadas como ameaçadoras mas que, poucos dias depois, as mantêm ou reforçam, com os resultados negativos habituais. Está entranhado o vício de, em vez do diálogo, usarem a ostentação de gestos ameaçadores mais violentos do que o do lado oposto, o que tem o grave risco de passar da violência inicial, apenas simbólica, para outras mais tenebrosas que convidam a resposta dura que pode ser o início de conflito armado
Chegados a tal ponto, pode entrar-se numa catástrofe sangrenta como aconteceu em vários casos.
Há tantas movimentações e mudanças sociais, que seria bom que se desenvolvesse o gosto de uma convivência pacífica de bom relacionamento, com ponderação evitando conflitos de violência, procurando soluções de bom entendimento logo que as dúvidas surjam e impedindo o seu agravamento.
Se se luta contra as alterações climáticas, deve com mais razão, desenvolver-se uma ética ou moral de bom entendimento a nível internacional que resolva os pequenos desentendimentos antes de se tornarem geradores de perdas de vidas e de altos custos financeiros que vão afectar as economias das pessoas. Para se chegar a tal entendimento deve começar-se pelas relações desportivas e outras actividades transnacionais.
Sem comentários:
Enviar um comentário