terça-feira, 19 de abril de 2022

OS ANIMAIS DÃO-NOS LIÇÕES DE COMPORTAMENTO

(Public em DIABO nº 2363 de 15-04-2022, pág 16, por António João Soares)

A notícia mais recente do comportamento de um animal doméstico que constitui bom exemplo para um humano refere a amizade de um cão ao seu dono, depois da morte deste, mesmo ficando sem alimentação e ser encontrado, ao fim de duas semanas, cansado e esfomeado, ao lado do cadáver.

O dono, homem de 29 anos, desapareceu e após muita procura foi encontrado sem vida numa área inhóspita para onde tinha ido passear. Estava sem vida e tinha ao lado o cão seu companheiro, magro, cansado e cheio de fome, mas ainda vivo.

Há vários casos semelhantes de respeito pelo dono, de amizade aos companheiros de grupo, de apoio a outros, etc. Um amigo contou-me que seu irmão tinha uma pomba que vivia fechada numa gaiola a quem dava pouco afecto, por passar pouco tempo em casa e um dia resolveu propor ao irmão ficar com o animal e levá-lo para sua casa, ali perto. Depois de o ter em casa e de lhe dirigir sons semelhantes aos usados pelo irmão sentiu em resposta sons que considerava afectuosos. Ao fim de poucos dias, libertou-a da gaiola e ela andava livremente pela casa, apesar de não usar a higiene desejada e de lhe ter sido limitado o espaço onde podia deslocar-se.

Passou-se o tempo e o animal saiu pela janela. O actual dono foi relatar o caso ao irmão que lhe disse: agora vai olhando para o ar para ver se a recuperas. Ele olhou e viu-a pousada a mirar a casa onde vivera antes, os dois chamaram e ela foi ao encontro deles. Tinha ido matar saudades do primeiro dono.

Um pelicano recém-nascido teve um acidente que lhe feriu uma pata. Um dos funcionários da praia recolheu-o e promoveu o seu tratamento, alimentou-o e manteve-o sob estreita vigilância, até que ele cresceu e, quando já podia voar, desapareceu. O tratador ficou desgostoso por ficar sem este amigo, mas poucos dias depois ele regressou, pousou no seu ombro e fez-lhe carícias, em nítido sinal de reconhecimento e de amizade. E depois voltou várias vezes com semelhantes atitudes.

Num grupo de aves migratórias, em que todas voavam bem alinhadas e sem alterarem as suas posições relativas, numa disciplina semelhante à dos militares em desfile festivo, uma ave perdeu altitude o que foi notado pelo responsável do grupo e logo saiu uma ave de socorro no seu encalce para lhe dar apoio e ficar com ele enquanto lhe fosse necessário e só depois seguissem para o destino para o qual o grupo se dirigia.

Enfim, os animais, apesar de terem sido classificados de irracionais, possuem a sua ética, com respeito, dedicação, amizade e reconhecimento que servem de lição a muitos humanos.

Porém, as situações de dificuldade recentes e actuais mostram que os humanos estão a dar mostras de alguma ética semelhante, embora não esteja generalizada, como se vê no caso do apoio aos ucranianos em dificuldade, ao refugiarem-se perante a destruição de habitações e a morte de numerosos civis, entre os quais crianças, pelas acções criminosas e injustificadas dos invasores e pelos mísseis por eles enviados. Perante tais actos terroristas e de violência genocida e criminosa contra os direitos humanos a generalidade dos países europeus têm-se comportado com humanismo, ternura e respeito pelo sofrimento humano.

Porém, ao contrário dos animais, os causadores de tais actos de selvageria, estão à margem de respeito pelos valores humanos e usam de barbaridade inqualificável.

Sugiro a leitura de «O respeito e a amizade devem ser permanentes» que publiquei em 18 de Março pp. Devemos admirar os animais e aprender os seus bons exemplos.


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