(Public em DIABO nº 2363 de 15-04-2022, pág 16, por
António João Soares)
A notícia mais recente do comportamento de um animal doméstico que constitui bom exemplo para um humano refere a amizade de um cão ao seu dono, depois da morte deste, mesmo ficando sem alimentação e ser encontrado, ao fim de duas semanas, cansado e esfomeado, ao lado do cadáver.
O dono, homem de 29
anos, desapareceu e após muita procura foi encontrado sem vida numa área
inhóspita para onde tinha ido passear. Estava sem vida e tinha ao lado o cão
seu companheiro, magro, cansado e cheio de fome, mas ainda vivo.
Há vários casos
semelhantes de respeito pelo dono, de amizade aos companheiros de grupo, de
apoio a outros, etc. Um amigo contou-me que seu irmão tinha uma pomba que vivia
fechada numa gaiola a quem dava pouco afecto, por passar pouco tempo em casa e
um dia resolveu propor ao irmão ficar com o animal e levá-lo para sua casa, ali
perto. Depois de o ter em casa e de lhe dirigir sons semelhantes aos usados
pelo irmão sentiu em resposta sons que considerava afectuosos. Ao fim de poucos
dias, libertou-a da gaiola e ela andava livremente pela casa, apesar de não
usar a higiene desejada e de lhe ter sido limitado o espaço onde podia
deslocar-se.
Passou-se o tempo e o
animal saiu pela janela. O actual dono foi relatar o caso ao irmão que lhe
disse: agora vai olhando para o ar para ver se a recuperas. Ele olhou e viu-a
pousada a mirar a casa onde vivera antes, os dois chamaram e ela foi ao
encontro deles. Tinha ido matar saudades do primeiro dono.
Um pelicano
recém-nascido teve um acidente que lhe feriu uma pata. Um dos funcionários da
praia recolheu-o e promoveu o seu tratamento, alimentou-o e manteve-o sob
estreita vigilância, até que ele cresceu e, quando já podia voar, desapareceu.
O tratador ficou desgostoso por ficar sem este amigo, mas poucos dias depois
ele regressou, pousou no seu ombro e fez-lhe carícias, em nítido sinal de
reconhecimento e de amizade. E depois voltou várias vezes com semelhantes
atitudes.
Num grupo de aves
migratórias, em que todas voavam bem alinhadas e sem alterarem as suas posições
relativas, numa disciplina semelhante à dos militares em desfile festivo, uma
ave perdeu altitude o que foi notado pelo responsável do grupo e logo saiu uma
ave de socorro no seu encalce para lhe dar apoio e ficar com ele enquanto lhe
fosse necessário e só depois seguissem para o destino para o qual o grupo se
dirigia.
Enfim, os animais,
apesar de terem sido classificados de irracionais, possuem a sua ética, com
respeito, dedicação, amizade e reconhecimento que servem de lição a muitos
humanos.
Porém, as situações de
dificuldade recentes e actuais mostram que os humanos estão a dar mostras de
alguma ética semelhante, embora não esteja generalizada, como se vê no caso do
apoio aos ucranianos em dificuldade, ao refugiarem-se perante a destruição de
habitações e a morte de numerosos civis, entre os quais crianças, pelas acções
criminosas e injustificadas dos invasores e pelos mísseis por eles enviados.
Perante tais actos terroristas e de violência genocida e criminosa contra os
direitos humanos a generalidade dos países europeus têm-se comportado com
humanismo, ternura e respeito pelo sofrimento humano.
Porém, ao contrário dos
animais, os causadores de tais actos de selvageria, estão à margem de respeito
pelos valores humanos e usam de barbaridade inqualificável.
Sugiro a leitura de «O
respeito e a amizade devem ser permanentes» que publiquei em 18 de Março pp.
Devemos admirar os animais e aprender os seus bons exemplos.
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