sexta-feira, 20 de maio de 2022

DECIDIR DEPOIS DE OUVIR O POVO AFECTADO

(Public em DIABO nº 2368 de 20-05-2022, pág 16, por António João Soares)

A estagnação de que estamos sofrendo não se deve a falta de decisão mas, sim a decisões por palpite, de forma inadequada e sem a devida reflexão, sobre as implicações do problema, as suas causas e condicionamentos. Agora, a Câmara Municipal de Lisboa está a alinhar nos bons efeitos dos «conselhos de velhos» que eram frequentes na vida tribal das antigas colónias. Agora, em termos modernos e seguindo a experiência dos nossos tempos, a CML defende o «experimentalismo» do Conselho de Cidadãos.

Se tal estratégia for bem aplicada, deixa de haver decisões «salvadoras» que surgem milagrosamente de «cabeças geniais» sem pareceres técnicos nem opiniões esclarecidas e que, além de custos exagerados, acabam por ter pouca duração e eficácia mas, pelo contrário, se for usada tal estratégia, passam a ser bem preparadas, com opiniões de quem tem experiência no assunto e a noção dos efeitos desejados segundo o interesse geral do desenvolvimento. Alás, a função dos poderes políticos, é defender os interesses públicos, do povo, de forma geral, democrática, isto é, sem descriminações por amizades ou por favores especiais.

Mas voltando ao «experimentalismo» na Câmara de Lisboa, faz pensar na destruição do revestimento vegetal da geografia do interior pelos incêndios florestais de que, salvo raras excepções, os terrenos vítimas dos fogos foram abandonados à Natureza ou foram recobertos por eucaliptos que, sendo árvores exóticas, não se adaptam às condições ambientais ou, raramente foram aproveitados, por pessoas bem informadas e de espírito criativo, para recriar uma sensata floresta que irá ser modelar durante muitos anos. Tais pessoas bem informadas e melhor intencionadas merecem ser apoiadas pelas autarquias e estas devem fomentar a utilização das boas experiências e de boas intenções para contribuírem para um melhor futuro nacional e dos cidadãos.

Em vez de os populares tentarem incomodar os deputados e outros eleitos, com perguntas embaraçosas, para quem não tem preparação nem conhecimento das realidades, devem preferir apresentar sugestões, opiniões bem explicadas que ajudem a tomar decisões mais adequadas, realistas e promissoras de melhor resultado. Não devem esquecer que a Nação somos todos nós e, por isso, cada um tem o dever de dar o melhor contributo para engrandecer Portugal.

As empresas devem ser apoiadas por serem o principal motor do desenvolvimento socioeconómico sustentável do país, não apenas por darem lucro aos seus donos, mas principalmente por darem trabalho e salário a quem nelas trabalha. E será justo que esse salário seja honestamente proporcional ao resultado final para que todos contribuem. E, em tal avaliação deve ser visível o contributo de cada um, com sugestões e opiniões para melhorar os resultados. Em vez de ocuparmos tanto tempo a discutir futebol e outros desportos, será bom que nos passemos a interessar por trocar ideias sobre o nosso futuro económico, nos seus variados aspectos. 

Para Portugal conseguir um bom crescimento económico precisa de aumentar a produtividade resultado de trabalho de boa qualidade e eficácia e ter bom aumento do emprego, com pessoas bem preparadas e com boa dedicação à função. Na base de tudo isto deve estar a preparação e a dedicação.

As pessoas devem estar conscientes de que, como factor importante do crescimento da economia, devem procurar qualificar-se e requalificar-se, de forma a assegurar a existência de mão de obra a curto, médio e longo prazo e consequentemente poderem exigir melhor salário. Este esforço colectivo de desenvolvimento que abrange cada português deve avançar sem demora, de forma rápida e bem visível, com eficácia para não atrasar a saída da estagnação e saída da cauda da Europa.

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