terça-feira, 5 de julho de 2022

A GUERRA ACABARÁ ?

(Public em DIABO nº 2374 de 01-07-2022, pág 16, por António João Soares)

Deixar de haver guerra é um desejo muito apetecido por qualquer pessoa verdadeiramente civilizada, mas nem toda a gente professa o respeito pelos outros, isto é um facto, a qualquer nível social e aos governantes apologistas de conceitos que lhes agradem pessoalmente pela sua posição social de poder, de autoridade, de riqueza financeira, etc. etc. O fenómeno começa por baixo, pelos fabricantes e vendedores de armas, e pelos mais simples que, além desses factores de poder, padecem de inveja e de ódio que propiciam a violência, quer seja organizada em forma de terrorismo quer seja espontânea por agressões pessoais a familiares, amigos, parentes, vizinhos ou simplesmente conhecidos.

E embora a legislação aceite que haja igualdade entre todos e deva ser aceite o dever de respeito pelos outros, não cessam as notícias de agressões por motivos fúteis ou sem motivos aparentes.

A Justiça procura e aceita desculpas e atenuantes talvez por não haver nas prisões espaço para tantos delinquentes. E as Forças de Segurança, além de não serem devidamente respeitadas e obedecidas, são frequentemente alvos de agressões de cidadãos violentos. E são acusadas de estarem sujeitas aos compadrios dos governantes, opostos ao dever de igualdade.

E, perante estes aspectos da vida colectiva, os governantes não dispõem de vontade nem de coragem e deixam-se ser vítimas de alguns que se encontram sob a sua responsabilidade mas que os condicionam no que toca a obediência e respeito, para merecerem a conveniente defesa. Por isso são tentados a limitar-se à sua própria defesa, de seus familiares, amigos, cúmplices e coniventes e não impedem que a violência continue e as guerras não deixem de existir e as ameaças continuem a ser mais graves, para interesse dos beneficiados.

E os altos governantes, mesmo para os problemas nacionais, sentem-se tentados a fechar os olhos, encolher os ombros e, se algum jornalista sai do silêncio politicamente correcto e faz uma pergunta sobre uma notícia desagradável, o representante do Governo finge que nada sabe sobre tal assunto e se a pergunta é repetida, ele diz que se trata de problema das Força de Segurança que elas tomarão as medidas convenientes. Apenas se interessam pelo culto da sua imagem e pelos resultados que pretendem obter em próximas eleições e, para isso, procuram não desgostar os eleitores e usar para eles da máxima simpatia com promessas mesmo que não possam ser cumpridas e afirmações de efeito adequado. Não querem algo que lhes fira a vaidade, a imagem e a fama.

Quanto a situações de conflito internacional, fazem discurso com palavras que não ofendam ninguém, fazem promessas vagas, sem nada de concreto, cujo cumprimento não possa ser exigido e aguentam dissabores na esperança de não virem a ser demasiado desagradáveis.

Os problemas do povo, das pessoas mais desprotegidas não lhes causam desgosto e, assim, continuam por resolver problemas do Serviço Nacional de Saúde como os que saltaram para o conhecimento público com os encerramentos de urgências obstétricas, devidos a carência de médicos e outros meios indispensáveis para a evolução nacional. Além das deficiências nos Serviços de Saúde, há outras como na Educação, cujo ineficaz funcionamento está a causar o mau comportamento das pessoas, em variados aspectos no uso da via pública. As péssimas atitudes perante os polícias são consequência de ética e moral mal ensinadas nas escolas, bem como o excesso de atitudes violentas contra familiares, contra jovens e idosos, os furtos cometidos, etc. Também o desrespeito pelas regras de trânsito tem provocado danos pessoais em grande número, porque não sabem que as regras devem ser do conhecimento geral.

Todo este desleixo produz um comportamento generalizado que provoca o estado de degradação social em que o país se vem afundando, mesmo no aspecto económico e que tem influência em eventuais situações propensas a violências e «guerras». 

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