sexta-feira, 8 de julho de 2022

PEQUENAS PEÇAS PARA GRANDES OBRAS

(Public em DIABO nº 2375 de 08-07-2022, pág 16, por António João Soares)

A humanidade tem beneficiado muito com a criação de novas tecnologias, graças ao desenvolvimento da informática, com a qual tudo é possível, mesmo, infelizmente, nas piores maldades. E, para serem evitados os piores inconvenientes, os seres humanos devem aumentar o seu respeito pelos direitos dos outros, de forma a que dos benefícios das novas tecnologias apenas resultem melhorias para a população mundial na prossecução dos melhores resultados da aplicação dos valores morais e éticos. Os piores efeitos podem resultar não só de péssimas intenções, mas também de descuidos, distrações ou esquecimentos. Uma pequena falha pode resultar num desabamento de grande edifício.

Vi recentemente a notícia de um funcionário bem colocado no escritório de uma grande empresa japonesa, que se deu ao trabalho de copiar para uma «pen» os dados pessoais (nomes, endereços, contas bancárias, e muitos mais) de várias centenas de clientes e outros contactos da empresa. Colocar numa peça tão minúscula dados que devem ser bem resguardados em dezenas de dossiês numa estante bem protegida já é uma perigosa ousadia. Mas tal fulano meteu a «pen» num saco e foi reunir-se com colegas, com quem abusou dos copos ao ponto de apanhar uma embriaguez que o levou a cair na rua, onde adormeceu e, quando despertou ou foi despertado, não sabia do saco que acabou por encontrar, mas onde não estava a «pen».

Se as pequenas peças são indispensáveis para grandes finalidades, também as grandes obras podem ruir se lhes forem retiradas pequenas peças essenciais. No caso da Informática, todas as pequenas peças são indispensáveis e este facto não pode ser minimizado. Não podem ser desprezados pormenores. A segurança de mínimos pormenores não pode ser descurada. Tudo deve ser devidamente guardado e resguardado. Um dossier volumoso não passa despercebido, mas uma simples «pen», mesmo que pareça não ter importância, exige o máximo cuidado.

Também deve haver muita precaução com dados pessoais, porque, ao serem comunicados a uma pessoa mesmo que mereça muita confiança, nada garante que não entre em circulação ilimitada. No envio de emails para vários destinatários, convém fazê-los preceder da sigla BCC, o que faz com que cada destinatário não saiba os endereços dos outros.

Os cuidados e as preocupações são cada vez mais exigentes de atenção como todos os cidadãos de mais idade aprenderam desde muito jovens. Mas hoje, com o conhecimento do que se passa no Planeta e que é do conhecimento geral que a humanidade é o somatório de todos os seres vivos e isso responsabiliza todos nós a termos bons comportamentos, porque o mau desempenho de uma pedra da grande catedral global pode ocasionar a derrocada de uma bela obra de arte que seja património global. Um alerta ou uma denúncia da preparação de uma acção ilegal pode evitar uma morte ou grave dano para um património particular ou público. Em tal caso, ficar calado é covardia e um apoio inconsciente a um delinquente mediano ou a um grande corrupto.

Um facto ultimamente muito falado é o da poluição do oceano que, em muitos casos é gerada, a pouca distância da nascente de um rio de água potável e cristalina, pequenos gestos iniciam a poluição que depois vai recebendo mais achegas que arrasta até à confluência de outro rio mais caudaloso e que depois será entregue ao oceano. É certo que o oceano recebe poluição mais volumosa e lesiva, vinda de instalações industriais ou de lojas de animais. Mas cada peça nociva deve ser evitada.

Todos estes casos devem ser evitados por serviços de defesa do ambiente mas, por vezes, são produzidos pela calada e, então, o cidadão que deles tenha conhecimento deve denunciar, em benefício de um ambiente mais salutar e de um mar mais limpo com uma fauna mais saudável para ela própria e para quem a consumir. Quanto a pequenas peças informáticas, os utilizadores da Internet conhecem a maior parte dos perigos e são avisados da conveniência de os evitar.

Colaboremos afincadamente na preparação de um futuro mais livre de maus efeitos.


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