(Public em DIABO nº 2378 de 29-07-2022, pág 16, por António João Soares)
A Humanidade, quando nos primórdios da sua existência deparou com outros seres vivos, apelidou-os de irracionais e reservou para si o termo de racionalidade. No entanto, os «ditos irracionais» têm dado constantes provas de que possuem inteligência e sentido de respeito pelos outros e de consequente boa convivência, aplicada com lógica camaradagem, nas diversas situações da vida, mesmo que inesperadas.
Na humanidade, pelo contrário, está a predominar a competição e a agressividade, quando seria mais benéfica a colaboração e a amizade do que resultam casos como o que actualmente, na Ucrânia, está destruindo património construído durante muitos anos e ceifando vidas de pessoas que não fizeram mal algum e de jovens que estariam a pensar ter um futuro melhor do que tiveram os seus progenitores. A vida deve constituir um esforço permanente com vista a futuro mais harmonioso e agradável. Mas aquilo que se nos depara, quando procuramos ver a realidade, é principalmente o oposto.
Os seres humanos, no seu relacionamento social têm evidenciado egoísmo, desprezo pelos interesses dos vizinhos e companheiros, tornando a vida no Planeta como um palco de luta livre que até Sua Santidade o Papa afirmou que nos encontramos em plena III guerra mundial. Em vez de boa convivência em harmonia e paz vive-se sob ameaça de egoístas, ambiciosos, exploradores das capacidades dos mais simples e vítimas dos que querem enriquecer apoderando-se daquilo que podem, por qualquer forma, sacar do ambiente que os cerca.
No entanto, felizmente, estão a aparecer sinais de mudança que merecem aplauso para que tenham êxito e sirvam de exemplo para uma actividade mais benéfica para o relacionamento entre os seres humanos. Por exemplo, na Líbia que, há algum tempo estava dividida por dois regimes políticos e em que havia grupos que bloqueavam importantes locais petrolíferos no leste do País, desde há três meses, chegou agora a notícia de que os dois regimes decidir anunciar a retoma da produção e da exportação dos hidrocarbonetos, principal fonte de rendimentos do país que se uniu para deixar de estar minado pelas tensões políticas. Seis extracções e terminais petrolíferos principais estavam fechados por ação de grupos próximos da zona leste que agora, depois de conversações concordaram retomar a exploração de petróleo, e proceder a uma "repartição equitativa" das receitas da exportação, que abrange praticamente a totalidade do petróleo extraído.
A Líbia que tem estado mergulhada no caos desde a queda do regime de Mouammar Kadhafi, em 2011, e abalada pelas divisões políticas entre as partes leste e oeste, agora pode iniciar uma nova etapa de unidade e de consequente desenvolvimento em unidade.
Outra boa notícia que merece ser lição veio das Filipinas em que dois presidentes de Municípios implementaram uma nova política que obriga os funcionários públicos a sorrir no atendimento dos cidadãos e, se não o fizerem, terão pior nota na avaliação do desempenho e poderão ser alvo de acção disciplinar, ser multados ou mesmo suspensos de funções.
O conceito de que a união faz a força é oposto à ideia de conflitualidade entre partidos que em vez de colaboração em nome do interesse nacional, fazem uma contestação por tudo e por nada de que resulta o Governo perder tempo e concentração para a procura de melhores soluções. Por outro lado, o Governo para criar adeptos, nomeia centenas de comissões, e outros «serviços» inúteis que absorvem muito dinheiro dos contribuintes mas são incapazes de apresentar resultados convincentes. O Estado não precisa ser numeroso, sendo conveniente que seja representado a todos os níveis, por pessoas com boa formação ética, social, moral, independentes, leais, verdadeiros, sem vaidade nem ambição. Enfim, pessoas dedicadas prioritariamente ao dever de defender o interesse nacional, cumprindo correctamente a função de que foram incumbidas.
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