(Public em DIABO nº 2379 de 05-08-2022, pág 16, por António João Soares)
Em cada momento, devemos fazer tudo o que for possível para que o momento seguinte seja melhor, com mais prazer, com maior felicidade, evitando erros do passado. Para isso, cada decisão deve ser precedida de uma reflexão muito ponderada do objectivo desejado, dos seus aspectos, das dificuldades das circunstâncias que o definem e dos meios que temos de lhe aplicar. Na táctica e na estratégia militar, esta metodologia sistematicamente aplicada no «estudo de situação «estes factores são designados «missão, inimigo, terreno e meios».
Infelizmente, poucas pessoas dão importância a estes factores, tomam decisões apressadas por impulso de capricho e depois deparam com as consequências de erros cuja reparação, além de outros inconvenientes, atrasam a obtenção dos benefícios desejados. E quando se trata de serviços públicos, resulta em desgaste financeiro do dinheiro dos contribuintes. Repare-se no problema do nosso aeroporto de Lisboa de que já se fala há vários anos, com opiniões ilusórias, mas sem hipóteses de solução devidamente sustentadas por vantagens e inconvenientes que sirvam para fundamentar uma hipótese de solução adequada ao objectivo desejado. E a decisão resulta da comparação das vantagens dessas diferentes hipóteses e na escolha da melhor.
Há dias, festejou-se em Runa o aniversário da Princesa Dona Maria Francisca Benedita que, com a sua sensibilidade para os perigos a que se sujeitaram os militares nas guerras que foram obrigados a travar para defesa da Pátria, mandou construir o hospital para os militares deficientes que, segundo as suas palavras, se destinava «para descansardes dos vossos honrosos trabalhos. Em recompensa só vos peço a paz e o temor de Deus». Quando em 25 de Julho se comemorou o acontecimento, houve quem sugerisse que à Ministra da Defesa Nacional esta atitude da princesa devia servir de lição aos responsáveis pelo futuro dos cidadãos por forma a garantir-lhes uma futura vida melhor e mais adequada ao crescimento do País, com base no melhor conhecimento das dificuldades que estão sentindo com as alterações climáticas, as pandemias e a inflacção agravada com a guerra de que todos estamos a sofrer as consequências. Mas, actualmente, não se vislumbram pessoas com a sensibilidade e o amor ao próximo como se notou na Princesa Benedita. Hoje quem tem poder limita-se a usá-lo para seu benefício próprio e dos seus coniventes, muitas vezes indo além das limitações legais, com a complacência dos que devem zelar pelo rigor e pela independência da Justiça.
A propósito de mudança comportamental, vi há dias uma notícia com interesse. Refere que em duas cidades nas Filipinas, para acabarem com o mau hábito de os funcionários municipais tratarem com exagerado autoritarismo os munícipes, há agora uma disposição legal que obriga os funcionários públicos a sorrir para os cidadãos, e quando for detectado um comportamento oposto, o seu autor sofre uma informação na sua folha de serviço e até pode ser punido na sua carreira ou mesmo ser demitido das funções.
A vida é mudança e cada ser humano deve meditar que cada acção tem consequências no futuro e não devemos fazer nada sem ponderarmos os seus efeitos. Não devemos agir sem pensar bem para evitarmos cair na asneira de criticar a má sorte e de atribuir a culpa aos outros por terem agido de forma errada ou por terem omitido decisões oportunas para prevenir desgraças. Prevenir é uma virtude que todos devemos praticar prudentemente no dia-a-dia.
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