sexta-feira, 22 de julho de 2022

UM «CASO» TEM CAUSAS, FACTORES E SOLUÇÃO

(Public em DIABO nº 2377 de 22-07-2022, pág 16, por António João Soares)

A comunicação social tem divulgado frequentemente «casos» que são tratados como ocorrências banais que um qualquer «dito responsável» aprova de caras, sem estudo ou análise da sua causa, das suas implicações por abranger um conjunto de factores que exigem ponderação e competência com vista a que os resultados obtidos correspondam aos interesses das pessoas por eles abrangidas. Para isso, a decisão para a escolha da solução a adoptar deve ser ponderada e deve usar o conhecimento do assunto em que se insere, por forma a não trazer desnecessários incómodos para as pessoas por ele abrangidas. Tudo deve ser resolvido, na medida do possível, para que qualquer solução deva contribuir para melhorar a qualidade de vida da população atingida. Infelizmente, o poder de decidir nem sempre está na mão de pessoas esclarecidas e ponderadas que tenham a sensibilidade e o respeito pelas pessoas circundantes.

Depois de casos ocorridos em área da responsabilidade de pessoas em funções que devem zelar pelo interesse dos cidadãos mas que, levianamente, tomam atitudes que afectam os legítimos interesses de quem deve de defendido, têm surgido afirmações sobre a falta de competência de políticos nomeados por amizades ou outros interesse e em que não houve o cuidado de avaliar a capacidade para o correcto desempenho face a situações imprevistas, procurando a colaboração de pessoas mais experientes. O pedido de ajuda de pessoas mais válidas por esses detentores do poder pode ser considerado desprestigiante por estes. Faz lembrar aquela regra de que uma dona de casa menos bonita evita ter uma empregada de muita beleza! Aplica-se também à constituição dos governos e das equipas afins.

Se o caso da decisão do problema de substituir o aeroporto de Lisboa foi muito comentado, outros casos têm mostrado carência de boa estratégia ou metodologia na procura de solução e não param de aparecer: as dificuldades na área da Saúde, as carências de informação nacional nos diferentes sectores exibem as deficiências da Educação, formação étnica, social e técnica, gestão de recursos, inflação, incapacidade de solucionar ou minorar as crises, etc.

Em 27 de setembro de 2016, publiquei aqui, em «preparar a decisão» oito dicas que considero de utilidade para quem tem que tomar decisões.

Em termos resumidos, as normas de preparação da decisão e de planeamento devem passar por:

1) Definir, com clareza o objectivo ou o resultado pretendido.

2) Em seguida, descrever com rigor o assunto, e a análise de todos os factores que possam influenciar o resultado.

3) Depois, esboçar as possíveis formas ou soluções de resolver o problema para atingir o resultado, a finalidade, o objectivo ou alvo; nestas modalidades não deve ser preterida nenhuma, por mais fraca que pareça.

4) A seguir, pega-se em cada modalidade e faz-se reagir com os factores referidos em 2) para analisar as respectivas vantagens e inconvenientes; é um trabalho de previsão de como as coisas se irão passar se essa modalidade for decidida.

5) Depois desta análise das modalidades, uma por uma, faz-se a comparação entre elas, das suas vantagens e inconvenientes, com vista a fazer a escolha.

6) O responsável pela equipa, o chefe do serviço, da instituição, o ministro, o primeiro-ministro, conforme o nível em que tudo isto se passa, toma a sua decisão, isto é, escolhe a modalidade a pôr em execução, tendo em conta aquilo que ficou exposto na alínea anterior.

7) Depois de tomada a decisão, há que organizar os recursos necessários à acção, elaborar o planeamento e programar as tarefas.

8) Após iniciada a acção, é indispensável o controlo eficaz do qual pode resultar a necessidade de ajustamentos, para cuja decisão deve ser utilizada a definição do objectivo constante em 1), por forma a não se perder a directriz que conduz à finalidade inicialmente pretendida.


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