Quando comecei a publicar em O DIABO, a convite do seu director, e já lá vão mais de 330 textos, poucos foram os que fugiram ao objectivo de, embora modestamente, procurar contribuir para uma evolução social com uma melhor qualidade de vida, principalmente para os cidadãos mais carenciados, os que devem ser considerados os mais beneficiados com uma evolução para uma sociedade socialmente mais justa e equitativa. Mas, nestes mais de seis anos, tenho sofrido o desgosto de ver cada vez maior quantidade de lamentações e de desagrados e com poucos gestos que merecessem o meu elogio.
Mas nem tudo deve ser condenável, pois em 17 de fevereiro tive oportunidade de me referir à inovação da Vila Verde Seixal e à Vila Verde Almada, da iniciativa de uma médica que, consciente das dificuldades de apoio na saúde de cidadãos que não dispõem de médico de família, atraiu a boa vontade de médicos e enfermeiros já fora do serviço activo e que dão a possibilidade de os doentes disporem de consulta sem espera demorada, bastando telefonar num dia para serem atendidos no dia seguinte. Desejei que estes casos fossem bons exemplos seguidos por todo o país, nestes e noutros aspectos convenientes. Mas parece que o povo mais capaz de semelhantes iniciativas continua adormecido sob a pestilenta comunicação social que vive estarrecida pelo futebol, pela pandemia e pelos intermináveis crimes entre familiares e vizinhos que envolvem pessoas de todas as idades.
E, há dias, reparei em duas notícias altamente positivas. Uma refere que um deputado de Macau está a lançar a sugestão de que a tecnologia chinesa, além de ser apenas traduzida para inglês, passe também a ser para a língua portuguesa, a fim de beneficiar os muitos estados lusófonos e os muitos conhecedores desta língua que se encontram radicados pelo mundo. E isso dá também aumento aos negócios dos exportadores das indústrias chinesas.
A outra notícia, também muito positiva, embora de interesse meramente nacional, é a de Manuel Pizarro, ministro da Saúde, ter passado um dia no Alentejo, em cinco concelhos do litoral a ouvir os autarcas, a população e os profissionais de saúde sobre as falhas que existem no setor. Visitou as instituições de saúde da área, no âmbito do Governo «Saúde Aberta». Nesta área que visitou, habitam mais de 100 mil pessoas e onde muitas sofrem problemas graves de acesso aos cuidados de saúde. Pretendia «dialogar e ouvir as pessoas. Ouviu a população, os autarcas, os profissionais e tentou procurar soluções para melhorar o acesso à saúde, quer nos cuidados de saúde primários, quer nos cuidados hospitalares» para, destas conversas, saírem "medidas concretas" que possam ser adoptadas "nos próximos meses, em conjunto com os autarcas".
Este esforço do ministro de conhecer as realidades em que o seu sector deve ser eficaz constitui uma forma exemplar, oposta à dos governantes que vivem fechados nos seus gabinetes, desprezam as necessidades de actuar e, quando algum jornalista tem oportunidade de lhes fazer uma pergunta sobre um facto concreto de que o povo fala, limitam-se a afirmar que desconhecem e vão investigar. Um ministro tem a responsabilidade de tomar decisões oportunas e eficazes para defender os cidadãos de perigos e mantê-los com a melhor qualidade de vida. Para isso, devem conhecer a realidade da sua área de responsabilidade e, quando é detectado algo inconveniente, averiguar como aconteceu e tomar medidas imediatas para remediar o mal ocorrido e prevenir para que não se repita.
Este realismo do ministro constitui mais um bom exemplo a seguir para que o futuro seja risonho com a melhor qualidade possível, principalmente para os cidadãos mais carentes de apoio.
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