sexta-feira, 30 de junho de 2023

A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DEVE MERECER CUIDADO SEMELHANTE AO DAS ARMAS NUCLEARES

 (Public em O DIABO nº 2426 de 30-06-2023, pág 16, por António João Soares)

A IA constou no meu artigo de 19-05-2023 e, logo aí, alertei para os perigos que ela pode trazer se a sua utilização não for devidamente controlada e fiscalizada.

Agora, que tal inovação já cresceu de forma espantosa, a sua utilização na UE passa a ser regulada pela Lei da IA, a primeira lei abrangente do mundo sobre a Inteligência Artificial. A União Europeia (UE) pretende regulamentar a IA por forma a garantir melhores condições para o desenvolvimento e a utilização desta tecnologia inovadora. Com efeito a IA pode trazer muitos benefícios, melhorando os cuidados de saúde, tornando os transportes mais seguros e mais limpos, o fabrico mais eficiente e a energia mais barata e mais sustentável. Para começar, a EU, no seu primeiro quadro regulamentar para a IA, propõe que os sistemas de IA, que podem ser utilizados em diferentes situações, sejam analisados e classificados de acordo com o risco que representam para os utilizadores. Os diferentes níveis de risco implicarão regulamentação adequada a esses riscos, com medidas preventivas para evitar catástrofes. Estas regras, uma vez aprovadas, serão as primeiras do mundo sobre a IA, e estão a ser objecto de cuidados ajustados aos condicionalismos considerados reais.

 Mas, com a passagem do tempo, precisam de ser ajustadas, dado que esta inovação, sendo nova e muito específica, vai obtendo aspectos concretos e pouco previsíveis. Na elaboração e na permanente actualização das regras deve haver prioridade para garantir que os sistemas de IA utilizados na UE sejam seguros, transparentes, rastreáveis, não discriminatórios e respeitadores do ambiente. Os sistemas de IA devem ser supervisionados por pessoas, em vez de serem automatizados, a fim de se evitar resultados prejudiciais. Mesmo nos casos em que os riscos sejam considerados mínimos, devem ser devidamente avaliados com rigor.

Eis alguns aspectos que, logo de início, devem ser olhados com muito cuidado:

Os perigos da criptomoeda e as vantagens da legislação da UE,
Luta contra a cibercriminalidade: explicação da nova legislação da UE em matéria de cibersegurança,
Aumentar a partilha de dados na UE: quais são os benefícios?
Lei dos Mercados Digitais e Lei dos Serviços Digitais da UE,
Cinco formas de o Parlamento Europeu proteger os jogadores de vídeo em linha.

Os sistemas de IA de risco inaceitável são sistemas considerados uma ameaça para as pessoas e serão proibidos. Estes sistemas incluem:

- manipulação cognitivo-comportamental de pessoas ou grupos vulneráveis específicos: por exemplo, brinquedos ativados por voz que incentivam comportamentos perigosos nas crianças,

- pontuação social: classificação de pessoas com base no comportamento, estatuto socioeconómico, características pessoais.

- sistemas de identificação biométrica em tempo real e à distância, como o reconhecimento facial.

Podem ser permitidas algumas exceções, para efeitos do funcionamento da Justiça ou das Forças de Segurança Pública. 

A utilização da IA encontra-se em estudo cuidadoso e é esperado que, em breve, terão início as conversações com os países da UE no Conselho sobre a forma final da lei, com o objectivo de se chegar a um acordo até ao final deste ano. Realmente, Inteligência Artificial está a ser considerada de tal maneira carente de cuidados preventivos que pode ser encarada com consequências semelhantes às do mau uso das armas nucleares.

Oxalá que, os políticos sejam sensatos perante este assunto e usem da máxima prudência na elaboração da regulamentação do uso desta nova arma, na fiscalização da sua utilização, sem fugas à verdade, à transparência, ao respeito pelos direitos individuais e à intenção de contribuírem para um futuro mais risonho seguro para toda a humanidade, sem corrupção nem favores partidários.

 


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sexta-feira, 23 de junho de 2023

PORTUGAL NÃO DEVE PENSAR VIVER DO TURISMO

(Public em DIABO nº 2425 de 23-06-2023. pág 16, por António João Soares)


Há dias vi uma notícia que afirma que a nossa vida nacional está dependente da boa evolução do turismo. Mas a realidade mostra que, se a nossa política assentar nesta esperança de futuro, isso representa uma pobreza irremediável, pelo desprezo do desenvolvimento da nossa indústria e da nossa agricultura e, consequentemente, da redução das exportações. O turismo não dá força aos países onde se dirige e não resulta do desenvolvimento das suas populações, sendo apenas uma confirmação de que esses locais foram, em tempos idos, objecto de grande desenvolvimento com grandes construções e criação de belas obras de arte.

Para haver desenvolvimento e se criar valor nacional e boa qualidade de vida é preciso inovar na indústria e na agricultura, criando riqueza nacional. Mas para a economia evoluir é preciso uma acção bem planeada com bases de sustentação e continuidade.

Uma ideia muito repetida, por Henrique Neto que foi candidato a PR, ao lado do Marcelo, e foi pena não ter ganho, mas os seus escritos têm cada vez maior interesse e, sobre este assunto, tem insistido nas anteriores decisões erradas na ferrovia com a teimosia de ser mantida a bitola ibérica para evitar a concorrência internacional e de que tem resultado a manutenção do País numa ilha ferroviária, sujeita a Espanha, que impede a boa circulação de mercadorias importadas e exportadas e estando a dificultar o desenvolvimento da nossa indústria, por não facilitar a instalação de empresas modernas, por empresários internacionais.

Com esta ferrovia a maior parte das nossas exportações, para não ser transferida de comboio que muda várias vezes durante o percurso, faz-se em camiões que ficam mais custosos e demorados do que se fossem em veículos transportados em carruagens de comboio, da rede europeia, e descessem na estação mais próxima para irem descarregar no ponto desejado pelo cliente

Mas soluções como esta só lembram a homens experientes nas realidades da vida dos negócios e só se os com essa ilusão até porque o turismo está sujeito a males inesperados que surgem na sequência de qualquer notícia desagradável para as respectivas empresas que, de repente, alteram os seus destinos habituais e mudam para outras áreas geográficas.

O mundo está em mudança permanente e a evolução precisa de uma séria preparação e inovação e os criadores das inovações industriais não deixam de aproveitar ideias criativas e estão prontos em as aplicar em qualquer ponto onde sejam rentáveis. Devemos encorajar os nossos jovens a aproveitar qualquer oportunidade que lhes surja para criar algo de novo e, perante uma inovação que mostre valor muito positivo deve ser logo impulsionada para que a actividade industrial dê um forte passo em frente.     

O avanço de um país não surge por acaso e é conveniente que os nossos jovens sintam a vantagem da inovação positiva e que estejam atentos á espera de encontrar o alvo para as suas descobertas. No entanto, nem tudo tem de ser inteiramente novo, pois, muitas vezes, grandes êxitos surgem em melhorias significativas de processos já com alguma maturidade e que os transformam em inovações muito apreciadas.

Convençamos os nossos industriais a estimular o seu pessoal com vista à inovação e a vencer, ultrapassando o actual êxito relativo do turismo.

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sexta-feira, 16 de junho de 2023

DIA DO AMBIENTE E ALTERAÇÕES CLMÁTICAS

(Public em DIABO nº 2424 de 16-06-2023. pág 16, por António João Soares)

No Dia do Ambiente, o título de um artigo de jornal dizia que «Portugal diminuiu a emissão mas falhou nos resíduos». Isto deve ter sido escrito por alguém que sabe pouco do ambiente e se limita ao politicamente correcto e não sabe ou acha que não convém saber que o ambiente depende de reacções climáticas decididas, automática e naturalmente, pelo grau de poluição sentida pela atmosfera exterior onde são tomadas tais decisões. E, a esse nível da atmosfera espacial, a poluição mais grave não é a produzida pelo fumo dos escapes dos carros ou das chaminés, mas sim pelas radiações electromagnéticas que, nos tempos recentes têm aumentado em quantidade incontrolável.

Os sistemas de automatismo estão exageradamente multiplicados, O número de radares nas ruas das cidades e nas estradas cresceu de forma assustadora; os automóveis, que não tinham radar, passaram a ter meia dúzia para evitar choques frontais ou laterais quando fazem qualquer manobra; há muitas portas que se abrem com a simples aproximação de uma pessoa que pretenda passar; e os comandos à distância são inúmeros. Os telemóveis têm uma utilização que era imprevisível atá há poucos anos e quando fazem uma chamada emitem em todas as direcções, mesmo que o destinatário se encontre ali ao lado. Os corredores de edifícios públicos, principalmente por razões de segurança, são todos apoiados por sensores para variados fins de segurança, que estão em funcionamento permanente. Tudo isto causa uma emissão incalculável de radiações electromagnéticas que afectam as alterações climáticas. Os «sábios» que se reúnem para combater estas alterações não costumam referir estas causas e preocupam-se com os efeitos muito simples dos combustíveis de carbono. E nem quero crer que seja por ignorância, mas realmente se alguém pensar em reduzir a produção das radiações é condenada porque destrói a qualidade de vida de muitos industriais e não será fácil manter a actividade actual sem o recurso à informática e aos sistemas automáticos que emitem, continuamente as radiações que são altamente poluentes da alta atmosfera, onde são geradas as alterações que alteram o funcionamento da vida em todo o planeta.

E actualmente, com a criação da Inteligência Artificial (I.A.), a situação ficará mais complexa.

Recordei-me do artigo publicado em 03 de Março que terminava com o apelo para se preparar a solução para a sociedade se prevenir procurando a melhor forma de reagir a esta evolução por com vista a garantir um futuro mais seguro e mais vantajoso para a felicidade da humanidade. Será conveniente procurar tecnologias mais adequadas às actuais necessidades, sem terem de enfrentar as dificuldades que hoje ameaçam como as alterações brutais de temperatura, ou o excesso de seca que destrói todo o ser vegetal ou a chuva demasiado abundante com inundações que afogam tudo o que é vida, provocam derrocadas e deslizamento de terras, com perigo para as pessoas, principalmente as mais idosas, ou deficientes.

É imprescindível que se procurem novas tecnologias que se apliquem à simplicidade própria do século passado, sem nos privar das vantagens daquelas a que já estamos habituados. A vida não pára e não podemos teimar a lutar contra as mudanças que vão ser indispensáveis para a humanidade se manter viva e a agir para o seu desenvolvimento com progresso. Há que evitar a eliminação da raça humana e da vida animal e vegetal na superfície do planeta. As inovações que forem adoptadas devem ser bem pensadas e experimentadas a fim de ser evitado o mais grave perigo. Oxalá que haja bom senso e não sejamos destruídos pelas alterações climáticas. A Natureza funciona com regras que o ser humano não pode alterar e deve adaptar o seu comportamento às exigências ambientais.


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segunda-feira, 12 de junho de 2023

IDIOMA PORTUGÊS VÍTIMA DE FALSOS «SÁBIOS»

 (Public em DIABO nº 2423 de 09-06-2023. pág 16, por António João Soares) 

Recebi no dia 27, um email que focava a imposição de uma nova ortografia estranha e que demonstra a má ousadia de pessoas que desprezam a ortografia actual, a qual assenta em raízes bem fortes e já com séculos de respeito pelos nacionais, mesmo os pouco letrados.

 

Parece que a iniciativa partiu de D. Pilar del Rio que, pelo facto de ter estado casada com o nosso escritor José Saramago, se acha com o direito, talvez como outros atrevidos «estrangeiros», de vir dar ordens no modo como se fala e escreve o já muito antigo idioma «português». Já não chegavam os próprios degenerados nativos da Língua tentarem impor (aos parvos subservientes) uma nova ortografia, sem pés nem cabeça!

 

Sobre isto, a jornalista Pilar del Rio costuma explicar, com um ar de catedrática no assunto, que dantes não havia mulheres presidentes e por isso é que não existia a palavra "presidenta". Daí que ela diga, insistentemente, que é Presidenta da Fundação José Saramago e se refira a Assunção Esteves como Ex-Presidenta da Assembleia da República. E, ainda há poucos dias, alguém ouviu Helena Roseta dizer: «presidenta!», reagindo ao comentário de um jornalista da SIC Notícias, muito segura da sua afirmação.

Chocado com esta agressão ao nosso idioma, recebi o seguinte texto, de autor bom conhecedor da estrutura em que assenta o desenvolvimento do nosso idioma: «Existe a palavra presidenta? Que tal colocarmos um "basta" no assunto? No português existem os particípios activos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio activo do verbo "atacar" é "atacante", o de "pedir" é "pedinte", o de "cantar" é "cantante", o de "existir" é "existente", o de "mendigar" é "mendicante", etc. Qual é o particípio activo do verbo "ser"? O particípio activo do verbo ser é "ente"; aquele que é: o ente; aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a acção que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos "-ante", "-ente" ou "-inte". Portanto, a pessoa que preside é presidente, e não "presidenta", independentemente do sexo. Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; estudante, e não "estudanta"; adolescente, e não "adolescenta"; paciente, e não "pacienta"». Este texto constitui uma belíssima lição de Português.

 

Este texto que reencaminhei para mais de uma centena de amigos de que possuo o endereço de correio electrónico, constitui uma boa aula de Português. Foi elaborado para acabar, de uma vez por todas, com quaisquer dúvidas sobre a questão supracitada. Se for bem interpretado, vai pôr fim a todas as dúvidas. No entanto, não estou seguro que as mulheres que lançaram esta farpa sexista, sejam suficientemente letradas para perceberem a explicação do texto.

E ao texto foi acrescida a seguinte argumentação «a candidata a presidenta comporta-se como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, de entre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta».

Que desgraça a nossa!!!

Mas a agressão ao nosso idioma, infelizmente, não é original pois não há muito tempo foram retiradas letras que davam tonalidade às sílabas, mas que foram consideradas inúteis por falsos «sábios» e agora deixou de haver pacto, pactuar, acção, actividade, etc. Quem souber um pouco de línguas, verifica que as que usam palavras de origem latina mantêm o c e o p, onde nós também os tínhamos. Se, por um lado, dizemos que desejamos tornar o povo mais instruído e actual, por outro lado, reduzimos o nosso idioma a vulgaridades e confusões nada meritórias.

 

Se dermos força a tais inovadores a nossa cultura desaparecerá.

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sexta-feira, 2 de junho de 2023

GOVERNAR UMA NAÇÃO NÃO E FÁCIL

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Governar uma Nação não é fácil

(Public em  DIABO nº 2422 de 02-06-2023. pág 16, por António João Soares) 

Uma Nação é composta por cidadãos, todos diferentes, mas todos iguais em direitos e deveres, embora alguns sejam dotados de especial cultura, instrução e preparação técnica superior o que os torna mais sensíveis à falta de respeito, de honestidade, de lealdade e outras qualidades de chefia exigíveis a quem os governa. Por isso, não é tarefa fácil ser governante mas, infelizmente, há pessoas que aceitam assumir cargos de responsabilidade, só por vaidade e ambição e que, depois, deparam com dificuldades difíceis de ultrapassar. Alguns, ao enfrentarem problemas para os quais não encontram solução fácil, têm suficiente honradez para não serem enxovalhados e pedem o termo das funções. Mas muitos mantêm-se no tacho, com esperança de futuros benefícios, ou financeiros ou de recompensas devidas a amizades ou golpes de sorte.

Muitos, mais habilidosos, seguem a continuidade dos seus antecessores e isso também não é boa solução porque a realidade não é sempre igual e o que estava aceitável na semana anterior pode não ser aconselhável agora e, por outro lado, os erros de ontem não devem ser repetidos hoje, para evitar a criação de crise que conduza à degradação que pode não ter oportunidade de recuperação do nível de vida desejado. E os cidadãos mais esclarecidos, podem reagir de formas menos convenientes, mesmo que não violentas, mas perdem coragem e energia para continuar a contribuir para o desenvolvimento económico e social do seu País.

José Ramos Horta disse que Timor Leste precisa de liderança competente para não ser «Estado falhado». Mas a competência não pode ser o caminho para a autocracia, o amiguismo ou a imposição forçada do voluntarismo, do «quero, posso e mando». Na vida real de uma democracia, deve haver liberdade de expressar opinião e de o povo participar, por intermédio dos seus representantes livremente eleitos, nas grandes decisões nacionais. Mas estes eleitos, logicamente, não devem ser impostos por «cabeças iluminadas» mas sim, pelo povo que lhes conhece as qualidades mostradas pela sua preparação, experiência, honestidade, dedicação à causa pública, lealdade, respeito pelos interesses colectivos e nacionais.

Há países onde vivem, teoricamente, em democracia, mas o poder está em mãos de gente pouco séria e incompetente que decide por impulso pessoal, sem boa análise e profunda reflexão e que, passado pouco tempo, decidem o contrário, em que os seus componentes, impreparados e mal mentalizados agem de formas inconcebíveis e, por vezes até criam conflitos uns com os outros, tal é a impreparação para a função de defender o interesse nacional e de criar boa qualidade de vida para os cidadãos.

 Será bom que Timor Leste aproveite as sugestões de José Ramos Horta e passe a ser governado com competência e sentido de Estado para evitar degradação e obter o máximo êxito na governação, analisando conscientemente os seus problemas e tomando decisões adequadas e que sejam bem aplicadas para agrado e proveito dos cidadãos e do desenvolvimento económico do Estado. Oxalá que, em breve, as grandes cabeças timorenses passem a ter motivo para fazerem muitos elogios à liderança que passem a ter e que possam afirmar que Timor Leste não é um «Estado falhado». Desejo isso a todos os Estados que estejam em dificuldade, incluindo Portugal que, na última década, tem passado por momentos difíceis que espero não se repitam.

Faço votos para que as próximas gerações tenham uma vocação semelhante à dos momentos mais brilhantes da história, embora adequada à época em que estamos a viver.

A vida não pode ser cópia de ontem, mas cada passo deve ser maduramente preparado e efectuado para ter êxito. 

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