Segundo o Jornal de Notícias, a produção de mel em Trás-os-Montes está a crescer e já tem um peso de 15,2% a nível nacional, mas 20% dos lucros ficam na distribuição. A apicultura em Portugal confere um rendimento anual de 33 milhões de euros.
Esta desorganização e complexidade dos circuitos de distribuição é prejudicial à justiça social e mostra a distorção da economia nacional que impede um desenvolvimento racional e justo.
A falta de organização traz à ideia a ASAE que foi criada para simplificar a complexidade da fiscalização económica existente na altura. Mas ela não responde inteiramente à necessidade por se situar na óptica da repressão e não da reorganização da economia, como muito bem analisa Manuel Pedroso Marques na pág. 84 do seu livro TEMPOS DIFÍCEIS DECISÕES URGENTES:
«Toda a evolução regulamentar do comércio que tem sido produzida, nas últimas décadas, obedece a critérios fiscalizadores e punitivos, permanecendo ignorada a regulamentação protectora da actividade dos ataques de concorrência desigual e desleal. Os efeitos das regulamentações produzidas, em certos casos, destrói em vez de proteger a competitividade da produção nacional no mercado interno»
E não refere especificamente os circuitos dos produtos desde a produção até ao consumidor, com impensável quantidade de intermediários, todos a encarecerem o produto em prejuízo do consumidor. Ninguém se preocupa com a função social da empresa em relação aos clientes, aos fornecedores, às famílias dos trabalhadores e à população vizinha.
O caso concreto do mel mostra a distorção da economia nacional. O produtor é o menos contemplado, a cadeia de sucessivos distribuidores leva a maior fatia em prejuízo do consumidor. O que fez a ASAE contra a longa cadeia de etapas que os produtos percorrem desde o produtor até ao consumidor? Não acontece apenas no mel, mas também nas frutas, nas batatas e em tudo o que sai da agricultura, do sector primário.
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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Distribuição descontrolada é prejudicial
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A. João Soares
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sábado, 8 de agosto de 2009
Distribuição com exploração imoral
Por ter sido repetido tantas vezes, ninguém ignora que os produtos agrícolas e piscícolas são vendidos aos consumidores a preços que são por vezes mais de dez vezes superiores aos de saída da mão do produtor. Isso deve-se a cadeias de sucessivos distribuidores em que cada um insere uma margem de lucro excessivamente alta e traduz-se na exploração do trabalhador na produção e do consumidor que paga preços exorbitantes elevados e injustos.
Estes inconvenientes poderiam combater-se por diversas formas, sendo uma delas a de os produtores se organizarem (ao exemplo das cooperativas vitivinícolas) e criarem um esquema próprio de colocação dos produtos mais próximos dos consumidores, fazendo assim concorrência aos exploradores da distribuição que obtêm riqueza pessoal à custa de quem produz e de quem consome, sem aumentarem qualidade ao produto. Para esta solução, seria necessário apoio das autarquias, tal como acontece em Sever do Vouga com o mirtilo.
Chega agora dos Açores a notícia de que «Carlos César acusa vendedores de ficarem com o lucro dos pescadores» em que salienta a necessidade de "um maior sentido de justiça" na remuneração dos homens do mar, e critica as "graves distorções" verificadas na venda do pescado, que acabam por retirar grande parte do lucro "a quem trabalha".
Afirma que "temos assistido a situações em que o preço da primeira venda do pescado acaba por ser quatro ou cinco vezes menor do que aquele que representa a sua venda ao consumidor" e frisa que "alguém fica indevidamente, ou de forma exagerada, com essa remuneração acessória nos bolsos, em detrimento daqueles que trabalham na actividade da pesca".
Apesar da forma negativa como este político tem sido criticado no referente ao Estatuto dos Açores, temos que sublinhar esta atitude corajoso e muito pouco frequente no resto do País com que enfrenta os poderosos da economia que, sem oferecerem benefício aos produtos que exploram, obtêm injustificados lucros.
Portugal beneficiaria se todos os autarcas e demais autoridades seguissem este exemplo do chefe do Governo açoriano e tomassem medidas práticas em defesa de quem trabalha na produção. É pena que os pomares tenham muita fruta não aproveitada e os portugueses estejam a consumir estrangeira. O mesmo se passa com a batata e outros produtos.
Portugal tem direito a políticos que defendam a sua população e não apenas os seus próprios interesses. Temos que acabar com a mentalidade do «Super-gajo modelo nacional».
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A. João Soares
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