domingo, 20 de maio de 2007

Como se cozia o pão na aldeia

CHAVEIRA de CARDIGOS
Vou recordar como era antigamente o Forno De Cozer O Pão na nossa Aldeia.
Casy Marques – Canadá, in «Portugal Club»

Recuando uns anitos, melhor uns trinta a quarenta e poucos, para ser mais preciso, vou recordar o que era o forno da aldeia, o cozer da broa. Era uma pequena festa e também um sinónimo de ajuda e de partilha.
Logo na cedência do fermento era feito, uma cadeia, pois tinha-se o cuidado de ter a malguinha de enzima para ceder a quem iria cozer. Curioso que cozia-se o pão em grandes quantidades e " emprestava-se ". Assim, tinha-se para dar e restituir o que já havia sido pedido. Era uma forma de se ter sempre pão fresco, sem dúvida, um sinal de uma partilha e ajuda muito grande.

Com a chegada dos " trigos ", o cozer o pão de milho, foi caindo em desuso. Foi-se perdendo a tradição, apesar de que nos dias de hoje, todas as padarias mantêm o pão de milho, nas suas bancas.
Actualmente, são muito poucas as famílias que utilizam o forno comunitário. É que não é só cozer o pão! É preciso aquecer o forno (com bastante lenha) e previamente há que amassar o pão, deixar fintar, tender... e esperar que a saborosa broa fique cozida. Tudo isto, de uma forma ainda muito artesanal, muito demorada. A vida de hoje não nos possibilita esta morosidade! Além do mais, temos o padeiro, logo pela manhã!
Para quem cresceu a partilhar este sítio e tudo o que envolvia o cozer da broa de milho, fica sempre com os sabores e cheiros desse tempo, sendo por isso, este lugar recordado com carinho, mesmo apesar de ser pouco utilizado.
Quem não se lembra das bolas de sardinha, bacalhau, e carne na massa de milho, que ainda hoje são um petisco invejável?

3 comentários:

Anónimo disse...

Também eu assisti algumas vezes á feitura do pão, dos folares na Páscoa, em que o acender do forno do povo, no Largo do Eirô em Vale de Azares era uma festa da aldeia.

A interajuda, o convívio e o bailarico eram manifestos.

A cultura perdeu com o fecho destes fornos/convívio.
Certo que ara uma necessidade, mas também era certo que existia o produto para fazer o pão, fruto da agricultura de subsistência, mas real que existia no País...Hoje há uma desertificação, um País onde todos sem valores queremos vir para a beira mar, olhar o mar e o céu, á espera que nos caia um emprego, sendo que se opta por entrar num avião e se voa para um país onde nos recebem como europeus de quinta classe, para fazermos os trabalhos que ninguém quer.

É pena, mas é verdade!

Um abraço
MR

A. João Soares disse...

As tecnologias avançaram mais depressa do que as mentalidades das pessoas e estas não souberam adaptar-se às novas formas de vida. Esta realidade das dificuldades de absorção das tecnologias devia ser meditada pelos políticos, porque elas dependem do tipo de ensino que é ministrado nas escolas. Os estudantes, tendo sido habituados a recitar manuais mal interpretados, não saem preparados para raciocinar sobre aquilo que os cerca. Daí a dificuldade em criarem a mudança e em a apoiarem e manterem. E, assim, se vai definhando. Acabam-se as tradições e fica um vazio desorientador.
Um abraço
A J S

fangueiro.antonio disse...

Bom dia.

Sendo eu um emigrante radicado na Polónia há 3 anos, a minha esposa, polaca, adora o pão de milho português e a minha sogra recentemente decidiu "tentar" fazê-lo, pois também adora-o. Tenho procurado a receita e passos da sua manufactura mas para meu espanto não encontro nada pela internet.
Gostaria de lhe perguntar se sabe onde poderei arranjar tal informação sobre ingredientes e passos para fazer este pão do qual tenho também tantas saudades.
Para qualquer contacto, o meu email é cachinare@sapo.pt

Cumprimentos,
António Fangueiro