segunda-feira, 30 de abril de 2012

Amenizar as más notícias

Conta-se que, numa Unidade do Exército, durante a recruta, foi recebida a notícia de que, num acidente morreu o pai de um soldado. O Comandante da Companhia achou que a notícia devia ser dada ao rapaz de forma a que ele não ficasse demasiado abalado pela perda do seu progenitor. O Chefe da secretaria logo alvitrou que fosse o 2º sargento Alface encarregado dessa missão, por ser indivíduo com muita habilidade para casos deste género.

O Alface aproveitou a formatura para dizer ao 43 «Eh pá na tua terra houve um grande desastre e morreu toda a tua família». Perante o choro convulsivo do 43, o Alface disse: «Eh pá, alegra-te porque apenas morreu o teu pai».

Isto pode ter sido piada a hostilizar os sargentos mas, na realidade actual, há casos parecidos. O Governo anunciou que vai tirar os subsídios de férias e de Natal a todos (com «honrosas» excepções), prevendo que iriam ser repostos gradualmente a partir de 2013, depois 2014, depois 2015. Agora esperam repor 25% em 2015, mais 25% em 2016, mais 25% em 2017 mais 25% em 2018.

Esta é pior do que a do sargento. Se o ministro das Finanças confessa que ficou surpreendido com a recente subida do desemprego, que foi muito superior ao que ele previa, como podemos confiar nas suas previsões para nos repor os subsídios de férias e de Natal daqui a meia dúzia de anos!!!

Seria bom que o respeito pelos cidadãos inibisse os governantes de menosprezarem as nossas inteligências, apesar de tudo vir a ser feito para elas serem cada vez mais atrofiadas (fado, futebol e fantasias).

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José Mattoso em entrevista

Há alto interesse em que a maior parte dos portugueses leiam calmamente a entrevista do historiador José Mattoso, 79 anos, publicada hoje no PÚBLICO

José Mattoso: o "governo do povo" favorece quem já tem o poder
29.04.2012 - 18:59 Por António Marujo

O historiador manifesta esperança na bondade humana e diz que a vocação monástica continua a ser o seu mais forte apelo interior. José Mattoso acaba de publicar um livro de ensaios cívicos, criticando a acção política e o poder financeiro.

José Mattoso acaba de publicar o livro Levantar o Céu - Os Labirintos da Sabedoria (ed. Temas e Debates/Círculo de Leitores), onde recolhe textos de intervenção cívica e espiritual. É como que uma síntese da vida do historiador que, aos 79 anos, não desiste de um olhar lúcido sobre a contemporaneidade. Pretexto para esta entrevista.

PÚBLICO: No seu livro, confessa o seu cepticismo perante a realidade, relacionando-o também com a desilusão que sobreveio às esperanças da década de 1960. A posição céptica é a mais saudável hoje em dia?

José Mattoso: Não, de todo. A posição céptica é resultado de um certo realismo e lucidez. Quando se vêem as estatísticas, o aumento do lixo nuclear, das consequências dos aditivos na indústria alimentar, tudo o que preocupa um cidadão normal, não se vê como se possa sair daí. As coisas têm repercussões tais que só a reunião de poderes universais pode alterar a direcção em que se vai. As estatísticas são implacáveis e seria cegueira não ver isso.

Não encarar essa realidade...

Sim, mas esse é um ponto de vista racional. Do ponto de vista da fé, nada disso é fatal. Podemos ter uma atitude política, tentar intervir na realidade. Mas, se não formos conduzidos pela fé, o realismo leva-nos a desistir. O cristão tem possibilidade de se livrar dessa fatalidade na sua relação com o céu. Na metáfora que utilizo, levantar o céu, é trazer a terra ao encontro do céu.
Aí, não estamos sós. Temos a intervenção de Deus, temos a fé na redenção, no perdão dos pecados, no valor do sofrimento, na abnegação, na bondade... Temos também a fé na cultura, na inspiração extraordinária dos grandes artistas, que alcançam níveis fantásticos de captação da bondade, da beleza do mundo. E temos a renovação constante da vida: se há um incêndio numa mata, vemos daí a pouco aparecerem as flores, as ervas. A vida não desiste de se reproduzir, de envolver a realidade.

Fala da atitude política, mas hoje ela está subjugada ao financeiro. Estamos perante uma usurpação da democracia?

Não domino suficientemente a terminologia política para poder dizer se se trata de uma usurpação. Sei que o Estado tem mostrado a sua impotência perante os abusos do poder financeiro e que o sistema democrático não resolve os problemas actuais. Ninguém acredita no discurso político, nem mesmo quem o pronuncia. Os interesses corporativos viciam a democracia. O "governo do povo" não defende os direitos dos pobres e excluídos. Favorece quem já tem poder.

Impressiona a evocação que faz da tragédia ambiental. Está ameaçada a relação da humanidade com a natureza?

Creio que sim. A escassez de petróleo e de água, de todas as fontes de energia, mostra que é preciso um investimento enorme. A grande ameaça é a confiança que o homem põe na técnica. A ciência dá um poder enorme sobre a realidade. Uma parte dos cientistas atribui uma grande capacidade de resolução dos problemas à técnica. Mas esta, muitas vezes, adopta soluções que depois se revelam extremamente dispendiosas. Somos incapazes de imaginar o mundo sem energia, sem movimento, sem Internet. As comunicações tornaram-se indispensáveis. Mas quais são os subprodutos?... A técnica não dá o poder de resolver os efeitos secundários.

Há anos, Lourdes Pintasilgo presidiu a uma comissão que elaborou o relatório "Cuidar o Futuro". Estamos a pôr em causa as futuras gerações?

Sim, é de tal modo uma evidência que espanta que não se veja isso. Todavia, o imediatismo na resolução dos problemas não deixa adoptar soluções de longo prazo. Não há nenhum político que se atreva a propor que se deixe de ter electricidade uma hora ou duas por dia, porque perderia as eleições...

É preciso recuperar as ideologias e os ideais, perdidos nas últimas décadas?

Tenho pouca confiança nas ideologias, nos ideais sim. Os ideais propõem-nos um horizonte que nunca conseguiremos alcançar: o ideal da pureza, da beleza, da abnegação - nunca lá chegaremos suficientemente. Jesus Cristo utiliza expressões extremas, porque são ideais: se te baterem numa face, dá a outra; devemos fazer o bem aos nossos inimigos. Isso é um ideal, ninguém chegará lá, porque é um horizonte sem fim, de tal modo exigente, que há sempre uma aproximação e a esperança de fazer mais.

E as ideologias?

Os ideais são indispensáveis para o homem melhorar a sociedade em que vive. As ideologias, não sei de nenhuma que tivesse resolvido os problemas da humanidade a uma escala suficiente: marxista, socialista, conservadora... Até as próprias religiões, como sistemas de organização da vida. Elas traçam uma série de regras e, se as regras são absolutas, tornam-se como o homem que se submete [à lei e não a lei] para o homem; e se são instituições permissivas, não atingem os objectivos.
Apareceu um abaixo-assinado de 400 padres na Áustria. Há ali uma série de problemas concretos que a instituição-Igreja não aceita e, todavia, do ponto de vista evangélico, seria natural haver uma certa maleabilidade. Na Idade Média havia um subentendimento de outra forma de organizar a vida humana do ponto de vista moral e espiritual: as regras fundamentais eram apresentadas em toda a sua exigência, mas a prática era muito mais maleável e não considerava que houvesse casos sem solução.

É nesse sentido que devemos ler a metáfora "levantar o céu"?

Não tanto. Quando falo em levantar o céu, é todo o universo, são realidades espirituais, a arte, mesmo a que não tem nada que ver com a religião, porque representa uma forma de melhorar o ser. O ser é sempre parcialmente realizado. Ao falar na beleza, não se pressupõe que ela não possa conter também alguma coisa de fealdade. Os antagonismos, fundamento do pensamento ocidental, em que se baseia a visão da realidade, são muitas vezes parciais. Por isso vai ao Oriente buscar a ideia da harmonização dos contrários?

Exactamente. O Ocidente precisava de mais maleabilidade e da consciência de que a realização do ser é tão pluriforme que ninguém pode abarcar essa totalidade. Não é por processos de oposição que caminharemos para o pleno do ser humano.
Há toda uma tradição da cultura ocidental, em que predomina a racionalização, os opostos: preto e branco, bem e mal... Na Idade Média, aparentemente, também prevalece esse tom radical nos grandes pregadores. A mulher, para São Pedro Damião, é a encarnação do demónio. O leitor deixa-se enganar por essa aparência de intolerância mas, se estudar o que aconteceu na realidade, verifica que há uma concepção pragmática da realidade, muito diferente da doutrina.

Constrói o seu livro à base do triângulo sabedoria, razão e fé. É possível a coexistência destes três vértices?

Creio que sim, contanto que a razão não prevaleça sobre a sabedoria e a fé. Mas a razão é fundamental. A formulação teológica do século XII, de São Tomás de Aquino e da teologia escolástica, é a demonstração mais categórica da capacidade de conciliar a fé com a razão. Isso representa um progresso enorme na compreensão da mensagem evangélica. Portanto, não há uma oposição inconciliável. O pietismo, uma devoção sentimental que é por vezes a expressão de um culto popular, precisa da reflexão racional para se tornar aceitável.
Em Portugal, não se cultivou suficientemente a teologia, na sua expressão plena. Não há uma tradição de estudos teológicos suficientemente válidos do ponto de vista racional, para poder responder a um anticlericalismo primário e cego que existiu em Portugal no século XIX e grande parte do século XX.

Já referiu a bondade e escreve que enquanto homens e mulheres se amarem, ainda há um resto de esperança. A bondade é a sua esperança?

Não só. Radica nela, na medida em que esse é um efeito de Jesus Cristo ter assumido a natureza humana e representar no mundo a bondade de Deus. Ele é o redentor, o salvador. Mas eu não queria insistir no aspecto dogmático, antes na forma prática como Jesus Cristo mostra o que deve ser o homem na sua expressão mais profunda.
A bondade pode ser praticada numa concepção laical, laicista mesmo. Não precisa de ter nenhum sobrenatural por trás. Mas o cristão tem essa propensão, se a cultivar. E tem o exemplo de Jesus Cristo que leva isso a um extremo que o homem, só por si, não alcança.

A bondade pode ser uma chave de uma ética comum entre crentes e não-crentes?

Sim. Pode haver colaboração entre um crente e um não-crente na vivência da bondade.

Temos dificuldades com a supressão do tempo, porque ele traz o envelhecimento e a morte, e da liberdade, porque ela nos permite escolher entre o bem e a violência?

Quando falamos do ser, pensamos em qualquer coisa fora do tempo. Mas a realização do ser é no tempo, não pode ser toda de uma vez e tem que ser com todos os indivíduos que constituem a humanidade. A realização do ser homem faz-se na totalidade da vivência humana no tempo.

E implica aceitar o sofrimento e a morte?

Sim, e também a consideração entre o bem e o mal.

Que é a questão da liberdade.

Sim. A realidade do ser humano implica o bem e o mal, como se conciliam, como entram em relação um com o outro... Os livros que têm aparecido a negar a existência de Deus dizem que, se Deus existisse, teria que intervir para que a maldade humana não prevalecesse. A oposição inconciliável entre o bem e o mal leva a negar a existência de Deus.

Qualquer pessoa que considere as coisas em termos de justiça e verifique o que se passa no mundo ou a crueldade no Holocausto, diz: como é que Deus permite isto, como é que estes homens fazem isto e quem sofre são as vítimas?

Para mim também é difícil aceitar esta realidade. Talvez seja numa visão de totalidade, em que o bem não pode existir sem o mal, que se pode aceitar e encontrar uma relação com o ser do homem. O ser implica também o ser mau.

A dificuldade maior das nossas sociedades é enfrentar o envelhecimento e a morte?

Sim, mas no envelhecimento há qualquer coisa mais própria da nossa época do que de outras. Não havia os progressos da medicina que permitem retardar o envelhecimento. Também há toda uma cultura da juventude que desvaloriza a velhice e as incapacidades que ela traz. Todavia, de um ponto de vista estatístico, a diminuição da natalidade não traz senão uma percentagem cada vez maior de velhos e doentes. Como se resolve tudo isso? O pensamento oriental se calhar é mais sábio, porque tem consciência do papel do velho...

Tal como o africano...

... talvez porque a percentagem de velhos é menor do que no Ocidente. Para o homem de fé, é preciso aprofundar esta noção da sabedoria, que se baseia numa experiência vivida e na meditação da palavra como fundadora da própria realidade, de autenticidade dos conceitos e dos valores.

Não se zanga quando ouve, na praça pública, referências à Idade Média como a idade das trevas? Mesmo quando várias das tragédias evocadas, como a Inquisição, são posteriores...

Não acho que seja precisa uma atitude apologética, explicando que esse é um conceito primário e redutor. Foi refutado já tantas vezes e de forma tão clara que não vejo nisso grande problema. Pode acontecer é que seja apenas expressão de um primarismo cultural que é lamentável. Mas há mais qualquer coisa: o Liberalismo e, sobretudo, o Iluminismo é muito responsável pela inferiorização da Idade Média, por causa da noção de progresso. O Iluminismo procura a racionalização e o progresso e desvaloriza tudo o que seja intuitivo, tudo o que seja [do domínio do] jogo...

Dizia que a Idade Média era muito mais tolerante e diversificada, que o clero não era tão dogmático como mais tarde alguns missionários...

Não diria "muito mais" tolerante. Diria mais tolerante e menos dogmático. Isso resulta sobretudo da prática das instituições. A Igreja quis formatar o homem de uma certa maneira, impor-lhe um modo de comportamento demasiado rígido. Por exemplo, a confissão sacramental, que aparece no Concílio de Latrão em 1215, ou a regra de ir à missa uma vez por semana ou o matrimónio como sacramento... O clero começou a pensar que eram objectivos. Mas não são senão meios pedagógicos.
É verdade que a sociedade ocidental ganhou, do ponto de vista moral, com o matrimónio monogâmico. Mas, na prática, o concubinato era extremamente difundido. A Igreja conviveu com isso. Era preferível ter sido um pouco mais tolerante. A prática das visitas canónicas na região de Coimbra no século XVI era uma autêntica espionagem da vida privada das pessoas que levava a uma hipocrisia que não trouxe vantagem nenhuma em relação a uma certa tolerância medieval.

Tem evocado a sua convicção cristã, mas também expressa reservas em relação a aspectos institucionais do catolicismo. Como vê a Igreja institucional?

Poderia dizer, de forma quase brutal, que não me importaria de assinar a carta dos 400 padres austríacos [a pedir reformas na Igreja e o fim do celibato obrigatório, entre outras coisas]. Mas não quero ser provocador. Relaciono isso com a sondagem que diz que há menos católicos e uma proliferação cada vez maior de grupos religiosos ou pseudo-religiosos. A evolução social é implacável. Que estratégia a Igreja deveria seguir, para não perder o lugar que chegou a alcançar? Penso que é sobretudo na vivência do Evangelho, na autenticidade da vida cristã. Não de uma forma pietista, mas de forma autêntica, vivencial e esclarecida. Há uma grande quantidade de questões que resultam da ignorância teológica pura e simples.
É uma atitude exemplar, a de frei Bento Domingues, seguro nas suas posições doutrinais e todavia extremamente maleável na sua apreciação da realidade actual.

Quando ganhou o Prémio Pessoa, estava numa aldeia em Arganil. Agora vive no interior do distrito de Aveiro. Já passou por uma aldeia no Alentejo, por Timor... A vocação de monge continua a tentá-lo?

Não diria a tentar-me, diria a manifestar-se. Diria quase: a protestar contra todas as tarefas que tenho aceitado e das quais não me arrependo porque me parecia que era isso que eu devia fazer, na ocasião em que me foram propostas. Mas o meu apelo interior vai por aí, é um apelo primeiro, que permanece.
Agora queria que me deixassem em paz. Se calhar já é tarde. Os cartuxos só admitem vocações até aos 40 anos, já tenho o dobro, não sei se tenho capacidades de viver sozinho. Mas pelo menos queria, com a liberdade pessoal suficiente e sem imposição de tempo, dedicar-me à oração. Mais do que isso: dedicar-me a descobrir o valor da palavra, o autêntico significado da palavra, no sentido de linguagem, de expressão da realidade, no sentido de logos. Encontrar-me na meditação da palavra como expressão do mundo, da existência, da história, e descobrir-lhe um sentido.

Sente esse apelo mas, no livro, fala da cidade como símbolo da humanidade solidária. Na Idade Média, a cidade era o sítio onde as pessoas se protegiam da agressão do campo e hoje a cidade é a selva urbana...

Não oporia uma coisa e outra. Há uma tradição cristã que vê a cidade com uma dupla face: a Babilónia, o orgulho, o querer afrontar Deus na realização técnica. A outra metáfora é A Cidade de Deus, de Santo Agostinho, a sociedade ordenada, com uma capacidade de organização que valorize o homem e permita a sua realização, a solidariedade, a conjugação das tarefas. Essa dupla face da cidade mantém-se toda a Idade Média. Na actualidade, poderíamos também ter as duas metáforas como modelo: Corbusier e outros arquitectos que pensaram as coisas em termos urbanísticos quereriam dar realidade à concepção de Santo Agostinho. Mas o que a realidade nos mostra é a megapolis, as cidades desenvolvidas quase sem limites, como São Paulo, Bombaim ou outras. E o homem perde o domínio, a sua capacidade de construir um lugar onde possa viver em toda as suas virtualidades, na solidariedade.

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domingo, 29 de abril de 2012

Taxa Alimentar

Depois do aumento do IVA sobre produtos alimentares para a tabela máxima, está no ar a ameaça de uma nova taxa alimentar que o Governo PSD-CDS pretende introduzir para estabelecimentos comerciais com áreas superiores a 2000 metros quadrados.

Tal taxa, na realidade, não será paga pelas grandes superfícies comerciais, mas sim pelos consumidores, os mesmos que já foram onerados pelo aumento do IVA. A nova taxa resulta em mais uma transferência de dinheiro do consumidor para os cofres o Estado. E, segundo as notícias, estima-se que orce pelos 12 milhões de euros.

E quem é o consumidor mais lesado? É aquele que, carente de fortuna e de capacidade de poupança, gasta em consumo todo o pouco rendimento de que possa dispor (não pode poupar nem investir em especulação bolsista nem em offshores). Esse, a classe mais pobre, é mais uma vez taxada sobre tudo o que possa ganhar, enquanto os mais bafejados pela fortuna, por vezes conseguida por meios pouco morais, continua ao lado de tais «impostos» que, na pior hipótese, apenas lhes dão imperceptíveis beliscões.

Trata-se, realmente, de um imposto excessivamente injusto a pesar nos bolsos dos mais carentes. Ele, tal como o aumento do IVA e outros cortes da austeridade, retira o pouco poder de compra daqueles que não podem deixar de gastar em consumo tudo o que ganham e que, em consequência desta falta de equidade fiscal e injustiça social, terão que consumir menos, donde resultará atrofiamento na economia, numa altura em que se diz que é preciso desenvolvê-la, pois provoca menor facturação nas empresas de comércio, obrigando muitas a fechar. Depois, na sequência da redução das vendas resultará a diminuição da produção que levará muitas indústrias, devido à falta de procura, a fechar ou, no mínimo, a despedir pessoal. De tudo isto resultará o aumento do desemprego e a recessão económica. Não venham depois os «sábios» economistas mostrar-se surpreendidos com o agravamento da recessão!

Qual será o objectivo desta estratégia recessiva governamental de espoliar os pobres, os consumidores por excelência, que destinam todo o seu mísero rendimento ao consumo?

Entretanto, os grande beneficiados da protecção estatal, continuam na sua vida folgada a gozar os gordos lucros como accionistas da EDP, da GALP, da PT e de outras grandes instituições que não têm rebuço em aumentar os preços dos seus produtos, explorando imoralmente os seus clientes e depois lhes atiram á cara, em custosa publicidade, os exagerados lucros.

Daí que se considera de alto valor patriótico a promessa de Seguro de o seu partido se opor a tal nova taxa.

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EDP e interesses dos consumidores

Na notícia do Ioniline acerca da confusão da EDP é atribuída a Henrique Gomes, ex-secretário de Estado «que se demitiu em conflito com Passos Coelho», a frase “A situação é dramática, temos de atacar isto”. Dela se retiram os seguintes três parágrafos:

Henrique Gomes defendeu que o Estado deveria rever os custos de manutenção de equilíbrio contratual celebrados com a EDP. Sobre os cálculos que têm de ser feitos para calcular rendas, Henrique Gomes acusou: “Tudo aquilo é uma trapalhada e é sempre no mesmo sentido.”

Entretanto, o actual secretário de Estado da Energia, Artur Trindade, também ouvido no parlamento, garantiu que vai “reduzir as remunerações em todas as formas do sistema electroprodutor”, porque “o sistema, tal como existe, não é sustentável”. “Está prevista a saída de uma portaria que vem alterar a forma de remuneração da co-geração. A actual remuneração impacta negativamente a factura dos consumidores”, disse o novo secretário de Estado.

“Os centros electroprodutores que beneficiam destes rendimentos nem sempre geram energia”, justificou, ao alertar que estes custos têm consequências negativas para os consumidores, que “pagam a transferência intemporal e intergeracional de responsabilidades”, defendendo que “é preciso que alguém corte recursos”.

Apesar de a nova legislação estar pronta há mais de dois meses, Artur Trindade não adiantou a data em que será publicada. Mas garantiu que as alterações na lei “vão baixar o peso que as rendas excessivas têm na factura energética que os consumidores pagam”.


Entretanto, a EDP gaba-se de ter lucros fabulosos (para benefício dos accionistas), paga principescamente aos seus «boys» a um «preço de mercado» escandaloso, dá descontos a trabalhadores que não são declarados ao fisco, tudo à custa dos preços que aplica aos consumidores e lesando o dinheiro dos nossos impostos. É para poder praticar essa pouca vergonha impune e consentida pelo Governo que a EDP, tal como bancos e outras grandes empresas com bom relacionamento com o sector público, serve de «creche» aos «boys» filhos e amigos dos políticos e de lar de idosos a estes depois de saírem dos cargos governamentais e parlamentares e aos seus protegidos.

São precisas mais vozes honestas com a de Henrique Gomes ex-secretário de Estado a fim de levar os governantes a pensar seriamente nos interesses nacionais e não alinhar com compadrios e interesses privados ou pessoais.

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Vítor Gaspar surpreendido com a realidade nacional !!!

O ministro das Finanças admite que os níveis do desemprego estão mais elevados do que se previa, o que justifica razões para os portugueses estarem preocupados com a pouca capacidade de análise e de previsão dos «sábios» que nos governam.

É mais um Vítor a estranhar o aumento do desemprego!!! Mas afinal o que é que se esperava com a tremenda austeridade que os mais sérios pensadores do sector não se cansam de criticar e de dizer que esse caminho não leva á solução da crise, antes a agravam. É isso que está a confirmar-se.

Não se pode dizer que haja razão para surpresa. Como escrevi noutro post, a exagerada austeridade retirou o pouco poder de compra daqueles que não podem deixar de gastar em consumo tudo o que ganham (não têm para poupar e muito menos para investir em especulação financeira), e que, por isso, agora têm que consumir menos, donde resulta menor facturação nas empresas de comércio, obrigando muitas a fechar. Depois, na sequência da redução das vendas resulta a diminuição da produção que leva muitas indústrias, devido à falta de procura, a fechar ou, no mínimo, a despedir pessoal. De tudo isto resulta o aumento do desemprego. Onde está o espanto dos nossos Vítores?

Sim, há motivo para espanto: eles vivem completamente preocupados com modelos matemáticos teóricos e abstractos e alheios às realidades dos portugueses, como se conclui das suas exclamações de surpresa. E daqui sai outra conclusão: Não se pode esperar que os portugueses tenham confiança em quem os governa e possam alimentar fundamentada esperança no devir.

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Victor Constâncio confessa a incapacidade dos economistas


Consta que o desemprego na Europa tem crescido de forma imprevista, chegando em Espanha ao valor recorde de 24,4 por cento e Vítor Constâncio, vice-governador do BCE, lamenta que ainda não se perceba a 100 por cento a razão para um tão rápido crescimento.

Perceber qualquer coisa a 100 por cento é praticamente impossível, pois os cientistas de vários ramos descobrem com frequência novas teorias que corrigem as anteriores, e continuam a investigar para se aproximar mais da verdade total. Na economia, a incapacidade de compreender tem sido muito notória, todos agora dizem que a crise era previsível há anos, mas nenhum a explicou ao ponto de serem aplicadas as necessárias medidas preventivas, nem, depois de ela ter eclodido, conseguiram minorar os efeitos e, agora, nem sequer conseguem compreender as razões dos factos reais.

Do muito que se tem escrito a tónica tem sido culpar a exagerada austeridade que retira o pouco poder de compra daqueles que não podem deixar de gastar em consumo tudo o que ganham, e que agora têm que consumir menos, donde resulta menor facturação nas empresas de comércio, obrigando muitas a fechar. Depois a redução das vendas provoca a redução da produção e muitas indústrias, à falta de procura fecham. De tudo isto resulta despedimentos e desemprego.

Para um leigo isto é claro, mas parece que para aqueles que dentro de gabinetes se entretêm com os «modelos matemáticos» a que se referiu a professora Maria da Conceição Tavares, não basta tal explicação e sua elaboração e precisam que chegue aos seus gabinetes de paredes opacas e ar condicionado 100 por cento de certezas sobre a realidade que teimam em desprezar.

Como compreender que não percebam as razões da sua incapacidade para interpretar as realidades? Aquela professora dá um lamiré.

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quinta-feira, 26 de abril de 2012

Donos de Portugal



Donos de Portugal é um documentário de Jorge Costa sobre cem anos de poder económico. O filme retrata a proteção do Estado às famílias que dominaram a economia do país, as suas estratégias de conservação de poder e acumulação de riqueza. Mello, Champalimaud, Espírito Santo – as fortunas cruzam-se pelo casamento e integram-se na finança. Ameaçado pelo fim da ditadura, o seu poder reconstitui-se sob a democracia, a partir das privatizações e da promiscuidade com o poder político. Novos grupos económicos – Amorim, Sonae, Jerónimo Martins - afirmam-se sobre a mesma base. No momento em que a crise desvenda todos os limites do modelo de desenvolvimento económico português, este filme apresenta os protagonistas e as grandes opções que nos trouxeram até aqui. Produzido para a RTP 2 no âmbito do Instituto de História Contemporânea, o filme tem montagem de Edgar Feldman e locução de Fernando Alves. A estreia televisiva teve lugar na RTP2 a 25 de Abril de 2012. Desde esse momento, o documentário está disponível na íntegra em www.donosdeportugal.net. Donos de Portugal é baseado no livro homónimo de Jorge Costa, Cecília Honório, Luís Fazenda, Francisco Louçã e Fernando Rosas, publicado em 2010 pelas edições Afrontamento e com mais de 12 mil exemplares vendidos.

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MINISTROS INVESTIGADOS !!!

Há notícias interessantes por parecerem disparatadas em virtude de não dizerem nada de original, mas que na sua simplicidade referem situações reais demasiado complexas e que o povo sente mas cala e, portanto, consente.

Vejamos este título aparentemente «heróico» como se tivesse sido descoberta a pólvora: "Certos ministros de Passos Coelho deviam ser investigados", diz líder da JSD-Madeira. Apetece dizer, que essa investigação não devia ser limitada a «certos ministros», mas sim extensiva a todos os ministros e altos funcionários públicos e a quem tem negócios com o Estado. Quem não deve não teme e, como se trata de pessoas de indiscutível honestidade e idoneidade, essa norma não deixará de ser já decretada e implementada.

Há alguém que duvide que isso vai já começar a praticar-se, «custe o que custar«? Estou certo que nenhum cidadão que recebe dinheiro do Estado, sob qualquer forma, se vai opor à criação dessa norma. Mesmo no Paquistão, os governantes não são imunes e impunes, como se vê pela notícia Primeiro-ministro do Paquistão considerado culpado de desrespeito à Justiça. Há países onde a lei é realmente abstracta, geral e obrigatória, mas por cá, parece estar longe de ser geral e obrigatória para todos.

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Tenho 74 anos e estou cansado

Texto de William Henry "Bill" Cosby, Jr. (nascido em 12 de Julho de 1937) Humorista americano, actor, autor, produtor de televisão, educador, músico e activista.


Este deveria ser leitura obrigatória para cada homem, mulher e criança na Jamaica, Reino Unido, Estados Unidos da América, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Portugal… de todo o mundo...

"Tenho 74 anos e estou cansado"

Tenho 74 anos. Excepto num breve período na década de 50 quando fiz o meu serviço militar, tenho trabalhado duro desde que eu tinha 17 anos, excepto por alguns graves desafios de saúde. Tinha 50 horas por semana e não caí de doente em quase 40 anos. Tinha um salário razoável, mas eu não herdei o meu trabalho ou o meu rendimento, e trabalhei para chegar onde estou. Dado o estado da economia, parece que a reforma foi uma má ideia. E estou cansado. Muito cansado.

Estou cansado de que me digam que eu tenho que "espalhar a riqueza" para as pessoas que não tenham a minha ética de trabalho. Estou cansado de que me digam que o governo fica com o dinheiro que eu ganho, pela força se necessário, para dá-lo a pessoas com preguiça para ganhá-lo.

Estou cansado de que digam que o Islão é uma "religião da paz", quando todos os dias eu leio dezenas de histórias de homens muçulmanos matar as suas irmãs, esposas e filhas para "honra" da família; de tumultos de muçulmanos sobre alguma ligeira infracção; de muçulmanos a assassinar cristãos e judeus porque não são "crentes"; de muçulmanos queimando escolas para meninas; de muçulmanos apedrejando adolescentes vítimas de estupro, até a morte, por "adultério"; de muçulmanos a mutilar o genital das meninas, tudo em nome de Alá, porque o Alcorão e a lei Shari diz para eles o fazerem.

Estou cansado de que me digam que em nome da "tolerância para com outras culturas" devemos deixar a Arábia Saudita e outros países árabes usarem o nosso dinheiro do petróleo para financiar mesquitas e escolas 'madrassa' islâmicas para pregar o ódio na Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá, enquanto que ninguém desses países está autorizado a fundar uma sinagoga, igreja ou escola religiosa na Arábia Saudita ou qualquer outro país árabe, para ensinar amor e tolerância...

Estou cansado de que me digam para eu baixar o meu padrão de vida para lutar contra o aquecimento global, o qual não é sequer permitido debater...

Estou cansado de que me digam que os toxicodependentes têm uma doença, e eu tenho que ajudar no apoio e tratá-los, pagar pelos danos que eles fazem. Acaso foi um germe gigante, a sair correndo de um beco escuro, agarrá-los, e enchê-los de pó branco pelo seu nariz ou enfiar uma agulha em seu braço enquanto eles tentavam combatê-lo?!

Estou cansado de ouvir ricos atletas, artistas e políticos de todas os partidos falarem sobre os seus erros inocentes, erros estúpidos ou erros da juventude, quando todos sabemos que o que eles pensam é que os seus únicos erros foi terem sido apanhados.

Estou realmente cansado de pessoas que não assumem a responsabilidade pelas suas vidas e acções. Estou cansado de ouvi-los culpar o governo, a discriminação, a economia e a falta de equidade social - de facto, eles não durariam muito mais numa sociedade de verdadeira equidade social...

Eu também estou cansado e farto de ver homens e mulheres jovens e adolescentes serem "doca" de tatuagens e pregos na face, tornando-se não-empregáveis e reivindicando dinheiro do governo, como se de um direito se tratasse.

Sim, estou muito cansado. Mas também estou feliz por ter 74 anos .. Porque não vou ter de ver o mundo nojento que essas pessoas estão preparando. Eu só estou triste por minha neta e os seus filhos.

Graças a Deus, estou no caminho de saída e não no caminho de entrada...

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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Rui rio faz fotografia da crise

Embora nada disto seja novidade, é preciso realçar a clareza com que é dito por uma pessoa em posição que lhe dá credibilidade. Sugere-se a leitura da notícia:

Rui Rio critica a banca pelo “descalabro financeiro” do país
Público. 24.04.2012 - 21:10 Por Margarida Gomes

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, deixou nesta terça-feira bem claro que a “crise profunda” a que o país foi conduzido “não se confina ao poder político”.

“Haja frontalidade de referir que, também, a banca não se pode eximir das responsabilidades que lhe cabem no descalabro financeiro a que chegamos. A começar na incompreensível passividade do Banco de Portugal e acabar nos erros de gestão da banca comercial, cujo respeito pelo interesse do país esteve quase sempre, aquém daquele que foi a preocupação com o lucro (...)”, disse Rio.

Ao discursar no salão nobre da Câmara do Porto na cerimónia evocativa do 38º aniversário do 25 de Abril durante a qual foram distinguidas 13 personalidades (todos homens) e uma associação da cidade, Rui Rio afirmou que “as recentes notícias de que alguns bancos se têm dedicado a financiar operações de compra de acções, ou que poderão estar a aplicar os seus meios em títulos da dívida pública, comprados abaixo do par no mercado secundário, são um preocupante sinal da falta de unidade nacional de combate à crise que tantos nos angustia e tantos nos atormenta”.

Num discurso onde voltou a defender uma reforma na Justiça que, disse, “nos garanta mais transparência e mais controlo democrático”, o autarca questionou o regime, perguntando mesmo se “o regime foi capaz de travar a despesa pública e a dívida externa irresponsável que nos conduziu para a mísera situação em que nos encontramos, e que traiu de forma infame as gerações seguintes, que hoje se vêem obrigadas a e imigrar (...)” E depois aludiu à pesada austeridade que obriga a cortes salariais e potencia o aumento do desemprego, levando “a uma penosa degradação do nível de vida da sua classe média”. Mas não se ficou por aqui. Rio sublinhou que em paralelo com esta situação tem “conhecimento da existência de vencimentos exageradamente absurdos que são profundamente injustos (...)”.

Perante os sacrifícios que estão a ser pedidos, Rui enalteceu “o comportamento exemplar dos trabalhadores portugueses face às pesadas medidas de austeridade que lhes estão a ser exigidas” e criticou “muitos sectores da nossa sociedade que não se têm comportado de forma equivalente, demonstrando um egoísmo que nunca sendo saudável, neste especial momento, é particularmente grave para o futuro do país”.

Para o presidente da Câmara do Porto, “também não é suportável o país suportar a pesada austeridade a que a sua situação obriga com cortes salariais, forte aumento do desemprego e uma penosa degradação do nível de vida da sua classe média e, em paralelo, ter conhecimento da existência de vencimentos exageradamente absurdos que são profundamente injustos (...)”, declarou.

Pedindo reformas que devem de começar pela “revitalização e credibilização do poder político”, o autarca lamentou que não sejam os melhores a serem recrutados para os cargos de enorme responsabilidade e criticou “os próprios dirigentes partidários que, muitas vezes, de forma muito pouco séria, abraçam a postura demagógica, e são eles próprios que, para caírem na graça do populismo mais primário, tomam medidas de punição irracional sobre a dita classe política como quem diz: ‘são todos desonestos, menos eu, porque os castigo’”.

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terça-feira, 24 de abril de 2012

«Heróis de Abril» arrependidos ???

É difícil de compreender que:

- Associação 25 de Abril sai pela primeira vez das comemorações da revolução
- Soares não vai à sessão oficial do 25 de Abril
- Manuel Alegre ausente da sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República

Um feriado, uma data festejada, serve para comemorar um momento brilhante da história de um País.
Porque será que os «heróis» do 25 de Abril não querem comemorar o acto que protagonizaram? Já se arrependeram ???

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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Terceira Guerra Mundial? A quem interessa?

Era suposto que a ONU tivesse como resultado um novo relacionamento entre os Estados –membros, à semelhança daquilo que é, normalmente, aconselhável entre as pessoas civilizadas, com igualdade de direitos e deveres, respeito mútuo, apesar de diferenças de geografia, recursos naturais, demografia, história e tradições, solidariedade dos mais ricos para os mais carentes em recursos, etc.

Daí adviria capacidade de dialogar para encontrar soluções de bom entendimento para eventuais conflitos de interesses. E, quando esse entendimento se apresentasse difícil, então, haveria o recurso a mediadores internacionais ou, em último caso, a tribunais, sem ser necessário recorrer a conflitos sangrentos e destruidores.

Porém, a ONU não tem conseguido evitar a ocorrência de conflitos armados, dos quais resulta, em primeira fase, a violência extrema contra pessoas e património e, só depois, de destruições irremediáveis, totalmente inaceitáveis, à luz da moral e do bem pública da humanidade, é que surge a negociação para um acorde de paz.

A lógica mais elementar leva-nos a perguntar: se a negociação acabou opor ser a solução definitiva, qual a razão de não ter havido o recurso a ela, com ajuda de mediadores, logo de início, antes do primeiro acto agressivo. Nisso encontramos a ambição e o orgulho humano (no pior sentido) dos governantes, conscientemente explorado por interesses de grandes empresas ou grupos de empresas multinacionais, muito poderosos financeiramente, que constituem «lobbies» influentes perante os quais o «bom denso» dos políticos raramente resiste.

Essas pressões usam as técnicas mais modernas aconselhadas pelo marketing e pela guerra psicológica ou lavagem do cérebro.

A maior parte dessa pressão geradora de conflitos armados vem do «complexo industrial militar» para o qual o General Dwight Eisenhower alertou:

«Nas esferas da governação, devemos proteger-nos contra a aquisição de uma influência indesejada, procurada ou não, por parte do complexo militar-industrial. Existe, e permanecerá, o potencial para um surto desastroso de poder mal concentrado. Não devemos nunca permitir que o peso desta conjugação ameace as nossas liberdades ou o processo democrático. Não devemos partir do pressuposto de que tudo esteja garantido.»

Realmente a Indústria Militar foi de utilidade inquestionável para a vitória da II Guerra Mundial, mas depois disso não se poderia esperar que encerrasse as suas actividades que prometiam ser muito lucrativas. Para continuar o negócio, não parou de pressionar os governos para a guerra e, entretanto, para a permanente compra de novos armamentos e equipamentos para manter as Forças Armadas sempre actualizadas usando das mais modernas tecnologias.

O exemplo recente da guerra contra o Iraque mostra-nos que ela foi sistemática e persistentemente preparada com «informação» - que veio a ser considerada falsa - sobre a existência de armas de destruição massiva que iriam ser utilizadas contra países vizinhos e ocidentais e contra a economia mundial dependente do petróleo.

Quem lucrou com as baixas sofridas no Iraque por habitantes e militares, com a destruição de património histórico, arqueológico e de utilidade pública e privada? Só o Complexo Industrial Militar beneficiou e facturou.

Mas a dureza e a insensibilidade desumana e materialista de tais industriais não os deixa desistir dos seus interesses gananciosos e já estão a aparecer as tais atitudes de marketing e de guerra psicológica a prenunciar uma terceira guerra mundial para o próximo verão, desta vez contra outro produtor de petróleo, o Irão, com a alegação (semelhante à usada para o Iraque) de que está a desenvolver condições para se tornar uma potência nuclear. As notícias vindas de Israel são mau prenúncio:

Israel: Irão já pode fabricar quatro bombas atómicas

Israel pode atacar Irão na primavera 

Israelitas prontos para ataque a instalações nucleares iranianas

Mas voltando ao início deste texto, acerca da igualdade entre os diversos Estados-membros da ONU, não parece legítimo que haja uns com armas nucleares enquanto outros sejam impedidos de as ter. Estranhamente, quem mais se eriça contra o Irão, a Coreia do Norte e outros que queiram o poder nuclear, são Estados que se orgulham de possuir em armazém arsenais com milhares de armas de tal espécie. Seria mais interessante que os actuais detentores de tais armas acordassem entre si destruir todas as que têm e comprometer-se a não voltar a construir. Então, haveria autoridade moral para impedir qualquer Estado de preparar tal tipo de armamento. A arrogância de fazerem constar possuir tal armamento em grande quantidade não parece minimamente lógico e em vez de evidenciar a tendência democrática nas relações internacionais de que tanto falam, realçam a imagem de império ou ditadura mundial em que uns poucos querem dominar todos os outros a seu bel-prazer.

A ONU precisa de revitalizar os princípios da sua Carta e de reformar todos os seus procedimentos, começando por rever a qualidade de membros permanentes do Conselho de Segurança.

A realidade actual, mostra uma vida internacional, com ausência de moralidade e de ética, como se se guisasse pela lei da selva, a lei do mais forte, que impera e domina, justificando-se com a expressão «quero, posso e mando».

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sábado, 21 de abril de 2012

Para sair da crise


O trabalho das pessoas e das equipas deve ser racionalmente avaliado pelos resultados e não pelos gestos e apalavras por mais elegantes que aqueles sejam e por mais elaboradas e eruditas que estas se apresentem.

Pode, no entanto, haver pessoas que refutem esta afirmação, indicando exemplos de cabeças vazias mas que, com as suas atitudes e palavras agradáveis, conseguiram conquistar a simpatia de gente influente e guindar-se a cargos de alta responsabilidade com remuneração de elevado «preço de mercado». Mas é devido a tais casos menos racionais, embora mais frequentes do que o desejável, que se caiu numa crise muito grave, em que ainda não se vê um mínimo sinal positivo de recuperação.

É fácil jogar com os números criando cenários falaciosos de esperança que servem para «enganar os tolos» como se fossem «papas e bolos».

Quanto à forma como tem sido encarada a crise, os resultados vão aparecendo, ultrapassando as aparências, furando as malhas falsamente optimistas do estilo relvista. A crise está mais grave do que há um ano – Receitas fiscais caem mais do que o previsto e agravam contas públicas -- Receita do Estado desce e despesa aumenta -- e o trimestre há pouco encerrado – Défice do primeiro trimestre ficou abaixo do limite da "troika" -- mostrou resultados demasiado preocupantes em contraste com a esperança gerada nos portugueses desde há mais de nove meses, um largo período de gestação.

Curiosamente, tem havido variados alertas, quer de economistas de alta reputação internacional, quer de partidos da oposição, de comentadores e opinadores e até de figuras públicas dos partidos da coligação governamental – Ferreira Leite acusa governo de dar “caldos de galinha” a alguns -- Ministra percebe "dor" dos funcionários públicos mas país "está na bancarrota"-- Mas, apesar desses alertas e avisos, o Governo ignora-os e continua firme no seu método de «custe o que custar», como se fosse o detentos único da verdade absoluta. E continuamos a ver que não se passa das palavras enganadoras, sem conteúdo real, por vezes recusadas ou contrariadas no dia seguinte, que apenas servem para ofuscar os portugueses e reduzir-lhes o raciocínio e a capacidade crítica.

Apesar do muito que tem sido prometido, que se «garante» e que se «assegura» para 2013, depois para 2014 e, por fim, para 2015, esgotando o tempo que falta para as próximas eleições legislativas, não existe nada seguro, firme, que possa justificar uma ponta de esperança e de confiança num futuro satisfatório.

Impõe-se, sem demora, uma análise cuidada e completa da situação que preocupa os portugueses da qual resulte a definição de um objectivo a atingir e da linha estratégica que a ele conduza, de forma flexível para absorver e reagir positivamente aos acidentes de percurso, sem ter de haver retrocesso, sem perdas de tempo, que é um recurso irrecuperável.

Nesse trabalho de análise, decisão, planeamento e programação não pode ser esquecido que o que está em jogo são os legítimos interesses dos portugueses, e que a virtualidade dos números e dos modelos matemáticos – Recado de Maria da Conceição Tavares para os jovens economistas -- não passa de ferramentas de trabalho para esse objectivo de criar bem-estar para os cidadãos, cuja grande maioria tem sido vítima dos interesses de poucas dezenas de beneficiados pelo Poder.

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Subsídios de férias e de Natal. Alguém fala verdade?

Da notícia Ministra da Justiça não garante regresso dos subsídios de férias e Natal em 2015 extrai-se uma dúvida muito dolorosa, não tanto pela incerteza quanto ao futuro trágico que nos espera mas, principalmente, pela falta de confiança que nos merecem aqueles que deviam ser responsáveis pela condução dos destinos da Nação, pela defesa dos nossos interesses colectivos.

A ministra disse que pode não haver margem para repor os subsídios dos funcionários públicos nos moldes em que o primeiro-ministro anunciou recentemente: a partir de 2015, e gradualmente.

Em reacção a isto, o deputado do PS Miguel Laranjeiro disse que “isto demonstra uma desorientação total do Governo. Um dia diz uma coisa, outro dia diz uma coisa diferente… Os membros do Governo não se entendem”.

“Como sabe, sempre se falou em 2012 e 2013 [como os anos em que vigoravam os cortes]. O primeiro-ministro, a determinada altura, já falava em 2014. O ministro das Finanças disse que era um lapso. Agora, a senhora ministra da Justiça diz que não sabe se será, sequer, em 2015?! Os portugueses já não sabem é em quem acreditar, em que membro do Governo podem acreditar, se na ministra da Justiça, se no ministro das Finanças, ou se no próprio primeiro-ministro, ou em nenhum destes três”.

Por seu lado, João Semedo, do Bloco de Esquerda, acusa o Governo de mentir. “A ministra da Justiça acaba de confirmar aquilo que todos os portugueses já tinham percebido: o Governo mentiu. Relvas, Passos Coelho, Vítor Gaspar, mentiram aos portugueses relativamente à reposição dos subsídios”, disse à Antena 1.

“Não houve lapso nenhum”, insistiu. “Todos os ministros sabiam que, pelos vistos, só em 2015 é que seriam repostos, mesmo assim parcialmente. Portanto, os únicos portugueses que sabiam essa data de 2015 como momento da reposição dos subsídios eram os membros do Governo. Mas a ministra diz uma outra coisa: é que, provavelmente, nem em 2015 – o que significa que também desta vez o próprio primeiro-ministro e o ministro das Finanças continuam a mentir aos portugueses”.

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sexta-feira, 20 de abril de 2012

Milionários acordam para a solidariedade

Há cerca de dois anos, Bill Gates e Warren Buffett conseguiram a adesão de mais milionários americanos para a justiça social, a solidariedade, segundo a notícia Quarenta milionários americanos vão doar parte da sua fortuna.

Outros artigos surgiram como "Parem de acarinhar os super-ricos", pede o milionário Warren Buffett, Super-ricos franceses querem pagar mais impostos, França prestes a pôr os ricos a ajudarem a pagar a crise.

Recentemente surgiu cá o artigo Cadilhe defende imposto extraordinário sobre a riqueza. Ele não estava só e o movimento de solidariedade parece ter pernas para andar, apesar da opinião de Ângelo Correia que recusa imposto especial para mais ricos.

Surgiu agora mais uma notícia que reforça a opinião de Miguel Cadilhe segundo a qual Multimilionários aceitam doar pelo menos metade das fortunas.

Há motivos para não sermos exageradamente pessimistas pois surgem sinais vindos dos financeiramente mais poderosos de que estão a pensar na justiça social e na mais correcta distribuição da riqueza. Para os ajudar a tornar esse gesto efectivo e benéfico para a sociedade em geral, convém haver reconhecimento dos mais carentes, através de mostrar pressa em ver resultados palpáveis e de pressionar os Governos a explorar essa generosidade para combater activamente as injustiças sociais, por mais que isso custe a Ângelo Correia e outros milionários portugueses que apenas olham para o próprio umbigo e ambicionam sempre mais e mais sem olhar à forma como o conseguirão.

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João Jardim, perspicaz e frontal

O facto de não se concordar com tudo o que Jardim diz ou faz e da ocasional forma espectacular como se exprime, não impede que se apreciem as sua palavras sempre que revelem perspicácia, lógica e coragem para dizer o que é sensato, embora não seja «politicamente correcto».
 Afirmou ontem que o Tribunal Constitucional é uma "subversão de um tribunal democrático" e, do texto da notícia respigam-se as seguintes passagens:

 "Não se pode considerar um tribunal independente, porque a sua representatividade resulta de eleição na Assembleia da República, ao sabor das maiorias e dos acordos feitos no Parlamento".

 "As competências do TC deviam estar entregues a magistrados de carreira, a uma seção especializada do Supremo Tribunal de Justiça, a juízes conselheiros".

 Com estas palavras inquestionáveis, no caso de a Justiça estar a funcionar bem, Jardim faz-nos meditar sobre a incapacidade dos políticos que, durante quase quatro décadas, têm mantido os erros cometidos pela Assembleia Constituinte quando, em fins de 1975, esteve sequestrada em São Bento e a agir sob coacção, de manifestantes do conturbado PREC (Processo Revolucionário Em Curso).

 É realmente de lamentar que a falta de coragem, o comodismo e a vontade de manter mordomias e outras benesses, pouco democráticas, tenha mantido esta promiscuidade generalizada que não vemos modos de terminar pacificamente. Os vícios e as manhas, apoiados por uma imunidade e impunidade imorais e contra toda a ética e respeito pelos cidadãos, meteram o País num profundo buraco sem se ver sinais de iniciativas bem fundamentadas e estruturadas com perspectiva de eficácia.

 Isto precisa de uma «excelentíssima e reverendíssima Reforma» como teria dito Lutero.

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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Crescimento e exportações

Vítor Gaspar disse em Washington que o Estado pode estimular o crescimento através do “financiamento regular” de pequenas e médias empresas, “em particular as que estão activas no sector das exportações”. Esta focalização das exportações como vector fundamental do desenvolvimento da economia tem sido referido com insistência.

 Será de esperar, atendendo à conveniência de «lealdade institucional», de coordenação e de convergência de esforços que a distribuição de prémios no próximo dia 10 de Junho, coloque em realce estimule os sectores mais marcantes nos aspectos mais significativos para se vencer a crise, como recentemente foi referido no post Coerência entre palavras e actos.

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Causalidade e a Rã Surda

Transcrição de artigo do Público, seguida de NOTA:

  "Nos países desenvolvidos"
Publicado no Jornal de Notícias de 19-04-2012, às 00.00. Por Manuel António Pina

É conhecida a anedota da singular noção de causalidade daquele investigador que cortou as patas a uma rã e lhe disse: "Salta!"; e que, como a rã não saltasse, concluiu que, quando se cortam as patas às rãs, elas deixam de ouvir.

Ocorreu-me essa história ao saber do estudo que sustenta mais uma nova redução das indemnizações por despedimento que o ministro Álvaro (quem haveria de ser?) anunciou que levará à Concertação Social, estudo que conclui que... nos países desenvolvidos indemnizar trabalhadores despedidos não é obrigatório. Assim, acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido". E poder-se-ia ainda aumentar também os salários para os níveis praticados nos países desenvolvidos e então é que ficaríamos tão desenvolvidos, ou mais, que os países desenvolvidos. A ideia, no entanto, não ocorreu ao ministro Álvaro, como não lhe ocorreu a ideia de se demitir, pois nos países desenvolvidos ninguém salta da blogosfera para ministro...

A mesma provinciana lógica causal foi recentemente invocada pelo secretário de Estado da Saúde para justificar uma nova cruzada antitabagista: nos países desenvolvidos - mais um esforço, portugueses, se quereis ser nova-iorquinos! - é proibido fumar na rua, no automóvel, na própria casa de cada um.

E,  já agora, por que não restaurar também a pena de morte, seguindo esse exemplo extremo de país desenvolvido que são os Estados Unidos?  


NOTA: Infelizmente, a «pressa» dos governantes leva-os, frequentemente, a conclusões inconsistentes acerca da essência dos problemas esquecendo que «não se deve tomar a nuvem por Juno». As soluções eficazes não podem reduzir-se a colocar em peça velha remendos vistosos mas inadequados.

Sobre o mesmo ministro sugere-se a leitura do artigo de opinião de Fernando Santos com o título Álvaro e o canto de sereia (basta fazer clic). Tem estilo diferente e aborda aspectos de grande fantasia.

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quarta-feira, 18 de abril de 2012

Crescimento para interesse de todos

Por vezes, o maior interesse de uma notícia não está apenas no seu conteúdo, mas principalmente nas ideias que o seu título sugere. É o caso de Carlos Costa: "A Europa precisa de um centro que pense o crescimento em função dos interesses de todos". Isto deve aplicar-se não apenas a nível Europeu, mas dentro de cada Estado, de cada empresa ou colectividade. Com efeito, o objectivo de melhorar a «justiça social», reduzindo o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, atinge-se através de educação que conduza a que todos possam contribuir para o enriquecimento nacional, com o seu trabalho e a correcta gestão dos seus recursos, sejam muitos ou poucos.

Portugal, precisa crescer, estimulando universidades, empresas e pessoas a inovar, para daí saírem empresas a oferecer emprego aos mais jovens e permitir a mobilidade de trabalho dos mais experientes. Há que saber explorar as oportunidades da inovação dimensionando a oferta em relação à procura e estimulando esta para aproveitar a nova oferta, sempre com o fito de melhorar o bem comum.

Imagem do Jornal de Negócios

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terça-feira, 17 de abril de 2012

Porquês da crise…

Não pode aceitar-se que a crise tenha surgido por acaso ou acidente e, embora tenha afectado quase todo o Ocidente, há países onde ela se revestiu de maior gravidade e onde a recuperação se apresenta mais difícil e problemática.

Sem se identificarem as causas e sem serem tomadas medidas para se eliminarem os seus efeitos e evitar a sua repetição, a solução não pode, logicamente, ser encontrada.

Parece não haver dúvidas de que ela não surgiu por acidente, por acaso, por efeito de algo inesperado e grave, mas que se foi criando e agravando em consequência de vícios e manhas desenvolvidos e continuados ao longo do tempo. O tempo oxida, fermenta, apodrece, desgasta e envelhece tudo aquilo que não for beneficiando de manutenção, actualização cuidada e ajustamentos adequados. É esse universo de factores que deve ser analisado e corrigido correctamente.

Citam-se quatro notícias que merecem, alguma atenção:
- Ferreira Leite, referindo-se a medidas que já deviam ter sido tomadas em relação às 578 fundações privadas e 135 entidades públicas com estatuto de fundação, acusa governo de dar “caldos de galinha” a alguns…

- A condizer com a opinião de Ferreira Leite, Reis Campos, presidente da AICCOPN garantiu que, em 2011, Estado entrega a quem quer 90% das obras, por ajuste directo, beneficiando alguns e esquecendo muitos.

- O FMI, fazendo eco daquilo que os partidos da oposição e muitos colunistas e comentadores têm vindo a alertar, avisa que demasiada austeridade pode ameaçar a retoma. Realmente, sem poder de compra, não há comércio, sem este fecham lojas e empresas de produção e, com este estiolar da economia aumenta o desemprego e a miséria e a recessão torna-se difícil de parar.

- A confirmar este raciocínio, durante o IV Congresso da Indústria Portuguesa Agro-Alimentar, em Lisboa, foi vaticinado que o aumento do IVA vai eliminar 11 mil postos de trabalho na indústria agro-alimentar.

Mas muito preocupante e difícil de alterar é o que respeita aos números que circulam por e-mail e que a seguir se transcrevem, porque parece não haver vontade nem coragem de quem pode decidir para os corrigir, em virtude de esperar vir a beneficiar de «tachos» semelhantes. Os números poderão não estar certos, e provavelmente não estarão muito errados, e mostram alguns factores que explicam como se chegou a este tipo de crise:


«Se os números estiverem certos, se não houver demagogia... então fizemos muitos progressos em 37 anos de Democracia (financeiro-empresarial).

Como é que Portugal poderia estar de outra maneira?

1º Exemplo:
- O Presidente dos EUA recebe por ano $400.000,00 (291.290,417 Euros);
- O Presidente da TAP recebeu, em 2009, 624.422,21 Euros;
- O Vice-Presidente dos EUA recebe por ano $ 208.000,00 (151.471,017 Euros);
- Um Vogal do Conselho de Administração da TAP recebeu 483.568,00 Euros;
- O Presidente da TAP ganha por mês 55,7 anos de salário médio de cada português.

2º Exemplo:
- A Chanceler Angela Merkel recebe cerca de 220.000,00 Euros por ano;
- O Presidente da Caixa Geral de Depósitos recebeu 560.012,80 Euros;
- O Vice-Presidente da Caixa Geral de Depósitos recebeu 558.891,00 Euros;
- O Presidente da Caixa Geral de Depósitos ganha por mês 50 anos de salário médio de cada português.

3º Exemplo
- O Primeiro-Ministro José Sócrates recebeu cerca de 100.000,00 Euros por ano;
- O Presidente do Conselho de Administração da Parpública SGPS recebeu 249.896,78 Euros;
- O Presidente do Conselho de Administração da Parpública SGPS ganha por mês 22,3 anos de salário médio de cada português.

4º Exemplo:
- O Presidente da República recebe cerca de 140.000,00 Euros por ano;
- O Presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal recebeu 205.814,00 Euros;
- O Presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal ganha por mês 18,4 anos de salário médio de cada português;

5º Exemplo:
- O Presidente Sarkozy recebe cerca de 250.000,00 Euros por ano;
- O Presidente de Administração dos CTT - Correios de Portugal, S.A. recebeu 336.662,59 Euros;
- O Presidente de Administração dos CTT ? Correios de Portugal, S.A. ganha por mês 30 anos de salário médio de cada português.

6º Exemplo:
- O Primeiro-Ministro David Cameron recebe cerca de 250.000,00 Euros por ano;
- O Presidente do Conselho de Administração da RTP recebeu 254.314,00 Euros;

7º Exemplo:
- O Presidente da Assembleia da República recebe cerca de 120.000,00 Euros por ano;
- O Presidente de Administração da ANA Aeroportos de Portugal SA. recebeu 189.273,92 Euros;
- O Vice-Presidente de Administração da ANA Aeroportos de Portugal SA. recebeu 213.967,23 Euros.»

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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Os compadres e os outros!!!

Dois artigos com significados muito paralelos. Um, apenas em linK, cita Reis Campos, presidente da AICCOPN, refere-se ao ajuste directo e tem o título Estado entrega a quem quer 90% das obras. O outro, mais credenciado por vir da área de um dos partidos do Governo, vai transcrito na íntegra.

Ferreira Leite acusa governo de dar “caldos de galinha” a alguns
Ionline. Por Rita Tavares, publicado em 16 Abr 2012 - 03:10

Ex-ministra estranha atraso na extinção de fundações e avisa para implicações nas contas públicas deste ano.

Manuela Ferreira Leite critica que só agora o governo avance com o grupo de trabalho que vai avaliar a viabilidade económica das fundações para decidir sobre a sua manutenção ou extinção. A ex-líder do PSD considera que, com este atraso, estão a ser dados “caldos de galinha” a alguns e que “são uma afronta aos que nem os provam”.

No Memorando acordado há um ano com a troika foi pedida a análise do custo/benefício de todas as entidades públicas ou semipúblicas, incluindo fundações, associações e outras entidades”. Mas só agora o ministro das Finanças constitui a “equipa multidisciplinar” para avançar com a tarefa. Demasiado tarde, no entender da ex-ministra que teme que o atraso tenha até implicações nas contas públicas.

Na coluna que assina no “Expresso”, Ferreira Leite avisa: “Ora sabendo nós que os cortes na despesa pública nem sempre surtem os efeitos imediatos no Orçamento do Estado, seria natural que temas como este tivesse de imediato merecido a atenção dos responsáveis para que os seus efeitos se fizessem sentir o mais cedo possível. Mas não.”

“Esta notícia deixa boquiaberto qualquer atento cidadão”, diz Ferreira Leite quando recorda que a reorganização de serviços foi pedida há um ano pela troika. “A única prova que actualmente existe é que há uns que já há muito estão a pagar a inevitável austeridade, enquanto outros continuam à espera que se façam estudos para analisar, com cautela, até que ponto poderão vir a contribuir para esse fim”, conclui.

O censo lançado pelo governo no início do ano registou 578 fundações privadas e 135 entidades públicas com estatuto de fundação. As que não responderam arriscam a extinção, a redução dos apoios financeiros do Estado ou o cancelamento do estatuto de entidade pública.

Mas se a falta de decisão merece a crítica de Manuela Ferreira Leite, as decisões “precipitadas” também não escapam já que, segundo diz, podem comprometer “a aceitação resignada” da austeridade: “Deve existir o maior cuidado em não beliscar este maioritário estado de espírito.” Esta não é a primeira vez que a ex-líder do PSD critica o governo de Passos Coelho. A mais forte foi em Setembro quando, em vésperas da apresentação do Orçamento do Estado, atirou à política fiscal do governo e à excessiva tributação sobre a classe média.

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Democracia exige dever de cidadania

Tendo o povo em Democracia o dever e o direito de soberania, estão a surgir movimentos em defesa de causas importantes para a vida nacional. Com tal colaboração, certamente, os interesses nacionais ficarão melhor defendidos contra abusos e erros dos eleitos detentores do Poder.

É isso que se deduz da notícia Sete movimentos debatem hoje causas para ter audiência com o primeiro-ministro, a qual é um sinal positivo de que a Nação está a despertar para exercer efectivamente a soberania que a democracia lhe confere. Oxalá os que levantaram a voz nunca se calem e que muitos outros se lhes juntem, para uma análise responsável dos vários aspectos da vida colectiva dos portugueses.

Isto faz recordar frases de pensadores célebres, como as seguintes:

- Victor Hugo (22Fe1802 - 22Mai1885) escritor, poeta e pensador disse:«Entre um Governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa»
- Platão (428 – 347 A.C.) deixou a sugestão: «O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior»
- Shakespeare (26Abr1564 – 23Abr1616), poeta e dramaturgo inglês disse: «Não é digno se saborear o mel aquele que se afasta da colmeia por medo das picadas das abelhas»
- Mahatma Gandhi (02Out – 30Jan1948) disse: «Perderei a minha utilidade no dia em que abafar em mim a voz da consciência»
- Antoine de Saint-Exupéry (29Jun1900 – 31Jul1944) atendendo a que os resultados não serão imediatos, aconselhou: «Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão…»
- Edmund Burke (12Jan1729 – 09Jul1797) disse: «Ninguém cometeu maior erro do que aquele qua não fez nada só porque podia fazer muito pouco».

Estas pílulas de sabedoria consolidadas pelo tempo não podem ser ignoradas e, pelos vistos, os jovens estão a dar-lhes o devido valor. Também na Guiné-Bissau, ontem procurando acalmar os ânimos dos revoltosos, meia centena de jovens juntaram-se em Bissau para uma manifestação pela paz que deveria percorrer a principal avenida da cidade, mas foi desmobilizada pelos militares e acabou por saldar-se num ferido. Os jovens do Movimento Juvenil para a Paz envergavam um cartaz no qual se lia "Não à violência" e uma bandeira branca.
O Movimento Juvenil para a Paz já anunciou que fará diariamente uma manifestação pela paz em Bissau.

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domingo, 15 de abril de 2012

Bombeiros agem pela positiva


O escritor, poeta e pensador Victor Hugo (22Fe1802 - 22Mai1885)deixou esta frase que ainda hoje tem significado real: «Entre um Governo que faz o mal e o povo que o consente, há uma certa cumplicidade vergonhosa». E o consentimento não se esbate com manifestações (mesmo que concorridas e barulhentas).

Consciente de que o efeito da manifestação é demasiado efémero e ineficaz e não se presta a um diálogo substantivo continuado, a Liga dos Bombeiros decidiu usar um método mais democrático e com bases sólidas e pés para andar. Assim, vai apresentar proposta de lei de financiamento ao MAI, seu ministério de tutela. Procura, desta forma, resolver o problema da maioria corporações, em ruptura financeira e em risco de não conseguir prestar o necessário socorro às populações.

Com este procedimento transparente e democrático, a Liga cria uma base de discussão que, embora venha a ser alterada e ajustada às disponibilidades nacionais, não pode ser esquecida nem desvirtuada e constitui um ponto de partida para diálogo sério e sem subterfúgios.

Oxalá este exemplo venha a ser seguido para discussões concretas e honestas dos principais problemas nacionais, sem o abuso habitual de palavras vazias de conteúdo que servem para tudo, inclusivamente, para ser negadas no dia seguintes.

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Autoritarismo abomina liberdade e livre-arbítrio

Transcrição de artigo seguida de NOTA:

Saúde "manu militari"
Publicado por Manuel António Pina, no Jornal de Notícias, em 2012-04-12,

Quatro anos depois, o dr. Francisco George, eterno director-geral de Saúde, está a convocar as tropas higieno-fascistas para a 2ª Cruzada Antitabagista, desta vez mobilizando também as brigadas anti-álcool (as próximas cruzadas já contarão com as brigadas anti-sal, anti-açúcar, anti-gorduras polinsaturadas, anticafeína, etc.), tudo sob o comando de um até aqui anónimo secretário de Estado da Saúde.

Parece que um estudo encomendado pela Direcção-Geral terá concluído que um em cada quatro portugueses morre prematuramente, "em parte devido ao tabaco" (a parte de mortes devidas à miséria, ao desemprego ou à fome não vem nas estatísticas do dr. George). Era do que secretário de Estado e director-geral precisavam para se sentirem no direito de se intrometer nas decisões pessoais, na vida, na casa, e até nos automóveis alheios.

Restaurantes e bares dirão adeus aos investimentos feitos e deixarão de poder ter espaços reservados a fumadores; até à porta será proibido fumar (e quem for a passar?, terá que mudar de rua?); serão proibidas máquinas de venda automática de tabaco (não há máquinas de venda de "cavalo" ou de "branca" e nem por isso é difícil obtê-los...); proibir-se-á fumar dentro de carros com crianças (haverá um inspector da ASAE dentro de cada carro?); quanto ao álcool, nem uma "mini" poderá ser vendida em bombas de gasolina ou após a meia-noite.
A estrela amarela ao peito ficará para mais tarde.


NOTA: As atitudes ditatoriais surgem sempre de cabeças incapazes de liderar um povo, com respeito pelas liberdades e pelo livre-arbítrio de cada um, recorrem ao policiamento por não saberem usar um bom sistema de ensino e de difusão de informação positiva. O convencimento exige saber e capacidade de utilizar os melhores argumentos para suscitar os comportamentos mais benéficos a cada um e à colectividade. Na ausência de tais competências surge a mão de ferro, o «quero, posso e mando» e são vomitadas «leis» sem viabilidade. Se ninguém os travar criarão a brigada anti-suicídio, com a finalidade de evitar que os mais decididos resolvam acabar com a vida, rapidamente, antes que a miséria fruto da austeridade e da má condução da sociedade, os elimine lentamente com sofrimento continuado. Mas tal sadismo não será de estranhar.

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sábado, 14 de abril de 2012

Cadilhe evidencia civismo e sentido de Estado


Notícia do Expresso diz que Cadilhe defende imposto extraordinário sobre a riqueza, colocando-se no mesmo nível moral de milionários americanos e franceses que foram objecto de notícias:

- Super-ricos franceses querem pagar mais impostos
- Quarenta milionários americanos vão doar parte da sua fortuna
- "Parem de acarinhar os super-ricos", pede o milionário Warren Buffett

Mas os governantes, com o seu instinto canino de submissão aos poderosos da finança e da economia, não ousaram seguir tais conselhos e aproveitar a deixa que estes ricaços lhes forneceram.

Agora, Cadilhe, com ousadia, civismo e sentido de Estado, refere alguns pontos ligeiramente positivos do combate à crise, no nosso País, e sublinha aspectos preocupantes ao ponto de recear uma «explosão social» devido à degradação da «situação financeira do sector privado». E cita a "diminuta tomada de medidas estruturais" ao nível do corte das despesas públicas e reformas de fundo", a omissão de um plano estruturante contra o défice externo; o desemprego, "que as vistas da troika não alcançam” e a "fraqueza da justiça social".

Diz que «a situação social ainda resiste, "mas ameaça abrir brechas cuja iminência é difícil de avaliar". A escalada do desemprego "vai prosseguir". A equidade e a justiça social "estão subalternizadas".»

E perante as realidades que refere, tem a coragem e a frontalidade de seguir as posições dos milionários atrás citados e «insiste na recomendação de um "imposto one shot" sobre a riqueza "cuja receita seria aplicada na totalidade à amortização de divida publica". A tributação poderia funcionar, além do mais, "como um contrapeso social".»

Disto se conclui que Portugal precisa de mais pessoas a pensar livremente e com saber e bom senso. Este está no oposto ao maior rico de Portugal que diz não passar de um trabalhador, mas, na realidade, ele, apesar de milionário, paga de imposto menor percentagem do seu imenso rendimento do que um trabalhador paga de IRS, se tiver um salário de apenas 3000 €.

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Bíblia de Vítor Gaspar ???


Diálogo entre Colbert e Mazarin durante o reinado de Luís XIV, na peça teatral Le Diable Rouge, de Antoine Rault:

Colbert: - Para arranjar dinheiro, há um momento em que enganar o contribuinte já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é possível continuar a gastar quando já se está endividado até o pescoço...

Mazarino: - Um simples mortal, claro, quando está coberto de dívidas, vai parar à prisão. Mas o Estado... é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... Todos os Estados o fazem!

Colbert: - Ah, sim? Mas como faremos isso, se já criámos todos os impostos imagináveis?

Mazarino: - Criando outros.

Colbert: - Mas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

Mazarino: - Sim, é impossível.

Colbert: - E sobre os ricos?

Mazarino: - Sobre os ricos também não. Eles parariam de gastar. E um rico que gasta faz viver centenas de pobres.

Colbert: - Então como faremos?

Mazarino: - Colbert! Tu pensas como um queijo, um penico de doente! Há uma quantidade enorme de pessoas entre os ricos e os pobres: as que trabalham sonhando enriquecer, e temendo empobrecer. É sobre essas que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Quanto mais lhes tirarmos, mais elas trabalharão para compensar o que lhes tiramos. Formam um reservatório inesgotável.

NOTA: Cuidado que, hoje, não é totalmente verdade aquilo que Mazarino diz dos ricos, pois estes não gastam tudo quando obtêm de rendimento, pois há os offshores, a especulação financeira, etc.

Recebido por e-mail de correspondente amiga. Imagem de arquivo

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