quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

ECONOMIA CIRCULAR

(Public em O DIABO nº 2295 de 24-12-2020, pág, 16, por António João Soares)

 Um amigo veio falar-me de economia circular, muito interessado naquilo que ouviu da TV, e já tinha ido à Internet buscar mais pormenores e tinha já umas folhas com os textos que encontrou.

Fiquei surpreendido com a ideia desenvolvida sobre uma realidade em que vivi nos meus primeiros 18 anos, numa aldeia rural a poucos quilómetros de Viseu, onde não havia electricidade, nem água canalizada, nem recolha de lixo. A vida rural, em moldes primitivos, já se inseria naquilo que agora se denomina pomposamente economia circular, com explicações novas e definições de muitas vantagens para o desenvolvimento da economia moderna.

É curioso como em tal época (1934- 1952) pessoas pouco informadas, sem condições hoje já banais, praticavam uma 1József Szájek, advogado de 59 anos, eurodeputado húngaro, foi, há uns dias, detido em Bruxelas pela avisada polícia belga quando se escapulia de uma orgia gay, previamente programada. Isto segundo foi referido pela imprensa. A notícia é tanto mais surpreedente e vergonhosa quanto será certo que Szájek é casado desde 1983 com a senhora Tunde Handó, que é presidente do Conselho Geral do Poder Judicial e membro do Tribunal Constitucional, tendo nascido, dessa relação, um ser do sexo feminino. Saliente-se que Szájek redigiu – em conjunto com outros colegas – uma noreconomia hoje interpretada como plena de vantagens extraordinárias.

Não havia recolha de lixo porque nada era desprezado e considerado lixo. Aquilo que hoje se denomina reciclagem era o normal aproveitamento de tudo e eram raros os contactos com o comércio da cidade próxima.

Vejamos os circuitos económicos numa “empresa familiar”. As sementeiras eram feitas em terra lavrada por uma charrua manobrada por um adulto e puxada por uma junta de bois guiada por um jovem. Depois de completa a lavra era espalhada a semente proveniente da colheita anterior e depois o terreno era alisado por uma grade, também puxada pela mesma junta. Depois de a semente nascer, recebia os cuidados de desbaste e de tratamento da terra. O produto retirado no desbaste era aproveitado para alimento do gado.

O gado pernoitava sobre os produtos retirados da limpeza das matas e que depois eram usados como fertilizantes. As matas eram preparadas de forma a que nunca, naquele período, assisti ou ouvi referências a qualquer incêndio. Os ramos mais antigos dos pinheiros eram cortados e usados como lenha para a lareira e o forno do pão e como estacas para as videiras, os feijoeiros, as ervilheiras e outras plantas que necessitavam desse amparo. Os restos de refeição deixados nos pratos iam para alimentação da porca, etc. Portanto, a reciclagem era um processo corrente e não havia lixo.

 Agora, será bom que esta prática seja aplicada à indústria, se isso for possível, porque são grandes as dificuldades de coordenar as acções de empresas industriais tão diversificadas na utilização de peças usadas e inutilizadas em equipamentos de outras empresas com interesses diferentes. A organização de circuitos adequados, a burocracia, etc., não se apresentam fáceis e terão de se situar ao nível do bom entendimento entre as empresas abrangidas nas áreas geográficas.

É indispensável uma persistente acção de mentalização e de formação do pessoal que trabalha em tais empresas. As mudanças de hábitos arraigados não é coisa fácil nem rápida. Mas, realmente, é imperioso que se trabalhe com intenção de reduzir as lixeiras ao mínimo possível e se procure reciclar tudo o que puder ser útil para qualquer outra coisa. Isto fica mais dependente de cada um do que das autarquias ou outros poderes, mas estes devem estar atentos aos descuidos e fazer recomendações oportunas e claras intencionalmente orientadas para o objectivo pretendido.

Se a economia circular era viável na agricultura do século passado antes de aparecerem as tecnologias modernas, também será possível, e talvez mais fácil, agora. Tal modernização é muito vantajosa para a defesa do Ambiente e a qualidade da saúde das pessoas e de outros seres vivos. Contribui para tornar mais rentável a economia, com o embaratecimento de equipamentos e redução de desperdícios. Devemos ser apoiantes da economia circular.

Os sucateiros devem ser os primeiros dinamizadores do estímulo a esta inovação, encaminhando os produtos que possuem e aqueles de que sabem a origem, para as oficinas que sabem transformá-los em produtos úteis e vendáveis. ■

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sábado, 19 de dezembro de 2020

MUDANÇA PARA MELHOR

(Public em O DIABO nº 2294 de 18-12-2020, pág, 16,  por António João Soares)

 

Está instalado na nossa sociedade, dita democrática, um caos político que impede a livre expressão de ideias consideradas pelo “poder” não “politicamente correctas” e constrange a argumentação que serviria para informar e respeitar os cidadãos e suscitar a sua colaboração activa para um futuro melhor do Pais e da qualidade de vida das pessoas, permitindo a explicação da opinião de quem pense diferentemente dos “sábios”. As eleições nos Açores foram um autêntico terramoto, para a elite dependente do Governo Nacional, criando um pânico, claramente demonstrado pelas reacções das hostes do partido todo poderoso.

A historiadora M. Fátima Bonifácio, no Jornal Público, deixa uma reflexão muito isenta e profunda do fenómeno. Merece ser lida, interpretada e dela aproveitadas as lições aplicáveis à governação evolutiva para um futuro melhor.

A população mais sacrificada no actual regime é a da direita civilizada, assim apelidada pela cobardia envergonhada de se assumir, e que vive confinada à sua toca e não só não reage, como se recusa a pensar e falar nos mais graves problemas que afectam todos os cidadãos, limitando-se às drogas anestesiantes do futebol, das telenovelas e de outras ninharias da televisão. Em vez da participação como cidadãos livres e com opinião, como a Constituição permite, o povo vive como simples gato de estimação, “comedido, dirigível e aprazível”.

Mas há quem receie que um dia desperte e use de brutalidade que torne impossível uma mudança serena para uma evolução benéfica para o país com melhor qualidade de vida para as gerações mais jovens e vindouras. A mudança deverá ser racional com valores éticos, enfim com moralidade, justiça social e leis respeitadas por todos sem excepções. Há quem tenha esperança de que o caso açoriano possa ter sido o primeiro passo de uma nova etapa do melhor futuro desejado com “democracia” bem interpretada. Respeitando o povo, defendendo-o e apoiando-o com justiça social permanentemente orientada para os seus interesses colectivos, os interesses nacionais.

É preciso transparência que permita às pessoas colaborar com conhecimento de causa para o Bem de Portugal, com motivos racionais de confiança e respeito pelos seus eleitos. Para isso, os adormecidos e apáticos devem despertar e defender-se dos caprichosos e ambiciosos “donos do poder” e saber ocupar e utilizar positivamente o espaço que ainda não é efectivamente usurpado pelos que “querem, podem e mandam”, desrespeitando as leis feitas por eles próprios, que são apenas para o povo e eles ficam à sombra das excepções e nos alçapões que lhes introduzem. A lei deve ser geral e obrigatória para todos. Por exemplo, não deve haver uma lei para as reformas da generalidade dos funcionários públicos e outra totalmente diferente para os que passaram pela política. Os eleitos para defender o povo não devem trair este, com tal descaramento e falta de vergonha.

Para a mudança não ser violenta e com custos difíceis de recuperar, convém que seja praticada de forma generosa, progressiva, racional e com abertura, cumprindo as liberdades previstas na Constituição, com respeito por todos os cidadãos e acabando com regalias não democráticas, com gastos excessivos, com a corrupção, com o exagerado número de gente em funções fictícias e de cuja acção nada resulta realmente para bem dos portugueses. Mais do que de promessas e outras palavras enganadoras, a governação deve assentar em transparência e em resultados reais obtidos.

A revolução pode seguir a ideia de Edmund Burke com uma espécie de conservadorismo que não seja retrógrado nem pretenda inverter a marcha do tempo. Segundo este autor, a visão conservadora da sociedade assenta na modernização sucessiva de sectores que realmente precisem de ser reformados, até tudo ficar diferente e moderno sem ter havido atritos. ■


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sábado, 12 de dezembro de 2020

DEFENDER O AMBIENTE E RESPEITAR O ESPAÇO CÓSMICO


 (Public em O DIABO nº 2293 de 11-12-2020. Pág 16. Por António João Soares)

 Vi numa notícia, há minutos, que as pessoas esperam “um possível julgamento histórico sobre as mudanças climáticas”, depois de o Tribunal dos Direitos Humanos ter dado “luz verde” ao caso inédito de seis jovens portugueses de Leiria acusarem 33 países em matéria de clima.

Será bom que o Tribunal, na preparação do processo, ouça opiniões de bons cientistas, competentes e independentes de facções políticas, e não influenciados, às cegas, pelas campanhas da sueca Greta Thunberg. Em seis artigos que publiquei desde Abril de 2019, dedicados ao assunto das alterações climáticas, refiro a diferença entre a defesa do ambiente que depende dos comportamentos humanos e o combate às mudanças do clima que é um fenómeno natural que o homem não pode dominar significativamente.

Porém, o mal mais grave para o clima não se confina aos 33 países acusados pelos seis jovens. A Natureza, no espaço cósmico circundante ao sistema solar, em que o planeta Terra se encontra, reage a fenómenos que os humanos estão a provocar pelo abuso das tecnologias que desenvolveram, principalmente aquelas que produzem radiações electromagnéticas que lesam o equilíbrio físico do espaço cósmico a que o Cinturão de Van Allen reage com sinais de alerta para termos mais cuidado. Curiosamente, alguns cientistas têm referido as coincidências entre as pandemias que nos têm atacado desde há mais de um século, com as sucessivas fases de agravamento da produção de radiações electromagnéticas. Desde a electrificação das localidades, ao aparecimento das telecomunicações e, recentemente, a divulgação dos telemóveis, dos radares, disfarçados como sensores, etc..

Cada ponto do planeta e da sua atmosfera, cada um de nós, é permanentemente bombardeado por radiações vindas de milhões ou biliões de origens. Uma chamada de telemóvel irradia para o espaço, atingindo tudo e todos. O sensor do carro que detecta a proximidade de um obstáculo irradia permanentemente para o espaço. A porta que se abre à nossa passagem, também tem um sensor a poluir ou envenenar o espaço que o circunda. Etc.

 E qualquer radiação electromagnética fere, mesmo que ligeiramente, qualquer célula viva. E o Cinturão de Van Allen é um conjunto de astros que circundam o sistema solar e ao qual a Natureza encarrega de defender esse espaço cósmico de qualquer influência estranha. Há quem atribua a gravidade do corona vírus aos efeitos do cumprimento dessa missão cósmica do Cinturão. E já aparecem cientistas a prever que a humanidade está próxima da sua extinção, talvez por já estar a exagerar os estragos que está fazendo no espaço cósmico. Quer com estas radiações provenientes do solo terrestre, quer dos milhares de satélites que retransmitem as radiações de telecomunicações. Tudo isso tem tendência a aumentar porque é esse o negócio das grandes empresas, qua apoiam os governantes e são por eles apoiadas.

Com os olhos e os pensamentos postos nestas realidades estão os cientistas que prevêem a extinção da espécie humana dentro de poucas dezenas de anos, talvez não passando do próximo século. Tudo o que tem início acaba por ter fim. E de seres humanos existiram várias espécies antes do homo sapiens. Talvez depois venha uma nova espécie que saiba ser mais responsável e consciente. Houve os Australopithecus, os Kenyanthropus, os Paranthropus, o Homo habilis, o Homo ergaster, Homo erectus, Homem de Neandertal, Homo rhodesiensis, e, depois, o Homo sapiens. Não podemos desejar qualidades especiais para uma nova espécie, porque poderíamos cair nuns destruidores de tudo o que agora tem valor, como acontece com os actuais jovens que pretendem destruir a história, as tradições e obras de arte que encontram, com pretextos inconscientes de racismo, colonialismo, fascismo, etc.

O que é necessário é proteger o ambiente de forma a vivermos com saúde e alegria e protegermo-nos das situações agressivas da Natureza. ■

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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

A EDUCAÇÃO E O FUTURO

(Public em O DIABO nº 2292 de 04-12-2020 pág 16. Por António João Soares

 A degradação e extinção de nações e sociedades tem-se devido a desleixos e erros na educação e no ensino, logo a partir da infância. A tolerância e aceitação de pequenas anomalias vai-se repetindo e tomando aspectos de graves consequências. Por exemplo, o “acordo ortográfico” foi uma tolerância e aceitação de erros que ocorriam impunemente e hoje não se diferencia fato de facto. O desmazelo está a chegar ao ponto de, em jornais e no ecrã da TV, se verem erros frequentes devidos a desleixo e a falta de respeito pelos clientes. Vêem-se frases em que se mistura o singular com o plural, o masculino com o feminino, letras trocadas ou em falta, etc., e tudo porque não há o cuidado de ler todo o texto antes de o dar como concluído. Tal desmazelo representa falta de brio, de sentido de responsabilidade e de respeito pelas pessoas que irão ler.

Pequenas falhas devem ser corrigidas logo que detectadas em indispensáveis actos de verificação do trabalho. Mas, infelizmente, está a criar-se uma tolerância exagerada e os mais altos responsáveis, ao delas terem conhecimento, sacodem as culpas, toleram e esperam que isso não afecte a vida que se segue. Mas qualquer erro deixa consequências permanentes. Um minuto de infelicidade são 60 segundos de infecção cerebral que contribuem para o Alzheimer ou outro mal-estar cerebral. Também, a consequente alteração de um texto legal ou a sua substituição provoca a generalização do desrespeito pelas leis e pelos governantes que as assinaram.

É certo que “errar é humano”, mas os humanos que erram deixam de merecer confiança e respeito. E a prevenção desta maleita começa na preparação das crianças para a vida desde os primeiros contactos com familiares e, depois, nos bancos da escola. E assim, quer os comportamentos quer a utilização do idioma nacional serão sempre de boa qualidade. Hoje, ao falar Português, já quase é necessário utilizar um dicionário de boa qualidade e actualizado. Já temos mil e uma maneiras de dizer a mesma coisa. E depois surgem dúvidas sobre se a ordem era xis ou ípsilon. E quando há dúvidas ou erros, devem ser esclarecidos sem demora e evitar a táctica do “depois se verá e pode ser que não haja problema”, porque isso pode acarretar situações desagradáveis ou mesmo muito graves.

 Nas escolas, os professores, além do ensino da matéria do programa, devem desempenhar o papel de mestres do comportamento dos alunos e não se colocar nas mãos destes, deixando-se enredar nas fantasias juvenis. Devem, sempre que vier a propósito, exigir aos jovens comportamentos que os ajudem a preparar-se para virem a ser cidadãos cumpridores, responsáveis, perante os professores, os familiares, o país, os cidadãos em geral, etc. Não devem, como tem acontecido ocasionalmente, alinhar em fantasias infantis aventureiras que destroem as boas tradições e a história nacional, pondo em risco a continuidade da nossa história e da nossa língua, conhecida em quase todo o planeta. É certo que a tradição e a Língua, como tudo o que é natural, evolui com o decurso do tempo, mas essa evolução não deve ser forçada por machado e picareta como quem constrói uma estrada. O tempo se encarregará disso. Os livros de há séculos usaram um Português diferente do actual, mas não consta que a evolução tenha sido forçada, como aconteceu recentemente no “acordo”. Mas o nosso ensino escolar não deve circunscrever-se ao uso do idioma e à divulgação de conhecimento científico. Deve dar noções de ética e de comportamentos sociais e de responsabilidade e respeito pelas pessoas.

Para encerrar, a educação, na sua complexidade, deve preparar os alunos para serem adultos, cidadãos perfeitos (quanto possível) na sua vida familiar, social e profissional. Evitar erros, porque um minuto de arrelia tira 60 segundos de vida feliz, e a felicidade é a nossa maior riqueza. ■


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