terça-feira, 30 de julho de 2019

ARMADILHAS DO POLITICAMENTE CORRECTO

Armadilhas do “politicamente correcto”
DIABO nº 2219 de 12-07-2019, pág 16

O ensino das crianças tem início logo que o bébé nasce e começa a observar à sua volta e a pensar naquilo que vê, suas causas, efeitos e circunstâncias em que ocorre. Aquilo que vê fazer gera vontade de imitar ou de rejeitar. E as interferências da mãe, de outras pessoas de família ou de ama ou educadora complementam a aprendizagem e constituem, com sensibilidade adequada, prémio ou castigo de actos correctos ou errados. E, desta forma, os contactos com os mais crescidos, nas mais variadas circunstâncias, são fontes de aprendizagem.

A propósito, num dos almoços semanais, com amigos, recordei as aulas de um professor, pai de um deles, no ano lectivo de 1946-47, no Liceu Nacional Alves Martins (que, no ano seguinte foi substituído pelo novo Liceu Nacional de Viseu), ao lado de uma calçada muito inclinada em que, do lado oposto à janela da nossa turma, havia um ferrador que tratava do calçado (ferraduras) de cavalos dos clientes e que passava grande parte do tempo a martelar ‘pic-pic’ a ferradura, junto à forja, para a ajustar à forma e dimensão do casco. Um dia, a meio de uma aula, perante dois ou três alunos distraídos e a conversar, o professor chamou-lhes a atenção de forma didáctica e socialmente educativa, dizendo “está o ferrador a trabalhar continuamente ‘pic-pic’ e os meninos sem prestarem atenção ao colega que está no quadro a tentar resolver o problema”.

Aprendi que a observação da realidade que nos circunda e o pensamento acerca dela constituem um factor de aprendizagem e de cultura. E as palavras tinham lógica, foram coerentes com o momento e ditas de forma correcta e didáctica. A lição estava adequada à disciplina escolar e à formação de meninos que estavam a iniciar a vida e englobava a noção da prioridade merecida pelo assunto da lição e foi útil por mostrar que, na vida, devemos estar atentos a tudo o que se passa à nossa volta para sermos cidadãos responsáveis agindo de forma moralmente correcta. Passados mais de setenta anos ainda recordo positivamente esta lição simples mas eficaz.

E este pensamento não foi rememorado por acaso, mas porque, na conversa, foi referida a alusão do nosso PR, a um caso actual, em que reagiu por impulso e sem a devida análise e meditação ponderada, fazendo pressão limitativa sobre juízes italianos no julgamento de um jovem português que, talvez pouco esclarecido, esteve comprometido em acções de tráfego de pessoas, ao serviço de organização ligada à transferência de migrantes para a Europa, provavelmente às ordens de milionários internacionais que, com isso, pretenderiam desequilibrar a vida dos países europeus para fins de estratégia internacional não confessada.

Com o pretexto de que o português estivesse movido por fins humanitários de salvamento de pessoas em perigo de afogamento, o PR, sem procurar melhor informação, deixou-se arrastar para um acto que classificou de heroísmo, como “politicamente correcto”. Mas a realidade, baseada em testemunhos apoiados em várias fotos, mostra que, na maior parte dos casos, não chegou a haver perigo de vidas, mas apenas mudança de meio naval de pequenas embarcações pneumáticas, cujo combustível dava até ali, para embarcações de maior capacidade, onde estava o nosso “herói”, que ali estavam preparadas para esta transferência e levar os falsos “náufragos” a porto italiano.

Todos esses barcos estão controlados pelas ONG ao serviço de capitalista internacional que as financia e paga. Na origem, os traficantes de pessoas também recebem destas o pagamento da viagem. Este é um caso que exige boa investigação e não deve ser condenada à priori a posição do Governo Italiano nem o tribunal que age perante migração ilegal. Do outro lado estão ocultos interesses políticos e financeiros contra os direitos de pessoas que vêem ameaçada, por ingerência de estranhos, a sua cultura tradicional, a sua história, a sua religião, os seus hábitos, etc. ■

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sexta-feira, 19 de julho de 2019

UMA INSTITUIÇÃO NÃO FUNCIONA COMO LOTARIA

Uma instituição não funciona por lotaria
(Publ em O Diabo nº2220, de 19 de Julho de 2019, pá 16)

Há pouco menos de três anos, publiquei aqui o texto “Preparar a Decisão”, que depois foi transcrito para https://domirante.blogspot.com/2016/09/ preparar-decisao.html, onde pode ser consultado. O assunto insere-se nos cuidados a ter na gestão de instituições com maior ou menor dimensão e grau de responsabilidade e até nos assuntos pessoais diários. As decisões de maior ou menor importância não podem ser tomadas de ânimo leve, por capricho, palpite, suposição ou esperança de que tudo venha a correr da melhor maneira, por graça divina.

É basilar que, em qualquer instituição, haja organização, com o respectivo quadro orgânico, com estrutura clara lógica e bem definida com vista ao objectivo principal e aos seus objectivos intermédios, convergentes para a finalidade pretendida e os resultados mais desejados. Deve haver regras bem definidas e cada pirâmide além das tarefas a concretizar, deve ter responsabilidades para os chefes de cada grau até ao mais baixo dos colaboradores. Organização e liderança são duas forças que não podem deixar de estar sempre presentes.

A liderança deve acompanhar a actividade de forma regular para esclarecer pormenores, reforçar o espírito de equipa, controlar e, em caso de necessidade urgente, determinar ajustamentos indispensáveis às regras estabelecidas por forma a adaptar a acção a eventuais mudanças de circunstâncias a fim de serem obtidos os melhores resultados. Destas mudanças deve se dado conhecimento ao grau hierárquico imediatamente superior.

Se houvesse este espírito de liderança e de organização, provavelmente não estaríamos constantemente a ouvir que há ex-governantes e autarcas suspeitos de corrupção, abusos do dinheiro público, etc. empréstimos bancários sem segurança de garantia de reembolso, desvios de dinheiro oferecido para apoio de vítimas de incêndios etc. Certamente, nestes casos, houve participação de instituições em que não estava bem definida a organização e a liderança, com espírito de responsabilidade.

No dia 10 do corrente, houve manifestação em Lisboa contra a revisão da legislação laboral, o que faz pensar que esta não foi elaborada com a preocupação de ser adequada às características nacionais e com vista a tornar a administração, nos diferentes sectores, mais eficaz para a produtividade, a exportação e o crescimento da economia nacional, e obter a máxima harmonia social e laboral. Ao tomar-se a decisão de publicar legislação, devem ser respeitados os procedimentos mais conceituados para a tomada de decisões, analisando com bom senso as diversas hipóteses de modalidade de solução para o assunto em causa e acabando por escolher a mais aconselhável, do ponto de vista da eficácia, sem querer impor-lhe um cariz vincadamente partidário. As revisões frequentes de uma tal decisão podem acarretar desobediências às leis, por pura ignorância ou distracção e, consequentemente, uma disfunção social que pode ser grave. A tendência para inserir nas leis cariz partidário sem justificação especial pode originar revisões mais ou menos profundas, e até acintosas, em caso de mudança de governo.

As decisões devem ser bem ponderadas, mesmo na vida privada. Por exemplo as despesas devem limitar-se ao dinheiro disponível e não deve exagerar-se em jogos de azar que, só excepcionalmente, dão bom resultado. E recentemente a Santa Casa da Misericórdia disse que os portugueses, em 2018, jogaram 3,093 milhões de euros, a maioria em “raspadinha”. Paralelamente, o relatório do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos referente aos primeiros três meses do ano disse que os portugueses apostaram online 740 milhões de euros em três meses. Estas duas notícias mostram bem os disparates que se fazem e, provavelmente não são os mais ricos, mas sim remediados ambiciosos que, de tal forma, acabam por agravar a injustiça social de que se queixam. ■

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quinta-feira, 4 de julho de 2019

ALTERAÇÃO CLIMÁTICA É FENÓMENO NATURAL

Alteração climática é fenómeno natural
DIABO nº 2218 de 05-07-2019, pág 16. Por António João Soares

A preservação e defesa do ambiente através de medidas de higiene, na qualidade do ar, do mar, das cidades e dos campos, é uma atitude altamente conveniente para vivermos com mais comodidade e saúde. Por exemplo, a quantidade brutal de micro-partículas de plástico no mar que, através dos peixes, acaba por lesar a nossa saúde é uma realidade que está a consciencializar os países da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), que assinaram um compromisso, sem precedentes, para lutarem, em conjunto, contra a poluição dos oceanos. Será bom que a Humanidade os ajude neste objectivo e que lhes dê indispensáveis informações científicas e técnicas que lhes facilitem a definição de acções eficazes para concretizar o seu intento benéfico para o Planeta.

E será oportuno e relevante que, por todo o lado, haja repetição e concretização destas boas intenções quanto à luta contra a degradação do ambiente, em qualquer dos seus aspectos e locais do planeta, pois não basta falar do perigo dos plásticos que infectam os mares, é preciso evitá-los, sem demora e de forma definitiva, assim como aos outros perigos para o ambiente.

Mas não devemos continuar na ilusão, como está a verificar-se em muitos políticos, de acreditar que, com isso, estamos a “lutar contra as alterações climáticas”. Estas são devidas a pequenas alterações cósmicas que sempre ocorreram e continuarão a ocorrer e são independentes da qualidade da atmosfera terrestre e da água do mar. Há conhecimento de mudanças de clima desde a mais longínqua antiguidade e, nessa altura, não se queimava petróleo nem carvão e não havia meios de transporte nem instalações industriais a poluírem os ares, com óxido de carbono e outros gases.

Os milhares de corpos astrais estão em perpétuo movimento e vão sofrendo alterações nas suas rotas, com pequenos choques e alterações do poder de atracção das massas. Esses choques astrais são traduzidos pelas chuvas de meteoritos várias vezes avistados pelos observatórios; e alguns têm caído no nosso solo. Tem sido alertado, por cientistas astrónomos, o caso de o eixo da Terra estar a inclinar-se e já havendo quem preveja que, dentro de alguns séculos, ele ficará perpendicular aos raios solares e o efeito daí resultante será que cada local do Planeta terá um clima imutável ao longo do ano, com efeitos imprevisíveis na vida de todos os seres animais e vegetais, isto é, a vida terrestre passará a ser muito diferente da de hoje. Por outro lado, há previsões de que a radiação do Sol está a sofrer alterações, o que significa que a temperatura da Terra será progressivamente diferente da actual.

Após a explosão cambriana, há cerca de 535 milhões de anos, ocorreram cinco extinções em massa. Há 65 milhões de anos, o impacto de um asteróide desencadeou a extinção dos dinossauros, não voadores, e de outros grandes répteis, mas poupou alguns animais pequenos como os mamíferos, que se assemelhavam a musaranhos. Ao longo dos últimos 65 milhões de anos a vida mamífera diversificou-se, e há vários milhões de anos um animal semelhante a um humano adquiriu a capacidade de manter o corpo erecto.

Estes fenómenos cósmicos provocarão alterações climáticas que não podem ser evitadas pelo ser humano, e não pode haver ilusões quanto ao êxito de intenções de luta contra elas. O homem nada pode contra estas forças da Natureza. O que pode ser positivo é uma boa defesa da qualidade do ambiente e uma eficaz preparação para oportuna adaptação às novas condições climáticas, quanto a qualidade das habitações, ao afastamento de urbanizações do perigo da subida do nível do mar, etc. Isto exige esforço de previsão das alterações e, aos primeiros sinais, a tomada de medidas para lhes sobrevivermos o melhor possível.

É impressionante que os políticos, nossos e de outros países, e outras pessoas ousem falar em público sobre fenómenos da Natureza de que não procuraram obter previamente algum conhecimento científico, mesmo que apenas rudimentar. ■

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