terça-feira, 30 de setembro de 2008

Ensino a brincar ou a sério?

Transcrição de texto referido por e-mail, já com várias achegas de percurso. Dá para pensar. Oxalá nunca tenha de ser atendido pelo Sr. Dr. Pedro Póvoa.

O atleta vai das Novas Oportunidades para o curso de Medicina

Pedro Póvoa concluiu o 12º ano um dia antes de viajar para a China, para participar nos Jogos Olímpicos. O português do taekwondo frequentou o programa Novas Oportunidades e foi aprovado. E termos académicos, fará uma progressão rápida, uma vez que se segue a candidatura à Universidade. Ainda pensou em escolher Psicologia ou Gestão, mas candidatou-se a uma vaga na Faculdade de Medicina da Universidade do Minho e deve entrar, dado que tem estatuto de atleta de alta competição. O problema será depois compatibilizar um curso tão exigente com os treinos.

Quando era adolescente, Pedro Póvoa fazia parte dos Ultras da Ribeira no apoio ao FC Porto. Há duas semanas, o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, apresentou-o a um dirigente do clube para ser estudada a sua contratação.
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É mais uma história de sucesso do Programa Novas Oportunidades, o tal programa tão elogiado pelo primeiro-ministro. Um programa que conduzirá Portugal ao primeiro lugar mundial nas estatísticas sobre Educação. Agora, ficamos a saber que Pedro Póvoa, atleta de Taekwondo, vai entrar em Medicina sem nunca ter posto os pés numa escola secundária. Desta forma, o Governo manda uma mensagem a todos os jovens portugueses: não é preciso estudar Biologia nem Química para entrar em Medicina. Nem é preciso frequentar o ensino secundário durante 3 anos. Bastam 6 meses no Nova Oportunidades. E a Ordem dos Médicos fica calada? Está revoltado? Não vale a pena revoltar-se. Não queira ser apelidado de 'pessimista de serviço'!
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Já se sabia que o Novas Oportunidades está a dar diplomas do ensino secundário à velocidade da luz. Ficamos agora a saber que há quem veja nele o caminho mais curto para ser médico. Já tínhamos engenheiros civis sem Matemática e Física do secundário, economistas sem Matemática e linguistas sem Latim. Agora passamos a ter médicos que tiraram o 12º ano em 6 meses. Estudar Biologia? Para quê? Química? Não é preciso! Matemática? É chato!
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Um caso exemplar. Todos os que tiverem dificuldades nos estudos devem arranjar um pretexto para lhes trazerem a casa um diploma de doutor. MPR fala nisso com as tuas amizades para conseguires um doutoramento para o Bruno. Ele que comece a procurar a picada para lá chegar. O Póvoa era dos Super Dragões, mas o Bruno é militar, o que não deve ser considerado menos importante!!! Não te parece? Ele que trate do caso.
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Um verdadeiro escândalo. Não dá para acreditar. Isto nem no 3º mundo (propriamente dito) porquanto já basta este nosso!!! (4º, 5º. 6º, ou…)
De resto foi como (acho que se deveria denominar ‘novas calamidades’ que o Sousa grassou nas engenharias (ultra independentes!!!) Haja Deus!
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Agora fica tudo mais fácil no ensino: exames fáceis para melhorar as estatísticas, trabalheira que um professor tem para dar um chumbo, promessa da ministra de deixar de haver chumbos até ao 9.º ano, generalização do Magalhães às criancinhas, etc.
Mas esta de em Medicina onde tem sido muito difícil entrar se poder acessar vindo das tai oportunidades… meu Deus!!!

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segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Gestão do património Municipal

Alguns dados retirados hoje de três jornais gratuitos acerca do processo já apelidado de ‘lisboagate’ da atribuição de casas por ‘cunha’ por parte da Câmara Municipal de Lisboa.

Câmara de Lisboa dá 3200 casas por ‘cunha’
Destak, 080929, pág. 6

Continua a polémica ligada à atribuição de casas por parte da Câmara Municipal de Lisboa, processo já apelidado por muitos de ‘lisboagate’.
Segundo o jornal Expresso publicado este sábado, a CML atribuiu um total de 3200 casas por ‘cunha’, estando em questão desde moradias a palácios, passando por lojas ou apartamentos,
dados à Câmara de Lisboa como contrapartida de benefícios atribuídos a cooperativas de habitação. O jornal adianta, no entanto, que este esquema existe há mais de 30 anos, já tendo contemplado amigos, artistas, jornalistas e familiares de membros da Câmara, entre outros. O jornal Expresso adianta que tem sido o vereador da Habitação ou os seus serviços, «quando não o próprio presidente da Câmara», a conceder as habitações de forma directa. A média das rendas cobradas é de 35,48 euros, não se sabendo a percentagem das que são pagas.

Também queremos amigos na câmara
Global Notícias, 080929, pág. 2
Sofia Barrocas, Editora executiva da ‘Notícias Magazine’

Não admira que em Portugal toda a gente queira fugir aos impostos.
Quando os pagamentos ao fisco parecem estar a ser finalmente “moralizados”, ficamos a saber que boa parte das “contribuições” autárquicas desembolsadas pelos cidadãos de Lisboa têm servido para financiar a habitação de quadros camarários, seus familiares e amigos e ainda familiares
e amigos dos seus familiares e amigos. Afinal, a “habitação social” também serve para pessoas “como nós”, que não vivem na rua porque os seus ordenados servem como garantia para empréstimos bancários cada vez mais difíceis de sustentar e que por isso se esfalfam para chegar
ao fim do mês sem ficar a dever na mercearia ou na farmácia. A pequena grande diferença é que “nós” não temos amigos ou conhecidos na Câmara, nem pertencemos a nenhum dos
partidos que há 30 anos mandam neste país. E, sobretudo, na Câmara Municipal de Lisboa.

Finanças. Impostos municipais aumentaram
Metro, 080928 pág. 4 http://www.readmetro.com/

Cada Português pagou em média 235 euros de impostos municipais em 2007. Um valor 25,9% superior ao do ano passado em que a média cobrada foi de 186,81 euros. Na origem desta subida estará o aumento do valor do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e do Imposto Municipal sobre Transmissões (IMT).
Dados da Direcção Geral das Autarquias Locais indicam que as receitas do IMI e do IMT recolhidas cresceram 32 por cento e 33 por cento, respectivamente, em 2006 e 2007.
A capacidade de impostos locais, que mede o que cada português pagou em média nos municípios, calcula-se dividindo o total das receitas deste tipo recolhidas pelas câmaras à população.
Em declaração à TSF, o fiscalista Saldanha Sanches considerou que este aumento é um exagero e acusou as câmaras de serem «actualmente os piores inimigos dos contribuintes».

NOTA: Com estas notícias, já ficamos mais esclarecidos do destino dos nossos impostos. Mas isto não passa de uma amostra. Há poucos anos, houve o escândalo do excesso de assessores, nomeados por «confiança politica», isto é, sem olhar à capacidade e à produtividade de cada um, sem concurso público. Uma agência de empregos muito ‘sui generis’.
Não foi por acaso que Helena Sanches Osório, sendo directora da Capital, disse em entrevista na TV que é um dever de todos os portugueses evitar pagar impostos, porque o Governo e as autarquias fazem muito mau uso do dinheiro que pagamos.

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Prioridades partidárias

Há uns anos, não muitos, o PR da época, Jorge Sampaio, em visita à vila de Sátão, sede de concelho do distrito de Viseu, frisou a necessidade de combater a antipolítica. O actual PR, Cavaco Silva, numa das suas comunicações ao País, lamentou que os jovens vivam tão alheados da vida política.

Parece que os políticos em actividade não compreenderam ou não quiseram colaborar com um e outro dos eleitos para o mais alto cargo nacional. Realmente, tal combate depende apenas e totalmente do comportamento dos ocupantes das cadeiras do poder e da oposição. Preocupados com a baixa política, a intriga e a politiquice interpartidária, com o olho nos votos, desprezam aquilo que deve ser considerado grande objectivo nacional, interesses nacionais, estratégias de desenvolvimento, etc.

Vem isto a propósito dos dois títulos de jornal que hoje encontrei numa consulta rápida do DN
JS desafia PS na votação do casamento 'gay' e PCP centrado no combate ao Código Laboral

Não considero necessário transcrever os textos, que podem ser encontrados fazendo clique nos links, porque o simples título conduz a várias reflexões. Deles não ressalta tendência pró ou anti partidária do jornal, mas resulta motivo para profunda meditação dos portugueses.

Na opinião de muita gente, nenhum dos temas corresponderá a interesses permanentes, de longo prazo, do Estado, embora um mais do que o outro. Mesmo no curto prazo, há diferenças muito grandes entre eles. Como se pode acreditar na política, quando se reflecte sobre estas notícias (uma mais do que a outra)? Qual destes temas, dados a escolher, merecerá o voto da maioria dos portugueses, tendo em conta o melhorar futuro dos portugueses? Não haverá, neste momento, nada mais prioritário para a qualidade de vida dos portugueses do que o casamento 'gay'?

Continuo a ter esperança nos jovens para a recuperação do País, como tenho aqui difundido várias vezes, e confio que surjam alguns que tenham capacidade para destrinçar o essencial do secundário e saibam definir que País querem. A minha geração já pouco tem a perder ou a ganhar, mas os jovens têm uma vida pela frente para gerir e suportar as consequências das suas leviandades. Estão em jogo as suas vidas e as dos seus descendentes, o que deve ser aceite como grande responsabilidade e que não se compadece com frivolidades.

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Dois textos referidos a Ramalho Eanes

Depois do post «O argumento de honra», publico agora dois textos acerca do General ex-PR, Ramalho Eanes – uma carta aberta recebida por e-mail do autor e um texto extraído do blog Ecos e comentários.

CARTA ABERTA AO GENERAL RAMALHO EANES
Pelo Cor Alberto Ribeiro Soares

O País teve, há uns dias, oportunidade de ouvir novamente falar de si.

E pelas melhores razões: porque terá recusado receber retroactivos de valor superior a um milhão de Euros, que lhe seriam devidos por passar a ser abrangido pela lei que permite, aos ex-Presidentes da República, acumularem a respectiva pensão com outras a que tenham direito.
Um gesto raro (embora não inédito) de desprendimento dos bens terrenos, por que tantos, de forma ostensiva, lutam muito para além do razoável.

Recordo que, já em tempos distantes (a seguir ao 25 de Novembro de 1975), o Senhor General recusou receber o diferencial do vencimento do seu posto efectivo (tenente-coronel) para aquele em que foi graduado (general de 4 estrelas) para as funções de Chefe do Estado-Maior do Exército. Não tenho ideia do quantitativo mensal, mas passaram-me pelas mãos documentos que referiam a transferência dessas importâncias para instituições de solidariedade social, o que aconteceu, pelo menos, até à sua eleição para Presidente da República, em Junho de 1976.
É por isso que não concordo inteiramente com a sua atitude recente.

De facto, aceito – e aplaudo – que recuse o benefício pessoal desse mais de um milhão de Euros.
Mas entendo que não é legítimo deixar nas mãos rotas de uma administração pública tão esbanjadora de recursos (como é a nossa) uma importância que faria a felicidade de muitas instituições.
A começar pela Liga dos Combatentes, de que é Sócio de Mérito, que tem em carteira projectos de criação de vários Lares para ex-Combatentes idosos e desprotegidos.
Continuando pelas associações de militares (AOFA, Associação de Oficiais das Forças Armadas; ASMIR, Associação dos Militares na Reserva e Reforma; ANS, Associação Nacional de Sargentos; APA, Associação de Praças da Armada; e outras) que lutam, por todos os meios legais mas com manifesta escassez de meios, contra os desmandos do Estado que recusa pagar (desde há longos anos) o que a Assembleia da República, por unanimidade, entendeu ser de justiça atribuir aos Militares.

E muitas instituições de solidariedade social (entre as quais se incluem algumas de militares, como a Associação de Comandos) que, à semelhança do que aconteceu em 1975, muito agradeceriam a parte do óbulo que lhes coubesse, certamente melhor aplicado do que o poço sem fundo que será o seu destino fatal – se não for por si aceite e logo distribuído como melhor entender.

Se ainda for a tempo, Senhor General Ramalho Eanes, reconsidere: mantenha a recusa de usar esse dinheiro em proveito próprio, mas aceite recebê-lo e distribuí-lo para fins filantrópicos.
Espero poder voltar a felicitá-lo em breve.

Atenciosamente
Alberto Ribeiro Soares
Coronel do Exército

AS RECUSAS DE EANES

A maioria dos que me lêem, sabem da minha relação de proximidade com o General Ramalho Eanes que foi o primeiro Presidente da Republica eleito democraticamente depois do 25 de Abril. Conheço-o de antes disso, em virtude de ter sido, também, oficial do Exército, ensinado na mesma Escola de Ensino Superior Militar em que ele foi.

A primeira a vez que ouvi falar do seu nome foi numa circunstância que nada tem a ver, ou terá, com o seu envolvimento nos acontecimentos relacionados com o 25 de Abril de 74 ou, com a contenção político-militar do 25 de Novembro do ano seguinte. Havia, já no final da década de 60, uma relação difícil entre os mais jovens oficiais, como eu, e os capitães que davam instrução na Academia Militar (AM), que nos levou a assumir o risco de só cumprimentar (fazer continência) os capitães identificados com qualidades excepcionais, tanto no relacionamento humano como nas questões de natureza disciplinar. Um dia, quando me aproximada de um deles, que não conhecia, perguntei a um cadete, que estava por ali, quem era e como era o capitão que caminhava na minha direcção. Foi-me respondido que era o melhor instrutor da Academia. Alguns passos antes de me cruzar ele, iniciei o cumprimento da praxe a que ele respondeu com aprumo e cortesia. Fiquei a saber que era o Capitão Eanes.

Depois vieram outros episódios uns mais conhecidos da opinião pública, outros menos. De entre os que menos se conhecerão, estará a posição que tornou em 1973 redigindo e assinando, um onde contestava a submissão das, forças armadas à politica de então, por não representar nessa época, a vontade da expressão popular.

Esta semana foi noticiado pelos jornais que Eanes tinha recusado o recebimento de retroactivos da reforma a que teria direito e que só agora passa a receber, por ter sido corrigida uma anomalia criada por uma lei de 1984. E em mais de um milhão de euros!

No mundo em que vivemos e em que quase todas as coisas se fazem em função do dinheiro, num país onde há reformas públicas escandalosas e obscenas, a atitude de Eanes é um exemplo cívico e ético que deve constituir incentivo para que o governo continue a corrigir as deformações sociais com que o país ainda vive. Outra das recusas foi a promoção a marechal, posição a que ascenderam os anteriores generais que foram Presidentes da República, como Spínola e Costa Gomes. Por estas e outras razoes; Ramalho Eanes continua a ser a minha referencia ética e politica, para além do reconhecimento que tenho pelos que desempenham funções públicas e o fazem, principalmente, em nome do país e do povo que os elegeu. As recusas de Eanes exemplos virtuosos para todos. Especialmente para os que dizem servir, primeiro, o país. José Ribeiro Vieira. In Jornal de Leiria . 18 Setembro de 2008

Publicada por António Delgado em Terça-feira, Setembro 23, 2008, in
Ecos e comentários

NOTA: Quanto à carta aberta, apenas gostava de sugerir que às instituições militares indicadas como candidatas ao óbulo, deveriam ser indicadas outras de âmbito civil, porque além de militar Eanes foi Presidente de Portugal, de todos os portugueses. E já alguém escreveu que uma dessas instituições deveria ser uma da sua terra natal de apoio a carenciados.

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Mais dois jovens em destaque

Quando faço qualquer crítica, procuro ser isento, imparcial e construtivo, estimulando o optimismo, sem receio de ser considerado utópico. Nessa ordem de ideias e com a convicção de que os salvadores do País da crise que atravessa, há anos, terão de ser os jovens de hoje, tenho aqui trazido várias notícias de estudantes e profissionais que têm saído do anonimato da vulgaridade, por factos reconhecidos no estrangeiro.

Hoje dou realce ao caso de dois alunos da Escola Secundária Afonso Sanches, de Vila do Conde, Miguel Costa e Patrícia Silva, que venceram, no passado fim-de-semana, o concurso "Ciência em Acção", na categoria Sustentabilidade. Estes dois jovens, de 16 e 17 anos, alunos do 12º ano do curso de Ciência e Tecnologia, representaram Portugal no Congresso Ibero-Americano, em Valladolid, com um simulador de chuvas ácidas, evidenciando curiosidade e estudo aturado, com experiências em condições difíceis, dos efeitos da poluição gerada pela acção do homem, no meio ambiental.

Portugal e o mundo precisam de muitos jovens conscientes dos problemas reais e que se proponham contribuir para o seu estudo e a procura de soluções para a sustentabilidade da vida no Planeta.

Parabéns ao Miguel e à Patrícia e votos de que tenham muitos seguidores na defesa do ambiente de que todo a humanidade precisa. E que este exemplo alicie ao estudo e à análise de problemas de outras áreas da ciência, sem descurar os de carácter social e político.

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sábado, 27 de setembro de 2008

Casamento «gay»

Recebi de João Mateus, já conhecido neste espaço, este texto, escrito com uma erudição muito superior à média nacional, que poderá suscitar polémica, mas que constitui uma visão muito partilhada. Também me choca que os homossexuais, insistindo em evidenciar de forma espectacular, em manifestações de rua, a sua diferença, não tenham a criatividade de adoptar uma palavra também diferente para simbolizar a sua união, sem terem de usar o termo casamento, que não aceitam na sua plenitude. Porquê copiar os outros? A união traduzida por palavra inovadora poderá dar-lhes prerrogativas civis, legais, iguais ao casamento, sem irem chocar mentalidades menos flexíveis e mais rigorosas no significado da instituição.

Eis o texto e João Mateus:

Entendeu o Deputado Francisco Louçã, na interpelação parlamentar de 4ª feira, fazer uma incursão pelos domínios do latim, jogando ao 1º Ministro com um 'Habemus Papam', omitindo as palavras que imediatamente antecedem estas no anúncio católico de uma eleição papal, e que são 'gaudium magnum'. Não espanta, aliás, visto que nenhum gáudio lhe virá por certo de haver Papa, atentas as suas crenças... ou descrenças.

Conduz-nos o facto, porém, ao uso de uma outra expressão latina, esta de multissecular cântico universitário e que reza 'gaudeamus igitur', alegremo-nos pois, traduzindo, e com que aqui pretendo manifestar, sim, o gáudio pela afirmação categórica do Eng. Sócrates de não fazer parte dos programas nem do Governo nem do P.S. o lançamento da discussão do problema do alcunhado 'casamento gay', esperando só que a afirmação seja convicta quanto baste para não incluir a intenção de no próximo programa eleitoral, em entrelinha ou em letra miudinha o vir a introduzir, sobrepondo-o aos problemas sociais ingentes.

Mas porque nos regozijarmos? Tão só pelo facto de, por obscuras artes, os partidos que na União Europeia se proclamam de esquerda e que têm vindo a manifestar estranha apetência pelas causas ditas fracturantes, em lugar das sociais, que vemos, aliás, como devendo ser transversais a toda a sociedade, estarem progressivamente a ser afastados do poder que, cada vez mais, vai caindo nas mãos do neo-liberalismo em crescente situação de acasalamento com a política de George Bush, geradora do caos que nos atingiu.

Mas qual a causa desta deriva da esquerda, substituindo a sua preocupação tradicional com as classes desprotegidas pelas preocupações das franjas radicais de uma esquerda folclórica?

Magna questão esta, por certo, para a qual, à míngua de credenciais para dar cabal resposta, nos abalançamos apenas a lançar uma pergunta:

Será que a 'queda do muro de Berlim', símbolo apenas do ruir fatal da mais longa e obscena ditadura do século XX, levou as esquerdas à convicção da chegada do 'fim da História', defendida por Fukuyama, deixando o Homem de ser o objectivo último de todas as políticas para passar a mero instrumento de uma larvar ditadura do 'económico'?

Será que deixaram as esquerdas de crer na sua velha luta e que, para se auto-justificarem, se convenceram que ser de esquerda é defender a causa daqueles que esquecendo que, antes de serem 'humanos', são seres vivos, animais como os outros animais, sem falar das plantas, cujas funções vitais são a nutrição, a relação e a reprodução, sendo que esta é a mais relevante como capacidade de transmitir o dom da vida e de garantir a sobrevivência da espécie, sem prejuízo do mérito de todo aquele que, para se dar a uma causa maior, por uma mais vasta parcela da sua espécie, voluntariamente renuncie à construção da célula base que, para qualquer espécie desenvolvida do reino animal, é a família?

E tudo isto aceitando acriticamente considerar como discriminação o não poderem os homossexuais aceder ao casamento, acto concebido à nascença como forma de coroação, sacramental ou somente contratual, da constituição da dita família que, sem prejuízo de outras relevantes funções, é, em primeira linha, o ambiente natural para a reprodução e para o desenvolvimento harmonioso do seu fruto?

Como nos deixamos, ingloriamente, ultrapassar por um simples casal de passaritos que amorosamente prepara o ninho para os que vai gerar...

Qual será, ao fim e ao cabo, entre nós e eles a 'obra prima' da natureza? '

Tinha ou não razão no que disse a abrir?

João Mateus

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Mais um português premiado no estrangeiro

O concorrente açoriano Bruno Medeiros conquistou a medalha de ouro na sua área de actividade, no Campeonato Europeu das Profissões (Euroskills), que decorreu na semana passada em Roterdão (Holanda). É o melhor carpinteiro da Europa, tendo sido consagrado como um jovem talento ao construir a porta de uma casa com uma janela basculante.

A mãe, quando via o miúdo, um dos seus quatro filhos, martelo e pregos na mão, a brincar com os restos de madeiras que ele próprio ia buscar a uma carpintaria perto de casa e lhe dizia "um dia vais ser carpinteiro", não imaginava que o filho viesse um dia a ganhar a medalha de ouro europeia na área da carpintaria.

Parabéns ao Bruno, com votos de que tenha um futuro prometedor e que o seu exemplo seja seguido por muitos jovens que canalizem as suas capacidades para projectos válidos para a sua vida e o País. Portugal precisa de gente válida e criativa e não de indolentes viciados no ócio inútil.

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Estudantes portugueses premiados nos EUA

Ontem, foi anunciado que dois alunos do Instituto Superior de Engenharia do Instituto Politécnico de Coimbra, venceram o concurso «Mastercam Wildest Parts Competition» de 2007-2008, realizado nos EUA, na categoria pós-secundário, com o trabalho intitulado «Ferrari Enzo» que é um protótipo de um Ferrari Enzo e a respectiva base de suporte, à escala de 1/100

O júri ficou «impressionado» com a forma como criaram «peças separadas para os eixos e as rodas maquinadas». A atribuição do prémio «é o reconhecimento do esforço, dedicação e empenho envolvidos», uma vez que este trabalho absorveu «bastante tempo» e criou «diversas dificuldades» que foram superadas.

Segundo um dos premiados espera-se que esta vitória, seja um factor de motivação e que, ao mesmo tempo, encoraje alunos e docentes a participar em iniciativas deste tipo, por forma a pôr em prática a criatividade e conhecimentos adquiridos ao longo do curso.

Factos como este são uma prova de que há portugueses estudiosos, com capacidade inovação e criatividade que constituem esperança de um futuro melhor para o País. Com exemplos destes, Portugal há-de vencer a crise e recuperar o prestígio que já teve em tempos não muito distantes.

Parabéns aos contemplados e votos de que apareçam mais, muito mais, seguidores com olhos no progresso.

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Paulo Pedroso perde recurso

O deputado socialista Paulo Pedroso e o seu irmão, o advogado João Pedroso, perderam o recurso interposto no Tribunal da Relação de Lisboa, após serem condenados a pagar uma indemnização de 2500 euros, numa primeira instância, ao autor do blogue Do Portugal Profundo, António Caldeira.

José Maria Martins, advogado do bloguer, confirmou ao PortugalDiário ter sido notificado, esta segunda-feira, do acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, que nega o recurso à família Pedroso. Os juízes desembargadores consideraram que «tinha havido um boa decisão», explica Maria Martins. «Ao ser reconhecida negligência, ela implica obrigatoriamente responsabilidade civil», conclui.
(Ver a notícia completa no IOL Diário)

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Arrogância vs bom senso e deferência

Aprendi que a Constituição da República e os manuais de protocolo estabelecem que a Assembleia da República é o segundo órgão de soberania a seguir ao Presidente da República e acima do Governo. Sobre isto, transcrevo o seguinte extracto do site do Parlamento:

1. A Interpelação ao Governo é uma prerrogativa política dos grupos parlamentares, através da qual estes podem obrigar os membros do Governo a apresentar-se na Assembleia da República, a fim de, num debate que decorre no plenário, serem confrontados com críticas à sua política, geral ou sectorial. Cada grupo parlamentar tem direito a dois debates, por meio de interpelação, em cada sessão legislativa.
2. As Moções representam outro importante instrumento político de fiscalização e podem ser as seguintes:
1) Moção de censura, que visa reprovar a execução do Programa do Governo ou a gestão de assunto de relevante interesse nacional. Pode ser apresentada por um quarto dos Deputados em efectividade de funções ou por qualquer grupo parlamentar. A sua aprovação requer maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções e provoca a demissão do Governo;
2) Moção de confiança, que visa aprovar um voto de confiança sobre uma declaração de política geral ou assunto de relevante interesse nacional. É apresentada pelo Governo e a sua rejeição simples provoca a demissão do Governo;
3) Moção de rejeição do Programa do Governo, que constitui um direito exclusivo dos grupos parlamentares. A sua aprovação requer uma maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções e provoca a demissão do Governo.

Porém, os governantes são arrogantes, porque é humano as pessoas inferiores, quando vestem um fato novo ficarem muito inchadas de vaidade. Abusam do poder e esquecem o dever de deferência para a hierarquia a que se subordinam. Nos debates no hemiciclo entre deputados e governantes é vulgar ver-se através da TV que, muitas vezes nada de útil é transmitido aos telespectadores, vendo estes apenas uma suja guerra de palavras, como se de um mercado de peixe se tratasse, em que é notório o ar de superioridade dos governantes em relação aos membros do segundo órgão de soberania a quem, pelo contrário, devem ter respeito. Muitas vezes o ministro dos assuntos parlamentares trata os deputados como se fossem atrasados mentais, seus lacaios, parecendo que lhe subiu à cabeça o facto de ser protegido pelo Clube Bilderberg.

Nesta ordem de reflexões, transcrevo, com a devida vénia o seguinte post do blog Fio de Prumo


O sorriso de Sócrates
Finalmente houve um político que teve a coragem de dizer ao Primeiro-ministro deste país o que todos os Portugueses — ou, pelo menos, uma larga margem deles — tinha vontade de lhe berrar aos ouvidos!

Foi ontem, na Assembleia da República, que Jerónimo de Sousa, com a autoridade que lhe vem de ser o secretário-geral do partido político que desde o tempo da ditadura reclama pelo bem-estar dos trabalhadores, chamou, com veemência, a atenção de José Sócrates Pinto de Sousa, cidadão arrogante, demagógico e incumpridor de promessas feitas publicamente, para o sorriso que estava a exibir quando ele lhe pedia explicações sérias para assuntos sérios do país.
Julgo que, quem tem dois dedos de testa e um pouco de massa encefálica dentro da caixa craniana e não está alienado pela propaganda deste Governo ou por ele não está comprado, pura e simplesmente detesta o sorriso cínico que Pinto de Sousa exibe em todas as circunstâncias. Um sorriso de quem governa um país onde tudo são maravilhas, quando, afinal, no nosso, tudo está pelas ruas da amargura para quem trabalha e, especialmente, para quem tem a infelicidade de ser jovem. Há por aí uns quantos nababos que, por pertencerem à família política governante, usufruem bons rendimentos. Há por aí quem esteja instalado em excelentes cargos públicos e privados. Contudo, juntos são uma minoria se comparados com todos os restantes.
Senhor José Sócrates guarde o sorriso para consumo lá entre os seus apaniguados, lá para onde pode ter quem o respeite (não sei bem com base em quê!), mas tenha a decência de se apresentar aos Portugueses com uma cara patibular, porque, no patíbulo, à espera da execução da pena capital, estamos todos nós! Sem qualquer tipo de vergonha, siga o conselho de Jerónimo de Sousa.

Luís Alves de Fraga

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Sociedade em mudança rápida

Transcrevo este texto que recebi por e-mail, de autor sobejamente conhecido pelas suas intervenções nos jornais, na TV e na Internet. Os comportamentos sociais e individuais sempre foram sofrendo (ou beneficiando de) alterações, e sempre houve Velhos do Restelo que mostraram as loucuras dos aventureiros. Porém, a situação que o texto descreve representa uma transformação muito profunda que afecta várias instituições, como a Instituição Militar, de que os Estados ainda não podem prescindir e à qual exigem sacrifícios ilimitados, numa época em que ainda não se vê perspectiva de redução de «hostilidades entre civilizações».

Mesmo que deixe de haver guerras e os conflitos de interesses entre Estados passem a ser dirimidos por negociações directas ou intermediadas, levadas a cabo por diplomatas, estes, para serem eficientes, não podem dispensar nos seus comportamentos regras muito parecidas com os regulamentos militares – dedicação aos interesses nacionais, disciplina, deferência, respeito pelo segredo de Estado, etc. Está em causa um tipo de civismo que merece muita ponderação pelos governantes e educadores.

A bela situação a que chegámos

'O único local em que o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário'
Lema da escola de Karate Shotokan da A.E.I.S.T.

Jornais e televisões ingleses, em passado recente, davam conta das conclusões de um estudo encomendado pelo ministério da defesa britânico mandado efectuar na sequência de se ter verificado a desistência de cerca de um quarto dos voluntários para as forças armadas de sua majestade durante a recruta. O estudo concluiu e o respectivo chefe de estado-maior das forças armadas (CEMGFA), corroborou publicamente, que a dificuldade de retenção dos candidatos a militar (num regime muito louvado de voluntariado puro…), se resumia na dificuldade que os mancebos actualmente têm em 'aguentar' a disciplina castrense. Tal é fruto da evolução da sociedade, que faz com que os jovens cheguem à idade adulta sem qualquer tipo de organização mental, hábitos de trabalho, disciplina de vida, referências morais sedimentadas, nem dispensarem uma panóplia variada de cómodos e artefactos de diversão (por ex, terem um toca CDs no quarto), e reagirem muito mal a que se lhes eleve a voz. E afirmava pesaroso o CEMGFA (nós ouvimos): 'os jovens chegam até nós, sem qualquer tipo de respeito ou deferência…'. E acrescentava, que dadas as facilidades actuais, jovem que se aborreça na recruta, telefona para casa (por telemóvel obviamente) e a sua mãezinha vem de imediato buscá-lo!

E por isto tudo, o relatório recomendava que se abrandasse a disciplina, facilitasse a vida aos recrutas, se melhorassem um certo número de instalações e da parafernália electrónica e, 'last, but not least', se melhorasse o acesso aos preservativos alargando generosamente a distribuição das respectivas máquinas! No fim, o malfadado general (mais um a fazer o frete…), sossegou os seus concidadãos afirmando que tudo se iria fazer para que o produto acabado, não perdesse a qualidade. Presume-se, é bom de ver, com a ajuda do Harry Potter!

Ora aqui temos mais um exemplo desta desgraçada civilização ocidental, desta vez pela mão da velha 'albion', que dispõe (ainda) de um dos melhores exércitos do mundo e onde se suporia habitarem mentes mais atinadas. É que, de facto, e lamentavelmente o relatório em vez de apontar as causas profundas e bastas que levaram a este estado de coisas e os remédios para as mesmas (que são da responsabilidade de todo o governo e não apenas do ministro da defesa), se limita a constatar com fatalidade a triste realidade e a propor acções sobre os efeitos. O que só irá agravar as causas e afastar para as calendas gregas a resolução dos problemas. Daqui a pouco tempo surgirá outro estudo a propor qualquer coisa do género: quartos para unidos de facto; casas de banho para homossexuais, heterossexuais, transexuais, mistas, bi e outras que se inventem; camarões grelhados para o lanche; shows de 'strip' antes do recolher; massagens após a instrução de 'aplicação militar' (leve); intervalos obrigatórios nos exercícios, para o pessoal poder telefonar à namorada(o) etc. Um etcetera que apenas encontrará limites na degradação da coluna vertebral (vulgo carácter) dos envolvidos e, claro, no dinheiro disponível. Todavia pensamos, que tudo isto só se irá inverter quando houver um susto grande e se, nessa altura ainda houver capacidade de reacção. O assunto é grave e não se limita a um ou dois países: vai do atlântico aos Urais e por isso é de muito mais difícil resolução. É uma espécie de fim do império romano, que acabou por cair quando os cidadãos romanos deixaram de querer defender a cidade e contrataram 'bárbaros' para protegerem as suas fronteiras. Os bárbaros, ao fim de algum tempo, e já que estavam lá dentro, acabaram por tomar a cidade. Quando uma qualquer tribo aguerrida de 'tártaros' se aperceber deste estado de coisas e chegar à fronteira, bastar-lhes-á levantar a cancela (se esta ainda existir ou não tiver sido aberta antes), e tomar conta de território e populações, sem disparar um tiro. É, apenas, uma questão de tempo.
João José Brandão Ferreira, Tcor Pil Av (r)

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quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Carência de mão-de-obra

Nas notícias de hoje ressalta o problema da carência de mão-de-obra nas empresas de construções. Mas parece que do mesmo facto se queixam muitas outras, de outros ramos, grande parte delas com tipo de trabalho mais suave e menos arriscado. É assunto que apesar de ser previsível desde há muito tempo merece ser meditado e ponderado pois o índice de desemprego é elevado e a imigração muito volumosa a ocupar postos de trabalho que os nacionais recusam.

Segundo a notícia do Jornal de Notícias, o problema nas empresas de construção do Norte, deve-se a diferenças de salário que levam os operários a irem trabalhar para Espanha onde ganham 2,26 vezes mais (1200 contra 531,50€). Parece que os nossos gestores não são muito esclarecidos e não sabem motivar um dos principais factores da empresa. Esta precisa de capital, de equipa de gestão, de trabalhadores, de clientes e da simpatia da sociedade do meio em que se insere. O capital, indispensável para o arranque da empresa, para instalações e equipamento, depressa é amortizado e passa a ser criado pela própria empresa, através da acção da gestão e dos trabalhadores. A gestão tem uma importância permanente, no funcionamento de todos os factores que se conjugam para a facturação e os consequentes lucros. Dos trabalhadores, que convém estarem motivados sentindo que a empresa é sua e enriquece com o seu trabalho honesto, competente e dedicado, sai a produção que será tão boa em quantidade e qualidade, quanto o for a sua motivação. A eles interessa que a empresa tenha bons resultados para sua satisfação, e garantia de continuidade do emprego e, também, para maiores salários e prémios. Os clientes, satisfeitos, são uma garantia de bom futuro para a empresa e essa satisfação resulta da perfeição do trabalho feito pelos operários e pelo seu enquadramento. Quer os clientes quer os operários satisfeitos com a empresa tornam o meio social afectivamente ligado à «sua» empresa. E esta tem obrigação de apoiar alguns aspectos sociais da localidade para aumentar essa interacção, sendo justo aqui referir o exemplo dos «Cafés Delta» em Campo Maior».

Mas o tema deste texto leva-nos mais além do caso dos salários da Construção e deixa uma quantidade de interrogações acerca da falta de vontade de trabalhar, isto é, de ganhar a vida com o próprio esforço e ocupação da capacidade física e intelectual para produzir os recursos financeiros indispensáveis para viver. E isto passa-se apesar da reorganização do ensino, do programa das «novas oportunidades» e das anunciadas reduções dos subsídios.

A falta de vontade de trabalhar não é apenas devida aos subsídios viciantes e incontrolados, embora haja sobejos sinais de terem grande influência. Já aqui referi, há tempos, um caso de uma candidata a emprego dizer que «por esse salário não estou interessada, pois recebo quase isso do subsídio e não preciso de cumprir horários nem de aturar patrão». E também o caso daquela licenciada que estava há seis anos à espera de «emprego compatível com a sua licenciatura», e entretanto vivia à custa dos pais. Em grande parte, falta, desde tenra idade, educação cívica do dever de trabalhar, do direito ao trabalho, da gestão da própria vida, da procura da auto-suficiência.

Não é agradável ver jovens desempregados enquanto muitos empregos de fácil e agradável desempenho estão nas mãos de imigrantes. Parece que a mentalidade portuguesa está a degenerar para a subsidiodependência a alta velocidade e, quando o subsídio não é suficiente, surge o recurso a actividades ilegais, por vezes de cariz criminal.

O assunto merece ser devidamente analisado por quem de direito, a fim de ser procurada a terapêutica adequada.

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Corrupção. Hidra imbatível?

Do Diário de Notícias de hoje extrai-se o seguinte

Há mais de 900 processos de corrupção pendentes em Portugal
Inês David Bastos

Investigação. Boa parte diz respeito, também, a peculato e branqueamento.
Um total de 925 inquéritos sobre corrupção, participação em negócio, branqueamento de capitais, peculato e crimes cometidos no exercício de funções públicas estão pendentes nos quatro distritos judiciais do País, revelam dados da Procuradoria-Geral da República (PGR), revelados ontem pela Lusa.

Destes 925 inquéritos, 427 (cerca de 46%) estão pendentes no distrito judicial de Lisboa, sendo que 213 são de corrupção, 155 de peculato, 12 de participação económica em negócio e 47 de branqueamento de capitais.

Neste número não estão incluídos os processos a cargo da Unidade Especial constituída no âmbito da Procuradoria (para investigações à Câmara Municipal de Lisboa), que, embora estejam registados no distrito judicial de Lisboa, têm tratamento autónomo.

No âmbito do combate à corrupção e à criminalidade económico-financeira, no distrito judicial de Coimbra estão pendentes 182 inquéritos: 87 por corrupção, 37 por peculato, 48 por outros crimes cometidos no exercício de funções públicas e 10 de branqueamento.

No Porto, dos 179 inquéritos pendentes, cerca de 60% (107) dizem respeito a corrupção, seguindo-se peculato (49), participação em negócio (10) e branqueamento (13).

Cento e trinta e sete inquéritos estão sob investigação no distrito judicial de Évora, sendo que 74 são de corrupção, 35 de peculato, 20 de outros crimes cometidos no exercício de funções públicas e oito de branqueamento.

Este levantamento foi feito pelos procuradores-gerais distritais na sequência de deliberações tomadas pelo Conselho Superior do Ministério Público em 11 de Março e 21 de Maio e surgiu no seguimento de uma iniciativa do advogado e vogal do Conselho João Correia, tendo o Conselho concordado com a necessidade de se acompanhar de perto a actividade do MP nesta matéria e de, periodicamente, dar conhecimento da acção desenvolvida.

Vários intervenientes na área da investigação, nomeadamente o próprio PGR, Pinto Monteiro, têm avisado que as alterações ao Código de Processo Penal - segredo de justiça e novos prazos de investigação - põem em risco muitos dos processos que estão em curso.| LUSA

NOTA: Não me atrevo a fazer um prognóstico do resultado de tanto trabalho de investigação em curso. Pelo que se conhece de casos mediáticos anteriores, posso garantir que, contando todo esse trabalho, cada uma das poucas condenações que surgirão, representa o resultado de um investimento em trabalho da PGR de muitos milhares de euros.

Valerá a pena tanto «investimento» para resultados tão insignificantes? Qual foi o resultado do esforço da Alta Autoridade contra a corrupção que existiu há décadas?

Os mais cépticos – ou realistas – dizem que o crime de colarinho branco fica sempre impune.

Parece que não há cidadão com boa formação moral que não advogue a erradicação de tal hidra, de qualquer forma. Claro que, nas excepções, se podem encontrar muitos políticos que o podiam ter feito e têm adiado sucessivamente a tomada de medidas eficazes. E, quando nos queiram convencer que as tomaram, elas não terão sido minimamente eficazes, o que é lógico porque não seria sensato matarem a «galinha dos ovos de ouro»!!!

Poderá, na melhor hipótese, sair uma lei tão «eficaz» como a das armas, as sucessivas alterações do Código das Estradas, da toxicodependência, da reformulação da Justiça, das Forças de Segurança, e as referentes a muitas outras pragas que aniquilam o património humano, social e moral de Portugal!

Para os interessados e com tempo disponível, informa-se que, sobre este assunto, da corrupção, muito se tem aqui publicado. Seguem-se os links de 14 posts do blogue «Do Miradouro» com esta palavra no título, mas há muitos mais que abordam o tema e constam da relação dada pelo blog quando se pede a pesquisa de «corrupção».

- Corrupção cresce
- No Auge da Corrupção
- A corrupção por cá
- A corrupção e a deontologia dos jornalistas
- Corrupção. Porém, ela existe!
- Corrupção. PR voltou ao assunto
- Corrupção em vários níveis
- Corrupção de novo adiada
- Antigo professor foi acusado de corrupção
- É difícil o combate à corrupção
- Combate à corrupção?
- Corrupção. a ponta do iceberg?
- Sócrates, Mendes e a corrupção
- Corrupção. Falta de vontade política

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segunda-feira, 22 de setembro de 2008

A Justiça sob suspeita!

Há instituições que deviam pairar acima da mínima desconfiança ou quebra de credibilidade e de confiança por parte da população, sendo a Justiça e as forças policiais duas dessas entidades que deviam ser inquestionavelmente respeitadas. Mas infelizmente, aparecem com frequência notícias que nos deixam perplexos.

O caso da libertação de um imigrante ucraniano suspeito de tráfico de armas, tendo na sua posse abundante quantidade de armas, munições e explosivos, não pode deixar de ser assustador, a não ser que se trate de uma manobra estratégica policial para colher fruta mais madura.

Os portugueses e outros habitantes deste rectângulo á beira mar plantado não podem sentir-se seguros vivendo num país onde suspeitos deste género são libertados, pese embora as razões e os argumentos de quem decidiu a medida de coacção, certamente com boa lógica, à luz da lei vigente. Mas, então, a lei é preocupante.

Não se trata de um vulgar aldrabão, pois está em causa a potência das suas armas e o grau de destruição que poderiam causar - nomeadamente os explosivos. Com tais instrumentos bélicos, constitui um perigo iminente para a paz pública. E, sendo estrangeiro terá um apelo mais forte e maior apetência para fugir do País, mesmo sem passaporte.

Um tal suspeito devia ser colocado em lugar onde não pudesse constituir perigo para a sociedade. Se um juiz não pode cumprir essa sua função, por qualquer motivo, ou a legislação o impede de obedecer à sua consciência, deve fazer tudo o que for imaginável para derrubar esses obstáculos, mesmo que tenha de fazer um grande escândalo nacional. Das entrevistas, a manifestações, ou conferências de imprensa, deve optar pelo que melhor lhe permita explicar aos cidadãos a razão por que este senhor saiu em liberdade. A responsabilidade de tal caso deve cair sobre os verdadeiros culpados, os verdadeiros responsáveis.

A conferência de imprensa convocada quando houve uma tentativa de agressão no tribunal de Santa Maria da Feira, não era mais justificada do que esta, que devia ter lugar sem hesitação.

É suspeito de estar ligado a assaltos violentos, incluindo participação em roubos a ourives e, embora onde vivia não levantasse suspeitas, os agentes judiciários têm motivos para estar preocupados com a sua libertação.

Ao suspeito detido, e que agora aguarda o desenrolar do processo com termo de identidade e residência, foram apreendidos vários detonadores, rastilho, explosivos, armas, munições, equipamento de comunicações e para imobilização de viaturas. Elemento da PJ disse que "os explosivos são velas de gelamonite, material usado em pedreiras e na construção civil onde o imigrante já trabalhou".

A investigação da PJ, começada em finais de 2007, já permitiu deter o imigrante e indiciar outros quatro indivíduos pela prática de "vários assaltos à mão armada, incluindo a ourives". Não é descartada a possibilidade de este grupo ter "cometido crimes semelhantes" em Espanha e no Norte do País. "O indivíduo vive e trabalha no Alto Leomil, uma zona privilegiada com um nó de acesso à A25 e a Espanha bem como a todo o nordeste transmontano e zona raiana", sendo provável que "nalguns assaltos o caminho de fuga tenha passado por Espanha, para despistar e, posterior entrada em Portugal através de uma das muitas vias de ligação".

Juízes que têm vindo à TV referem as limitações da legislação, nomeadamente, da promulgada mais recentemente, ligada Código do Processo Penal. Há quem diga que a reestruturação da Justiça não tem sido feita com os Juízes mas contra os Juízes, à semelhança com o que se tem passado na Educação, na Saúde e nas Forças de Segurança.

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domingo, 21 de setembro de 2008

Dia Internacional da Paz

Texto de Vânia Moreira Diniz, que nos deixa a sensação de que a paz é indispensável para a defesa do planeta e do ambiente, a fim de deixarmos uma herança digna aos nossos descendentes.

Hoje é Dia Internacional da paz.

Nada é mais importante do que essa harmonia do universo transmissível a toda a humanidade e que hoje em dia nos parece tão distante. Por isso devemos lutar e reflectir sobre a paz, o conteúdo mais importante na luta pela inclusão, amor, solidariedade, carinho e felicidade. Só a paz nos conduzirá à união dos povos que é a maior conquista do universo.

Quando nascemos o oxigénio nos deu a vida entrando em nossos pulmões, fazendo com que gritássemos pela diferença de sensações e impotência diante do mundo que estávamos prestes a ingressar. E esse é o momento reconhecidamente uniforme em todos os seres humanos. Passamos por ele como acontecerá também no dia de nossa morte em que se efectivará justamente o mesmo fenómeno de impotência e aceitação.

Somos todos iguais, não importa o país ou região em que nascemos, a raça a que pertencemos ou as características genéticas que possuímos. Não importa. É a união, que fará com que vivamos nesse planeta com a paz que está acima de tudo, única sensação que tornará nosso tempo finito imensamente infinito e feliz. Sem ela nossa passagem pela terra será alarmante e desesperadora.

Sentir a paz nesse momento, nesse tempo de tantas guerras, invejas e ódios inúteis será a única forma de usufruirmos a razão primeira para a qual fomos criados: felicidade para todos os seres humanos.

Quando compreendermos a harmonia da natureza, a beleza natural, o canto dos pássaros e a presença dos animais, do mar, rios, árvores, plantas e flores, também entenderemos o quanto é importante o respeito por seu semelhante, o amor universal que devemos cultivar como uma preciosidade e que infelizmente na maioria das vezes somos tão indiferentes. E sentiremos isso tarde demais.

Hoje é dia Internacional da paz, precisamos captar o sentido verdadeiro dessa palavra para que possamos prosseguir buscando sempre o amor que está ficando perdido pelos caminhos. Sem a paz não conseguiremos ser felizes porque nos faltará o elemento básico para a plenitude da vida, da alegria, da realização e do respeito por nossos irmãos de caminhada.

Nesse momento de mudanças profundas, de evolução tecnológica e globalização precisamos encontrar na paz o entendimento para a verdadeira união que não se fará apenas com o progresso e desenvolvimento que vemos a cada dia mas com o amor que se tornará mais distante sem a troca dos olhares, do sorriso, da compreensão e, principalmente, da luta harmoniosa por humanidade e igualdade.

Paz é a única forma de preservar esse planeta do qual somos hóspedes temporários. Paz é só o que precisamos para que possamos conhecer a nós mesmos e lutar para que sejamos melhores e mais felizes.

Vânia Moreira Diniz
21-09-2008

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sábado, 20 de setembro de 2008

O argumento da honra

Texto de Baptista-Bastos, escritor e jornalista, no DN de 17 do corrente.

A ética republicana iluminava as virtudes do carácter e a grandeza dos princípios. As revoluções, idealmente, não são, apenas, alterações económicas e substituições de regimes. Transportam a ideia feliz de modificar as mentalidades. Essa mistura de sonho e ingenuidade nunca se resolveu. A esperança no nascimento do "homem novo" não é exclusiva dos bolcheviques. O homem das revoluções jamais abandonou o ideal de alterar o curso da História e de modelar os seus semelhantes à imagem estremecida das suas aspirações.

É uma ambição desmedida? Melhor do que ninguém, respondeu Sebastião da Gama:
"Pelo sonho é que vamos
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Partimos. Vamos. Somos."
A ética republicana combatia a sociedade do dinheiro, da superstição religiosa, da submissão, e pedia aos cidadãos que fossem instrumentos de liberdade. As "raízes vivas", de que falou Basílio Teles.

Fomos perdendo, sem sobressalto nem indignação, a matriz ética da República. De vez em quando, releio as páginas que narram os desassossegados dezasseis anos que durou o novo regime, obstinadamente defendido por muitos a quem se impunha a consciência do compromisso. Esses, entre o aplauso e o assobio, percorreram o caminho que vai do silêncio à perseguição, do exílio ao assassínio político. Morreram pobres. São os heróis de uma história que se dissipou, porque o fascismo impediu nos fosse contada, nas exactas dimensões das suas luzes e das suas sombras.

Relembrei estes episódios ao tomar conhecimento, pelo semanário Sol, de que Ramalho Eanes prescindira dos retroactivos a que tinha direito, relativos à reforma como general, nunca por ele recebidos. A importância ascende a um milhão e trezentos mil euros. É um assunto cujos contornos conformam uma pequena vindicta política. Em 1984, foi criada uma lei "impedindo que o vencimento de um presidente da República fosse acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência que aufiram do Estado." O chefe do Governo era Soares; o chefe do Estado, Ramalho Eanes, que, naturalmente, promulgou a lei.

O absurdo era escandaloso. Qualquer outro funcionário poderia somar reformas. Menos Eanes. Catorze anos depois, a discrepância foi corrigida. Propuseram ao ex-Presidente o recebimento dos retroactivos. Recusou. Eu não esperaria outra coisa deste homem, cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum. Ele reabilita a tradição de integridade de que, geralmente, a I República foi exemplo. Num país onde certas pensões de reforma são pornográficas, e os vencimentos de gestores" atingem o grau da afronta; onde súbitos enriquecimentos configuram uma afronta e a ganância criou o seu próprio vocabulário - a recusa de Eanes orgulha aqueles que ainda acreditam no argumento da honra.

NOTA: Se estas palavras tivessem sido escritas por um militar, diriam que era corporativismo, «eles a puxarem a brasa à sua sardinha». Bem haja Baptista Bastos por ter enfatizado a honra deste ilustre português que serviu Portugal sem querer servir-se. Bem haja Sr. General (porque não Marechal?) António Ramalho Eanes por esta lição que devia ser bem compreendida por tantos corruptos que enriquecem ilegitimamente, à custa de todos nós, como sublinhou o Eng João Cravinho. A sua honra e patriotismo levaram-no a colocar os interesses nacionais sempre muito acima dos próprios, como agora, mais uma vez evidencia.

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Erário para salvar empresas em crise

Mesmo em Estados capitalistas, em que a economia fica a cargo das empresas, o dinheiro do contribuinte, vai salvar o grande capitalista, para evitar que a crise se torne demasiado dramática. Este tema é abordado de forma pouco vulgar pelo notário reformado já aqui conhecido João Mateus, numa carta ao DN, no dia 18. A seguir à carta, transcreve-se o texto nela referido.

Caro D.N.

Admito que esta carta possa ser rotulada de mania de escrever, mas é-me impossível deixar de vos dizer que vejo como da maior relevância a 1ª parte do vosso editorial de hoje [ver a seguir]. Era preciso dizer alto e bom som que o rei vai nu.

O pavor do politicamente incorrecto impede quem tem alguma posição no xadrez do pensamento de dizer que algo parecido com o princípio de Peter leva o 'capital', quando não controlado, a atingir o limite da asneira. Se é verdade que só a iniciativa privada é apta para gerar o desenvolvimento, e até Lenine o reconheceu ao aceitar as pequenas hortas privadas, a verdade é que o Estado tem um papel a desempenhar no controle da sua actuação.

E a dura realidade é que o Estado, mesmo de esquerda, com o pavor de ser acusado de politicamente incorrecto, se agachou perante um 'capital' dia a dia mais descontrolado. Não cumpriu a sua obrigação natural de mandatário do eleitor, de que só se lembra na altura das eleições, e o tal 'capital', atingido o ponto da ruptura, vem, como de costume, pedir socorro ao Estado, que, com o dinheiro do contribuinte, vai salvar o grande capitalista que, escondido atrás do pequeno accionista, tem sempre o 'seu' a salvo.

Fica só uma pergunta: Para quando a responsabilização dos governantes deste Mundo pelos seus erros como agora, cá, se entendeu por bem fazer para os Magistrados?

Cordialmente
João Mateus--Viseu

Texto referido na carta:

A difícil escolha entre o mercado e o Estado

Os comentários foram oscilando entre o aplauso e a crítica à medida que se sucederam as decisões das autoridades norte-americanas face a sucessivas crises no sector financeiro do país. Os defensores da liberdade de mercado a todo o preço aplaudiram a recusa do Tesouro dos EUA em evitar a falência do banco de investimentos Lehman Brothers; deixaram passar como estando na fronteira do aceitável o resgate das duas gigantescas instituições de crédito hipotecário Freddie Mac e Fannie Mae, por elas, desde a sua formação, beneficiarem do beneplácito estatal.

Mas agora, na ausência de uma consolidação negociada no mercado, guardam um embaraçado silêncio perante os 85 mil milhões de dólares de "dinheiro dos contribuintes" que Henry Paulson (o equivalente ao nosso ministro das Finanças) cedeu à seguradora AIG, evitando assim a declaração da insolvência desta.

O embaraço entende-se. Não há princípio algum da cartilha liberal-fundamentalista que admita um tal comportamento. Pela simples e pragmática razão de que os governos, para além do que possam clamar para eleitor ouvir, agem segundo as circunstâncias. No caso, a sete semanas das eleições nos EUA, era impensável pôr em risco 74 milhões de pensões.

O silêncio resulta do seguinte: se, em última instância, é sempre o Estado (com o tal dinheiro dos contribuintes) que salva as multinacionais da ruína, como pode então voltar a exigir-se sempre menos Estado e mais liberdade irrestrita para o mercado, quando o vento do crescimento económico sopra de feição?

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sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Cotação de mercado de combustíveis

Na sequência do post «Combustíveis. Gostava de ser esclarecido» deparei com o seguinte artigo da SIC Online, de ontem, que vem lançar alguma luz sobre a exploração dos consumidores pelas gasolineiras.

Gasolineiras cobram mais 5 cêntimos do que deviam

A SIC analisou as cotações de mercado que as gasolineiras dizem usar para definir os preços de venda ao público e descobriu que os consumidores estão a pagar pelo menos mais cinco cêntimos acima dos praticados quando, no primeiro semestre do ano, a gasolina e o gasóleo refinados estavam a preços iguais aos da semana passada.

Preço dos combustíveis. Gasolineiras não descem preços ao mesmo ritmo da descida das cotações de mercado

Lucros das gasolineiras: 1 milhão e 50 mil euros por dia

As gasolineiras garantem que os preços de venda ao público não resultam directamente do preço do barril de petróleo, mas das cotações no mercado europeu de produtos refinados - o chamado Platt´z.

Dizem também que o impacto chega aos postos de abastecimento portugueses uma semana depois.

Isto significa que, o preço do combustível que esta semana está a ser vendido ao público é uma consequência das cotações no mercado de Platt´z na semana passada.
Para avaliar o comportamento das gasolineiras, basta usar os argumentos das gasolineiras e ver quando é que as cotações no mercado de Platt´z estavam iguais à semana passada.

Em relação ao gasóleo refinado, na semana passada estava com uma cotação igual à praticada no fim de Fevereiro, que permitiu que uma semana depois o preço médio de venda ao público fosse de 1 euro e 23 cêntimos.
Mas agora tem estado a ser vendido ao preço médio arredondado de 1 euro e 31cêntimos, quase oito cêntimos mais caro, apesar de ter o mesmo valor de mercado.

Para a gasolina sem chumbo 95 é quase a mesma coisa.
Na semana passada estava no mercado de refinados ao mesmo preço da segunda semana de Abril.
Nessa altura, foi vendida a 1 euro e 40 cêntimos por litro. Mas agora os consumidores têm de pagar mais quase 6 cêntimos.

As gasolineiras argumentam que o preço não pode ser igual porque o dólar está mais caro.
E é verdade. A SIC fez as contas, conferiu com especialistas e pode garantir que o impacto da valorização do dólar aumenta o preço de venda ao público da gasolina e do gasóleo em cerca de um cêntimo.

O que quer dizer que as gasolineiras estão agora a ganhar pelo menos mais cinco cêntimos por litro na gasolina e quase seis cêntimos por litro no gasóleo.

NOTA: parece que não está a haver verdade, sinceridade, lisura, da parte das gasolineiras. Quanto às autoridades que deviam defender os interesses dos portugueses, não se vê capacidade ou vontade de actuar.

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Economia soberana

Texto recebido por e-mail de José Morais Silva

Ora aqui está a prova do que já se suspeitava há tempo.

Na ânsia de privatizar a EDP e a Galp (duas empresas de inalienável interesse estratégico para a soberania do País na área da energia), os “políticos” do PSD e PS foram vendendo as posições do Estado, todos contentinhos julgando que, com a invenção das “gold share”, ainda ficavam com alguma capacidade de controlo.

Vem agora a União Europeia informar que vai iniciar uma acção no Tribunal Europeu para acabar com essa ilusão.

O próximo passo vai ser a privatização da CGD, deixando então a Banca à rédea solta.
É tempo de começar a pensar numa acção em tribunal, posta pelos cidadãos Portugueses para exigir responsabilidades aos autores destas privatizações que retiraram ao Estado a sua capacidade de regulação.

Veja-se a triste figura do Ministro da Economia, bem acompanhado pela dita Autoridade da Concorrência e a não menos cómica ERSE.

Já agora alguém que investigue quem são os elementos daquelas magníficas organizações que, supostamente, têm como missão zelar para que não haja abusos e quais os seus vencimentos e regalias associadas ao tacho que os partidos que passaram pelo governo lhes ofereceram, afinal, para só fazerem asneira ou estarem caladinhos!

Claro que, fiel à tradição, o nosso Presidente da República continua a seguir com atenção e preocupação o que se passa!

Para quando terá sua Excelência a conversa com o nosso Primeiro Ministro para lhe dar algumas “grandes linhas de orientação”?

NOTA: Repare-se na posição anódina do ministro da Economia em face da exploração das gasolineiras nos preços escandalosos dos combustíveis. (Ver o post «Combustíveis. Gostava de ser esclarecido»)

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quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Combustíveis. Gostava de ser esclarecido

O jornalista Silva Pires, Director do Jornal gratuito Global Notícias escreveu hoje um artigo com o título «Alguma coisa está errada aqui...» em que, com simplicidade e muita clareza, mostra o seu espanto perante as variadas explicações acerca da relação entre os preços do petróleo e dos combustíveis. Nele me apoio para esboçar as seguintes reflexões. Os «entendidos», pretendendo ocultar as razões do fenómeno, certamente inconfessáveis, misturam argumentos como o valor do dólar, o preço dos refinados, os impostos, isto-e-aquilo, falam muito e não esclarecem nada.

Isto cansa e desilude e não devemos daí concluir que eles não têm saber e inteligência para nos esclarecer, pois eles sabem os interesses que estão a defender e, baseados nos seus currículos e pergaminhos, procuram, com ares de convicção e com a linearidade do discurso, levar-nos a pensar que as coisas podem não ser tão simples como parecem.

Porém, ontem, o professor do Instituto Superior Técnico, António Costa e Silva, especialista em combustíveis e energia, veio falar naquela linguagem que todos percebemos. Segundo ele, o petróleo já baixou 35 por cento desde que atingiu o seu máximo de 147 dólares, mas em Portugal apenas se registaram baixas de 6 (seis) por cento na gasolina e (10) por cento no gasóleo.

Perante esta evidência, todos estamos de acordo com aquilo que António Costa e Silva disse aos microfones da TSF «alguma coisa está errada aqui».

Sobre este assunto, o ministro da Economia e Inovação afirmou na SIC que a política domina a economia e não o contrário, mas em Sines disse que considera que, se não houver uma baixa no preço dos combustíveis nos próximos tempos (não referiu se horas ou meses!), esta será uma situação «anormal», tendo em conta a descida que o petróleo já fez. «Mais tarde ou mais cedo esta descida do petróleo terá um efeito positivo, no preço final dos combustíveis» dada a «relação bastante próxima» entre um facto e outro. Mais preciso nesta previsão tão profética seria certamente o vidente Mamadu Chabi … «mais tarde ou mais cedo»!!!

O Sr. ministro está a precisar de umas lições do professor António Costa e Silva, a fim de poder ser mais democraticamente esclarecedor, isto é, com um mínimo de respeito pelos cidadãos eleitores.

Acrescento mais informação entretanto obtida: Apesar do preço do barril de petróleo continuar a descer nos mercados internacionais, a BP decidiu ontem subir um cêntimo na gasolina. Segundo a DECO, os consumidores «não conseguem compreender» a ausência de descidas nos combustíveis já que em meses anteriores os operadores justificaram as «sucessivas» subidas imediatas à alta do petróleo. «As empresas estão a deixar cair a máscara junto dos consumidores». A fixação dos preços dos combustíveis «não é transparente».

E isto apesar de o ministro dizer que a política controla a economia! Ela nem sequer defende os cidadãos contribuintes contra os abusos das grandes empresas.

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Perigo na estrada

Segundo notícia do JN, morreram 163 (cento e sessenta e três) pessoas, nas estradas portuguesas do Continente, entre 15 de Julho e 15 de Setembro, mais três que em igual período do ano passado, revelou a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.

Além dessas perdas, nesse período, 505 ficaram gravemente feridas e 7314 sofreram ferimentos ligeiros em acidentes de viação entre 15 de Julho e 15 de Setembro, no Continente.

Dos feridos graves, provavelmente, muitos já morreram após grande sofrimento, e os outros estão em risco de ficarem deficientes para o resto da vida, a sofrer e a depender da caridade de familiares e do Estado, tendo um fim de vida extremamente difícil. Nem é bom imaginar que tal desgraça nos pode acontecer. Mas estamos sujeitos, se não desencadearmos, todos e cada um, uma campanha de esclarecimento e mentalização para a condução segura.

Por coincidência recebi há pouco um e-mail com o seguinte texto cuja leitura aconselho:

Se vais conduzir, não bebas...

'MÃE... Fiz o que me pediste!

Fui à festa, mãe. Fui à festa, e lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, mãe... Então, bebi uma 'Sprite'. Senti orgulho de mim mesma, exactamente o modo como me disseste que eu me sentiria. E que não deveria beber e de seguida conduzir.

Ao contrário do que alguns amigos me disseram. Fiz uma escolha saudável, e o teu conselho foi correcto.

Quando a festa finalmente acabou e o pessoal começou a conduzir sem condições, fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz...

Eu nunca poderia esperar... Agora estou deitada na rua e ouvi o policia dizer: 'O rapaz que causou este acidente estava bêbado’. Mãe, a voz parecia tão distante... O meu sangue está por todo o lado e eu estou a tentar com todas as minhas forças não chorar... Posso ouvir os paramédicos dizerem: 'A rapariga vai morrer'... Tenho a certeza de que o rapaz não tinha a menor ideia, enquanto ele estava a toda velocidade, afinal, ele decidiu beber e conduzir!! E agora eu tenho que morrer. Então... Porque é que as pessoas fazem isso, mãe? Sabendo que isto vai arruinar vidas? A dor está a cortar-me como uma centena de facas afiadas.

Diz à minha irmã para não ficar assustada, mãe, diz ao pai que ele tem que ser forte. Quando eu partir, escreva 'Menina do Pai' na minha sepultura...

Alguém deveria ter dito àquele rapaz que é errado beber e conduzir. Talvez, se os pais dele o tivessem avisado, eu ainda estivesse viva...

Minha respiração está a ficar mais fraca mãe, e estou a ficar realmente com medo. Estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada... Gostaria que tu pudesses abarcar-me mãe, enquanto estou aqui esticada a morrer, gostaria de poder dizer que te amo mãe...

Então... Amo-te
Adeus...'

OBSERVAÇÃO: Estas palavras foram escritas por um repórter que presenciou o acidente. A jovem, enquanto agonizava, ia dizendo as palavras e o jornalista ia anotando... Muito chocado, este jornalista iniciou uma campanha.

Depois de leres estas palavras divulga-as a todos os teus contactos, amigos, colegas conhecidos, pois esta será uma boa forma de consciencializar um grande número de pessoas; fazendo com que a tua vida, Reduzindo a hipótese de a tua vida CORRER PERIGO!!!!!!!!!!!

Com este pequeno gesto podes marcar a diferença. Não deixes de divulgar.

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Ciência económica ultrapassada pela realidade

Não resisto à tentação de transcrever para aqui um artigo de opinião do DN que coloca em evidência o facto de os teóricos criarem fantasias irreais, isoladas daquilo que acontece no terreno, ao ponto de não conseguirem vislumbrar o que se passa, os efeitos dos actos reais, de não saberem como evitar crises e, o que é mais espantoso, depois da crise rebentar, serem incapazes de explicar o que ocorreu e concluírem como evitar novos casos. Parece que o mundo está perante excesso de teorias balofas, incompetências, arrogâncias, desleixos, incapacidades, superabundância de palavras vazias. Quem nos poderá salvar do Apocalipse? Em quem podemos acreditar?

A 'salvação' do capitalismo

Pedro Lomba, Jurista - pedro.lomba@eui.eu

Há aquele conto de Tchekhov sobre a mulher que tinha deixado de ter opiniões. Qualquer coisa, podia ser a chuva ou um significado, e ela nada, já não tinha nada. Apática, esquecera tudo. Pois bem. Estava a crise financeira a disparar na América e os astrólogos a anunciarem que a bolha ia chegar à Europa, quando eu fui procurar opiniões. Aquilo que os simples não apreendem, os especialistas ensinam. Baseado neste princípio, atirei-me em busca de informação sobre a crise financeira.

Umas horas de leitura mostraram-me a incerteza dramática que rodeava os especialistas. Eles não sabiam muito bem. Eles não sabiam reconhecer sequer todas as zonas dos mercados de capitais que os afectavam. "Liquidity puts" - quem é que já ouviu falar nisto? Eu não. Um executivo do Citigroup entrevistado para a New Yorker, também não, embora o banco estivesse exposto aos efeitos. E economistas de topo do Lehman Brothers, o mítico banco de investimento que faliu há dias, também confessavam que muitos contratos financeiros que estavam a fazer estragos no mercado, eram-lhes desconhecidos. De súbito, as instituições financeiras passaram a defrontar-se com um mercado complexo que não conheciam integralmente e cujos riscos não sabiam avaliar. Por isso, não tinham opiniões seguras.

Os ideólogos de serviço, que sempre aparecem nas crises só para poderem dizer - vêem como eu tinha razão - aproveitam para aquilo de que gostam mais: a distribuição de culpas. Mas também hesitam: o problema é do capitalismo financeiro global que mostrou aqui a sua face, obrigando a Reserva Federal Americana a duas intervenções drásticas: o resgate do Bear Sterns e, ontem, o controlo da seguradora AIG; dos bancos centrais que baixaram os juros para estimular o mercado imobiliário; dos bancos e instituições financeiras que, operando por sua conta e risco, apostaram na expansão do mercado imobiliário para facilitar o crédito; dos compradores que se entusiasmaram perigosamente e se endividaram para além do que podiam pagar.

Teorias da crise há para todos os gostos, umas contra os mercados, outras contra os consumidores, os bancos ou as autoridades reguladoras. Mas aqui surge, no entanto, uma dúvida: a actual crise financeira não é uma crise em que intervieram todos estes agentes, uns por acção, outros por omissão? Não é uma crise em que todos decidiram erradamente na mesma direcção, criando uma espiral de confiança fictícia?

Se é como de facto é, perceber esta crise implica perceber porque é que esta avalanche aconteceu e o que é que no futuro a pode evitar. Só não culpemos o capitalismo. O capitalismo sempre foi uma extraordinária máquina inventiva. Cresce, corrige-se e adapta-se. O pior agora é querermos salvar o capitalismo do capitalismo.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Enriquecimento rápido, genial!!!

Recebi por e-mail, com referências credíveis

O novo campeão brasileiro!
Todas as informações poderão ser confirmadas no Google. Pois já virou assunto mundial.

No Campeonato Sénior, no período de 07/05 a 10/05, para seleccionar os campeões da raça bovina NELORE, saiu CAMPEÃO o animal M296 – Café da Estância 2F, RGD: oba 43 – 32 meses – 1165 kg, da fazenda Fortaleza, Municipio Valparaiso – SP.
Era roprietário da Fazenda Fortaleza o Sr. José Carlos Prata Cunha

O Novo Mega CAMPEÃO do Brasil de enriquecimento súbito é o actual proprietário desta Fazenda. A Fazenda Fortaleza foi comprada e certificada em Cartório de Registo de Imóveis, passando a ser seu proprietário: Fábio Luis Lula da Silva
Propriedade: Fazenda na região de Valparaíso/SP. Preço: 47 milhões de reais

Para que não restem dúvidas:

Proprietário: Fábio Luis Lula da Silva
Isso mesmo o Lulinha, filho do Presidente Lula, que há 05 anos era subempregado do Zoológico em São Paulo, agora acabou de comprar a fazenda Fortaleza (de porteira fechada) localizada às margens da rodovia Marechal Rondon, município de Valparaíso-SP, que era propriedade do Sr. José Carlos Prata Cunha, um dos maiores produtores de bois Nelore do Brasil, pela simples bagatela de R$ 47.000.000,00 (quarenta e sete milhões de reais).

O impressionante nesta trajetória de sucesso e rara inteligência é que de um salário de R$ 1.500,00 passou a proprietário, de uma vez só, de um patrimônio de 47 Milhões. O que levaria 2.612 anos.

Veja só que competência. Logo depois de comprar, levou essa fazenda a ser a primeira a receber o Certificado de Exportação de carne para Europa.

Mas não fica só nisso a competência deste empreendedor de sucesso.
No Pará nas regiões de Redenção, Marabá e Carajás, ele comprou de Benedito Mutran Filho, herdeiro do conhecido Bené Mutran (homen forte da castanha) várias fazendas totalizando R$ 100.000.000,00 isso mesmo. Cem milhões de reais.

Tem como sócios no negócio: Duda Mendonça e Daniel Dantas.
Como o Toque de Midas da Fazenda Certificada, agora já existe um projeto para dividir o Estado do Pará e criar o Estado dos Carajás.
Pode-se pensar o que se quiser, eu acredito na capacidade, criatividade, coragem e inteligência deste grande empreendedor!!!

PS: Também sempre acreditei em Papai-Noel, Coelhinho da Páscoa, Bicho-Papão, Mula sem cabeça, Saci Pererê, no Superman, Batman, que a Rogéria é mulher... Enfim, que Deus é brasileiro !

NOTA: Não vejo motivo para tanto espanto!!! Casos de «capacidade, criatividade, coragem, inteligência e êxito de gestão» como este deverá haver muitos por todo o terceiro mundo, incluindo Portugal. Não esqueçamos as preocupações de João Cravinho quando quis combater o enriquecimento ilegítimo. Devemos acreditar nele porque sabe muito!

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segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O ensino é mais complexo do que os políticos pensam

Depois do post «Reagir pela positiva» e de outros anteriores, deparei hoje, dia da abertura das aulas, com dois textos interessantes que ajudam a melhor compreender o problema e a forma como este está a ser encarado pelos políticos.

O milagre socrático na educação

Sofia Barrocas
Em Global Notícias 080915. Editora-executiva da ‘Notícias Magazine’

Milhares de estudantes e professores começam hoje um novo ano escolar que o Governo gostaria que deixasse uma imagem de idílico: alunos “de ponta” especializados em informática graças à distribuição dos Magalhães a custo reduzido, crianças bilingues devido à introdução do Inglês curricular nos primeiros anos, adolescentes esclarecidos mercê das novas aulas de Saúde agora com a componente de Educação Sexual, melhoras espectaculares nos resultados dos exames nacionais de Português e Matemática convenientemente “almofadados” pelas provas intercalares que dão a medida do saber (?) dos alunos e permitem a elaboração de enunciados finais “à medida” para o sucesso escolar que se pretende.
Um verdadeiro “milagre socrático” na Educação que, infelizmente, deixa a sensação de não ter tradução na vida real das escolas.

Políticos inspiram-se na 3.ª classe

Isabel Stilwell
Destak . Editorial 15 | 09 | 2008

Esta mania de inventar o que já foi inventado, pondo-lhe um nome novo é um tique nacional insuportável. Com a agravante de que a recriação é geralmente pior do que o original. Foi a conclusão a que cheguei ao (re)ler o Livro de Leitura da 3.ª Classe, agora reeditado. Nele existe matéria-prima para todos os discursos e declarações dos nossos políticos. Não resisto a dar algumas sugestões.
Cavaco Silva, por exemplo, tinha poupado esforço se, na visita ao Douro, se tivesse limitado a citar o texto da pág. 5: «É nossa Pátria todo o território sagrado que D. Afonso Henriques começou a talhar para a Nação Portuguesa, que tantos heróis defenderam com o seu sangue ou alagaram com sacrifício de suas vidas (...) Na Pátria estão os campos de ricas searas, os prados verdejantes, os bosques sombreados, as vinhas de cachos negros, os montes com as suas capelinhas votativas.»
José Sócrates, por seu lado, só tinha vantagem em usar o texto da pág. 161; «Com o Estado Novo (alterar para "o Governo socialista") abriu-se uma época de prosperidade e de grandeza. Começámos a ter dinheiro para todas as despesas do Estado (...) Os nossos campos foram mais bem cultivados. A nossa indústria tornou-se próspera, desenvolveu-se o comércio. Repararam-se as estradas. (...) Levou-se o telégrafo e o telefone (substituir por "o Magalhães") a muitas localidades (...). Construíram-se escolas, e hão-de construir-se as que forem precisas (...).» Depois de uma pausa, deixar cair a bomba: «agora os patrões e os operários entraram em boas relações e passaram a estimar-se e a auxiliar-se uns aos outros.»
Santana Lopes, que pondera candidatar-se a Lisboa, devia fazer uso do programa eleitoral descrito na pág. 130: «Os benefícios de que precisamos, tais como a protecção à escola, o arranjo das estradas e caminhos, a abertura de fontes e a construção de lavadouros, só podem conseguir-se (...) por pessoas aqui nascidas e criadas que tenham amor a tudo o que é nosso (...).» Convém que termine dizendo que, como o pai do Rui, o menino da história, todos os bons cidadãos «aceitam com a maior boa vontade os incómodos e sacrifícios, para que o País possa ser bem administrado». Esta, aliás, dava jeito a todos!

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Flávia vivendo em coma


Para que seja feita justiça no caso de que Flávia está sendo vítima e, pelos cuidados de que necessita, a sua mãe Odele Sousa, não posso deixar de aderir a esta acção colectiva, embora não seja usual, isto acontecer neste blog.
Desejo que o assunto tenha um rápido desfecho e que a Flávia recupere totalmente a sua saúde.

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domingo, 14 de setembro de 2008

Reagir pela positiva

Quando escrevi o original destas linhas estava privado de computador, dessa máquina que muito tem facilitado a vida moderna, embora, ao contrário do que muitos possam pensar não substitui a nossa capacidade mental. Utilizei papel usado em sintonia com a teoria dos quatro erres dos ecologistas – reduzir, reparar, reutilizar e reciclar – aplicável a lixos e desperdícios. E exercitei a memória recordando alguns dos textos que tenho publicado nos blogues. A nossa memória é mais fácil do que a do PC, não necessitando de formalidades para abrir ficheiros e manusear o rato. Mas nem sempre é rigorosa, fácil em pronta.

Mas nada me leva a discordar da ideia de que o Magalhães não cria génios, mas as crianças geniais serão muito beneficiadas pela sua utilização adequada. Se agora, sem ele, o êxito escolar» estimado através da redução de «retenções» vulgo chumbos, aumentou muito, daqui por um ano, na propaganda governamental, Portugal vai transformar-se num alfobre de génios! As grandes potências mundiais que se cuidem!

Acerca da importância do computador, recordo uma história interessante.

No Silicon Valley, a Microsoft, nas suas vastas instalações, com inúmeras casas de banho, começou a ter problemas com as canalizações e decidiu contratar um funcionário que seria encarregado da manutenção de todas as instalações e do accionamento das necessárias reparações. Como na América é costume não preencher lugares com base em amizades e cunhas, foi aberto concurso. Como o trabalho não era muito aliciante não houve muitos interessados a e a admissão assentou principalmente na entrevista com o gestor de recursos humanos.

John Foster era um dos concorrentes. Tinha trabalhado numa pequena firma que encerrou e estava a passar dias preocupantes para sustentar a mulher e os dois filhos pequenos. Estava muito interessado no emprego e as suas capacidades e vontade de cumprir foram bem notadas pelo entrevistador que, depois de lhe explicar tudo o que se pretendia e ouvir o John, disse-lhe:

Tens condições para ser admitido, em princípio serás nosso colaborador e começarás a trabalhar na próxima segunda-feira, para isso deixa-me o teu endereço de e-mail a fim de te comunicar a decisão do departamento e o início da entrada ao nosso serviço.

O John, com sinceridade e um pouco de timidez, respondeu:
-Mas eu não tenho e-mail.
-Não tens e-mail? Então não pode ser nada, porque os nossos procedimentos regulamentares passam por te enviar uma mensagem por e-mail a confirmar a decisão do departamento. Paciência, iremos escolher outro concorrente.

O John, que já estava a ver a sua vida melhorada com um emprego garantido numa empresa sólida, ficou abatido, saiu cabisbaixo a pensar no que iria fazer para resolver o problema da subsistência da família.

Ia pelo passeio a cismar, quase chocando com os outros transeuntes, quando passou em frente de uma frutaria. O estômago, a dar horas, fê-lo olhar para a fruta exposta. Uma caixa de bananas custava 10 dólares. Mexeu nos bolsos è procura de moedas e encontrou essa importância que era quase tudo o que levava. Decidiu comprar a caixa, que enganaria a fome da família durante um ou dois dias.

Mas, mais à frente, para descansar os braços, parou e pousou a caixa na beira do passeio. Casualmente, uma velhinha que passava perguntou a quanto estava a vender as bananas. Embora não tivesse pensado em tal negócio disse um pequeno valor em cêntimos e a velhinha comprou-lhe duas bananas. Depois apareceram mais compradores. No fim tinha no bolso 20 dólares. Voltou a trás e comprou outra caixa.

Teve a noção de que algo estava a iniciar-se. Passados poucos meses, tinha uma frutaria, depois, mais outra, criando uma rede de lojas e adquirindo uma camioneta para ir buscar abastecimento e distribui-lo pelas lojas. E a conta que entretanto abriu no banco ia crescendo sem ele ter bem a noção de quanto isso representava.

Um dia, o gerente do banco telefonou-lhe a pedir para aparecer por lá na agência porque precisava de lhe falar. O John não fazia a mínima ideia do motivo de tal pedido e aproveitou um intervalo nos seus movimentos para comparecer. Foi muito bem recebido pelo gerente que lhe disse ter pedido este encontro porque ele tinha um saldo exageradamente elevado na conta à ordem e era conveniente aplicar esse dinheiro de forma mais rentável. Apercebeu-se das fracas habilitações literárias do John e propôs-se ajudá-lo, ia estudar com mais pormenor a situação e procurar uma boa solução e depois comunicar-lhe-ia por e-mail.

- Qual é o seu endereço de e-mail?
- Não tenho e-mail.
- Oh John, se o Sr. sem ter e-mail consegue possuir uma cadeia de lojas com muito êxito e amontoou uma fortuna muito considerável, o que você seria se tivesse e-mail!
- Se tivesse e-mail seria apenas desentupidor de retretes da Microsoft.

EM CONCLUSÃO: Não será o Magalhães que criará génios que criem um futuro brilhante para Portugal. As crianças que o utilizarem poderão não passar de desentupidores de retretes. A não ser que, comprem e vendam uma caixa fruta!

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