domingo, 12 de agosto de 2007

País pobre e fanfarrão

Há dias falou-se da diferença entre os salários mais altos e os mais baixos, como indicador da injustiça social na distribuição da riqueza, criador de mal-estar preocupante. Hoje, chegam notícias da ostentação de riqueza dos nossos políticos em relação a homónimos dos países nossos parceiros.

Par começar, surgem duas perguntas:
1.Nicolas Sarkozy, o presidente da distinta França em que o Produto Nacional Bruto (PND) per capita é mais de 2,5 vezes o de Portugal, ganha mais todos os meses que o nosso chefe de Estado?
2. Os deputados da vizinha Espanha em que o PNB per capita é 1,5 vezes o de Portugal e que nos bate aos pontos em crescimento económico, têm direito a salários mais fortes que os seus colegas portugueses?
Pense duas vezes antes de responder, porque a resposta não é de todo evidente.

A diferença não ultrapassará os 700 euros, mas o vencimento de Cavaco Silva ultrapassa o do seu homólogo francês, mesmo tendo este funções executivas. E também os deputados portugueses batem os espanhóis, em termos de ordenado base, por cerca de 600 euros. Quanto a demais benesses e ajudas de custo nem vale a pena compará-las existem em todos os países.

E quanto a salários mínimos nacionais? Nisto nem vale a pena falar!

E, entretanto, ouve-se as pessoas exclamarem «Já viste o que ganham os deputados? E a Assembleia da República sempre vazia!». Por outro lado, enquanto lá fora a riqueza e as condições médias de vida são cada vez melhores, por cá, os políticos apesar de usufruírem das regalias dos maiores, mandam o povo apertar o cinto sem prazo definido.

Até poderiam ganhar mais se tal fosse justificado pelo que fazem e se o seu labor pudesse ser devidamente apreciado de forma positiva pelos contribuintes, o que poderia fazer o nosso sistema ter condições para funcionar melhor, em vez de criar défice, por má gestão dos recursos públicos em obras pomposas e de ostentação.

Para melhor conhecimento do tema poderá ser lido:

Cavaco ganha mais que Sarkozy e deputados batem espanhóis
Os salários dos políticos

6 comentários:

C Valente disse...

O expresso de sabado vem indicado alguns salarios dos primeiros ministro, cuitado do nosso ganha pouco, mas veja-se os salarios minimos, sem regalias nem mordomias
Tudo demagogia
Saudações amigas

A. João Soares disse...

Caro C. Valente,
É muito sensata a sua referência ao salário mínimo. Já há muito que venho sugerindo que sempre que se falar de salários elevados (mais de 5 salários mínimos) deve dizer-se a quantos salários mínimos correspondem.
E se forem indicados esses números, chegaremos à conclusão de que os nossos políticos ganham escandalosamente mais do que todos os outros de países civilizados.
Abraço

Anónimo disse...

Aqui lhe deixo este pensamento caro João Soares.

Com um abraço:

"Há quem procure lugares de retiro no campo, na praia, na montanha; e acontece-te também desejar estas coisas em grau subido. Mas tudo isto revela uma grande simplicidade de espírito, porque podemos, sempre que assim o quisermos, encontrar retiro em nós mesmos.
Em parte alguma se encontra lugar mais tranquilo, mais isento de arruídos, que na alma, sobretudo quando se tem dentro dela aqueles bens sobre que basta inclinar-se para que logo se recobre toda a liberdade de espírito, e por liberdade de espírito, outra coisa não quero dizer que o estado de uma alma bem ordenada.
Assegura-te constantemente um tal retiro e renova-te nele. Nele encontrarás essas máximas concisas e essenciais; uma vez encontradas dissolverão o tédio e logo te hão-de restituir curado de irritações ao ambiente a que regressas".

Marco Aurélio (Imperador Romano), in "Pensamentos"

Jorge P. Guedes disse...

Amigo, ainda se os sinais de riqueza viessem apenas dos políticos de algibeira que temos...

um abraço

A. João Soares disse...

Nisto como em todos os casos de ordenados elevados devem estes ser referidos na sua correspondência a salários mínimos nacionais.
Hoje ouvi num rádio que os salários cá são em média inferiores 40% aos médios da UE. Isto retira lógica à comparação fria dos ordenados dos políticos aos dos outros países.
Quanto aos da actividade privada, o caso não é tão grave, porque não está em jogo o dinheiro público, e os patrões, capitalistas, ávidos de lucros, não darão a quem não merece. A não ser quando se trata de empresas com capitais públicos onde estão dependurados «boys» e «girls» da família política.
Abraços

A. João Soares disse...

Será que somos uma grande potência económica? Segundo o DN de 16Ago, Sócrates ganha mais do que Vladimir Putin (Rússia) e do que Hu Jintao (China).
Uma glória para Portugal, onde o salário médio e 40% da média da Europa dos 15.
Dá para pensar!