Quando se escreve ou, por qualquer outra forma, se emite uma opinião, é impossível agradar a todos e qualquer preocupação nesse sentido seria castrante e distorceria o discurso. E, quando se chama a atenção das pessoas para um caso de cariz mais ou menos político que mereça reflexão, aparece alguém, por exemplo o «cenoura» ou «laranja» autor dum comentário a um post que não consegue ver o mundo senão através da óptica partidária, com uns antolhos adequados, mas que não se inibe de arrogância facciosa.
Depois, ou caluniam que é rosa-vermelho, ou fascista de extrema-direita, ou «xuxalista», ou comuna. Parece um fotógrafo de há 100 anos que apenas sabia trabalhar com fotografias a preto e branco. Mas, mesmo esses, eram mais hábeis e artistas pois aceitavam o cinzento mais ou menos escuro, em múltiplas tonalidades de luminosidade.
Pobre mundo esse, formatado em sistema binário, em que há muita gente a pensar em termos de sim ou não, de nós ou os diferentes, de preto ou branco, de cenoura ou os outros. Dessa forma, é impossível analisar a multiplicidade de tonalidades da humanidade ou até de uma sociedade de tão pequenas dimensões como a portuguesa. Um comentador que não sei se será cenoura ou laranja, acusou-me de não ser prático, mas ele ultrapassou a minha teoricidade, só que eu procuro não ser partidário e manter uma imparcialidade e isenção que permita ver o mundo a cores e não a preto e branco, em sistema de sim ou não, coisa que ele não consegue.
E essa estreiteza de raciocínios está na origem de todo o mal gerado pelas más decisões políticas. Por exemplo as decisões oníricas do ministro da Saúde e os seus frequentes recuos, em função das manifestações de populações e autarquias que não foram ouvidas com oportunidade.
Outro caso de obsessão legislativa arrogante vem sendo observado, ao longo de décadas, nas alterações do Código da estrada. Os acidentes continuam; a tragédia não pára. E, embora as leis existentes, se fossem cumpridas, evitariam essa sangria, os governantes decidem alterá-la agravando as multas e dificultando a vida às pessoas. Mas as novas leis também não são cumpridas e os resultados são a continuação da sinistralidade rodoviária.
Oxalá que os nossos anjos da guarda não nos abandonem completamente!
sábado, 26 de janeiro de 2008
Sociedade formatada no sistema binário!!!
Posted by
A. João Soares
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17:17
Labels: imparcialidade, inclusão, isenção, tonalidades
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2 comentários:
Todas as ideias expressas que se baseiem em raciocínios lógicos explicitados devem merecer o mesmo rigor de análise por parte do leitor. Só no final dessa leitura atenta este poderá saber se aproveita para si próprio algumas das reflexões lidas, ou não. O respeito por concepções diferentes parece-me um evidente sinal de maturidade e de cidadania.
Um abraço.
Jorge G
Esse respeito é essencial para materializarmos o conceito de liberdade. Não significa isso que concordemos com as ideias de todos, isso seria impossível. Mas será um bom exercício mental procurar analisar o que leva muita gente a agir de forma diferente da nossa. Por exemplo o terrorismo que, depois de dar a volta, passa a ser nacionalismo, patriotismo, independentismo, etc.
Um abraço
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