segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Diplomacia emperrada

Num texto no Blogue A Voz do Povo, Víctor Simões alerta para o pouco cuidado que as embaixadas e seus serviços dedicam à protecção da defesa dos nossos emigrantes, aqueles cujas remessas representavam, há poucos anos, uma grande fatia do nosso PIB e um factor muito considerável do equilíbrio da nossa balança de pagamentos. Cita concretamente o caso de António Marques, ex-trabalhador temporário na Suíça, que foi vítima de negligência médica que o incapacitou definitivamente para o trabalho, foi reformado por esse motivo e também forçado a sair da Suíça por ser trabalhador sazonal, como o próprio conta no JN de 19-11-2006 na pág. 5, e refere também o caso dos trabalhadores na Holanda que apresentou uma sombra negra no bom nome de Portugal e da sua diplomacia.

Os nossos emigrantes merecem e precisam ser apoiados. É necessário que os serviços do Estado melhorem a sua eficiência e, para isso, é indispensável chamar a atenção para o que está mal. Já é tempo de acabar com a diplomacia do copo e do croquete. As actividades dos diplomatas que lhes ocupam mais tempo são as festarolas, aqui e ali, de copo numa mão e o croquete na outra. Recorde-se, por exemplo, a tardia e pouco eficiente acção da nossa embaixada no SE asiático por altura do tsunami.

Mas, quando os casos são cobertos pela comunicação social, tudo muda de figura. Os actores gostam de ser aplaudidos e das luzes da ribalta. Uma jornalista foi evacuada do Iraque, no início da guerra, em avião especial, uma jornalista que foi apanhado com droga num País do Golfo Pérsico, originou movimentações singulares por parte do ministro dos Negócios estrangeiros, com nítida ingerência no funcionamento da Justiça daquele Estado. É útil ao País, é um serviço público denunciar aquilo que está mal, na esperança de que a diplomacia se lubrifique e deixe de estar emperrada.

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