sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

SALAZAR ALVO DO ÓDIO DE FACCIOSOS COM AMARRAS

Salazar alvo do ódio de facciosos com amarras

A História, como qualquer ciência, exige competência, dedicação e honestidade, não devendo ser citada em defesa ou apoio de afirmações tendenciosas, por deturpação ou omissão em benefício de propaganda enganosa. Sem dúvida, que os denominados «factos históricos» estão sujeitos às mais diversas interpretações como é do conhecimento geral daqueles que abordam os temas relacionados com a conquista de Portugal aos mouros, os descobrimentos, os diversos incidentes internos, etc. Mas tudo tem limites de tolerância devidos a condições de pesquisa, ao achamento de novos dados, à competências dos investigadores, etc. A perfeição não é um dom comum. Não é edificante que, para esmagar um ilustre português do século passado, se coloquem num post, apenas os aspectos mais negativos ocorridos durante a sua vigência, perpetrados pelos serviços secretos, como se aí residisse a acção mais significativa de governante. Aliás, violência das polícias têm ocorrido com frequência maior do que o desejado desde o 25 de Abril.

E, pior do que isso, veio no dia seguinte, no mesmo blogue, à imagem do papagaio ou do macaco de imitação, outro post com conteúdo semelhante, senão igual. Para quê a repetição? Não parece ter sido por distracção. Talvez tenha sido pretendido o efeito de repetição próprio da propaganda e da lavagem ao cérebro que diz que uma mentira repetida muitas vezes acaba por ser aceite como verdade? Ou será uma manifestação de competitividade para valorizar a avaliação do respectivos mandantes? As eternas dúvidas de quem gosta de compreender!

Mas a realidade mostra que esse insigne governante, afinal, foi um mau aprendiz se comparado com Estaline, Mao Tse Tung e muitos outros seus contemporâneos. E para além dos defeitos que lhe apontam, não teria nada de bom? E, então, o que leva este «estúpido» povo a votar nele? E quem será o povo estúpido?

Ando a dar tratos de polé à memória a comparar aquilo que se diz com aquilo que vi e vivi desde 1934. Fico muito confuso com as intenções deste «povo» que se diz «sem amarras».
O que é que leva tanta gente a ter saudades dos velhos tempos, como se ouve nos transportes públicos, nas filas de espera das lojas do cidadão, etc., e o que leva uns quantos a dizer só mal? Gostaria de chegar a compreender estes enigmas.

Em minha opinião, várias vezes expressa no blogue A Voz do Povo, uma análise honesta deve mostrar todos os lados do problema, não apenas uma parte tendenciosamente separada do conjunto. Dados históricos merecem muita confiança (embora não toda) mas faltou também dizer algo de positivo, e houve muito, como a recuperação do País da situação caótica em que se encontrava em 1926, o esforço na escolarização, estando hoje a ser fechadas muitas escolas, tantas elas eram. Embora não fosse ainda a moda das auto-estradas e houvesse poucos carros, a rede estradal estava a ser melhorada. O distrito de Viseu, apesar das montanhas possuía uma boa rede, não havia ninguém a dormir nas ruas, pois havia albergues distritais e a sopa do Sidónio, havia a Mocidade Portuguesa em que, além de desportos, se aprendia grande quantidade de matérias de cultura, arte e utilidade prática (primeiros socorros, jornalismo, artes e ofícios) e, principalmente, era uma sã ocupação dos tempos livres (hoje, há a prostituição, a droga e a criminalidade juvenil, como ocupação de estudantes nas horas de ócio). As escolas técnicas preparavam pessoas para o comércio, secretariado, industria. A habilidade negocial, o amor à Pátria e o prestígio internacional do governo permitiram que Portugal não sofresse os horrores da II Guerra Mundial.

Talvez, nos conceitos actuais e vistas as coisas à distância de mais de meio século, não devesse recusar o auxilio americano para a reconstrução do pós-guerra, mas ele tinha vontade de evitar a dependência da grande potência mundial, e de manter o império que herdou dos antepassados. Um erro foi não ter percebido a volta que, após a guerra, o Mundo deu quanto à descolonização e ter teimado no «orgulhosamente sós» e na vaidade e ilusão de «lutar contra os irreversíveis ventos da história». Mas o erro mais grave (como agora está provado) foi o da economia doméstica que o levou a amontoar toneladas de ouro que não beneficiaram o bem-estar do povo e, o que é pior, serviram aos governos do PREC e do PRAEC, para esbanjarem, sem escrúpulos nem honestidade, esse pesado pecúlio, de que hoje já resta muito pouco. Hoje os políticos enriquecem ilegitimamente, como se deduz das propostas de Cravinho, mas o Homem citado nos textos aqui referidos, viveu estoicamente e morreu pobre.

Enfim, há muito de mau e de bom a dizer, e é pena que alguém se preocupe apenas com um lado e não com os outros. Isso é técnica de mau analista, ou de propagandista, de vendedor de banha da cobra, mas não de um comunicador de informação, de um divulgador de conhecimentos isento, imparcial e descomprometido. Com pessoas assim, nada de sério e verdadeiro se aprende, porque a verdade não pode ser fragmentada, é global. É preciso situar os factos nas suas circunstâncias.

Bater repetidamente com a testa na parede, raramente é solução, na vida prática. Em arte, é raro conseguir beleza com um quadro monocromático. Nos problemas sociais, também devemos conjugar todos os tons, sem exclusões, criando harmonias que fortaleçam, fazendo análises imparciais e completas sem colocar a «verdade» de uns factos e ignorar tendenciosamente outras verdades merecedoras de destaque. Não parece sensato gastar energias em confrontos desnecessários e inúteis e em intoxicações ideológicas com meias verdades e deformações torpes, com propagandas vesgas embora com roupagens de cor histórica mas que nada têm a ver com a VERDADE histórica, completa, honesta, isenta, imparcial.

Não parece que um blogue que pretende ser um espaço para emitir opiniões sem amarras, seja utilizado com tal intenção de propaganda, com o interesse não confessado de influenciar o cérebro dos outros, o que é caricatamente explícito com a repetição na mesma lista em dias seguidos. Até já é utilizado o blogue para publicidade comercial gratuita da venda de livros.

Talvez um dos maiores males do antigo regime se devesse, como agora, ao facto de muitos dos portugueses (até aqui, se encontram entre os contributors da Voz do Povo sem amarras) estarem mais preocupados com a incompetência, negligência e prepotência dos governantes americanos do que com os nossos, a quem tudo desculpam e de quem tudo aceitam. Essa auto-resignação originou os exageros de então e justifica os de hoje, com consequências imprevisíveis.

Não imito ninguém, recusando a continuação da minha colaboração, pois a qualidade de contributor mais antigo, como tem afirmado o Amigo Víctor Simões, dá-me responsabilidades (!). Embora, por vezes, um pouco desmotivado, continuarei a participar, consciente de que as minhas ideias livres , descomprometidas, verdadeiramente sem amarras, sejam repelidas por alguns contributors como se fossem fortes pedradas no crânio que, pelos vistos, os deixam sem voz para as comentar. Quem não deve não teme, e não tenho que prestar contas a ninguém mais do que a mim próprio.

Sugiro a leitura dos seguintes dois textos além de muitos comentários em que defendi a honestidade da informação isenta e sem amarras.

1. 061014, em A voz do povo. Salazar. Amá-lo ou odiá-lo. Mas conscientemente,

2. 070220, em Do Mirante. Crítica credível tem que ser isenta

1 comentário:

Anónimo disse...

A História amigo João Soares tem vários prismas e deve ser analizada com isenção e no global.

Como já comentei e o amigo fez o favor de dar destaque aos comments colocados na Voz do Povo, aqui deixo uma carta aos jornais que não tiveram tomates de publicar:

----------Carta à Maria Elisa





Efectivamente o Salazar teve o seu tempo. Tempo em que países se degladiaram numa guerra mundial e nós escapámos. Tempo em que os europeus se viram a braços após a II Guerra com as guerrilhas de África, todos eles. Não fomos só nós que tivemos uma guerra colonial. Tempo em que vários países na europa ocidental e oriental viviam em ditaduras bem piores. Pergunto-lhe; a nossa durou muitos anos, mas não foi a mais suave? Aqui ao lado a guerra civil espanhola foi terrível. Na europa morreram dezenas de milhões de pessoas e em Portugal não. É claro que eram outros tempos, tal como daqui a umas décadas (já para lá caminhamos) o povo de então dirá o que pensa deste nosso regime actual!...Salazar é um Português, tal como Cunhal. Respeito as convicções dos dois, mas Salazar viveu Potugal, não viveu para enriquecimento pessoal nem fugiu para um tacho na UE combinado entre Bush, Blair e Aznar,com o mestre de cerimónias que fez as honras da casa no arranque para a guerra do IRAQUE, ficou com garantias e um empurrão para ir para tal local. Interessava um indivíduo fraco, vaidoso e submisso na presidência europeia!Assim foi.Cunhal era a imagem da esperança no 25 de Abril de 1974, deitou tudo a perder, com o seu totalitarismo, a ditadura comunista que pretendeu implantar. Até Mário Soares teve que fugir para o Porto no 25 de Novembro75.A época gonçalvista foi um caos. Ninguém fala "Cunhal nunca mais",porquê? Esqueceram-se do verão quente?
Quando Cunhal apoiou a invasão da Checoslováquia pelos "Socialistas Soviéticos" demonstrou mais uma vez o seu grau ditatorial e de dependência em relação ao comunismo!Salazar cometeu o erro de ficar demasiados anos no poder depois de ter salvo a Pátria da derrocada financeira.Devia ter aberto a auto-determinação com segurança aos portugueses, em conjunto com os povos africanos, nos territórios ultramarinos. Ninguém fala da sua luta anti-americana, não cedendo nunca a interesses estrangeiros.Ninguém diz que Salazar temia a entrada dos regimes comunistas nos hoje Palops africanos. Assim aconteceu muito depois da sua morte.Nada é linear! Não podemos dizer que Salazar foi um ditador "cruel" sem o situar na época e comparar-mos aos outros países naquela época. Ele morreu há 40 anos, sem luxos e riquezas pessoais, por isso o acusam de provinciano. Mas o país afunda-se neste regime que todos dizem de liberdade, cheio de cosmopolitas!Não há liberdade sem segurança, sem educação e formação, sem crescimento económico.Assistimos ao crescimento "económico" de alguns ditos "democratas" , contrariando o estado do país!Bem, quero-lhe dizer que se ainda não entendeu e como vê com diálogo saudável, consigo expor o que penso, o pior é quando alguns "so querem ler e ouvir o que escrevem"!Sobre o General sem medo, sei de alguns episódios de vaidosismo e do seu carácter pessoal que para já não conto...ficará para outra altura, mas tinha muitos rabos de palha. Como "investigadora" deverá informar-se!Mas lembro a frase que os portugueses recordam-"Salazar?Obviamente demito-o!"Diga isso hoje, em democracia para ver quem anda permanentemente a trás de si!..Veja o caso do Putin e daquele ex-espião em Londres.Da jornalista...Mudam os donos da cadeira, a música toca e o povo dança...
DrªMaria Elisa, o documentário da RTP do seu programa, sobre Álvaro Cunhal fez duas funções proclamar Cunhal e denegrir o mais possível Salazar!
Não sou salazarista, mas procuro ser o mais independente possível.
Não podemos é branquear um, escurecendo outro.

http://aromasdeportugal.blogspot.com

Abraço

Mário Relvas