A Internet, quando bem utilizada, pode servir para melhorar as condições de vida das pessoas, principalmente através do efeito de palavras amigas e de incentivo.
Há cerca de um mês, apareceu num post meu um comentário um tanto enigmático e fui retribuir a visita ao blog do comentador, tendo ali encontrado uns posts que denunciavam uma alma em crise e desequilíbrio, com uns comentários de amizade e apaziguamento de uma visitadora. Como tinha tempo disponível quis deixar umas palavras mas não sabia se aquilo eram desabafos de uma situação crítica ou apenas exercícios de escrita, aliás, de boa qualidade literária e boa expressão de ideias coerentes.
Mais tarde, há poucos dias, foi-me chamada a atenção para um novo post nesse blog em que o autor mostrava uma situação que mais parecia a despedida de um suicida e citava o meu nome agradecendo a minha ajuda e compreensão. Não hesitei em deixar logo ali as melhores palavras de apoio e de sugestão que me surgiram.
Apareceu um novo post mais sereno mas que mostrava ainda uma instabilidade que necessitava ser cuidada. Lá deixei novo comentário e recebi um e-mail a agradecer, o que me levou a colocar mais um comentário.
Como esses meus textos são públicos, ao alcance dos visitantes do blog, de que não cito o nome para não criar dificuldades ao seu autor, não é indiscrição dar-lhes aqui maior visibilidade com duas intenções: poderem ser considerados interessantes para pessoas em situação de crise semelhante e, por outro lado, para congregarem apoios de leitores que tragam novas palavras úteis para complementarem as minhas, escritas espontaneamente, tornando de maior utilidade.
Seguem-se os referidos comentários:
Primeiro comentário (antigo)
Uma posição muito positiva. Força amigo.
A vida é luta. As dificuldades ajudam a fazer músculo, necessário para vencer na vida.
Depois de vencer uma tempestade temos a bonança, o prazer de mais uma vitória. E a certeza de lá mais à frente o próximo obstáculo ser mais fácil de vencer por já termos experiência e musculatura melhor preparada.
Um abraço
Segundo comentário
Caro B...
Obrigado pelas palavras que me dirigiste. Eu, talvez de forma diferente da tua, quero contribuir para que o mundo seja melhor. Não podes, não devemos, desistir.
Toda a gente tem momentos difíceis. Eles nos dão a força e a alegria de os ultrapassarmos. Os grandes cientistas de que tomaste conhecimento nos estudos não tiveram êxito logo no primeiro momento. Quantas dificuldades tiveram de vencer. Vencer significa ter lutado, não desistir, continuar.
Há uns tempos, nestes diálogos que mantenho com gosto nos blogs, concluí que, sem o saber concretamente, o meu ídolo é a água dos rios. Ela tem uma estratégia de vitória e cada momento é luta para vencer dificuldades. As rochas as montanhas que se interpõem entre ela e o mar, não a fazem parar, desistir. Se não pode continuar o caminho, contorna o obstáculo. Se este é incontornável, para, pensa, ganha força e depois ou derruba o obstáculo ou lhe passa por cima. Segue sempre o caminho mais fácil, o possível, mas que a leva ao seu objectivo que está longe, invisível. Não se contenta com os pequenos objectivos parcelares, nem desanima por não ver o resultado final da sua luta.
Meu caro amigo, os sábios não vão desaparecendo, ficam porque são persistentes, têm fôlego de maratonistas, não são pusilânimes e sabem que Roma e Pavia não se fizeram num dia. As grandes obras demoram tempo a serem concluídas. E melhorar o mundo não é tarefa para os próximos dias, é para ocupar a tua geração até ao fim e, depois, ser continuada pelos vindouros. Não se pode desanimar por não ver resultados imediatos.
Caro B..., dos fracos não reza a história. Coragem, a felicidade não é um tabu inatingível. Ela depende daquilo que temos à nossa volta e da forma como o contemplamos, o melhoramos e nos servimos dele. É uma interacção com humildade e a certeza de que queremos servir a humanidade, com generosidade, espírito de bem-fazer. Se alguém não te compreende, terás de explicar melhor ou esperar melhor oportunidade. Olha a água do rio!!!
Um abraço e felicidade
Terceiro comentário
Caro B...,
Ontem fiquei grandemente preocupado com a situação psíquica de um ser humano a quem atribuo valor como pessoa e bom português. Mas, agora com estas tuas confidências públicas, estou mais tranquilo e optimista.
Foi pena teres apagado alguns posts, porque mais tarde poderias apreciar o percurso das tuas preocupações e a evolução que deste à vida.
Viver é isto, porque a vida é como os alcatruzes da nora, ora está em cima ora em baixo. É preciso nunca perder a energia para não dificultar a recuperação. Agora estás apontado ao bom caminho e é preciso ponderares e avançares serenamente sem esmorecer.
A vida das pessoas e dos Países funciona entre duas baias limitadoras e condicionantes: o amor e o medo. O medo é destrutivo, corrosivo e fonte de conflitos de toda a ordem. O amor é motivador de momentos felizes, em todos os aspectos. Mas nada é linear e natural, as influências negativas aparecem ao dobrar de cada esquina e tudo exige permanente atenção e precaução, tal como a condução em que o volante está sempre a ser solicitado por forma a manter a trajectória correcta do percurso.
Todas as pessoas merecem o nosso respeito, mas todas têm virtudes e imperfeições, pelo que é conveniente mantê-las à distância adequada, umas devem estar longe de nós e, de certa forma, ignoradas, enquanto outras podem ser autorizadas a entrar na nossa bolha privada, no nosso casulo. Não é fácil este exercício de classificação, e as desilusões acontecem. Temos de lhes dar apenas o seu valor e não dramatizarmos uma coisa que é para esquecer.
É preciso ter coragem para limpar as gavetas e deitar fora o lixo. O saber popular é muito rico e aqui lembro-me do ditado «águas passadas não movem moinhos».
Felicito-te pela tua lucidez de espírito e desejo que ponhas na ordem as tuas emoções. Escreve. Escreve muito, mas positivamente, para alimentar a decisão que tomaste. Aceita o apoio da tua mãe, mas sê tu próprio naquilo que tens de melhor. Parabéns pela tua reflexão.
Um abraço e votos de felicidade
Quarto comentário
Caro B...,
Li o teu e-mail e o comentário que Paula Raposo (pelo carinho dela e por um teu post dedicado a tua mãe, penso serem a mesma pessoa), e fico satisfeito por ver que estás a usar a tua inteligência para controlar a emotividade.
Como dizes ter apreço pelas minhas palavras, permito-me acrescentar mais umas ideias aos meus últimos comentários com a convicção de que as tomarás ou não em consideração conforme achares conveniente. O problema é teu e terás que o resolver com inteira responsabilidade, mas sendo sempre útil reflectir nas ajudas que te surjam, principalmente de pessoas que não são parte no assunto e apenas seguem, digamos que uma vocação de bem fazer.
O uso que fiz de ditados populares e do exemplo da água pode deixar transparecer uma personalidade encanecida, presa a um passado já antiquado. Realmente pertenço a uma geração bastante tolhida pelo receio da extroversão e da abertura nas ideias e nas palavras, isto é, desconfiada. Mas prezo-me de não ser bem assim. Irreverente, sempre gostei de pôr tudo em causa e de procurar perceber os porquês das situações.
A tua intenção de «fechar para balanço», silenciar-se para meditação e só depois voltar a escrever, talvez não seja melhor solução.
A meditação tem inconvenientes, quando não é seguido um método adequado ou assistida por outra pessoa com preparação e experiência, e se começa a andar à roda, sem se encontrar a melhor saída, como um burro a puxar a nora. Além dos ditados e da água do rio, refiro agora uma lição muito mais moderna. Raramente olhamos à nossa volta e retemos lições valiosas de pequenas coisas. Quando um computador começa com falhas e nos torna difícil continuar a trabalhar, a melhor solução é parar, desligar e passados uns minutos, voltar a ligar.
Para ti, que agora decidiste desligar, julgo que é bom voltares a ligar à escrita, mas não te carpires olhando apenas para o umbigo. Experimenta, durante uns dias, escrever orientado para fora de ti, para o ambiente circundante, mantendo-te desligado, quanto possível, das tuas emotividades. A escrita para ti, que gostas e tens jeito, é uma terapia contra o stress emocional. Mas procura, durante uns tempos, escrever pela positiva (com amor e sem medo) sobre pormenores que observes durante o dia, apreciando o que há de melhor, procurando compreender os porquês, encarando as várias hipóteses de explicação do fenómeno e possíveis vias para melhorares aquilo que te circunda.
A conversa com os teus botões é de evitar porque te azeda o íntimo e te torna cada vez mais difícil a saída do labirinto para a luz da paz, do amor e da felicidade. Usa a inteligência para te desviares de emotividades que nada melhoram. Procura esquecer-te de ti próprio e apreciar o exterior com o máximo de isenção, compreensão, condescendência, amor e paz. Isso vai fazer-te melhor e, depois, passarás a ver por outro prisma os problemas que agora te perturbam.
Os outros têm direito a gerir a sua vida e a procurarem aquilo que consideram melhor, o direito de arriscar e errar. Não devemos ficar pelas críticas, mas, se possível, e eles quiserem, procurar ajudá-los. Para nós, da observação dos erros alheios, deve ficar a lição e o aumento da nossa sabedoria.
Desculpa a extensão, mas as palavras são como as cerejas...
Um abraço e melhores votos
CONCORRÊNCIA DESLEAL
Há 3 horas
8 comentários:
Todos os seus comentários têm sido de extrema importância. Este post é uma chamada de atenção para um qualquer drama que se passa aqui ao lado e nós nem nos apercebemos! Um abraço solidário.
Cara Paula,
Na actualidade, as pessoas vivem escravas do dinheiro e de outros recursos materiais que utilizam para ostentar riqueza, e desprezam o que é muito mais importante, os valores éticos, morais, que devem ser postos em prática no relacionamento com os outros. A esmola de uns euros, muitas vezes, não significa solidariedade e pouco resulta como ajuda, principalmente quando as pessoas estão mais necessitadas por lhes darem uma mão ou um ombro para arrimo ou uma palavra de conforto ou mesmo de crítica. Um grito de alerta pode salvar uma vida.
Mas andamos de olhos voltados para os nossos próprios interesses e pouco conseguimos ver dos outros que, muitas vezes, estão carentes de um gesto, de uma palavra da nossa parte. É por aí que a nossa solidariedade deve começar pela nossa atenção estar bem afinada e a acção ser oportuna, com a acutilância adequada, com a devida intensidade.
Agradeço o seu comentário.
Um abraço
Por maravilhosa coincidência recebi agora este texto muito adequado ao tema do post
DEFICIÊNCIAS
Mário Quintana
'Deficiente' é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
'Louco' é quem não procura ser feliz com o que possui.
'Cego' é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
'Surdo' é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
'Mudo' é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
'Paralítico' é quem não consegue andar na direcção daqueles que precisam de sua ajuda.
'Diabético' é quem não consegue ser doce.
'Anão' é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
' A amizade é um amor que nunca morre.
Olá amigo João. vim agradecer a sua visita ao meu "Diário". Entretanto o meu espaço mais sério é o "Grito", mas tal como voçê tenho blogs partilhados, é só ir ao perfil e escolher (risos). Pelo menos tem um no seu link de aqui perto de Canas que é Fornos de Algodres. Tem aqui um espaço de opinião bem estruturado e agora vou visitar os outros, irei colocar este seu espaço nos favoritos e a partir daqui tenho porta aberta para os outros. Um abraço e até breve...
Parabéns por mais um tema interessante.
Abraço
Efeneto e Mário Relvas,
Agradeço as vossas simpáticas palavras.
Este assunto não é ficção mas um caso real que desejo resulte bem. Se assim for como desejo, sentir-me-ei muito feliz por ter ajudado.
Abraços
Vim aqui com o propósito de me mostrar solidária com o comentário que fez no "Absolutamente Ninguém", e encontro um grande testemunho de verdadeira Solidariedade. Parabéns!
Cristina Ribeiro,
A vida será muito mais interessante se cada um procurar cultivar a solidariedade, mesmo que seja só um pouquinho de cada vez. As suas palavras são isso: simpatia.
Abraço
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