quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Dinheiro e Poder

Tornou-se vulgar ouvir dizer que ter dinheiro significa ter poder. É uma verdade indiscutível sabendo nós que numa sociedade neoliberal como a que se está a criar, tudo gira em torno do dinheiro e do lucro.

Há quem diga que o neoliberalismo pode conviver com uma sociedade com princípios e ética, contudo a prática vem desmentindo essa tese.

A crise no maior banco privado do país veio trazer à baila a ambição e a hipocrisia que grassa no sistema político nacional. Durante meses as autoridades de supervisão nada disseram, como nada se estivesse a passar, até que alguém decidiu falar alto e lá se mexeu no assunto. A ocasião escolhida, a quadra do Natal, não terá sido apenas uma coincidência, para muitos entendidos, porque quase todos concordam que nesta época o assunto não toma proporções que afectem mais profundamente os negócios da instituição.

Se os problemas do BCP, são apenas assuntos de gestão, a intromissão dos políticos nesta matéria começam a mostrar o que se suspeitava, e dizia à boca pequena, que existe uma grande promiscuidade entre o poder económico e o poder político. A guerra de palavras, com acusações mútuas, entre o PS e o PSD, sobre as personalidades que irão ficar à frente dos destinos do BCP e da CGD, deixa à vista de todos a luta pelo poder e o modo como esta se processa. Nunca como agora, tinham ficado tão claros os métodos utilizados por quem dirige os nossos partidos políticos.

Transcrição do blog Zé Povinho http://pinderico.blogspot.com/

14 comentários:

A. João Soares disse...

Transcrevo artigo do DN de j«hoje

Nada como o humor para moralizar
http://dn.sapo.pt/2007/12/27/opiniao/nada_como_o_humor_para_moralizar.html

Ferreira Fernandes

Sobre o caso BCP já percebi tudo. E não foi lendo o Diário Económico. Foi cotejando o noticiário do escândalo com livros de humor. Nestes, encontrei as frases adequadas para me ilustrar.
Assim, quando me interrogava sobre o significado do retorno de Jardim Gonçalves ao banco, com as consequências dramáticas que isso lhe trouxe, li a explicação em Bernard Shaw: "A maneira mais certa de arruinar um homem que não sabe gerir dinheiro é dar-lhe mais."
Quando me espantei por gente ligada ao Opus Dei ficar calada quando o seu bom nome era posto em causa, encontrei a resposta em Maurice Baring: "Se queres saber como Deus despreza o dinheiro, basta ver para quem Ele o dá."
E quando me perdi com as histórias de dinheiro mandado para paraísos fiscais e que voltava para compras fictícias que aumentavam o valor das acções do banco, salvou-me a definição de Northcote Parkinson: "Certos balanços de empresa deviam estar nas estantes de ficção."

Paula Raposo disse...

Tanto o post que li, como este artigo que aqui transcreves, estão muito bem analisados. Tudo isto me mete nojo. Beijos.

A. João Soares disse...

Paula,
A sociedade está podre. Estes actos são oriundos da situação em que nos encontramos e da apatia do povo que não reage, que continua a dar votos a listas de pessoas pouco honestas e nada competentes.
Nos dias que correm, é indispensável que se desconfie daquilo que nos querem «vender» e m´nos interroguemos daquilo que estará por trás. Tudo traz água no bico. Nada aparece por acaso.
Paula, continua com a tua poesia, muito filosófica e onírica, porque um dia as pessoas verão que há nela avisos, alertas muito didácticos.
Dizia um comentador de um destes posts ÀS ARMAS!!! como está no Hino Nacional. Devemos marcha«contra os canhões» actuais, aqueles que impedem a nossa modernização e desenvolvimento moral, ético, cultural, social e, também, económico. De preferência por esta ordem.
Beijos e votos de Bom 2008

Isamar disse...

E assim continuamos ad eternum. Acho que quem assim nasce, tarde ou nunca aprende. Inertes, conformistas, passivos...
Terá sido isto que herdámos do Fundador? Segundo me constava era exactamente o contrário.
Beijinhossss

A. João Soares disse...

Sophiamar,
Parece que o Fundador não era lusitano! Tinha capacidade para tomar decisões e enfrentar os adversários e teve a humildade de se rodear de conselheiros competentes e dedicados a Portugal, o que agora não acontece.
Como estamos em democracia, cabe a cada um de nós PENSAR naquilo que será bom para Portugal e procurar sensibilizar os outros para que JUNTOS SEJAMOS FORTES, para que sejamos novamente uma «Nação valente e imortal» «Às armas! contra os canhões marchar» E quem são os canhões que hoje impedem o nosso desenvolvimento e a qualidade de vida?
Ninguém tem o direito de ficar de braços cruzados e esperar que os outros se sacrifiquem para lhes colocar no regaço o «bolo-rei».
Abraço e votos de Bom Ano 2008

Anónimo disse...
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A. João Soares disse...

Mário Relvas,
Só é pena que este retrato que faz da realidade seja mesmo real, sem retoques, embora desagradável.
O que nos reserva o futuro?
Como dizia um humorista brasileiro: O que mais nos irá acontecer???
Abraço e votos de um Bom Ano 2008, tanto quanto possível.

Anónimo disse...
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A. João Soares disse...

Cao Mário Relvas,
Parece que o que falta ao País não são pessoas. Há por cá cerca de 10 milhões e temos de contar com todos, pois estamos em democracia. O que realmente falta são ideias honestas e coragem para as implementar. Nem é difícil ir buscar estratégias de desenvolvimento social, cultural e económico aos nossos parceiros da UE que ultimamente deram um grande salto em frente. Nada envergonha seguir os bons exemplos. O mal é que só têm seguido os piores exemplos, aqueles que lá fora têm sido postos de lado.
São precisas ideias e estratégias de desenvolvimento, é preciso fazer uma cura de emagrecimento na máquina do Estado que está gorda demais e cujos gastos e incompetência causaram o célebre défice que deu origem a sucessivos e escandalosos apertos de cinto aos cidadãos, mas as causas continuam intocáveis e agravaram-se. Para quê tantos assessores e tantos estudos encomendados aos amigos? Só servem para enriquecer a mafia que vive do orçamento sem fazer nada de útil para o País.
SÓCRATES, depois de limar algumas arestas, tem qualidades para ser um bom PM. Tem de ser menos vaidoso e menos submisso às pressões dos boys e pensar mais em função do bem do País. O Governo não ficará mal depois de correr com meia dúzia de ministros incapazes de raciocinarem em função dos interesses essenciais de Portugal.
Será bom preocuparem-se menos com as próximas eleições.
Ideias, estratégias, planos, olhos no País, isto é nas pessoas, é indispensável.
Sem isso, nada conseguirão a não ser aumentar o descontentamento lógico das pessoas que ainda pensam.
Abraço, Um Bom Ano Novo, na medida do possível

Anónimo disse...
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A. João Soares disse...

M Relvas,
É isso, com a certeza de que Portugal são os portugueses, é a população, que tem o direito a que os governantes lhe tragam mais bem estar, mais felicidade. Exemplos de bom desenvolvimento há muitos na UE. Mas os nossos «boys» apenas imitam o que não presta e já foi posto de lado nos países mais evoluídos.
Abraço

Anónimo disse...
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A. João Soares disse...

Caro Relvas,
Certamente que uma parte dos portugueses fica satisfeita, com a nomeação de Faria de Oliveira. Mas estou triste.
Para estes lugares só são convidados os que fazem ou fizeram parte dos políticos mais activos, os de um ou outro clã.
Pergunto se serão mesmo esses os mais competentes para os lugares?
Não haverá competência fora dos circos da política? Nas universidades, na actividade privada, não haverá um português competente para este lugar? Ou será mesmo necessário ter cartão de um partido dominante para gerir um banco como é a CGD ou o BCP?
Esta tendência de tratar o País como um quintal dos políticos é angustiante e não augura um futuro bom para Portugal.
Abraço
A. João Soares

Anónimo disse...
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