As notícias de que não existe oferta de operários qualificados em quantidade suficiente para satisfazer as necessidades das obras públicas projectadas não surpreendem. Só espanta que alguém esteja admirado de isto suceder.
Nada acontece por acaso, e é lamentável que os responsáveis pelo País ao longo destas últimas décadas, não tivessem pensado nisto, quando tomaram as decisões erradas sobre o ensino. O encerramento das escolas técnicas e o desprezo pelas profissões conduziu a que hoje poucas pessoas com 20 anos saiba utilizar correctamente uma chave de fendas ou um alicate.
A ambição de ter uma licenciatura não impede que, no decurso do ensino, não se aprenda a conjugar os conhecimentos teóricos e científicos com as técnicas deles advenientes e que se tornam úteis para a vida prática.
A falta de formação profissional torna difícil o desenvolvimento da economia nacional, a competitividade internacional e, consequentemente, as exportações, o equilíbrio da balança comercial e da balança de pagamentos. E, na construção civil, essa falta de qualificação da mão-de-obra, redunda em amadorismo, improviso, falta de rigor, com o risco de desabamento de prédios, pontes e outras obras, e o correspondente custo em recursos financeiros e em vidas humanas.
Os políticos, principalmente os que têm ocupado cadeiras no ministério da Educação, deviam ter sempre presente que da qualidade do ensino depende o futuro do País, em todos os aspectos. O ensino é demasiado importante para que não se brinque com os programas e tudo o que se lhe refere.
Almirante Gouveia e Melo (XXXVII)
Há 1 hora
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