sábado, 5 de julho de 2008

Ilusionismo usa a estatística como ferramenta

O aumento das capacidades em Matemática, por parte dos estudantes nacionais, é hoje um dos pontos fortes da Comunicação social, intitulado como milagre. A preocupação exagerada com as estatísticas e a sua manipulação, para impressionar os incautos, estão a tomar proporções de escândalo.

Por um lado, as manigâncias da estrutura governamental da Educação conseguiram que, num simples ano, os jovens portugueses do secundário ultrapassassem as suas dificuldades com a Matemática e de uma média de 9,4 passaram para 12,5. E, ainda mais positivo, parece ser o facto das próprias reprovações terem baixado de 18% para 7%.

Parece um duplo êxito! Mas a Associação Portuguesa de Matemática, obviamente, desconfia. Cotejando estes dados com declarações pouco caras de representantes do ministério, fica-se na dúvida de existir uma mudança de critérios, agora mais "amigos" na avaliação da ignorância.

São sinais claros de que os governantes pretendem mostrar a convergência com a Europa através de um simples exercício numérico. Para eles, se as estatísticas forem melhores e permitirem comparações mais favoráveis com a Europa, tudo será mais bonito! Tem se visto nas declarações dos responsáveis pela Saúde, pela Justiça, pela Segurança Interna, etc.

Sobre este título, sugere-se a leitura de:
Milagre na matemática
Alunos internos chegam aos 14 valores de média na Matemática
Exames Nacionais: Taxa de chumbos a Matemática A cai para 7%

No entanto, as estatísticas não podem ser totalmente manipuladas nem escondidas e, assim, aparecem notícias como as seguintes:

Receitas de IMI subiram 50% entre 2003 e 2007
Promessas fiscais de José Sócrates para as famílias terão efeitos marginais
Quase metade dos portugueses está vulnerável à pobreza
Portugal é o país da "Europa rica" com mais desigualdades salariais

O conhecimento da Matemática permite à população não se deixar enganar pelas estatísticas que lhes são atiradas à cara. Talvez por isso tenha havido tanto cuidado em não lhes dar muita sabedoria sobre esta disciplina.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Soares

E o pior é que, por mor das famigeradas estatísticas, tudo indica que este (des)Governo se prepara para acabar com o crime. Porque qualquer dia só será crime dizer mal do cidadão Pinto de Sousa!

A. João Soares disse...

Caro Vouga,
Libertam-se os presos, descriminaliza-se, reduzem-se as penas, tudo para bem das estatísticas!
Mas, por vezes, aparecem números vindos de organizações estrangeiras e, então desmentem e desfazem-se em explicações para lhes tirar valor.
Mas há muito povinho que acredita piamente no que dizem os senhores ministros.
Um abraço
A. João Soares

Amaral disse...

João
Nada melhor do que enganar o desgraçadinho. Os resultados são enganadores e toda a gente vê e sabe, menos o ME.
Como é possível em menos de dois anos os resultados tornarem-se tão bons? Magia? Não, facilitismo.
Assim, não vamos lá. Usámos a aspirina para aliviar a dor, mas o antibiótico não foi administrado.
Bom fim-de-semana
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Agradeço a sua opinião, de quem está por dentro. Mas olhe que o ME também não deve acreditar, mas interessa-lhe ter boas estatísticas. Todo o governo trabalha para elas e cita-as com um esforço inaudito para mostrar convicção. Há um ministro que faz tanto esforço para as impingir que fica vermelho e quase insulta quem lhe faz perguntas.
Até nem são bons actores, pois representam mal o papel.
E o povo deixa-se enganar, salvo alguns mais madrugadores que já estão a acordar e a engrossar os números dos manifestantes.
Um abraço e boa continuação do fim-de-semana
João