Gostaria de transcrever, por cópia digital o seguinte artigo, mas não consegui ter acesso, pelo que vai aqui um trabalho de teclado, letra a letra. Mas o artigo de José Júdice, no jornal gratuito Metro de hoje merece o esforço. Uma redacção em estilo queirosiano que dá gosto.
Parafuso a Menos
Cada um sabe de si, é uma advertência que tenho de fazer aos leitores antes que me chamem louco ou inconsciente por acreditar que o Governo zela pela nossa segurança. A verdade é que desde meados de Agosto me sinto muito mais confiante, mais seguro e tranquilo em relação ao futuro da pátria, da União Europeia, do mundo e da civilização – e num plano mais egoísta, de mim mesmo – com a publicação pelo Governo de uma Declaração de Rectificação a uma portaria de Junho passado corrigindo o tamanho dos parafusos com que devem ser afixadas nas paredes as placas identificativas dos estabelecimentos comerciais.
Assinada pela directora do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros, evidenciando que a gravidade do assunto chegou ao «staff» do próprio primeiro-ministro, fica determinado que as placas devem ser presas às paredes «através de parafusos de aço inox em cada canto, com oito milímetros de diâmetro e 90 milímetros de comprimento» e não, como anteriormente determinava a ignóbil portaria de Junho, num erro inadmissível ou num lapso inconsciente que punha em causa talvez não a segurança de pessoas e bens, mas certamente a segurança das placas, com parafusos de 60 milímetros de comprimento. Se aconteceu, não veio nos jornais. Será que caiu algum parafuso no «staff» da Presidência do Conselho de Ministros? É possível, mas o silêncio da oposição, que aproveitaria sem duvida essa oportunidade, não esclarece. Seja o que for, o Governo zela por nós e pela nossa segurança.
Ao aumento da criminalidade, o Governo responde com o aumento do tamanho do parafuso. À diminuição do PIB, manda quem deve que se aumente 50 por cento o comprimento do parafuso para estimular a nossa indústria. Ao desemprego, à incerteza, à insegurança, ao endividamento das famílias, ao preço do petróleo, ao aquecimento global, à corrupção e evasão fiscal, o Governo responde certamente o melhor que pode e sabe, aumentando o número de polícias na rua, de fiscais nas bombas de gasolina e nas Finanças, de assistentes sociais nas famílias carenciadas e o tamanho do parafuso. Era uma medida que se impunha. Há por aí muita gente a quem já falta um.
A Decisão do TEDH (398)
Há 48 minutos
3 comentários:
João
É caso para dizer: «ó palerma... parafusos há muitos». Apenas passei para deixar um abraço depois deste interregno.
Abraço
Amaral,
Agora é preciso ânimo para suportar mais uma temporada de trabalho.
Mas olhe que pode haver muitos parafusos, mas para fixar placas têm que ser mesmo daqueles, nem mais nem menos um milímetro. Se assim não for Portugal afunda-se no Atlântico!!! Aquilo é que é vital para a felicidade dos portugueses.
E pergunta a minha ignorância: Como é que os fiscais do Governo vão verificar que todas as placas estão em conformidade com a lei? Ou com a a Declaração que rectificou a porcaria?
Abraço
João
Parafuso? Lembra-se do Romão Félix - "o parafuso" de Moçambique?
Agora é o país do parafuso. Na realidade somos um país formidável. Temos leis que chegam para toda a UE, mas o pior é cumpri-las. Mas caro AJS, isto é uma medida capaz em termos de segurança: já não roubarão tão facilmente as inestimáveis placas.
Uma medida a bem da Nação
Saudações e um sorriso
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