A casa do ministro Mariano Gago foi alvo da ambição de ladrões. Não são os pormenores da violação da casa e do roubo que me despertam a atenção, por serem casos infelizmente muito banais. Mas é significativo o fato de a criminalidade já não se limitar aos cidadãos mais pobres e desprotegidos e não evitar os poderosos da política. (Ver «Mulher de Gago atacada em casa»).
A escolha deste alvo vem demonstrar, a nível governantes, o que o povo já sabe e sente, que há ineficácia dos ministérios da Administração Interna e da Justiça na prossecução das suas funções de garantir uma vivência segura e justa aos portugueses.
Eventualmente, os autores do roubo poderão já ter sido presentes aos juízes por várias vezes e estarem em liberdade com a obrigação de se apresentarem semanalmente à polícia. Até podem antes ou depois do roubo, ter ido cumprir essa imposição da Justiça. E isso prova que esse regime não garante segurança para a população em geral nem para a casa de um ministro.
Também fica a dúvida da finalidade dos discursos do MAI ao dizer que a luta contra a criminalidade é a sua prioridade, pois a realidade leva a perguntar «e se o não fosse, como seria a vida dos portugueses?». Os portugueses estão hoje a viver com grandes preocupações de segurança e é para hoje que as medidas do MAI devem ter eficácia. As que tem tomado, como se vê, não têm sido eficazes.
Será por falta de pessoal competente no MAI e nas Forças de Segurança? Quantos funcionários pensantes existem no ministério? Quantos assessores e outros colaboradores tem o MAI? Qual o critério da nomeação? Qual o método e o rigor da avaliação do seu desempenho? Iguais interrogações são aplicáveis às Forças de Segurança.
E na Justiça? Qual o seguimento dado ao resultado do esforço dos agentes policiais? A celeridade da Justiça tem sido a mais adequada para reprimir e evitar crimes?
Mas se é de lamentar o que aconteceu ao ministro, também, por outro lado, merece regozijo dos portugueses por verem aparecer uma oportunidade de, dentro do Governo, ser tomado conhecimento da insegurança geral do País. Também se salienta o facto da provável intenção de informar que não passou de um aviso, pois houve sensibilidade para o estado de saúde da senhora, que não foi sequestrada, nem utilizada como refém para obtenção de resgate, nem sequer molestada.
A esse aviso, será de adicionar outro, o de que o caso da Grécia e outros de França podem acontecer por cá, mas com os ódios dirigidos não aos inocentes comerciantes e donos de carros estacionados nas ruas, mas aos detentores do Poder.
Sócrates de novo
Há 57 minutos
8 comentários:
Caro João Soares
Deste episódio poderemos tirar uma conclusão: a de que os ladrões são mais democráticos do que os governantes. Porque ninguém está acima do fora-da-lei.
Caro Vouga,
Essa tem piada: O curioso é que não foram lá para roubar, pois levaram pouca coisa, só para simbolismo.
Até pode ser uma vingança dos prejudicados pelo encerramento da Independente. E, neste caso, pode ter sido uma brincadeira dos amigos de alguns governantes que lá compraram o diploma.
Abraço
A. João Soares
Estimado João,
a sensação de que alguém, inadvertidamente, tocou nas nossas coisas e usou o nosso espaço, é terrivel! Sentimo-nos invadidos mesmo tendo deixado as trancas nas portas. É um abuso pois estimamos muito aquilo que é nosso.
Mas, de facto, sentirmos que não estamos sózinhos nesta tormenta atenua a raiva pela falta de wegurança que se vive.
É caso para dizer: temos todos os mesmos direitos, até a sermos roubados!
Não é bom e não agrada, de todo!
Cara Luísa
Resta saber se se tratou de um roubo intencional ou apenas um aviso para dizer: se quisermos podemos cá vir e fazer muito pior. O Governo, principalmente os ministérios com missão de nos garantirem segurança deviam meditar neste aviso e compreender que o povo sofre diariamente de perderem a vida e os haveres. O MAI tem-se limitado a fazer discursos, por vezes balofos, vazios, pressupondo que os cidadãos são estúpidos. Nos últimos doze meses a criminalidade aumentou, bem como a sensação de insegurança do povo, ora isso não abona para os ministros da Justiça e da Administração Interna.
Mais uma vez paga o justo pelo pecador, mas a casa do MAI deve estar super-guardada, com agentes que fazem falta na rua para proteger os cidadãos.
Um abraço
A. João Soares
Só posso concordar na integra como o que diz!
E em cada dia que passa, incrementam-se as condiçoes para o crescimento proporcional da insegurança!
Valha-nos alguma prudência...
Parece que nem os politicos já escapam.
Imaginem se os ministros, tivessem de andar na linha de sintra à noite??
Ou morassem na quinta da princesa no seixal?
Tivessem os filhos a sofrer de bolling, nas escolas dos suburbios de Lisboa?
Se fossem vitimas de assaltos à mão armada nos seus estabelecimentos comerciais?
Será que já existiriam medidadas concretas em relação à criminalidade e ao novo direito penal???
Abraço,
Magno.
Luisa,
Espero que a insegurança não aumente, isto é, que os ditos ministros mostrem que merecem o que estão a receber dos nossos impostos.
Um abraço
A. João Soares
Magno,
Se os malandros que por aí proliferam fizessem justiça, como o Robin dos Bosques, os primeiros a serem vítimas da criminalidade deviam ser os governantes, de quem todos somos vítimas.
Abraço
A. João Soares
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