domingo, 15 de fevereiro de 2009

Fedor a pântano

Transcrição do artigo de Eduardo Dâmaso do Correio da Manhã de hoje que faz meditar sobre o estado em que se encontra o País e as dificuldades de ser encontrada uma solução adequada.

O perfume do regime

15 Fevereiro 2009 - 00h30

O que têm em comum as notícias sobre a fortuna de Mesquita Machado, os negócios de terrenos em Alcochete coincidentes com a nova localização do aeroporto e os lapsos de memória do ex-todo-poderoso Dias Loureiro?

A primeira, que se saiba, nada terá a ver com as manigâncias do BPN, já as últimas duas têm uma relação entre protagonistas. Todas, porém, exprimem tudo aquilo que deveria estar nos próximos programas eleitorais dos partidos, mas só de forma irregular isso acontecerá. Ou seja, porventura apenas partidos minoritários terão propostas em matéria de

- criminalização do enriquecimento ilícito,
- eliminação de paraísos fiscais,
- aumento incondicional de meios para a investigação criminal e
- a criação de novos crimes no domínio autárquico.

Mas esses, porque são minoritários, tenderão a ser olhados como ‘radicais’ pelos influentes cá do burgo e, portanto, nada acontecerá.

Uma coisa é certa:

- fortunas como as de Mesquita Machado há na actual classe política quase aos pontapés e com a mesma dificuldade de explicação;
- negócios obscuros como os do BPN, já se viu, pululam como coelhos pelo sistema financeiro;
- lapsos de memória como os de Dias Loureiro são o pão-nosso-de-cada-dia quando se trata de matérias tão delicadas...

Ou seja, o pântano vai continuar a perfumar o regime!

Eduardo Dâmaso, Director-adjunto

8 comentários:

Luísa disse...

Eis um assunto que nos deixa de boca aberta, mas seladamente calada!Nos dias de hoje não podemos falar...podem, de repente, alguém nos calar!

Amaral disse...

João
Isto já não é pântano é uma mistura de corrupção permitida por todos aqueles que mandam; parece que se encobrem uns aos outros e que não querem que ninguém seja castigado.
Para isso não era preciso o 25 de Abril.
Boa semana
Abraço

Paulo disse...

«- criminalização do enriquecimento ilícito,
- eliminação de paraísos fiscais,
- aumento incondicional de meios para a investigação criminal e
- a criação de novos crimes no domínio autárquico.»

Nunca é tarde....

Abraço

A. João Soares disse...

Caro Paulo Sempre,
Realmente nunca é tarde mas já se perdeu muito tempo e, quanto mais tardar, mais recursos nacionais se esbanjam, e mais difícil será a recuperação do BOM NOME do País, para prejuízo de todos os portugueses. Em breve, seremos vistos no estrangeiro como pessoas marginais, sem merecer confiança, e os nossos emigrantes sofrerão com isso. E, cá por casa, a fome e as dificuldades aumentarão sobremaneira.
Um abraço
João Soares

A. João Soares disse...

Cara Luísa,
Não concordo consigo, precisamos de falar de reclamar, com bom senso e sentido cívico e de cidadania, mas nunca calar. Quem cala consente. E a análise do que tem acontecido, mostra que quando o povo reclama com razão, bom senso e firmeza, o Governo sente necessidade de corrigir os seus erros.
Em Democracia, o poder é do POVO e os governantes são os mandatários escolhidos, sendo, por isso, legítimo que se observe a forma como desempenham o mandato e criticar positivamente a fim de os objectivos nacionais merecerem o melhor tratamento.
Um abraço
João Soares

A. João Soares disse...

Amaral
Trata-se de conivência, conluio, cumplicidade, colaboração, mancomunação, porque estão todos aliados nos propósitos de obter os máximos benefícios pessoais de qualquer forma, sem moral, nem honra, nem dignidade.
Agem segundo os princípios das associações de mal-feitores. E, por isso, não é viável sanear o sistema, porque eles têm o Poder na mão e não querem matar a «galinha dos ovos de ouro».
Tem que ser os portugueses a fazer um levantamento e correr com eles.
Seria óptimo que a violência não fosse necessária e eles se decidissem a sacrificar as suas ambições desmedidas e fizessem a reconversão dos procedimentos ilegítimos que usam.
Um abraço
João Soares

Ana disse...

Caro João:
Sempre me angustia a ideia de levantamentos populares que se sabe como começam e se ignora como acabam.
Pelo meio, morrem e são feridos inocentes vêm ao de cima as mais torpes vinganças, algumas despoletadas apenas pela inveja.

Não existe partido político isento de corrupção e que não seja sustentado por toda aquela corja que, à sua volta, gravita, por interesses próprios.
Mesmo no meio duma crise, da qual só os tontinhos duvidam, os partidos vâo-se degladiando internamente, sem senso nem vergonha.
Apenas o PCP não revela discordâncias internas.
Nesse aspecto será exemplar.
Talvez porque o vidro das suas paredes seja daqueles que só deixa ver de dentro para fora...
Mas também porque os seus militantes fazem do partido uma verdadeira religião e alimentam diariamente esse culto.

Infelizmente, como nunca chegará ao poder democraticamente, sonha com golpes de estado e revoluções.
A isso eu digo não, muito obrigada.

Mas com esses ou com outros, não está posto de lado o fantasma duma nova ditadura.

Para infelicidade dos que cá deixo.

Abraço

A. João Soares disse...

Cara Ana,
Parece que estamos quase totalmente de acordo.
Aflige-me a violência, e gosto que tudo se resolva sem perdas de sangue e, muito menos, de vidas.
A ideia mais explícita que aqui expressei sobre uma desejada evolução do regime, consta do post Reforma do regime é necessária e urgente. Se quiser passar por lá, deixe-me a sua opinião que, como é costume será muito sensata.
Abraço
João Soares