domingo, 15 de fevereiro de 2009

Poesia de Viçoso Caetano, mais uma


Conversa fiada

Quando convosco converso
Para vos dizer, em verso,
O que acho controverso,
Eu bem queria ir p’lo anverso
Qu’é o lado menos perverso.
Só que logo de transverso
Não sei que lei do Universo
M’empurra para o reverso
Exactamente o inverso
Adverso, maniverso
Do atrás dito obverso.

Isto não está fácil, não
E é apenas o sermão.
Ainda falta dizer missa
Depois sai a procissão
Honrando SANTA JUSTIÇA.

Àparte o Vale e Azevedo
E o patriota Machado,
Aqui mais ninguém vai preso
Tão pouco será julgado.
Mas se for a tribunal
- O que duvido aconteça –
Nem lhe passa p’la cabeça
Que venha a ser condenado.
Por mais que seja culpado
E maior seja a ofensa
Lá vem a «douta » sentença:
Ou o réu é ilibado
Ou leva pena suspensa.

Fazem-se assaltos a Bancos
Outros a gasolineiras
Os sacos azuis são brancos
Trafulhices financeiras
Peculatos, roubalheiras
Assaltos à mão armada
Não lhes acontece nada!

Tráficos de influências
Com as devidas conivências
E outras tantas manigâncias
Sem disfarce e à luz do dia
As «virtudes» que faltavam
A «esta» democracia
Que tem por base os partidos
Que nunca serão arguidos

Mas é tempo d Natal
Vem aí a consoada.
Eles levam 100 milhões
Os pobres uma patada!
A Justiça outra facada!
(Tudo o resto é pó… é nada)
Boas Festas Portugal!!

Viçoso Caetano (O Poeta de Fornos de Algodres), Fev2009

NOTA: Do mesmo autor foram aqui publicadas as poesias: Democracia, A (minha) mensagem, Ao Combatente do Ultramar Português, Que se passa, Portugal, diz Presente!!!

4 comentários:

Luísa disse...

coincidências...
no olhardeperto, deixei "o verso do verso"!

A. João Soares disse...

Cara Luísa, fui dar um salto rápido ao «Olhar de perto» e achei graça ao «verso do verso». Este amigo, faz uma pesquisa exaustiva das palavras compostas de verso, nem imagino as horas que passou a folhear o dicionário!!!
Mas faz uma análise muito completa da sociedade actual. Dentro de dias publicarei mais poemas seus que me foram agora enviados.
Abraço
João Soares

Unknown disse...

Caro Amigo João,
este poema é uma critica muito bem elaborada, ao que actualmente se vive no nosso País.

Atrevo-me a deixar aqui um dos meus poemas em tom de comentário, por achar ter um pouco a ver com este.

QUE OMDA DE VIOLÊNCIA É ESTA!!!


Que onda de violência é esta
Que se passeia com ironia,
Na minha gente, no meu povo
Que outrora tinha alegria!

Que onda de violência é esta
Que na placidez da noite,
À luz da demagogia,
Muda e indiferente
Age com acordes
De malvadez e cobardia!

E onde está a mão da Justiça
Que cozinhada em lume brando,
Dorme na sombra e com preguiça
Promove a violência,
Mas por engano!
E como errar é humano,
Continuemos assim errados,
Quem sabe amanhã talvez
Os honestos sejam culpados!!!

Beijinhos,
Ana Martins

A. João Soares disse...

Querida Amiga e colega,
As suas poesias são sempre pérolas valiosas.
Obrigada por partilhá-la com os visitantes deste espaço.
Vou atrever-me a dar-lhe mais visibilidade, colocando-a no Do Miradouro, como ost.
Obrigado
Beijos
João