É preocupante a quantidade e diversidade de notícias que nos chegam a denunciar a força da atracção do dinheiro e da ânsia do enriquecimento rápido, por qualquer meio, com total desprezo pela ética.
Em 3 de Julho de 2008, o Instituto de Aperfeiçoamento Técnico Acelerado (IATA) de Lisboa, Porto e Funchal. Fechou as portas que nunca mais abriram, deixando para cima de 300 alunos sem concluir a sua formação profissional, ficando sem qualquer certificado dos módulos concluídos, nem reembolso das mensalidades já pagas. Desde então, não há qualquer tipo de informação fornecida pelo IATA ou pelos seus responsáveis. Segundo consta, na origem do encerramento estariam problemas financeiros e de gestão danosa.
Há declarações sigilosas de alunos de que lhes teriam sido passados certificados falsos antes do término do curso. "Há alunos com certificados de curso, assinados pelo assistente da direcção pedagógica, quando eu não dei notas a ninguém", relevou, ao JN, Maximiano Miguel, formador do IATA. "Percebi, então, a razão por que os alunos deixaram de frequentar as aulas: compravam os certificados".
Uma aluna que preferiu não ser identificada confirmou: "Recebi um e-mail que o assistente do director pedagógico me enviou, em que se disponibilizou a entregar-me um certificado mesmo sem ter notas válidas".
Parece uma história feita à imagem da Universidade Independente! Quantos mais casos haverá de diplomas sem equivalência a saber neste pequeno rectângulo?
Quanto à desordem que assolou, esta semana no Bairro da Quinta da Princesa, no Seixal, a PSP já identificou os líderes do motim. São quatro indivíduos que estarão relacionados com o tráfico de armas e associados a roubos à mão armada.
Recorde-se que a polícia foi recebida a tiro e com cocktails molotov, numa cenário a fazer lembrar os recentes confrontos no Bairro da Bela Vista, em Setúbal. No entanto, o bairro parecia ontem ter regressado à normalidade, após duas madrugadas de confrontos com a PSP. Tudo começou na noite de domingo 23, quando a PSP foi recebida com violência, na sequência de um furto de uma moto.
Os primeiros sinais de violência já se fizeram sentir há cerca de 20 dias, quando elementos da PSP do Seixal apreenderam, na imediações da Quinta da Princesa, uma carrinha que continha no seu interior cerca de 20 cocktail molotov, duas espingardas caçadeiras e um revólver.
Por trás de grandes convulsões há sempre indivíduos metidos em grandes negócios ilegais que dão muito dinheiro. Aqui a actividade mais saliente era o tráfico de armas.
Outra notícia refere-se ao advogado Ricardo Cunha que exerceu funções de administrador e de chefe de gabinete no STJ e que foi acusado de peculato e falsificação de documento por presumível apropriação de 344 299 euros, através da aquisição de quadros de pintores consagrados que acabaram nas mãos de um administrador e chefe de gabinete de dois presidentes do mais alto tribunal. O pagamento de tais objectos era feito pelo Supremo Tribunal de Justiça e também pelo Gabinete do Ministro da República, o conselheiro José Mesquita.
Em Braga, de 2002 a 2005, sete indivíduos (agora constituídos arguidos, após conclusão de inquérito desenvolvido pelo Departamento de Investigação Criminal de Braga, da Polícia Judiciária) conseguiram avultado enriquecimento ilegítimo, lesando o Estado num valor superior a cinco milhões de euros.
A ilegalidade passava por movimentos fictícios que visavam obter o reembolso do IVA, por actividades de empresas que nem existiam. As autoridades entendem que este tipo de crimes sempre existiu, só que a máquina fiscal está mais eficaz e, ao nível das Finanças, são detectáveis.
Há mais casos chocantes a alto nível, com raízes na política, o que vêm mostrar a realidade actual que, à imagem do que afirmou Paulo Rangel acerca de Maquiavel (que fazia a comparação entre o que devia ser a política e a bagunça como ela é na realidade), e que mostram que Portugal não está a trilhar um bom caminho, em que os exemplos de cima não são para seguir.
O móbil mais forte da sociedade, incluindo a Quinta da Princesa ou a Quinta da Bela Vista e indo até às mais altas esferas, é o dinheiro, o enriquecimento ilícito, a ostentação despudorada e os sinais exteriores de uma riqueza que não conseguem explicar, tujdo isto à margem da ética. Para fazer face a esta situação nada lisonjeira, como a restauração do civismo e da ética é demorada haverá que tornar a Justiça mais rápida e rigorosa, aliviando a burocracia que a emperra a favor dos criminosos.
A Decisão do TEDH (395)
Há 25 minutos
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