segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Sócrates visto por notável do PS

O Primeiro-ministro, já não precisa das críticas, avisos e sugestões da oposição para tomar as decisões mãos adequadas á situação a que conduziu o País. Elas já são tão lógicas e evidentes que até os seus parceiros de partido as compreendem e partilham.

Nestas condições de até os camaradas do PS estarem em desacordo com o comportamento do chefe, parece que a publicitada manifestação de desagravo a que se refere Manuel António Pina terá menos dos 1361 já contemplados com cargos nestes pouco mais de três meses de Governo. Apesar da gratidão pelo «tacho» recebido, não devem estar dispostos a arriscar o seu «bom» nome para o futuro.
Transcreve-se parte do artigo do CM de hoje.

Face Oculta: Henrique Neto lança aviso
“Sócrates revela fragilidade”
Correio da Manhã. 15 Fevereiro 2010. Por Ana Patrícia Dias e Diana Ramos

O ex-dirigente socialista Henrique Neto considerou ontem que José Sócrates deve prestar esclarecimentos ao País sobre o seu alegado envolvimento num plano para controlar a Comunicação Social e avisa: "Condenar o mensageiro não esclarece e revela a fragilidade da sua posição".

"Ao não prestar qualquer esclarecimento sobre o assunto, condenando apenas o mensageiro [‘Sol’], José Sócrates confessa o seu próprio envolvimento", afirmou ao CM Henrique Neto, considerando que o desafio de dirigentes do PS à oposição para que avance com uma moção de censura ao Governo é uma "fuga para a frente".

Questionado sobre se Sócrates tem condições para continuar, Henrique Neto foi peremptório: "Penso que Santana Lopes foi demitido por menos". Mas compreende que dada a situação económica do País, Cavaco Silva "não assuma o mesmo risco". Mesmo assim, para o ex-dirigente do PS, o Governo tem os dias contados: "Deverá aguentar-se até ao Verão".(…)

4 comentários:

Mentiroso disse...

1361 parasitas?!

Deve estar muito mal contado. No tempo do Guterres e do Zé Barroso eram cerca de 4000! Não é de crer que a diminuição tenha sido tão grande. Os parasitas continuam a ocupar os lugares da administração pública. Os de chefia são dados aos parasitas militantes e familiares próximos, enquanto os subalternos (que não devem ter sido contados) aos amigos comparsas e cunhas. É isto e a mândria dos funcionários calões que a tornam na desgraça que conhecemos.
Para além destes cargos há ainda aqueles que eles dizem entregar a «gente de confiança.

Inacreditável:
Portugal é o único país europeu onde os cargos públicos são atribuídos por nomeação em lugar de serem entregues a pessoas competentes que os ganhem por concurso baseado sobre o mérito e a competência.

É sobre isto que os corruptos e ladrões dos partido,s que são associações de criminosos organizadas em oligarquias mafiosas se esforçam em nos fazer acreditar que é uma democracia.

A. João Soares disse...

Caro «Mentiroso»,

O número 1361 citado por Manuel António Pina, é o que consta no artigo Nomeações de Sócrates já acima de Durão e Santana. Foram nomeações feitas desde Outubro.
Concordo inteiramente com os inconvenientes que aponta às nomeações por cumplicidade e conluio. Está a ver-se no escândalo entre dois representantes do Governo na PT e nas suspeitas de medidas para controlar a Comunicação Social.
Isso explica também as intenções de o Governo ter as «golden share» nas grandes empresas.

Um abraço
João

Mentiroso disse...

Horas depois de ter escrito o comentário precedente, lembrei-me de que o Manuel António Pina não é um jornaleiro rasca com a maioria dos seus confrades e senti curiosidade de ler o que ele realmente escrevera e a que este post se referia. Fui dar com um assunto bem diferente, em que ele menciona, entre outras coisas:

Talvez porque tenha memória ou porque, na infância, tenha lido a história do menino e do lobo, não me impressionam as gritarias do género "Censura! Censura!" ou "Fascismo! Fascismo!" que de vez em quando agitam a política e a comunicação social portuguesas.

Também não é o facto de nunca ter sido aqui impedido de escrever o que quer que seja (mais de uma vez tive que ser eu próprio a impedir-me de fazê-lo...), que me leva a não levar à letra o clamor que em certos meios por estes dias se levanta de que não haverá "liberdade de expressão" em Portugal. Soubesse de razão certa (e justa) de uma só voz amordaçada e sentir-me-ia também amordaçado. A liberdade é uma flor frágil e está sempre em risco. Mas é uma daquelas palavras que, segundo Ionesco, devem ser ditas de modo a que não caia em ouvidos de surdos. Há coisas que se dizem no café, entre amigos, ou numa tasca, mas que, por motivos de bom senso e de bom gosto, é intolerável pretender publicar num jornal invocando a liberdade. Talvez os bárbaros estejam às portas da cidade, pois estão sempre. Mas também estão (estão sempre) dentro das muralhas.


Deve ser a sua página e o artigo deve ter sido substituído. Se calhar, a manhã já lá estará outro.

O que ele diz é muito mais coerente com a razão, prudente e não de desmiolado que vomite tudo o que lhe chegue às orelhas. No caso presente das escutas e de outras do género, nada, mas absolutamente nada está provado e não imagino a cara dos que se virem as suas insinuações contrariadas e profundamente atingidos no seu ego.

O povo português des de a Abrilada que é incapaz de fazer uma apreciação, tirar uma conclusão acertada ou uma previsão aproximada. Por isso se arrisca agora põe agora naquilo que pode vir a provar-se ser mais um erro de mentalidade. Nada, mas nada é certo e a justiça é como se conhece. Todavia, um facto é relevante e revelador. Os partidos não se arriscam muito para além do aproveitacionismo tolo costumeiro. Se tivessem alguma certeza, de certo o tom seria outro, e eles têm informadores-espiões infiltrados. Claro que não posso saber, mas apenas pelo seu comportamento eu diria que eles sabem que há falsidade no caso. Este indicador é o melhor.

A. João Soares disse...

Caro Amigo

Fiquei surpreendido com o texto que transcreveu. O link, não sei porquê, conduz à crónica mais recente, pois tinha sido feito para a anterior que é esta: 35 ou 36 anos depois.
E para não voltar a acontecer o mesmo, tanscrevo-a.

35 ou 36 anos depois
15-02-10

"Vamos de novo encher a Alameda da Fonte Luminosa", propõe-se uma melancólica mensagem SMS que por aí circula invocando os idos de 1975, quando o PS de Mário Soares, liderando todo o espectro político não comunista, levou 100 mil manifestantes àquele lugar.

Desta vez o objectivo é desagravar Sócrates pela "baixa campanha" de que estará a ser vítima. Há dias, a manifestação de fatiota branca "pela liberdade" não reuniu mais do que umas dezenas de pessoas, mirones incluídos.

Mas manifestações de desagravo têm mais hipóteses de sucesso do que manifestações de desagrado. Esperar "de novo" 100 mil pessoas na Alameda talvez seja excessivo, mas pelo menos os 1361 já contemplados com cargos nestes pouco mais de três meses de Governo, e sobretudo todos os contempláveis que se encontram em fila de espera, não deixarão decerto de querer aparecer na fotografia.

O problema das manifestações de desagravo é que são de mau prenúncio. A última de que me lembro ficou com o ominoso nome de "brigada do reumático" e juntou, em 1974, uma ou duas dezenas de luzentes e medalhadas fardas no gabinete de Marcelo Caetano.


Mas da crónica de hoje que o amigo transcreve verifica-se que não podemos acreditar que a política seja interpretada por alguém atento à realidade como a arte e ciência de governar um País para bem-estar e felicidade do seu povo.
É um negócio em que os detentores do poder e os candidatos a ele tudo fazem para o conquistar, manter e abusar dele em proveito próprio, sem olhar a meios e sem se importar com princípios éticos e cívicos.

Um abraço
João