domingo, 16 de janeiro de 2011

O amigo António à caça de insólitos

O Amigo António continua a deleitar-me com a sua forma de olhar para as coisas complicadas como se estivesse a ver tudo claro transparente, mas não deixa de ficar intrigado com as manobras da baixa política. Desta vez, saiu-se com a descoberta do insólito apoio do PSD a Cavaco Silva.

Custou-me a concluir que tinha ouvido bem, pois ambas as entidades são fruto da mesma árvore e companheiros do mesmo grupo ou tendência. Mas ele, com o seu raciocínio muito simples e adequado a explicar o menos visível aos mais ignorantes, esclareceu a sua «anedota» que parece não o ser.

Os dados dele são os seguintes: Cavaco é de todos os candidatos o único que, pelo seu passado e a sua forma de estar na política, garante a continuidade, na crise com que conviveu sem evidenciar o mínimo sintoma de alergia e sem fazer algo de positivo para a evitar ou debelar, mesmo que fosse apenas por palavras bem audíveis e insuspeitas.

Pelo contrário, o PSD tem mostrado interesse em mudanças na governação, por forma a melhorar todas as deficiências de organização da máquina pública, passando pela Educação, pela Saúde, pela Justiça, etc..e, para isso, mostra-se interessado em eleições legislativas antecipadas. Ora, depois de o povo, como dizem, ir eleger Cavaco Silva, portanto profundamente mentalizado para evitar a mudança e quaisquer aventuras, será difícil fazer uma lavagem ao cérebro colectiva e eficaz que contrarie o tratamento hormonal que agora lhe está a ser injectado com efeito positivo (na hipótese de o candidato ganhar).

Por outro lado o PS, depois das eleições, se tiverem o referido desfecho, vai agarrar-se ao slogan da continuidade e da estabilidade de que o povo mostrou gostar ao eleger Cavaco.

Achei piada a este raciocínio do Amigo António e não deixei de o trazer aqui para que cada um se ria ou medite, sobre o quanto há de insólito nas tácticas políticas.

Não tive coragem de perguntar qual o candidato que, segundo ele, o PSD deveria apoiar mas, como é muito cauteloso, talvez armasse em pitonisa e dissesse uma frase esfíngica como «qualquer um excepto Cavaco, Alegre e Defensor», porque todos os outros estão mais preparados para mudanças.

2 comentários:

Fernando Vouga disse...

Caro amigo

Os comentários são a seiva dos blogues. Eu, que tenho dois, sei do que estou a falar.
Este seu artigo (detesto o termo "postagem" que faz lembrar bacalhau), está construído magistralmente, e muito ao sabor picaresco do "Seringador" um almanaque semelhante ao "Borda de Água" que, a bincar, acabava por dizer grandes verdades. O seu amigo António faz lembrar a Brígida dessa publicação — uma velhinha do povo que via mais com os olhos fechados do que essa cáfila de bandidos que teimam em agarrar-se ao poder.
Portugal bateu no fundo e nem vale a pena desfiar o rosário das desgraças que, como tal, nos vão desgraçar.
Perante estaa matilha, a salivar em frente do o osso da presidência, não há nada a fazer em seu proveito. Que se lixem, porque pior do que já estamos é muito difícil.
Quanto a mim, há que castigar essa maltosa. Sujeitemos essa gentinha à mais vil das provações usando, não o "voto útil", mas o "voto punitivo".
José Manuel Coelho à Presidência já. E talvez apareça, qual D. Sebastião em madrugada de nevoeiro, o Lula português. Porque não?
Nota: O "meu" candidato levou na sua caixa de assinaturas a minha...
Ou há coerência ou comem todos!

A. João Soares disse...

Caro Amigo Fernando Vouga,

Agradeço o seu comentário, como sempre pleno de ensinamentos. Ensinar não é só transmitir frases, mas principalmente ensinar a pensar. E pensando chega-se à conclusão que os portugueses precisam de mudança e não devem sentir-se felizes com as promessas ouvidas agora diariamente de um indivíduo que em quatro anos nada fez em consonância com o que agora promete, nem com as palavras, em tom de declamador, do pior inimigo dos nossos concidadãos que combatiam no Ultramar cumprindo ordens do Governo legítimo. O Defensor também não deixa de ser deputado do partido que está no Governo e que é autor da crise (que tentou ocultar com mentiras repetidas) e das medidas injustas como a quer combater.

Quanto aos últimos quatro anos, há quem diga que qualquer limpa-chaminés não teria feito lugar pior do que o foi visto. Em termos gerais foi conivente com a crise. Se se diz que não fez porque não tem poderes, então confirma-se que não serve de nada ser catedrático de Economia e Finanças. Qualquer pessoa de senso não faria as comunicações ao País que ele fez: a do Estatuto dos Açores, a das escutas do telefone de Belém, a do promulgação do casamento dos gays. Mais valia que tivesse estado calado.

E se agora não há ninguém melhor do que ele, como é que nas próximas eleições, em que ele não pode concorrer, vamos resolver, quem vai fazer o milagre? Será que se espera que nessa altura apareça um Extra-Terrestre???

Concordo com a sua defesa do «voto punitivo». O povo tem que despertar e deixar de andar ao reboque de interesses alheios, rivais dos seus
Ninguém deve escolher um representante, um mandatário em quem não tenha confiança.

Um abraço
João
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