domingo, 16 de dezembro de 2012

Desorientados sem GPS

Verifica-se uma desorientação por parte dos decisores políticos, que faz lembrar os cataventos ou um viajante que, em dia de céu encoberto, se mete por picada através de floresta densa, que não conhece, sem ter o apoio de um GPS nem a luz solar para se orientar.

Agora Catarina Martins refere que foram criados 37 novos cargos remunerados de executivos intermunicipais para os “dinossauros autárquicos”, que já não podem candidatar-se nas próximas eleições, mas em quem o Poder tem interesse em manter «activos» dentro do polvo, situação esta que Catarina classifica como “um escândalo”. As competências dos cargos são vagas, eles não foram eleitos directamente pelos cidadãos nem submetidos a concurso público, apenas nomeados por compadrio político.

A confirmar-se esta notícia, a nomeação representa troca de favores, clientelismo político, «jobs for the boys», à custa da austeridade que é imposta ao pobre povo, numa altura em que, os governantes falam de redução das despesas mas que a levam a cabo apenas nos serviços essenciais aos cidadãos, como a educação, a saúde, a segurança social, etc. E, com os 37 novos cargos, vai aumentar-se a burocracia já excessivacujos efeitos são bem explicados no texto aqui transcrito do livro de José Gil.

Por outro lado, a desorientação é manifesta por isto representar um aumento da complexidade da estrutura do Estado quando se esperava o contrário com a promessa de refundação proposta por Passos e também a prometida reforma do Estado.

Se não há GPS aplicável, não têm faltado conselhos de notáveis pensadores nacionais e estrangeiros, acerca do caminho a seguir para a solução da crise, que deve ser diferente da austeridade excessiva do «custe o que custar». Só para indicar uns nomes da área dos partidos do Governo, ficando-me por Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix, Marques Mendes, Vítor Bento, João Salgueiro e Santana Lopes de quem transcrevo frases recentes: “Há uma coisa de que eu não tenho dúvida nenhuma, não se governa um povo deprimindo esse povo, não pode ser. Quem governa uma cidade, uma freguesia, um país, tem que dar ânimo a esse povo”. “É contranatura deprimir um povo quando se governa esse povo. Tem de se dizer qual é o futuro, mesmo que seja difícil. Mas as pessoas têm de acreditar que há um dia seguinte”. «não se governa nenhuma comunidade deprimindo essa comunidade».

Jaime Nogueira Pinto diz que “Salazar em ditadura explicava tudo o que estava a fazer"

Na ideia de contribuir para dar ânimo e esperança ao povo e de explicar o que está a passar-se, em ambiente de respeito pelos cidadãos, a CGTP pede a Cavaco Silva que “ouça o povo” ao que o ministro Aguiar-Branco, talvez, com uma ponta de ironia, mas com a preocupação de dizer o «politicamente correcto» afirma que o Governo está atento aos sinais da sociedade. Se isto é verdade, então podemos apelidar os governantes de sádicos, malvados e insensíveis, por aumentarem o sofrimento e a angústia de quem já sobrevive deprimido, como mostram os números do desemprego que não param de subir, e as pessoas deixam de cuidar da saúde por as taxas moderadoras terem sido aumentadas escandalosamente.

Imagem de arquivo

1 comentário:

A. João Soares disse...

Apesar das decisões todas de favores aos amigos e do não cumprimento de medidas prometidas que iriam cortar as obesidades das estruturas do Estado, a realidade é negra como se conclui da notúcia
Passos Coelho prevê que dívida pública leve 20 ou 30 anos a pagar