sábado, 28 de novembro de 2015

CRÍTICA OBJECTIVA E CLARA A 2011-2015

Não lhes perdoo! Por Francisco Seixas da Costa 
Por mundolusiada | 27 novembro, 2015 as 11:31 Por Francisco Seixas da Costa, Diplomata português. Ex-Embaixador de Portugal no Brasil.

 Acaba hoje aquela que constitui a mais penosa experiência política a que me foi dado assistir na minha vida adulta em democracia. Salvaguardadas as exceções que sempre existem, quero dizer que nunca me senti tão distante de uma governação como daquela que este país sofreu desde 2011.

Não duvido que alguns dos governantes que hoje transitam para o passado tentaram fazer o seu melhor ao longo destes cerca de quatro anos e meio. Em alguns deles detetei mesmo competência técnica e profissional, fidelidade a uma linha de orientação que consideraram ser a melhor para o país que lhes calhou governarem. Mas há coisas que, na globalidade do governo a que pertenceram, nunca lhes perdoarei.

Desde logo, a mentira, a descarada mrédulos dos portugueses em 2011, para, poucas semanas depois, virem a pôr em prática uma governação em que viriam a fazer precisamente o contrário daquilo que haviam prometido. As palavras fortes existem para serem usadas e a isso chama-se desonestidade política.

Depois, a insensibilidade social. Assistimos no governo que agora se vai, sempre com cobertura ao nível mais elevado, a uma obscena política de agravamento das clivagens sociais, destruidora do tecido de solidariedade que faz parte da nossa matriz como país, como que insultando e tratando com desprezo as pessoas idosas e mais frágeis, desenvolvendo uma doutrina que teve o seu expoente na frase de um anormal que jocosamente falou, sem reação de ninguém com responsabilidade, de “peste grisalha”. Vimos surgir, escudado na cumplicidade objetiva do primeiro-ministro, um discurso “jeuniste” que chegou mesmo a procurar filosofar sobre a legitimidade da quebra da solidariedade inter-geracional.

Um dia, ouvi da boca de um dos “golden boys” desta governação, a enormidade de assumir que considerava “legítimo que os reformados e pensionistas fossem os mais sacrificados nos cortes, pela fatia que isso representava nas despesas do Estado mas, igualmente, pela circunstância da sua capacidade reivindicativa de reação ser muito menor dos que os trabalhadores no ativo”, o que suscitava menos problemas políticos na execução das medidas. Essa personagem foi ao ponto de sugerir a necessidade de medidas que estimulassem, presumo que de forma não constrangente, o regresso dos velhos reformados e pensionistas, residentes nas grandes cidades, “à provincia de onde tinham saído”, onde uma vida mais barata poderia ser mais compatível com a redução dos seus meios de subsistência.

Fui testemunha de atos de desprezo por interesses económicos geoestratégicos do país, pela assunção, por mera opção ideológica, por sectarismo político nunca antes visto, de um desmantelar do papel do Estado na economia, que chegou a limites quase criminosos. Assisti a um governante, que hoje sai do poder feito ministro, dizer um dia, com ar orgulhosamente convicto, perante investidores estrangeiros, que “depois deste processo de privatizações, o Estado não ficará na sua posse com nada que dê lucro”.

Ouvi da boca de outro alto responsável, a propósito do processo de privatizações, que “o encaixe de capital está longe de ser a nossa principal preocupação. O que queremos mostrar com a aceleração desse processo, bem como com o fim das “golden shares” e pela anulação de todos os mecanismos de intervenção e controlo do Estado na economia, é que Portugal passa a ser a sociedade mais liberal da Europa, onde o investimento encontra um terreno sem o menor obstáculo, com a menor regulação possível, ao nível dos países mais “business-friendly” do mundo”.

Assisti a isto e a muito mais. Fui testemunha do desprezo profundo com que a nossa Administração Pública foi tratada, pela fabricação artificial da clivagem público-privado, fruto da acaparação da máquina do Estado por um grupo organizado que verdadeiramente o odiava, que o tentou destruir, que arruinou serviços públicos, procurando que o cidadão-utente, ao corporizar o seu mal-estar na entidade Estado, acabasse por se sentir solidário com as próprias políticas que aviltavam a máquina pública.

No Ministério dos Negócios Estrangeiros, fui testemunha de uma operação de desmantelamento criterioso das estruturas que serviam os cidadãos expatriados e garantiam a capacidade mínima para dar a Portugal meios para sustentar a sua projeção e a possibilidade da máquina diplomática e consular defender os interesses nacionais na ordem externa. Assisti ao encerramento cego de estruturas consulares e diplomáticas (e à alegre reversão de algumas destas medidas, quando conveio), à retirada de meios financeiros e humanos um pouco por todo o lado, à delapidação de património adquirido com esforço pelo país durante décadas, cuja alienação se fez com uma irresponsável leveza de decisão.

Nunca lhes perdoarei o que fizeram a este país ao longo dos últimos anos. E, muito em especial, não esquecerei que a atuação dessas pessoas, à frente de um Estado que tinham por jurado inimigo e no seio do qual foram uma assumida “quinta coluna”, conseguiu criar em mim, pela primeira vez em mais de quatro décadas de dedicação ao serviço público – em que cultivei um orgulho de ser servidor do Estado, que aprendi com os exemplos do meu avô e do meu pai -, um sentimento de desgostosa dessolidarização com o Estado que lhes coube titular durante este triste quadriénio.

Por essa razão, neste dia em que, com imensa alegria, os vejo partir, não podia calar este meu sentimento profundo. Há dúvidas quanto ao futuro que aí vem? Pode haver, mas todas as dúvidas serão sempre mais promissoras que este passado recente que nos fizeram atravessar. Fosse eu católico e dir-lhes-ia: vão com deus. Como não sou, deixo-lhe apenas o meu silêncio.

Por Francisco Seixas da Costa Diplomata português. Ex-Embaixador de Portugal no Brasil.

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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

HOLANDA PRETENDE DEFENDER AS TRADIÇÕES NACIONAIS

Quando recebi por e-mail o seguinte texto HOLANDA vai mudar em relação aos MUÇULMANOS, http://aquitailandia.blogspot.pt/2014/10/holanda-vai-mudar-em-relacao-aos.html recordei a sabedoria popular dos meus tempos de jovem «Na terra onde fores viver, faz como vires fazer se não quiseres aborrecer».
Os tempos mudaram, os transportes facilitam os movimentos e a globalização,tudo criou uma aldeia global em que tal sabedoria deixou de ser respeitada. A pretensão dos holandeses gerou muitos comentários, dos quais transcrevo o seguinte, do amigo AMF.

«Julgo que a Europa enfrenta um enorme desafio, para conciliar os seus princípios e valores morais e a avalanche de refugiados que invadem as suas fronteiras em busca de paz e melhores condições de vida, para além daqueles que já vivem no seu interior e que até têm já cidadania europeia.

Considero que a "integração" (quiçá, mesmo assimilação cultural) de uns e outros requer um plano de acção bem estruturado que permita salvaguardar aqueles princípios e valores sem prejuízo da segurança e defesa dos países europeus, mas também sem atentar contra os usos e costumes dos povos acolhidos no seu seio.

Tenho para mim que a simples proibição do uso de roupas, como o véu, burca, hijab, etc., não serve como solução eficaz e eficiente, pois só vai servir, antes, como motivo de revolta por parte daqueles povos, os quais desejam que as suas tradições sejam respeitadas. Se acaso eu tivesse necessidade de ser acolhido num país islâmico, não quereria nem desejaria que me obrigassem a vestir à moda deles.»

É importante que não se percam as boas tradições e o culto pelos valores tradicionais e históricos. Se assim não for seremos todos emigrantes mesmo dentro do próprio país de nascimento.

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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

HAJA PAZ E NÃO GUERRA


É muito citado o ditado latino «SI VIS PACEM, PARA BELLUM» que significa "se quer paz, prepare-se para a guerra". Mas note-se o uso do verbo preparar e não do verbo fazer. Preparando-se para a guerra, cria-se poder dissuasor que impede os outros de atacar. Mas, fazendo a guerra, obrigam-se os outros a procurar vencer e daí vem a escalada de violência em que, mesmo os derrotados, alimentarão o ódio e o desejo de retaliação e de vingança, por qualquer meio, e será um inferno duradouro. Repare-se que o crime hediondo do dia 13 deu, de imediato, a retaliação sobre territórios do Médio Oriente e depois...

Os crimes prescrevem. Não devemos dificultar a boa convivência futura com ideias vingativas assentes em erros do passado, mais ou menos distantes. Se queremos construir um mundo melhor, mais harmonioso, devemos procurar olhar mais atentamente para a preparação do futuro, sem esquecer os pontos válidos do passado e evitando os erros antigos. Mas há poucos políticos competentes para essa grande tarefa, que tenham coragem de resistir às pressões malditas dos ambiciosos donos do capital internacional.

Haja filósofos que ensinem as pessoas a respeitar as outras por mais diferentes que sejam. O RESPEITO MÚTUO será a ferramente mais eficaz para a harmonia planetária, para criar Nações Unidas, de verdade. Em vez de agressão é preferível a conversa, a negociação, quer directamente entre os confrontados, quer com ajuda de intermediários. Os diplomatas devem ser mais intervenientes do que os militares.

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quinta-feira, 12 de novembro de 2015

DEFESA DOS INTERESSES NACIONAIS EXIGE PRIORIDADES

A notícia «Cavaco Silva visita a Madeira na próxima semana» incita a reflexões cuidadosas. Quem esteja interessado em compreender tudo o que se passa à sua volta e de que possa ter de sofrer as consequências, como a meteorologia e as acções de políticos em funções de Estado, deve procurar explicações para o que chega ao seu conhecimento.
Por exemplo, a demora em termos um Governo em plena actividade, 40 dias depois das eleições e de ter havido uma decisão falhada como muita gente previa, exigia um esforço prioritário para uma solução para bem de PORTUGAL e dos portugueses. Por isso, e atendendo que o PR, no próprio dia das eleições afirmou que já tinha estudado todos os cenário pós-eleitorais, com o que criou a ilusão de que iríamos ter novo Governo, dentro de poucos dias, deixa no espírito dos portugueses a curiosidade de perceber a prioridade dada à ida à Madeira e, com isso, o adiamento da nomeação do próximo Governo. Das duas coisas, qual a que interessa mais a Portugal?
Foi agora relembrado na Comunicação Social que Sampaio foi muito mais rápido a decidir a criação do Governo de Santana Lopes. Demorou apenas 10 dias. Havia outras pessoas e outras circunstâncias. Há quem diga que a pressa de Sampaio gerou um governo que durou poucos meses. Mas a precipitação de Cavaco gerou um governo que durou dias.
COMO COMPREENDER AS PRIORIDADES???

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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

PS E AS TOMADAS DE DECISÃO


Das negociações conduzidas pelo PS para formar Governo ressaltou o factor muito significativo da abertura da discussão dos problemas, analisados por pessoas diversas em saber e opinião, por forma a não ser negligenciada nenhuma das suas facetas. Foi uma óptima aplicação da metodologia referida em «PENSAR ANTES DE DECIDIR» que era baseada no conceituado e muito melhorado ao longo dos tempos método militar do «estudo de situação». Nenhuma decisão deve ser tomada sem uma tal preparação e, mesmo assim, quando entra em concretização, podem surgir imprevistos que exigem correcções rápidas usando o mesmo método para conseguir o objectivo pretendido.

Agora, se tal governo vier a ser realidade, PORTUGAL deixa de ficar dependente de decisões «irrevogáveis» ou feitas por inspiração arrogante do estilo «eu quero, posso e mando» e por teimosia «custe o que custar».

Em tal governo, cada decisão precisando da aprovação dos parceiros, terá, portanto na base um conhecimento de vários pontos de vista e análise de vantagens e inconvenientes em comparação com qualquer outra solução alternativa. Haverá assim, ao contrário de palpites arrogantes, uma racionalidade de concentração de esforços e de reunião de recursos de saber e experiência, como ficou bem visível aqui.  

Oxalá os protocolos dos acordos assinados pelos parceiros resultem em pleno para bem de PORTUGAL, a fim de não haver zig-zag, nem erros de legislação de que resultará custos em tempo e dinheiro, perda de confiança e pressões estranhas que prejudiquem os portugueses. Uma sugestão que ressalta é que, tendo este início de discussão aberta e plural dos problemas nacionais, nunca deixem de procurar um permanente consenso para que os portugueses possamos ver o nosso País crescer, aumentar a credibilidade perante o estrangeiro e melhorar a própria qualidade de vida, com mais solidariedade, mais justiça social, menos desemprego, menos necessidade de emigrar, menos burocracia, menos gorduras na máquina do Estado, sem corrupção e sem despesas exageradas com mordomias, luxos, ostentação, etc.

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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

EM QUEM VOTAR



Como os políticos evidenciam ser portadores dos mesmos vícios e defeitos, em maior ou menor grau, conforme a sua especialidade clubística (partidária) os eleitores conscientes ficam sempre indecisos e muitos acabam por evitar errar muito e recorrem à abstenção, ao voto nulo ou ao voto em branco.

As legislativas e as manobras que se lhes seguem e ocupam o maior espaço dos Órgãos da Comunicação Social são um exemplo de que qualquer escolha se destina a continuar tudo mais ou menos na malpara os cidadãos. Os jogos florais continuam.

Agora começa a tomar forma a luta para as presidenciais. Há quem diga que vota em Henrique Neto, só porque Rui Nabeiro não se candidata. Ambos são conhecedores da realidade nacional, conhecem os prós e contras da nossa economia e respeitam os fornecedores e clientes das suas empresas, os seus trabalhadores e respectivas famílias e procuram ajudar a vida social da área geográfica em que se encontram.

Mas, dada a poluição da Comunicação Social, as pessoas não votarão em gente boa, mas sem imagem publicitária. Quanto aos outros, os notáveis, há muitas ilusões. Por exemplo, o candidato Marcelo tem recebido alertas de Helena Matos  e de outras origens . Será que alguém mais o alerta para os obstáculos que terá de ultrapassar na pista para a meta?

Há uma grande diferença entre as palmas e os aplausos na actividade pública e a decisão secreta do voto. E no momento deste, os que não se abstêm ,nem votam branco nem nulo e possuem algumas capacidade de pensamento e decisão podem resistir à intoxicação psicológica e podem vislumbrar os interesses nacionais para um futuro menos doloroso do que o presente e tomar uma decisão de voto em sentido muito diferente do que aquilo que os papagaios lhes tentaram introduzir no cérebro.

Vivam os comentadores independentes que evitam confessar a sua decisão pessoal, e analisam imparcialmente de acordo com os dados e sintomas que conseguem obter, deixando campo livre para as reflexões e decisões de cada eleitor. A esses o meu aplauso, o agradecimento pela ajuda na livre decisão de voto. Mas…apesar deles, viva Henrique Neto.

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