sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

VIVER É MEXER

Viver é mexer

 (Public em DIABO nº 2304 de 26-02-2021. pág 16. Por António João Soares)

Quando alguém tem um desmaio, as pessoas que tentam a reanimação ficam felizes quando a vêm fazer qualquer movimento. Por isso tem soado mal quando se ouve dizer que Portugal deve ser governado na continuidade. Mas quando se encontra a sofrer de inacção, hesitação, estagnação, etc. não está vivo e há que fazê-lo mexer, para viver.

A vida exige acção e esta deve ser racional, inteligente, sensata, principalmente quando se tem responsabilidade perante outros. E a vida não pode significar promessas, mesmo que bem intencionadas. Precisa de acção com resultados positivos, o que nem sempre acontece. Mas, por vezes, vemos empresários que fazem perfeito uso deste conceito.

Li há pouco que a empresa Trim NW dispõe de linhas de produção de têxteis  destinados à indústria automóvel e que, com o enfraquecimento do negócio devido à pandemia, decidiu dedicar algumas das suas linhas de fabrico à produção de “não-tecido” de batas hospitalares, dada a grande procura destes produtos no socorro aos muitos infectados com o Covid-19 que têm acorrido a hospitais e outros postos de socorro.

Em poucos meses, teve resultados muito animadores, ao ponto de ter chamado pessoal que tinha suspendido por falta de trabalho e de ter aumentado as vendas, quer no País quer em exportação. A empresa adaptou-se às necessidades de prevenção da pandemia, por forma a não ter que parar a produção habitual. As condições de trabalho foram muito condicionadas, apenas se mantendo na oficina o pessoal indispensável; aquele que se dedica a trabalho burocrático actua em teletrabalho, em condições protegidas de eventual contágio. Os lucros são compensadores, apesar do curto período de tempo a funcionar.

Esta posição de gestor deve ser seguida por todo o responsável por empresa ou instituição. Deve ser permanente a observação do desenvolvimento do negócio, ajustar o funcionamento aos factores internos e externos por forma a não deixar enfraquecer os resultados. E tomar as melhores decisões, incluindo a alteração das prioridades e a adopção de aproveitamento de novas oportunidades que surjam.

Neste caso, tinha havido dispensa de pessoal, mas ao surgir a possibilidade de o fabrico de “não-tecido” poder continuar a funcionar e com mais actividade perante a necessidade surgida na actividade da saúde pública, houve a decisão inteligente de chamar o pessoal dispensado e de estruturar o trabalho de forma segura quanto a contactos perigosos e de atender os clientes nacionais e estrangeiros. E com estas alterações, em pouco tempo, os resultados financeiros foram animadores.

Não conheço a empresa nem os seus proprietários, mas, ao saber do caso, pensei neste bom exemplo a seguir pelos governantes neste período de crise pandémica e no imperioso esforço de recuperação para a época seguinte. Quem tem responsabilidade de governar, deve ter saber e também sabedoria, que são coisas diferentes. O saber é constituído pela ciência aprendida na escola e nos livros e traduzida num diploma que nem sempre é algo de confirmado na prática, até porque a sua aquisição pode ter sido enganosa ou pouco apoiada por boa reflexão e realismo. A sabedoria é um dom que nos permite olhar para a realidade de forma prática e ajuda a discernir qual a melhor atitude a seguir e adoptar nos diferentes contextos da vida. Quando assente em bom saber e em observação dos bons exemplos das realidades práticas, constitui uma garantia de eficiência prática inquestionável.

Por isso, considero que os bons factos como o atrás referido devem ser do conhecimento de todos os verdadeiros detentores da sabedoria ou a isso candidatos.

Com pessoas dotadas de sabedoria, ou a humildade de quererem adquiri-la, esta pandemia podia não ter chegado ao estado a que chegou nem haver tantos confinamentos, nem aldrabices nas vacinas, nem tantos estados de emergência, nem tanto prejuízo na economia, nem tanta mentira e promessas falsas. ■


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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

GRANIZO, UM RISCO DA NATUREZA

(Public em DIABO nº 2303 de19-02-2021, pág 16. Por António João Soares

Cada actividade tem os seus riscos e deve saber viver com eles, procurando reduzir os incómodos. Vivi os meus primeiros 18 anos na proximidade da agricultura e cedo aprendi como acontecem fenómenos naturais e os seus efeitos desagradáveis. O granizo forma-se pelo movimento vertical das nuvens; subindo estas para altitudes gélidas, a humidade congela, torna-se mais densa do que o ar e despenha-se em grãos ou pedras de granizo ou saraiva que podem ir de tamanho de poucos milímetros de diâmetro a pedras de 20 cm que, ao caírem, provocam estragos consideráveis em telhados, automóveis ou aviões e na agricultura e fruticultura. As pedras maiores podem atingir grande velocidade na queda, sendo altamente destrutivas.

Há pouco, li a notícia de que 12 deputados preparam o texto de uma resolução da AR com o pedido ao Governo de apoio para a instalação de sistemas anti-granizo e tornar mais resiliente o sector da fruticultura face a tais fenómenos atmosféricos. Não havia no texto nada que esclarecesse sobre tais sistemas, mas presumi que se tratava de fazer cobertos que conseguissem que as pedras fossem paradas antes de estragarem a fruta. Como não havia referência a opinião de técnicos, pareceu-me uma ideia imatura defender a cultura de fruta em recintos fechados para não haver acesso do granizo. Tal fruta, sem sol nem outros efeitos atmosféricos, seria intragável.

Como fazer a prevenção, em tempo útil? Na Idade Média, em aldeias da Europa, pessoas tocavam os sinos nas igrejas e davam tiros de canhão para alertar a população da aproximação de uma tempestade de granizo. Depois da Segunda Guerra Mundial, a Rússia passou a usar o método da semeadura de nuvens para afastar e eliminar a ameaça de granizo, e chegou a anunciar uma redução de 50 a 80% nos danos em colheitas provocados por granizo, aplicando iodeto de prata através de foguetes e obus de artilharia. Mas esses resultados não foram verificados. Mais tarde houve programas de supressão de granizo empreendidos em 15 países entre 1965 e 2005. Porém, até o momento, nenhum método de prevenção se provou eficaz.

Parece não ser possível garantir com uma antecedência útil para se proceder a cuidados de defesa de áreas em perigo. Os meteorologistas usam diversos tipos de radares que identificam se o conteúdo de uma nuvem é água ou se é granizo, mas essas observações exigem cálculos complexos de algo que pode acontecer dentro de poucos segundos ou minutos, portanto sem dar tempo para serem tomadas medidas de protecção.

Perante a complexidade deste fenómeno natural, parece positiva esta preocupação dos 12 deputados, mas será conveniente que dialoguem serenamente com cientistas da meteorologia antes de lançarem o Governo em actividades sem saber o que estão a fazer, o que pretendem, os resultados desejados e a probabilidade de, com isso, obter algum benefício para os agricultores de produtos vantajosos para a contabilidade nacional, quer para consumo interno quer para exportação.

Como disse no início, é imprescindível quando se inicia uma actividade, procurar os riscos inerentes a cada mini-sector com que vamos deparar, aprender a viver com eles e, a cada momento, procurar reduzir os incómodos surgidos. O risco de granizo é um fenómeno natural fora da limitação pela capacidade humana. Mas felizmente raramente assume dimensão de alta perigosidade. Assisti a uma tempestade que se desenrolou numa faixa de largura de pouco mais de 100 metros mas que, em alguns quilómetros, destruiu quase toda a vegetação que ali havia. Porém, algum tempo depois, a vida estava a continuar, depois de alguns pequenos ferimentos terem sarado e de terem sido reciclados os restos de árvores e outros vegetais destruídos. ■

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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

AGIR POR PORTUGAL E NÃO CONTRA PARTIDO RIVAL

(Public em DIABO nº 2302 de 12-02.2021, pág 16. Por António João Soares)

 Nas guerrilhas interpartidárias, desperdiça-se muita energia e tempo a dizer mal dos rivais, quando seria mais sensato e produtivo apresentar e defender argumentação em defesa dos próprios planos e dos resultados desejados para bem de Portugal, e deixar ao povo, aos eleitores, apreciar qual é a solução que preferem e que é mais merecedora do seu voto.

 Não se obtém vantagem em dizer mal do outro mas, sim, em explicar os benefícios que virão para o povo e o País da concretização do próprio plano. A esperança num Portugal daqui a 10 ou 20 anos depende e será mais atraente através de uma descrição empenhada, explicada pelos autores de um plano do que através de ataques verbais e verrinosos aos militantes de partidos rivais. Saibamos olhar para os problemas nacionais e raciocinar pela sua resolução e esboço de inovações para procurar a melhoria da qualidade de vida da população.

As rivalidades entre esquerdas e direitas, desde as presidenciais, padecem desse defeito de perder tempo, energias e oportunidades em vez fazer algo de útil e construtivo. Seria muito mais útil apresentar aos eleitores alternativas adequadas aos resultados desejados pelos cidadãos bem pensantes e independentes de qualquer sector partidário.

Qualquer dos novos partidos recentemente aparecidos vieram com propósitos de ficar por muito tempo. Podem ter ideologias aceitáveis e do gosto de velhos cidadãos mas a que falte o pormenor, o dom de atrair os menos informados e mais realmente interessados na solução prática das dificuldades que sentem na vida diária. Além destas explicações, para os simples eleitores, são indispensáveis, especialistas do aparelho político, com saber e experiência para se imporem ao povo como agentes divulgadores dos valores a defender na prática.

Cada partido pode dar as tonalidades que lhe aprouver, mas os objectivos estratégicos devem ser muito semelhantes quanto a respeito pela história e tradições, de forma a facilitar a escolha pelo eleitor. A volumosa abstenção sugere que a maioria silenciosa e moderada, tal como os dotados de informação mas descrentes das capacidades objectivas e inovadoras, sejam estimulados a decidir-se, perante os claros argumentos que são apresentados como determinantes para o futuro do País e, apenas secundariamente para o aumento de poder e de imagem do partido em causa. Há quem vote num plano que considera bom para o país, mas sem pensar no benefício que o partido dele possa retirar.

Nesta data, tais objectivos estratégicos podem ser focados em reduzir o número de deputados em proporção com o número de eleitores; reduzir a quantidade de governantes, ficando apenas os necessários às funções a desempenhar; reduzir a quantidade de instituições públicas ao absolutamente necessário e nomear os seus dirigentes por concurso público, por forma a terem competência e experiência no sector; defender que um partido, um governo e o país são realidades separadas que não devem ser confundidas, para não destruir o governo ou a democracia, pois tal confusão conduz à degradação das instituições do Estado; tornar a Justiça mais rápida e independente de forma a merecer mais confiança dos cidadãos; o Ensino deve ser livre de pressões levianas e ter ética para formar futuros adultos responsáveis; a estrutura da Saúde deve ser preparada para fazer face a ameaças inesperadas e para dar apoio permanente aos cidadãos que dela necessitem, usando um SNS eficiente e activo; as Forças de Segurança devem estar preparadas e dispor de meios para manter a autoridade e a ordem em quaisquer circunstâncias, perante cidadãos, residentes e estrangeiros; as Forças Armadas, com a sua dedicação à Pátria pela defesa da qual estão preparadas para arriscar a própria vida, devem ser respeitadas e prestigiadas com veneração sistemática. E há vários outros sectores que precisam de ser aprimorados para bem dos cidadãos. ■


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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

MARCELO E A CONTINUIDADE

(Public em DIABO nº 2301 de 05-02-2021, pág 16. Por António João Soares)

O actual PR, durante a sua candidatura à reeleição, prometeu a continuidade, o que podia imobilizar muita gente bem informada que observou a sua inacção durante cinco anos, e as suas respostas a jornalistas deixando-os sem esperança de o verem agir perante muitos sinais desanimadores de falta de uma reacção sua contra o agravamento de muitos aspectos da vida nacional, desde os já clássicos incêndios florestais sem medidas preventivas e sem medidas eficazes de os parar logo pós as chamas iniciais, até à resolução de condições que evitassem o agravamento do Covid-19. Com tal falta de esperança numa necessária mudança a bem de todos os cidadãos, a abstenção pode ter crescido.

Porém, perante os insensíveis aos sinais negativos e convictos de que o destino poderia fazer milagres, o Sr. PR conseguiu ser reeleito e continuar num novo mandato. Oxalá inicie esta nova marcha, apoiando-se por pessoas bem informadas e com experiência das realidades nacionais que ajudem a analisar cada assunto e fornecer alternativas válidas para o enfrentar de forma a melhorar Portugal sob todos os pontos de vista e tornar melhor a vida das pessoas, a economia e assegurar um futuro mais promissor para o País conhecido por “ter dado novos mundos ao mundo”.

 Para formar bons grupos de colaboradores, deve mais do que a amizade ou os diplomas, basear-se na experiência demonstrada por diversas maneiras, e na coragem e sinceridade para sugerir as melhores soluções sem estar condicionado por outros interesses que não sejam o mais puro futuro de Portugal. Um ‘yes man’ ou dependente de pessoa poderosa, não traz o que nacionalmente é desejável. E a recolha de ideias para o País não deve confinar-se a pessoas totalmente ignorantes nem demasiado afectadas pelos inconvenientes de uma crise, pois raramente vêem todas as implicações do problema.

Também não é condição para ser bom conselheiro e colaborador um falante que se preocupe, com palavras sem bom conteúdo, em criar nos ouvintes esperança em dias melhores e no “deixa andar” sem garantia sincera de que as promessas podem vir a ser realidade. É preferível ajudar a analisar as dificuldades do presente e estimular as pessoas a procurar alterações nos seus comportamentos por forma a preparar um amanhã mais seguro e confortável, com soluções de durabilidade. Não se deve desprezar as soluções de hoje, mesmo que apenas suficientes para arriscar em fantasias.

Mas as alterações nos serviços de saúde, justiça, ensino, autoridade e segurança pública precisam de encarar uma modernização eficaz, para bem do país. Porém, nestas instituições também não se deve destruir o existente sem termos a certeza, perante estudos cautelosos e sistematicamente seguidos por colaboradores com as qualidades referidas no segundo parágrafo, que evitem aventuras de mudanças insustentáveis que se limitem a destruir aquilo que existe sem nada melhorar. Tenho visto publicados textos, que merecem a maior atenção, por pessoas que acompanham as realidades e nelas meditam maduramente, como se tivessem responsabilidade em as melhorar. Portanto, não são necessários inventores “geniais” como a Greta sueca.

Tem havido opiniões por médicos competentes e experientes, sobre a defesa das populações dos perigos da pandemia do coronavírus, que bem merecem ser tomadas em consideração na preparação de planos eficazes para um bom resultado. Também contra a morosidade e outras deficiências da justiça há quem emita sugestões lógicas, bem como contra os actuais defeitos do ensino e o esquecimento da ética que deve preparar as crianças para virem a ser pessoas responsáveis e sensatas no seu comportamento de adultas. Também não posso esquecer que as Forças de Segurança devem ser preparadas para os perigos que têm de suportar e ter apoio para reagirem com autoridade, mas sem falhas como a do SEF. ■

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

SOLUÇÕES ADEQUADAS EXIGEM COMPETÊNCIA

(Public em DIABO nº 2300 de 29-01-2021 pá 16. Por António João Soares)

A competência não aparece por milagre nem surge espontaneamente de um diploma universitário, mas depende de hábitos juvenis de aplicação da racionalidade na observação de tudo o que nos cerca, procurando saber as causas, os condicionamentos e os resultados. Analisando estes, procura- -se imaginar o que os tornaria melhores e como se teriam evitado falhas indesejadas. Depois de anos com este hábito adicionados ao que se aprende nos livros científicos, adquire-se competência para compreender o funcionamento das coisas, fazer previsões, planeamentos e acompanhar construtivamente a acção para serem obtidos os objectivos desejados.

 Sem o conhecimento das realidades que um fenómeno influencia, não é fácil raciocinar de forma a decidir, perante as múltiplas soluções possíveis, qual é a mais adequada ao objectivo pretendido e, por isso, vemos políticos em funções de grande responsabilidade a fazer promessas que não são cumpríveis por não serem realistas mas que, mesmo assim, geraram custos elevados de que resultou atraso no funcionamento da respectiva área económica e no desenvolvimento do país, além do aumento da dívida pública. O caso mais notado foi o do reforço da função do Aeroporto de Lisboa que começou por dar grande despesa com estudos na hipótese de ser aproveitada a base aérea da Ota, depois a alternativa de Alcochete, e a da Base Aérea do Montijo, onde, depois de grandes despesas, parece não ter sido decidido levar a solução até ao fim.

A mesma hesitação mantém-se quanto à construção da linha circular do Metro de Lisboa, que não parece ter sido decidido se iria terminar em Santos ou em Alcântara-Mar. E a propósito de transportes, tem sido adiado o melhoramento da linha do Oeste, para linha dupla, electrificada e com ligação mais simples e directa à linha de Sintra.

Mas a competência não está carente apenas nos sectores materiais atrás referidos mas também em aspectos do funcionamento de diversos serviços públicos. É disso vítima a saúde, colocada em cheque pelo Covid-19 que mostra haver imperfeições na estrutura, no funcionamento e nos equipamentos que não conseguiram realizar com a conveniente brevidade os ajustamentos convenientes, quer no sector público quer no intercâmbio com o sector privado. À pandemia do vírus opôs-se a pandemia do pânico, com um sadismo brutal de confinamento que, pouco depois, foi aliviado e depois terminado em termos de excessiva liberdade que demonstrou que as pessoas não foram devidamente preparadas para cumprirem regras de prevenção e higiene capazes de garantir um estado de saúde aceitável. Vieram novos surtos e repetiu- -se o confinamento. E nestas restrições de liberdade, houve tantas excepções que mais parecia que as leis deixaram de ser gerais e iguais para todos, pois os partidos beneficiaram de exageradas excepções.

E, no que se refere a normas de funcionamento dos serviços e capacidade de adaptação a novas circunstâncias, há o caso da data das eleições presidenciais que, segundo opiniões vindas a público, deviam ser adiadas por algumas semanas e serem adaptadas por forma a utilizar os actuais meios digitais que permitem votar sem necessidade de ida às urnas fixas na sede do concelho ou noutro local central. Pode acontecer que, com as dificuldades actuais, a abstenção, com o pretexto da pandemia, suba a um ponto de o PR eleito em vez de ter 50% de votos, acabe por ocupar o cargo por vontade de cerca de 20% dos cidadãos com direito a voto. Isto assim não pode ser denominado democracia.

 Mas há muitos outros casos em que a competência devia marcar presença, como a Justiça no combate à corrupção, o MAI no caso do SEF, da actuação das Forças de Segurança no exercício de autoridade perante imigrantes, prevenção de incêndios florestais com ordenamento da floresta, a Educação, perante as modernices do género, etc,

Os cargos importantes devem ser ocupados por gente competente. ■


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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A EVOLUÇÃO CIENTÍFICA PARTE DE DÚVIDAS

A evolução científica parte de dúvidas

(Public em DIABO nº 2299 de 22-01-2021, pág 16. Por António João Soares)

Há pouco tempo, uma jovem sueca descobriu que a Terra está a aquecer por culpa do uso de combustíveis de origem mineral e que é preciso lutar contra as alterações climáticas. E isso foi afirmado com arrogância convincente de tal forma que a jovem apareceu perante assembleias públicas de conceituadas instituições e arrastou apoios de elevados estadistas que transmitiram aos seus súbditos a “certeza científica” de que somos capazes de condicionar o clima alterando os nossos comportamentos.

Agora, aparentemente no seguimento de tal “saber científico”, a temperatura desceu de forma muito diferente do habitual, tendo, por exemplo, a Espanha atingido os 16 graus negativos. Será que os altos dirigentes políticos que gostam de alimentar a sua vaidade com actos públicos, bem visíveis e reportados, irão proceder à condecoração dos activistas dos seus países que mais se destacaram nesta campanha da jovem sueca contra o aquecimento da Terra, por terem conseguido atingir os seus pretendidos “objectivos”? Seria bonito ver o nosso PR interromper a campanha eleitoral para proceder a tal acto, esperando angariar mais votos para ser reconduzido no cargo!

Mas a realidade não parece provar que este frio tivesse surgido em resultado de tal tão propagandeada luta. Trata-se de uma situação natural não prevista nem controlável pelo homem. E pensem que podem existir coisas certas nos diversos textos que aqui publiquei, de que refiro os seguintes títulos e as datas em que vieram a público: em 26-04-2019, “Alterações climáticas e defesa do ambiente”; em 05-07-2019, “Alteração climática é fenómeno natural”; em 06-06-2019, “Tempestades de granizo”; em 20-09-2019, “Contra a desertificação, pela natureza”; em 04-10-2019, “Alterações climáticas e ambiente”; em 11-11-2020, “Alterações climáticas”; em 11-12-2020, “Defender o ambiente e respeitar o espaço cósmico”.

Deus nos livre dos vaidosos pretensiosos “sábios” que só têm certezas e nunca aceitam dúvidas, ao contrário dos célebres cientistas que vivem cercados de dúvidas, e mesmo quando obtêm respostas credíveis para elas, continuam os estudos e as experiências para as confirmar. E é com a procura de respostas para as suas interrogações que avançam para as certezas que irão constituir o verdadeiro saber científico. A dúvida constitui o ponto de partida para a investigação e para o desenvolvimento da ciência. A evolução científica parte das dúvidas.

E quando apenas há certezas e se anunciam as futuras decisões, antes de se iniciarem os estudos para as questões que devem ser consideradas, então, provavelmente, caminha-se para uma sucessão de erros que degradam a economia e todo o ambiente circundante, incluindo a situação social de um país como o nosso que vê piorar, a par e passo, a sua situação relativa aos parceiros da União Europeia.

Quem só tem certezas e nunca tem dúvidas não passa de um estúpido pateta. Para obter conhecimento e contribuir para o desenvolvimento é conveniente usar humildade, aceitar dúvidas e tudo fazer para as eliminar e, assim, ficar seguro das realidades, dos problemas e dos seus factores e condicionamentos e, depois, poder tomar a decisão que mais lhe convier para a finalidade que deseja. Isto é mais seguro do que tomar decisões por palpite e apenas por convicção de momento.

Num curso em que se ensinava a preparar as decisões, o General Bettencourt Rodrigues, no momento de fazer a lista das possíveis modalidades de acção, dizia: “agora durante 5 minutos a asneira é livre”. Isto é, a decisão final deve ser uma escolha da melhor solução de entre todas as possíveis. Este curso destinava-se a formar oficiais que iriam integrar o Corpo do Estado-Maior do Exército. ■


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sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

COVID E IDOSOS

Covid e idosos

 (Public em DIABO nº 2298 de 15-01-2021, pág 16. Por António João Soares)

 As notícias diárias referem lares de idosos com mais infectados com o coronavírus e, por vezes, óbitos de internados. Trata-se de lares de entidades consideradas responsáveis e inseridas em Misericórdias, autarquias, etc, todas com experiência de apoio a idosos. Porém, conheço um caso de um lar que durante estes meses de pandemia, apesar de ter mais de cem residentes, alguns com mais de cem anos de idade e com várias dezenas de funcionários, apenas teve dois casos ligeiros em funcionários que tiveram leves sintomas devido a contactos próximo das residências, fora da actividade profissional com idosos.

Está provado que o covid não se mete com quem cumpre as medidas de prevenção divulgadas e é esse o segredo do lar que refiro. Vários residentes dizem que as medidas são exageradas, mas mais vale prevenir do que remediar. Perante este exemplo e os muitos casos confirmados de infectados citados pelas notícias, pergunto: porque será que o SNS e as autarquias não divulgam normas de prevenção semelhantes às do lar que atrás refiro e não controlam com alguma assiduidade os comportamentos vigentes nos lares muito afectados?

Neste assunto, como mais ou menos em todos os casos de direcção e gestão, os altos responsáveis não devem limitar-se à passividade contemplativa com a esperança de que nada ocorra de desagradável e, se ocorrer, depois se agirá. Só que, depois, pode não haver capacidade para aplicar com oportunidade a solução adequada. Um líder responsável tem que ter a ambição, o objectivo, a competência, a capacidade, para a máxima eficiência possível, tem que haver um rumo, um projecto, um programa, para ser obtido o melhor resultado desejado. Porque o nome, a aura, a fama, dependem mais dos resultados do que das palavras precoces de promessas e de esperança que podem não ser concretizáveis e, quando isso ocorre, fazem perder a confiança das pessoas dependentes.

As palavras vindas a púbico quer do PR quer do PM por altura do Natal, pecaram por ser simpáticas e populistas, mas sem uma visão do futuro com capacidade para inspirar confiança e esperança realista sobre soluções previstas para os variados problemas que se forem avolumando e para os quais são necessárias soluções eficazes para que a vida social se normalize e Portugal se desenvolva e não se transforme no carro vassoura da Europa sob a ilusão de que a esperança em milagres faça ultrapassar os efeitos da continuidade do conformismo inactivo a que temos vindo a ser habituados. Terá que surgir coragem para dar um passo em frente para um futuro melhor com garantia de sucesso.

Na Natureza, a mudança é um fenómeno permanente quer entre o dia e a noite quer entre as estações do ano quer entre o nascimento, o crescimento e a morte. Nada surge com carimbo de eternidade, é preciso saber viver com espírito de evolução e de recusa da estabilidade degradante. Viver é mexer, é evoluir para melhores tecnologias com a sensatez e a racionalidade convenientes para fazer sempre melhor.

Voltando ao início, os idosos, estão a ser objecto de novas soluções pela mão de gente sensata e inteligente que cria “aldeias sociais” como lares em que os idosos vivem com autonomia cada um usando aquilo que aprendeu durante a vida activa, em vez de passarem o tempo a vegetar sem nada fazer, receando o falecimento. É pena que governantes e gestores da função pública não percebam as condições de vida dos portugueses e as apetências que podem ser válidas. As pessoas, especialmente as idosas, não devem ser tratadas como coisas, como berlindes, e já não digo como peças de dominó, porque estas exigem muito respeito pelas regras. Os idosos devem ser respeitados por aqueles que estão a caminho da sua condição que desejam ser longo e bem percorrido. Mereçam, então, ser tratados com respeito. ■

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

DEFESA DE VALORES ÉTICOS

Estou muito feliz porque recebi quase duas centenas de mensagens de parabéns. Recordo que não foi em vão que ao abrir o meu primeiro BLOG, escrevi na sua apresentação e minha definição a seguinte frase: «Uma pessoa preocupada com o mal do Mundo que procura melhorar com as suas intervenções pela escrita e por contactos pessoais». Procurei ser sempre fiel cumpridor dessa promessa e disso foi prova a quantidade de declarações de amizade e concordância com tais objectivos. A todos agradeço a simpatia e o apoio que me dão. Embora, em consequência da minha infância, seja solitário e pouco conversador, tenho conseguido transmitir os valores que desde sempre defendi, quer através da escrita quer de conversas sérias e profundas com quem tenho tido o prazer de me encontrar. Agradeço a todos a gentileza das mensagens que me enviaram e que me vieram reforçar a solidariedade. A nossa vida depende muito dos outros e procuro respeitar todos e ser pacífico e tolerante para com os diferentes.

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

INTERESSE NACIONAL

Interesse nacional

Public em DIABO nº 2297 de 08-01-2021. Pág 16. Por António João Soares

O conselho cristão para amar os outros como a nós próprios, com compreensão e tolerância, exige reciprocidade. Não é conveniente amar quem nos odeia, domina, escraviza, etc.

Vi há pouco no ‘site’ do Gatestone Institute o artigo “França: morte à liberdade de expressão”, em que é analisada a situação actual do país que, contrariamente aos tempos do colonialismo de Napoleão e de Gaulle, está a ser “colonizado” pelos islamitas que estão a controlar muitos serviços essenciais, como o da Segurança Pública, que afectam a vida sociopolítica de uma forma tal que nem a justiça aplica a lei com rapidez e rigor de forma igual para todos os cidadãos e residentes, nem evita atentados demasiado violentos. Tal problema também começa a ser sentido em Portugal em variados aspectos, como mostram as agressões de imigrantes à PSP e à GNR.

Recordo um ditado que ouvi quando ainda era jovem: “na terra onde chegares faz como vires fazer se não queres aborrecer”. Quem imigra deve ter interesse em aceitar as tradições e os hábitos locais e não deve persistir naquilo a que tem sido habituado na sua terra de origem e, se assim não for, deve regressar à origem com a justificação de que aí se sentia melhor. Mas, infelizmente, há casos em que se instalaram em quantidade em bairros e aldeamentos, onde passaram a pôr e dispor, submetendo aos seus interesses a vida dos cidadãos locais, havendo casos em que estes acabaram por abandonar a residência habitual e ir para outro bairro ou aldeia.

Além da diferença de tradições, de hábitos e de cultura, a grande maioria dos imigrantes não está interessada em procurar trabalho e, assim, não vêm contribuir para o funcionamento da economia, antes pelo contrário, pois têm de recorrer a habilidades para se sustentarem, e nessas habilidades estão actos lesivos da população, como se tem verificado em roubos a pessoas directa ou indirectamente. Alguns destes resultam em intervenções da polícia a que as notícias têm dado publicidade.

Já há países onde este género de migrantes se encontram a desempenhar altos cargos nas autarquias, o que dá o aspecto de colonialismo e de origem de autoridade chocante para os nacionais. Há quem diga que, além dos condicionamentos da actuação do SEF, este deve ser preparado para formalidades mais ajustadas às situações que se lhes apresentam e possibilidade de obter apoio rápido de Forças de Segurança, sempre que necessário. Há quem defenda que, tal como a Guarda Fiscal e a PVT foram integradas na GNR, todas estas especialidades devem fazer parte de uma Força de Segurança Pública Nacional por forma a tornar mais funcional o seu comando e mais fácil e menos burocrática a coordenação de esforços, de maneira a tornar os apoios mais rápidos e efectivos, sem reduzir a indispensável autonomia de cada ramo.

Para o sector da Justiça, convém haver uma revisão das formas de actuação, a fim de cada caso ser tratado de forma semelhante aos casos ocorridos com cidadãos nacionais e outros residentes, mostrando que a lei é única e obrigatória para todos, sem racismos ou outras especificidades e que os agentes da autoridade devem ser obedecidos, sem reacções de violência que, se ocorrerem, darão lugar a multas e outras penalizações. Há imigrantes que indirectamente, por meio de amigos ligados ao Governo, acusam de racistas polícias e quem os critique. Eles podem atacar um branco, mas se o branco reagir legalmente a uma brutal trafulhice deles, então eles sentem coragem para lhe chamarem racista e muitos outros nomes desde fascistas, direitistas…

As nossas autoridades devem preparar as defesas a fim de não virmos a sofrer do actual clima desgastante que agora tolhe os franceses. Mais vale prevenir do que remediar E a prevenção não deve ser adiada para depois de tal pandemia ser iniciada. ■

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quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

ECONOMIA CIRCULAR

(Public em O DIABO nº 2295 de 24-12-2020, pág, 16, por António João Soares)

 Um amigo veio falar-me de economia circular, muito interessado naquilo que ouviu da TV, e já tinha ido à Internet buscar mais pormenores e tinha já umas folhas com os textos que encontrou.

Fiquei surpreendido com a ideia desenvolvida sobre uma realidade em que vivi nos meus primeiros 18 anos, numa aldeia rural a poucos quilómetros de Viseu, onde não havia electricidade, nem água canalizada, nem recolha de lixo. A vida rural, em moldes primitivos, já se inseria naquilo que agora se denomina pomposamente economia circular, com explicações novas e definições de muitas vantagens para o desenvolvimento da economia moderna.

É curioso como em tal época (1934- 1952) pessoas pouco informadas, sem condições hoje já banais, praticavam uma 1József Szájek, advogado de 59 anos, eurodeputado húngaro, foi, há uns dias, detido em Bruxelas pela avisada polícia belga quando se escapulia de uma orgia gay, previamente programada. Isto segundo foi referido pela imprensa. A notícia é tanto mais surpreedente e vergonhosa quanto será certo que Szájek é casado desde 1983 com a senhora Tunde Handó, que é presidente do Conselho Geral do Poder Judicial e membro do Tribunal Constitucional, tendo nascido, dessa relação, um ser do sexo feminino. Saliente-se que Szájek redigiu – em conjunto com outros colegas – uma noreconomia hoje interpretada como plena de vantagens extraordinárias.

Não havia recolha de lixo porque nada era desprezado e considerado lixo. Aquilo que hoje se denomina reciclagem era o normal aproveitamento de tudo e eram raros os contactos com o comércio da cidade próxima.

Vejamos os circuitos económicos numa “empresa familiar”. As sementeiras eram feitas em terra lavrada por uma charrua manobrada por um adulto e puxada por uma junta de bois guiada por um jovem. Depois de completa a lavra era espalhada a semente proveniente da colheita anterior e depois o terreno era alisado por uma grade, também puxada pela mesma junta. Depois de a semente nascer, recebia os cuidados de desbaste e de tratamento da terra. O produto retirado no desbaste era aproveitado para alimento do gado.

O gado pernoitava sobre os produtos retirados da limpeza das matas e que depois eram usados como fertilizantes. As matas eram preparadas de forma a que nunca, naquele período, assisti ou ouvi referências a qualquer incêndio. Os ramos mais antigos dos pinheiros eram cortados e usados como lenha para a lareira e o forno do pão e como estacas para as videiras, os feijoeiros, as ervilheiras e outras plantas que necessitavam desse amparo. Os restos de refeição deixados nos pratos iam para alimentação da porca, etc. Portanto, a reciclagem era um processo corrente e não havia lixo.

 Agora, será bom que esta prática seja aplicada à indústria, se isso for possível, porque são grandes as dificuldades de coordenar as acções de empresas industriais tão diversificadas na utilização de peças usadas e inutilizadas em equipamentos de outras empresas com interesses diferentes. A organização de circuitos adequados, a burocracia, etc., não se apresentam fáceis e terão de se situar ao nível do bom entendimento entre as empresas abrangidas nas áreas geográficas.

É indispensável uma persistente acção de mentalização e de formação do pessoal que trabalha em tais empresas. As mudanças de hábitos arraigados não é coisa fácil nem rápida. Mas, realmente, é imperioso que se trabalhe com intenção de reduzir as lixeiras ao mínimo possível e se procure reciclar tudo o que puder ser útil para qualquer outra coisa. Isto fica mais dependente de cada um do que das autarquias ou outros poderes, mas estes devem estar atentos aos descuidos e fazer recomendações oportunas e claras intencionalmente orientadas para o objectivo pretendido.

Se a economia circular era viável na agricultura do século passado antes de aparecerem as tecnologias modernas, também será possível, e talvez mais fácil, agora. Tal modernização é muito vantajosa para a defesa do Ambiente e a qualidade da saúde das pessoas e de outros seres vivos. Contribui para tornar mais rentável a economia, com o embaratecimento de equipamentos e redução de desperdícios. Devemos ser apoiantes da economia circular.

Os sucateiros devem ser os primeiros dinamizadores do estímulo a esta inovação, encaminhando os produtos que possuem e aqueles de que sabem a origem, para as oficinas que sabem transformá-los em produtos úteis e vendáveis. ■

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