sexta-feira, 2 de julho de 2021

COMPLEXIDADES DA VIDA ACTUAL

(Public em DIABO nº 2322 de 01-07-2021, pág 16. Por António João Soares)

 Actualmente, a sociedade sofre de inúmeras dúvidas e complexidades que tornam a vida difícil a quem pretende orientar-se por valores que considerava válidos. Por exemplo, a sexualidade era bem definida, mas hoje há dúvidas. Será permitido o entendimento entre rapaz e rapariga ao ponto de ela engravidar? E o uso de preservativo ou do comprimido pós-sexo? E o aborto para remediar o caso? “Bispos dos EUA criticam políticos católicos que o aprovam”.

E a eutanásia que era defendida como a morte santa para quem já não tem esperança de cura de doença grave? Mas foi legislada em Espanha, o que levou o bispo espanhol de Alcalá de Heneres, Juan Antonio Reig Pla, a publicar uma carta pastoral em que acusava o Governo de ter tornado a Espanha num “campo de extermínio”. Por cá, em meados de 2018, o Parlamento desistiu de legislar sobre o mesmo tema mas, recentemente, voltou a reactivar a intenção de persistir.

Os valores de competência, dedicação, honestidade, autoridade, responsabilidade, verdade, respeito pelas pessoas, etc., têm sido desprezados ou ignorados por quem devia dar bons exemplos da sua preservação e utilização.

O ensino ministrado às crianças no início da vida, como preparação para serem futuros cidadãos respeitáveis, parece não conter elementos de formação moral e ética, adequados a constituírem boa esperança de uma sociedade futura melhor do que a actual. Do topo dos serviços públicos também não saem muitos exemplos dignificantes, como a comunicação social, embora altamente condicionada pelo poder executivo, coloca diariamente em destaque. Já poucos membros do Governo, do Parlamento e das autarquias merecem o verdadeiro respeito dos cidadãos, quer pela falta de preparação e experiência para o cargo, quer pela forma como o exercem sem firmeza e esperança de um futuro melhor. Algumas leis e portarias não se aguentam muitos meses com validade, tal a forma frágil como foram preparadas.

Com esses e outros exemplos, os nossos dirigentes mostram que acreditam totalmente nas previsões de que a actual espécie humana será extinta antes de terminar o próximo século e, por isso, não estão para se dar ao trabalho de preparar o futuro.

E, desta forma, a vida está um caos em que se navega à vista da costa, sem rumo nem previsão. Nem as projecções dos célebres autores dos textos bíblicos lhes servem de orientação para os passos a dar. Depois virá outra espécie como a actual, que veio depois da do “Homo Neanderthalensis”?

Para que as pessoas se sintam mais seguras e confiantes, será indispensável que os responsáveis por serviços públicos disponham de competência, experiência, capacidade organizativa e usem de sentido de responsabilidade e, quando oportuno, demonstrem ter consciência, sabendo o que fizeram e porque o fizeram, que conhecem os problemas e saber procurar soluções para eles.

Todo o responsável por qualquer serviço público ou privado deve conhecer as leis, regulamentos, normas de execução, saber planear, analisar, comparar modalidades de acção para poder decidir servir-se da mais adequada, definir objectivos e verificar resultados das acções efectuadas. E saber reformular sempre que se torne indispensável.

Se um serviço estiver bem organizado e bem dirigido, o seu responsável máximo deve ser competente para se considerar responsável por tudo, por tudo o que nele for realizado ou deixar de o ser, porque a organização, na sua pirâmide de funções, deve informar em pormenor o seu chefe do funcionamento do seu sector para obter a sua aprovação ou reformulação. Dessa forma de actuar, o Chefe máximo não pode afirmar que não sabe e que não é responsável por qualquer erro que seja prejudicial ao objectivo do serviço.

Na candidatura a eleições devem ser evitadas guerrilhas deprimentes e usar-se programas de acção realistas e exequíveis, que demonstrem que merecem votos. A esperança, a confiança e o respeito, surgem com a transparência, competência e verdade. ■


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