sexta-feira, 5 de maio de 2023

PARAR É MORRER

(Public em  DIABO nº 2418 de 05-05-2023. pág 16, por António João Soares) 

Há pouco ouvi, no lar de idosos em que me encontro, um idoso, em justificação da sua preocupação em fazer o possível exercício físico, para eliminação de gorduras supérfluas provocadas pelo sedentarismo, dizer o que está em título.

Realmente, à medida que a idade avança e as pessoas passam a ter uma vida menos activa ficam com tendência de criar barriga e de perder mobilidade. Há conselheiros que exageram nas soluções e pensam que são aplicáveis a idosos os exercícios próprios dos jovens como correr, fazer caminhadas, andar de bicicleta, fazer pilates e ioga, nadar no exterior e fazer treino com pesos. Porém, tudo deve ser feito de acordo com as possibilidades físicas e a disponibilidade permitida pela capacidade psíquica.

Cada especialista tem as suas formas de aconselhar e o cliente tem que ter o bom senso de optar pelas suas capacidades e pelos métodos a que tiver fácil acesso. Por exemplo, deve procurar distrair-se com actividades de que goste e, se possível, que exercitem a sua mentalidade, para a melhor integração na sociedade em que se encontra; não exagerar no consumo de informação que fatigue; deve relacionar-se com os outros de forma criativa; ao terminar o dia activo, deve ligar-se com os mais velhos, por forma a haver um mútuo apoio que evite pesadelos e incómodos nocturnos; deve fazer exercícios físicos adequados a manter o organismo o mais activo possível; deve promover actividades artísticas com as crianças; e dentro do possível, deve brincar com os mais jovens.

A ansiedade afecta a vida de muitas pessoas idosas, talvez devido a tibieza psíquica que as leva a preocuparem-se demasiado com situações insolúveis e que podem ser consideradas desagradáveis. É certo que durante a vida temos muitos casos nada prazerosos que ou têm solução rápida ou temos de os suportar com calma e paciência, enquanto existem. Não há percursos sem dificuldades que temos de suportar e ultrapassar, mas não podemos ficar inactivos, e devemos recorrer a passatempos do nosso agrado. Viver é mexer.

A cabeça de um idoso constitui um cofre de muita experiência e de muito saber e este conteúdo não deve ser desperdiçado e há idosos que gostam de utilizar o computador e de vez em quando presenteiam os colegas com belos textos, por vezes com muita beleza e ciência que servem de exemplo a uma observação completa aos acontecimentos noticiados. E existem actividades acessíveis a qualquer idade que devem ser divulgadas e sugeridas a fim de se manter actividade em cérebros com tendência ao adormecimento. Fazer palavras cruzadas ou jogos do sudoku são maneiras de manter o cérebro ginasticado, mas isso não basta, porque o físico também precisa de se mexer e o exercício físico, não deve parar e precisa ser activado dentro das possibilidades de cada um, sem exageros que possam causar graves danos. Uma queda de um octogenário pode ser grave mesmo fatal.

Isto que estou a referir para idosos deve ser aplicado por pessoas mais novas, principalmente as que já não têm vida activa e as que ainda estão com actividade convém não se limitarem a estar sentadas a uma secretária, porque o físico necessita de exercício de todos os seus músculos e das suas articulações.

E não devem ser esquecidos os cuidados com a saúde tendo em atenção a alimentação, evitando exageros no uso de sal, açúcar, de bebidas alcoólicas, de carne processada, deve beber-se água em quantidade de cerca de dois litros diários, etc. E nas actividades físicas, aproveitar o ar livre, algum sol que é rico em vitamina D e radiações de ultravioletas. Enfim, tenha saúde e alegria para continuar vivo por mais tempo.

 


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