domingo, 14 de outubro de 2007

A política e os cidadãos

Menezes fez uma análise rápida da situação da governação do País e referiu, entre outros, os seguintes aspectos:

- "desqualificação da democracia".
- alegada tentativa de controlo da comunicação social,
- cerceamento da liberdade de expressão dos funcionários públicos,
- "invasão de sedes de sindicatos".
- "Os sinais de arrogância são passados ao País e à administração",
- falta de credibilidade das promessas eleitorais do primeiro-ministro.
- Sócrates não disse com honestidade aos portugueses que ia subir todos os impostos, portajar as Scut e reduzir os subsídios.

Referiu, também, para uso interno do partido, o fim do privilégio das elites, a quem lembrou que "nunca estão disponíveis para os combates difíceis, sobretudo os eleitorais". Daqui se conclui que não exageram aqueles que, em diversos blogs, falam de interesses pessoais dos políticos que se sobrepõem aos interesses do partido e do País, o que desvirtua a importância dos partidos e que tem ficado evidenciado na quantidade de votos colhidos pelos candidatos independentes nas eleições autárquicas. Falta uma estratégia com sentido de Estado, uma filosofia em que sejam defendidos os valores que devem sustentar a evolução para um futuro melhor das pessoas.

Disse também "não consentirei que um movimento de fraccionamento e de vingança seja accionado no partido". Isto vem dar força aqueles que dizem que a ambição pessoal dos políticos, os leva a manobras emotivas e colocam de lado os interesses não só nacionais, mas também partidários.

Este líder partidário deixou claro que o partido não precisa de notáveis que não trabalhem, nem dêem a cara. A generalidade dos políticos são muito comedidos e cautelosos na aparição pública com ideias claras e bem comunicadas!

Em poucas palavras, mostra como o estofo moral e a cultura dos que estão chegados à frente, nada tem a ver com a séria ciência e arte de governar um País em que um dos principais objectivos devia ser a criação de emprego e o aumento da felicidade do povo e as suas condições de vida.

É mais um lindo discurso de líder político, que pode não ir além do discurso. Mas, mesmo assim, é vantajoso que quem conhece o regime por dentro elabore análises concretas e esclarecidas, que com o correr do tempo, poderão vir a constituir um manual de civismo e ciência política.

Paralelamente a este tema, convém ler os seguintes posts:
Mais Um, em Mentira
Não se resignar, em Do Miradouro

7 comentários:

Magno disse...

Permita me recordar o discurso com algumas acções passadas em governos PSD:

"Menezes fez uma análise rápida da situação da governação do País e referiu, entre outros, os seguintes aspectos":

- "desqualificação da democracia" ( Nota - se pela elevada abstenção na nomeação do actual presidente da républica, casos de corrupção em Gondomar e Oeiras, sem esquecer a socialista de Felgueiras)

- alegada tentativa de controlo da comunicação social. (A saída do Professor Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, após declarações contra o governo do PSD/CDS de então)


- cerceamento da liberdade de expressão dos funcionários públicos,

- "invasão de sedes de sindicatos".
- "Os sinais de arrogância são passados ao País e à administração"( Cavaco Silva, não se dirigir à Assembeleia da Républica quando era primeiro ministro, mandar os seguranças pessoais e a policia afastarem a população quando se sentiam indignadas e injustiçadas)
- falta de credibilidade das promessas eleitorais do primeiro-ministro (subida do IVA de 17% para 19% no tempo de Durão Barroso)
- Sócrates não disse com honestidade aos portugueses que ia subir todos os impostos, portajar as Scut e reduzir os subsídios. ( O PSD quando estava no governo afirmou que iria introduzir portagens nas SCUTS)

Ainda alguém se lembra disto?
A politica em Portugal está podre pois não existe respeito pelas reais necessidades das pessoas!!

A. João Soares disse...

Caro Magno,
A podridão do tecido muscular do País não é de agora. Vem de longe, está entranhada no corpo e na consciência da generalidade dos portugueses. Isto não pode ser motivo para nos inibirmos de criticar. Pelo contrário, exige mais esforço para fazer entrar a máquina nos carris. Portugal precisa do esforço de todos e de cada um para que se purifique o organismo e se limpe a massa putrefacta e seja lançada ao lixo.
Um abraço

Anónimo disse...

Caros amigos
De início, considerei que entre Menezes e Mendes não havia qualquer diferença. Depois, dado o agastamento do PS com a eleição de Menezes, pensei que tínhamos homem.
Mas agora, com esta espécie de congresso, verifico que continua tudo na mesma. Não vamos ter oposição à altura das necessidades.
O milagre da ressurreição política de Santana Lopes, apadrinhada descaradamente por Menezes, vai deitar tudo a perder.

A. João Soares disse...

Caro De profundis,
Vai mudar tudo para o mesmo!
Só poderia repetir aqui o que escrevi no comentário feito no post Rasteira detectada a tempo.
Um n+braço

Anónimo disse...

Estou de acordo com o texto do João Soares, mas confesso discordar do "tudo na mesma".

Menezes tem uma coisa que não sei se terá futuro. É honesto e sentimental. Se mudar, ou deixar-se mudar, então tudo ficará na mesma.

Mas outra coisa que não está na mesma é que o PR aqui nos comentários, deitado abaixo, talvez com algum desconhecimento da pessoa que é o PR, lembro que este já podia ter dissolvido a AR... e continua todos os dias a enviar recados ao governo e aos autarcas, aos políticos e aos empresários, aos patrôes e aos trabalhadores.
Se tivesse o feitio e a falta de pudor de Sampaio, já Sócrates teria ido à vida...
Teria o apoio incondicional da maioria da população.

Santana poderá ter um lugar à sua medida -fazer discusos e ter protagonismo. É o que quer, bem como posicionar-se para uma possível candidatura à Presidência da República, uma vez que com este líder, Marcelo estará em princípio excluído, além do cansaço que já se nota nos cidadãos em relação a este comentador de corte e cose na televisão.

veremos
Fiquem bem

Amaral disse...

João
Digam o que disserem, falem o que falarem...
Não sou apoiante de Menezes, mas penso que o discuros que fez esteve à altura. Não entrou na politiquice rasteira. Mostrou-se à altura.
Boa semana
Abraço

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Não sinto atracção por qualquer político. O discurso fez-me recordar uns discursos que Marcelo Caetano fazia na TV, sob o título conversas em família. Quando ouvi o primeiro, fiz este comentário lá em casa: Já está tramado porque mostra conhecer os problemas do País e, se não os resolve, não pode dizer que os desconhecia. E isso não estava errado porque, um ano depois, estava a repetir a referência aos mesmos problemas e a fazer iguais promessas de os resolver. Estava liquidado, perdeu o crédito.
Menezes fez uma linda análise dos problemas do País. Seria lindo que os resolvesse, como a nova Constituição, etc.
A actividade política precisa de mais clareza e menos nomeações por critérios de confiança política, que devem ser substituídas por concursos para escolher os mais válidos, com quem deve ser feito um contrato escrito referindo as tarefas a que são obrigados e pelas quais são avaliados e, se não servirem, despedidos com justa causa.
Há que acabar com compadrios, corrupções, conluios, máfias.
Abraço