terça-feira, 18 de dezembro de 2007

E os eleitores não compreendem?

Segundo as notícias que nos chegam com frequência, a sanidade mental dos governantes suscita sérias preocupações. Por acaso, hoje, reparei nuns quantos títulos que fazem pensar na forma desrespeitosa como encaram as pessoas e os dinheiros pagos pelos contribuintes.

Por um lado, há notícias que evidenciam as dificuldades e a penúria com que muita gente se debate no dia-a-dia para conseguir sobreviver.

- PIB atinge o valor mais baixo da Zona Euro. O Produto Interno Bruto (PIB) medido em unidades de poder de compra voltou a cair em Portugal em 2006, atingindo o valor mais baixo da Zona Euro. Segundo dados divulgados ontem pelo Eurostat, o indicador - que pode ser usado para medir o poder de compra - caiu um ponto percentual para os 75% da média da União Europeia (UE).

- Portugueses perdem poder de compra face à Europa . Os portugueses estão a divergir dos europeus em matéria de poder de compra.

- Famílias sem folga para poupança. Um em cada oito portugueses (ou 13%) chega ao fim do mês com a carteira completamente vazia e 30% só às vezes conseguem reservar algum rendimento para poupança; os portugueses poupam menos e gastam mais em empréstimos do que belgas, espanhóis ou italianos.

No entanto, ao lado, destes sinais negativos, surgem outros de magnanimidade, incoerentes com a situação do Pais.

Portugal promete três milhões para um Estado palestiniano. O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou ontem em Paris que o Governo português tenciona contribuir com três milhões de euros para um futuro Estado palestiniano independente. Isto junta-se a um estádio de futebol já ali construído com o nosso dinheiro.

Não há dinheiro para pagar as horas extraordinárias dos agentes da PJ como veio a público a propósito da operação contra a criminalidade nocturna no Porto, mas o ministro, com ar que procura ser convincente espera que eles, abnegadamente se sacrifiquem e às famílias, porque não admite que eles tenham «estados de alma». Trata o pessoal como máquinas tão ideais que nem precisam de manutenção. No entanto, o mesmo ministro arranja dinheiro para se rodear de inúmeros assessores, incluindo a muito experiente e competente Drª Susana Dutra. Também, para amaciar as relações com os juízes, não se inibiu de dotar os mais altos representantes da «corporação» com os melhores carros do mercado, o mesmo que fez com os seus colaboradores mais directos do ministério.

No momento da inauguração do novo tribunal de Famalicão, foi afirmado pela juíza presidente que as instalações são insuficientes para as necessidades, do que se conclui que se desperdiçam dinheiros públicos por os objectivos não serem correctamente definidos, provavelmente, não tendo sido ouvidos os juízes e os funcionários judiciais.

Também os funcionários dependentes do MAI deparam-se com graves dificuldades para cumprirem as suas missões, como tem sido referido por representantes associativos da GNR e da PS mas, junto ao MAI, parqueiam inúmeros carros de alta qualidade e com matrículas recentes.

Depois de o ministro das OP ter afirmado convictamente que o Novo Aeroporto de Lisboa «jamais» seria construído no deserto da margem Sul do Tejo, deparamos agora com os argumentos mais credíveis a apontar para a solução mais adequada ser para os lados da linha que liga Alcochete a Canha. Porém, consta que ele pretende avançar com o peso «convincente» da «decisão política» apesar de o seu colega do Ambiente já se ter mostrado inclinado para Alcochete.

Loucura, insanidade mental, incoerência, insensatez? Ou «defesa a todo o custo» de interesses ocultos e inconfessáveis? Será que chegarão ao ponto de decidirem pela Ota? E os eleitores ficarão peados, fechados no casulo do silêncio do medo?

5 comentários:

Maria Faia disse...

Estimado Amigo João Soares, tenho andado arredado do convívio com os amigos da blogosfera, por razões estritamente pessoais e profissionais. O Mês de Dezembro é sempre terrível para mim e, este ano, não é axcepção.
No entanto, penso que em Janeiro, tudo possa voltar à normalidade.
Por ora deixo-te um beijo amigo e a promessa de voltar.

Maria Faia

A. João Soares disse...

Maria Faia,
Muito agradeço a atenção destas palavras. A simpatia, hoje tão pouco em uso, é uma jóia de apreciar. Bem haja.
Tenha um Feliz Natal e umas alegres entradas no 2008 com esperança de que seja melhor do que o moribundo 2007.
Beijinhos de amizade

Anónimo disse...

Despeço-me com amizade, desejando um Natal Feliz, compartilhado pelos que ama.

Que 2008 lhe sorria e aos seus visitantes.

Amaral disse...

João
Parece que vivemos numa Europa (Mundo) a duas velocidades. Constata-se que a inflação desce e em Portugal sobe; o poder de compra aumenta, mas em Portugal diminiu, etc...
Bom Natal
Abraço

A. João Soares disse...

Amaral,
Isto já nem se enquadra no conceito de Europa a duas velocidades, mas sim na realidade de se tratar de um corpo estranho, um espinho, cravado na Europa, tal é a discrepância em muitos aspectos da evolução da situação sócio-económica de Portugal em relação à média europeia, para não dizer aos melhores da União.
Temos rolado à solta por uma rampa perigosa, sem qualquer controlo válido, e já descemos muito, tanto que será difícil parar a queda e recuperar.
Gosto de pensar num raio de esperança, mas já só a imagino poder surgir da geração que agoira tem cerca de dez anos de onde poderão sair uns pares de mentalidades geniais, que não emigrem e consigam corrigir o rumo para um futuro melhor.
Entretanto, tenhamos um Feliz Natal e esperemos um 2008 mais macio.
Abraço