Deparei, hoje, com três textos que referem três entidades com ideias convergentes para a necessidade de os portugueses – do Governo à oposição e aos simples cidadãos – se unirem, conjugando os esforços para tornarem Portugal mais desenvolvido em benefício dos cidadãos comuns.
São palavras sensatas que pecam por tardias. Já em 30 de Agosto aqui publioquei um post de que transcrevo parte no final.
Quanto aos artigos de hoje transcrevo as frases iniciais e deixo os links para quem deseje uma leitura mais demorada.
1. O Presidente da República Cavaco Silva apelou à união dos portugueses para vencer as dificuldades decorrentes da crise financeira internacional, garantindo que essa é uma tarefa que nunca abandonará.
"Como Presidente da República nunca ninguém me verá a tentar dividir os portugueses mas sim a apresentar bons exemplos para uni-los, para mobilizá-los", disse Cavaco Silva em Ansião, Leiria, durante a inauguração do Centro de Negócios local.
Apelou à "responsabilidade de todos os agentes políticos" nessa mobilização e união, criticando, sem especificar, "aqueles que neste momento procurem dividir os portugueses".
"Só estão a criar dificuldades ao nosso desenvolvimento e à melhoria das condições de vida de todos", argumentou.
2. José Miguel Júdice critica presidente da República e primeiro-ministro por não promoverem reuniões com partidos da oposição para discutirem a situação económica e avisa que em 2009 pode piorar mais
A crise económica mundial alastra e tanto o Presidente da República como o primeiro-ministro já deviam ter chamado os partidos para discutir soluções, considera José Miguel Júdice, advogado, "comentador e aconselhador" de política que só numa situação de calamidade aceitaria ser ministro ou até candidato à Presidência.
3. Passos Coelho, ex-candidato à liderança do PSD acredita que a crise está para ficar "quatro ou cinco anos" e defende que deve haver um "amplo consenso para enfrentar a crise. Do lado da oposição e do lado do Governo". Passos Coelho afirma que não é altura para atribuir culpas, mas diz que esse tempo virá.
Pedro Passos Coelho quer que o Governo e a oposição se entendam sobre a melhor forma de, à escala nacional, se ultrapassar o mau momento económico.
NOTA:
Sobre esta solução de consenso e de unidade de esforços publiquei em Do Miradouro em 30 de Agosto o post Reforma do regime é necessária e urgente em que começava por dizer: «Independentemente de ideologias, temos que concordar que Portugal tem vindo a ser mal governado e, para evitar um colapso dramático, é imperioso implementar mudanças estruturais no regime. Isto já não se resolve com mudanças de pessoas, ou de partidos, mas sim com um pacto de regime com um código de conduta assinado por todos os partidos em que fiquem bem claros princípios de comportamento dos governantes e das oposições».
E, em resposta a um comentário, sugeria que, se essa solução não fosse eficiente, se recorresse a outra menos ortodoxa:
«Esta ideia é utópica e, sem dúvida, a utopia não pode ter uma realização total e incondicional, mas poderá servir de um ligeiro toque no flanco para levar a besta a desviar a rota um pouco para o melhor lado, ou para se afastar do lado mais perigoso, do precipício.
Também se pode ir para outra, à semelhança do futebol em que se contratam técnicos estrangeiros. Vinha um PM estrangeiro com nome feito em Países desenvolvidos, trazia uma equipa não superior a meia dúzia, escolheria cá o restante para formar Governo, de preferência gente não viciada nos partidos. Estes seriam suspensos por quatro ou seis anos. O Governo seria controlado por um Conselho formado por representantes de todos sectores profissionais, o melhor que o País tivesse.
O governo iria formando, pelo exemplo e por conferências, os políticos que no fim do contrato tomariam as rédeas dos ministérios. Quando tudo estivesse a funcional bem reactivar-se-iam os partidos, com normas estabelecidas, haveria eleições para o povo poder concretizar a soberania de que é detentor.»
E acrescentava noutra resposta:
«Seria uma bênção para os portugueses que viesse da UE uma comissão de gente bem formada e honesta. Só os nossos políticos não gostariam de perder os «tachos dourados» e as «reformas milionárias» e, provavelmente, de serem submetidos a julgamento pelos crimes que cometeram contra os interesses do Estado.
O exemplo de Mário Pinto na TAP e de Scolari na selecção de futebol mostram que o recurso aos melhores técnicos do mundo vale a pena, é compensadora.
Um bom tema para meditação. Imagine-se quanto se pouparia nos assessores parasitas que só encarecem as contas dos dinheiros de todos nós.»
Leituras
Há 48 minutos
3 comentários:
Uma interessante análise. Saliento que o texto da união é o mais interessante. Mas como se pode unir o que está desunido? Partidos unidos? É difícil, talvez como o João Soares diz, bastante utópico.
O senhor da TAP penso não ser Mário, mas Fernando Pinto!
Penso... logo existo!Será? Então, pensemos todos na convergência e logo exestiremos!
abraço
Estas ideias que abarcam várias soluções de gradiente diferente, já foram mais utópicas do que hoje. As várias épocas históricas surgiram na sequência de crises sociais traumáticas. Neste momento, vive-se um sinal de crise profunda no sistema da economia de mercado, capitalista. Não é por acaso que, para solucionar a crise financeira do sistema capitalista, estão a ser tomadas medidas socialistas de interferência política na actividade económica, de entrega de dinheiro dos contribuintes a bancos e grandes empresas, e já se fala sem rodeios em nacionalizações. Não falta mais nada para se unirem as duas ideologias, com cedências de ambas as partes. A teoria da terceira via muito apreciada na Grã-Bretanha pode ser um ponto de partida. Não foi por acaso que Tony Blair, sendo de esquerda, tomou medidas mais de direita do que a Lady Tatcher que era de direita. Neste momento, uma boa governação, pragmática, com os olhos nos bons objectivos do Estado não pode prender-se a preconceitos nem de um nem do outro lado. Já há anos, se dizia que Mário Soares meteu o socialismo na gaveta.
Portanto a unidade, a convergência, são uma prova de patriotismo que, tendo em vista o futuro dos portugueses, procura as medidas melhores sem olhar à sua origem teórica.
Haja políticos que amem Portugal sem se prenderem com a cor das suas decisões.
Caro AJS,
efectivamente. O futuro dos portugueses devia ser tido, sempre, em conta. E não depois da porta arrombada! Sabe que os bancos estavam necessitados deste apoio. No caso português havia um banco que precisava mesmo de apoio. Já poucos se lembram da crise interna ali ocorrida e ainda não sanada e julgada legalmente.
Não faltou quem alertasse para o facto dos bancos se excederem no crédito e nos lucros. Perderam a cabeça com tanta adesão, mas a oferta alarvante tornou dependente as empresas, e os particulares. Muitos fizeram empréstimos que nunca poderiam pagar em caso de um sinal mínimo de crédito-mal-parado.Infelizmente assim aconteceu. As empresas portuguesas pagam mal, em geral.As PME por receberem tarde e a más horas fizeram mais empréstimos. O crédito-mal-parado aumentou, com o próprio estado a ser um exemplo negativo no que diz respeito aos pagamentos às empresas. Estas despediram pessoal. Outras não conseguiram pagar os créditos e fecharam. E vão fechar mais, devido à concorrência de quem veio para Portugal no processo europeu-global! Fecham cerca de 30 estabelecimentos comerciais diariamente.Agricultura e pescas não existe em Portugal. De forma organizada e a dar lucro. Repare que agora não se ouve falar no ministro da agricultura nem no da economia!Com isto vem a incapacidade de cumprimento dos créditos pelos particulares, que no outro dia vi até comprarem telemóveis a prestações... Entrega de casas. Carros apreendidos e leiloados... Os solicitadores executam penhoras a uma velocidade terrível. Penhoras? O que ainda é possível penhorar!
O que acontecerá às pessoas endividadas e sem futuro? O Governo dá alguma cobertura a estes? Claro que não dá. Nem tem capacidade para tal. Por isso prefere assumir os bancos... E terá, até que reavaliar o rendimento de inserção. O Estado está a gastar mais do que é possível. Mesmo que chegue a Outubro e deixe de pagar aos fornecedores para tentar camuflar o défice estatal.Logo ao começar o ano as instituições estatais começam com um défice enorme, porque no início do ano pagam aquilo que não pagaram desde Outubro. O ano tem 10 meses apenas!!
É uma pescadinha de rabo na boca. Só se ultrapassará com lealdade, logo com verdade, assumindo isto com responsabilidade, fazendo os pagamentos necessários para começar o ano com o défice real!
De contrário não evoluiremos nada. Só continuaremos a enganar-nos!
Sabe uma coisa? Vou-lhe dizer: cores políticas para mim só contam as cores da Bandeira Nacional!
Alguns políticos não aguentavam uma conversa séria, sem show-off, comigo! Olhos nos olhos. Sem TV! Ou com TV.
Vou-lhe dizer outra coisa. Provavelmente não irei votar nas próximas eleições autárquicas e legislativas. Votarei nas Presidenciais, se lá chegar!Devo estar ocupado com um processo legal/administrativo/criminal nessa altura... Não esqueço o passado e sabe muito bem disso!
Não gosto do Portugal dos pequeninos. Já não tenho idade para lá entrar, nem quero!
Atá lá...
Enviar um comentário